#Harry

A semana tinha passado rápido, tínhamos ido ver algumas cenas para escolher as preferidas para o clipe na segunda, naquele mesmo dia aproveitamos para ensaiar um pouco umas músicas que não tocávamos a um tempo.

Na terça nós ficamos sabendo que haveria um festival em Nova York, que não era tão grande ainda, mas que já contava com vários famosos, como Dua Lipa, Maroon 5, OneRepublic e outros, e que Minerva estava tentando nós colocar para tocar lá também, e novamente passamos umas músicas.

Quarta nós ficamos de decidir as 3 últimas músicas do álbum, mas só conseguimos chegar em uma em questão, mas essa ainda não estava 100%. Hoje nós treinamos novamente de manhã, recebemos um pedaço do vídeo clipe para ver se aprovávamos o estilo que eles iam tentar seguir, e a tarde tentamos terminar a música, mas não estava nos agradando completamente ainda.

James estava terminando de fazer o jantar, cada um de nós fazia uma janta diferente uma vez por semana, esse era a semana dele, ele disse que faria o melhor macarrão que nós já comemos, mas eu duvidava que o dele superasse o da Sra. Weasley, que a mamãe não escute isso.

Estava no quarto mexendo no notebook, vendo algumas notícias sobre a banda enquanto meu Spotify estava no modo aleatório, vi que um site de fofoca meio adolescente havia postado que estávamos gravando um clipe novo fim de semana, e colocou algumas informações sobre nós.

Nada demais, apenas nomes, idades e de onde éramos, tinha também algumas de nossas músicas falando que tínhamos tudo para ser a nova banda do momento, esperava que o site estivesse certo.

I won’t tell you I’m lonely

(Eu não vou te dizer que estou sozinha)
‘Cause it may be selfish

(Porque isso pode soar egoísta)
I won’t ask you to hold me

(Eu não vou pedir para você me abraçar)
‘Cause that won’t mend what’s helpless
(Porque isso não vai ajudar o que não dá pra ajudar)

Eu havia mudado a música anterior porque não gostava muito e decidi deixar essa nunca tinha ouvido. Continuei lendo a matéria, ela dizia que todos os integrantes eram solteiros menos eu, e tinha um parênteses bem grande com “olha quanta oportunidade aí, meninxs”, que me fez rir. Depois disso tinha uma foto minha e de Cho em algum restaurante, e depois uma foto só dela explicando quem ela era, e depois uma de Gina falando que era irmã do Ron e uma grande jogadora de futebol ainda muito nova.

There's not a thing I could say

(Não há nada que eu possa dizer)
Not a song I could sing

(Não há uma música que eu possa cantar)
For your mind to change

(Para você mudar de ideia)
Nothing can fill up the space

(Nada pode preencher o espaço)
Won't ask you to stay

(Não vou pedir para você ficar)
But let me ask you one thing
(Mas deixe-me perguntar uma coisa)

Cho era uma boa pessoa, muito ciumenta é verdade, mas ela tinha um bom coração no fundo. Tivemos muitos momentos bons juntos, é claro ela me irritava ás vezes, implicava com coisas sem sentido mas eu não vou ignorar o bem que ela me fez também, principalmente quando eu me senti mais sozinho.

Oh, when did you fall out of love?

(Oh, quando você se desapaixonou?)
Out of love?

(Desapaixonou?)
Oh, when did you fall out of love with me?
(Oh, quando você se desapaixonou por mim?)

Quando eu me desapaixonei por Cho? Quando eu passei a sentir mais raiva do que amor? Eu me apaixonei por ela? Não sei se aquilo foi paixão.

No ensino médio ela foi a primeira menina pela qual eu realmente senti alguma coisa, tanto que logo que eu pude eu a pedi em namoro, mas esse sentimento mudou um pouco depois de um ano, não era mais aquela emoção de estar juntos, era apenas cômodo para ambos.

Eu gostava da companhia dela mas não tanto quanto antes, gostava de beija-la mas não tanto quando antes, gostava de estar com ela mas não tanto quanto antes. Ali, sem saber o motivo, eu já tinha me desapaixonado por ela.

Eu havia ficado muito amigo de Gina, ela passou a não corar mais perto de mim e ser a Weasley que eu ouvia todo mundo falar mas que eu não conhecia. Ela realmente era uma pessoa incrível, melhor do que haviam me dito, na verdade.

Nessa época ela começou a namorar o Dino, ele estudava comigo e era gente boa, mas não bom o suficiente para a ruiva, mas não opinei, desde que ela estivesse feliz, eu também estava.

I can’t float in an ocean

(Eu não posso flutuar em um oceano)
That’s already been drained

(Que já foi drenado)
I won’t cry at your feet now

(Eu não vou chorar a seus pés agora)
I know my tears will fall in vain
(Eu sei que minhas lágrimas vão cair em vão)

Nessa época eu comecei a discutir mais que o normal com Cho, nossa relação já não era mil maravilhas mais, mas estava cada dia pior. Talvez ela tivesse percebido antes de mim que eu sentia coisas por outra pessoa, que agora meu coração acelerava e o monstro que habitava minha barriga se agitava mas não era mais para ela, era por Gina.

Naquela festa quando terminamos foi porque eu não estava realmente prestando atenção em outra coisa, apenas conseguia olhar para Gina e para o quão linda ela estava.

Depois disso eu continuei vivendo minha vida, eu sabia que a ruiva me fazia sentir coisas que Hermione e Lilian não faziam, mesmo sendo muito amigas minhas também. Quando ela e Dino terminaram nós nos aproximamos ainda mais.

Hermione até me disse que eu estava apaixonado por ela e eu não acreditei, não era possível aquilo, ela era uma das minhas melhores amigas, mas quando eu estava sozinho com ela tudo que eu queria era beija-la.

There's not a thing I could say

(Não há nada que eu possa dizer)
Not a song I could sing

(Não há uma música que eu possa cantar)
For your mind to change

(Para você mudar de ideia)
Nothing can fill up the space

(Nada pode preencher o espaço)
Won't ask you to stay

(Não vou pedir para você ficar)
But let me ask you one thing
(Mas deixe-me perguntar uma coisa)

E quando ela partiu, parece que levou um pedaço de mim com ela, então eu percebi que eu realmente estava apaixonado por ela e que tinha apenas enganado a mim mesmo. E eu fui tão burro! Ela me quis por tanto tempo e eu nem lhe dava bola, e depois de anos era eu quem a queria mas ela estava em outro estado e seguindo seu sonho, e provavelmente não sentindo nada por mim.

Voltei a encontrar Cho, no começo era por acaso mesmo, em alguma festa e tal, mas depois nós voltamos a conversar e a ficar novamente. Eu esquecia um pouco da ruiva quando estava com ela já que me distraia, mas nada cessava a saudade que eu tinha.

Eu não tinha coragem de contar para Gina, porque sabia que ela não era a maior fã da oriental e também porque ele queria sair com a ruiva e não com ela.

Mas Gina descobriu e eles foram perdendo contato pouco a pouco, nós voltamos a namorar, mas eu também não sentia mais aquele frio na barriga como quando éramos mais novos, novamente era apenas cômodo, eu gostava de ficar com ela e ela comigo, mas não havia paixão, apenas companhia e um sexo bom.

Oh, when did you fall out of love?

(Oh, quando você se desapaixonou?)
Out of love?

(Desapaixonou?)
Oh, when did you fall out of love with me?
(Oh, quando você se desapaixonou por mim?)

Eu sempre reprimi a vontade de mandar mensagem para a ruiva, pedir desculpa e falar que não queria que a nossa amizade terminasse, mas meu orgulho era maior. Uma noite quando eu briguei com Cho porque ela encontrou uma foto minha e da ruiva em um dos meus cadernos de música eu bebi um pouco mais de cerveja do que estava acostumado e até mandei uma mensagem para ela: “ Você faz falta, volta logo, eu preciso de você aqui.”, eu estava olhando aquela foto e a saudade foi forte, fazia tempo que eu não sentia tanta falta dela assim.

Imaginei que ela não ia entender nada e logo apaguei, também me arrependeria de falar aquilo no outro dia. Depois daquilo eu voltei a reprimir minha saudade e o monstro dentro de mim que sorria toda vez que Gina respondia alguma coisa que eu mandava no grupo.

E estava tudo bem, aparentemente, até que ela voltou. Um ano depois, mais linda do que nunca! Quando eu vi ela naquele barzinho, com uma saia vinho e uma blusa que deixava toda as suas costas de fora eu paralisei. Cho percebeu e me deu um beliscão, então voltei ao normal, ou tentei né já que quando ela chegou para me cumprimentar eu percebi que ela usava o mesmo perfume floral daquela época.

No use wondering

(Não adianta eu ficar me perguntando)
Why your changing heart has wandered

(Por que seu coração volátil partiu)
So I’ll ask you this question

(Então eu vou te fazer uma pergunta)
‘Cause it might help me sleep longer

(Porque pode me ajudar a dormir melhor)

Mas desde aquele dia eu não esquecia mais ela, não conseguia parar de pensar nela e meu Deus, aquilo era difícil.

Pensei no que o Jay me disse aquele dia no acampamento, que eu não deveria estar com uma pessoa querendo outra. E ele estava certo, eu não queria estar com Cho, eu queria estar com a Gina, mesmo depois de tanto tempo.

Eu nunca mais havia conversado direito com ela, mas ela ainda tem a mesma energia de antes, que me faz rir mesmo sem fazer piada, que me faz bem mesmo sem abrir a boca.

Oh, when did you fall out of love?

(Oh, quando você se desapaixonou?)
Out of love?

(Desapaixonou?)
Oh, when did you fall out of love with me?
(Oh, quando você se desapaixonou por mim?)

Out of love?

(Desapaixonou?)

Out of love?

(Desapaixonou?)

Out of love with me?

(Desapaixonou por mim)

Eu estava sendo egoísta mantendo alguém que eu não quero preso a mim apenas porque quem eu quero não me quer, além disso, o relacionamento já estava me fazendo mais mal do que bem, estava quase sendo abusivo já, vendo que ela queria me controlar o tempo todo.

Eu teria que falar com Cho, não queria um escândalo como naquela festa, queria apenas conversar, esclarecer as coisas e cada um seguir o seu caminho, mas não sei quando isso seria possível, não conversamos desde a discussão de domingo.

Peguei meu celular e mandei uma mensagem para ela, falando que eu queria encontra-la, em um lugar público para que tudo fosse mais fácil. Ela disse que estava na casa de uma amiga e que poderia me encontrar na sexta de manhã. Tomei banho, comi e dormi pensando em como poderia falar com ela.

...

— Oi Cho, desculpa o atraso, meu despertador não tocou – falei me aproximando da mesa que ela estava sentada.

Ela foi me cumprimentar com um beijo mas eu virei o rosto fazendo com que ela beijasse minha bochecha.

— Queria falar comigo? – perguntou com a voz séria.

— Queria sim, mas não queria pedir desculpas como normalmente acontece – falei e ela me olhou com uma sobrancelha levantada.

— Então porque me chamou?

— Eu ... eu acho que a gente não tá mais dando certo – falei enquanto esfregava minhas mãos.

— Como assim? – perguntou.

— Você entendeu, a gente mais briga do que conversa, você não curte fazer as coisas que eu gosto, e nem eu gosto de ficar tanto tempo em um Shopping ou em desfiles de moda.

— Mas é a minha profissão, você precisa entender isso – ela falou.

— E eu entendo, nunca reclamei de ir com você, mas não tá entre meus top 5 planos favoritos para fazer no fim de semana, nem nos top 30 se você quer saber – falei a última parte mais para mim do que para ela – E eu também preciso ir para shows, fazer gravações e essas coisas pela minha profissão, e você não gosta disso.

— Isso é verdade, mas você poderia muito bem ir, gravar e voltar, não precisava ter passado todo aquele tempo lá – falou ela bebendo um pouco de sua água.

— Mas eu queria aproveitar com meus amigos, você deveria ter ido, foi legal – falei me encostando e chamando um garçom – eu quero um café com leite e um pão com queijo, obrigada – falei e olhei novamente para ela.

— Você tá terminando comigo?

— Bem, sim – falei simplesmente – eu realmente acho que isso é melhor para nós dois.

— É porque a Weasley voltou, não é? – perguntou tomando outro gole da sua água.

— Gina não tem nada a ver com isso, apenas não sinto mais as mesmas coisas por você – falei calmamente.

— Eu sei que isso não é verdade, eu sei que você voltou comigo só porque sua amiguinha não estava. – ela respirou e continuou – Eu quero que saiba que se pensar em me procurar novamente, eu não vou estar disponível – falou frisando o não.

— Eu não vou, Cho, vai ser melhor assim – falei.

— Se você acha – falou se levantando e indo em direção ao caixa.

Eu suspirei, bem, estava feito, agora eu era solteiro novamente, e eu não estava arrependido da minha decisão.

— Tenha uma boa vida, Cho – falei quando ela passou por mim, mas ela apenas me mostrou o dedo do meio e saiu desfilando.

Eu ri e comecei a comer meu pão que tinha acabado de chegar.

#Tonks

Na sexta eu tinha que assinar uns papais na faculdade para tentar um quarto no dormitório, então pelas 9 horas eu levantei e já fui tomar banho.

Realmente, um banheiro para 4 pessoas era muito pequeno, tudo bem que tinha apenas 3 vidros de shampoo ali, um de cada, e um de condicionador que eu assumia ser do Sirius, por ser o com o maior cabelo, mas meu shampoo, condicionador e mascara tonalizante não cabiam no apoio, e eu realmente precisava disso, afinal, manter um cabelo inteiramente rosa em bom estado não é para qualquer um.

Sai do banho e coloquei um shorts jeans meio destruído, uma regatinha azul bebe e um all star rosa

— Cadê o Six? – perguntei para o Remus que estava na sala concentrado em sua notebook, estava tão lindo.

— Bom dia pra você também – falou rindo me olhando pela primeira vez desde eu entrei no ambiente.

— Ai, desculpa, bom dia – falei indo até ele e lhe dando um beijo na bochecha – mas cadê o Six?

— Foi no mercado com o James, Ron foi tomar café na toca e Harry disse que ia sair – disse me olhando – precisa de alguma coisa?

— Na verdade eu preciso sim – falei – eu preciso ir na faculdade assinar uns papeis antes do meio dia, não sei se eles chegam a tempo.

— Eu até te levaria você, mas não tem nenhum carro aqui para que eu possa usar, desculpa – pediu sem graça.

— Não precisa pedir desculpa – falei meio triste – vou ligar para ele, ver se vai demorar – ele assentiu e eu me levantei indo para cozinha procurar algo para comer na geladeira enquanto discava para ele.

“Oi, priminha”

— Sirius, você vai demorar para voltar? Eu tenho que estar na faculdade até meio dia”

“Eu não sei, Dora, o mercado tá bem cheio e a gente acabou de chegar, talvez eu chegue, mas se tiver outra opção eu prefiro não arriscar.”

— Esse é o problema, não tem outra opção – falei pegando um yogurt e uma colher.

“A harley ta aí em casa, pede pro Harry levar você”

— A quem? – perguntei sem entender enquanto começava a comer.

“A minha moto, tá lá na garagem.”

— Quem da o nome para motos, Sirius? E o Harry não tá aqui.

“A Harley é especial, Remus tá aí?”

— Tá sim – falei olhando para a sala e vendo que ele ainda estava sentado no sofá mexendo no computador.

“Passa pra ele”

— Tá bom – falei me levantando e pegando meu potinho – Remus, Sirius quer falar com você – disse estendendo meu celular pra ele.

Ele me olhou confuso mas pegou o celular e colocou na orelha.

— Oi, Almofadinhas – disse e esperou a resposta – Mas você sabe que eu odeio andar de moto – fez uma pausa enquanto Sirius respondia - Mas... Cala a boca! Tchau – falou corando – Você confia em ir de moto comigo?

— Você sabe dirigir? – perguntei levantando uma sobrancelha.

— Eu tenho carteira de motorista, serve? – perguntou meio envergonhado.

— Vai precisar servir – falei sorrindo.

— Então acho melhor trocar de roupa, você pode sentir um pouco de frio na estrada – falou enquanto fechava o notebook e colocava em cima da mesa.

— É pra já – falei indo pra cozinha jogar fora meu potinho de plástico e lavar minha colher.

Quando terminei de me arrumar e fui para sala Remus estava sentado me esperando, vestia uma calça jeans clara, uma camiseta azul escura com um lobo geométrico desenhado e uma jaqueta de couro.

— A jaqueta de coura é um item indispensável para andar de moto? – perguntou rindo me vendo vestida como ele.

— Claro, precisamos entrar no personagem – falei – Vamos?

— Vamos – disse levantando e me deu um capacete que estava do seu lado.

Nós descemos até a garagem e fomos em direção a uma grande moto preta e prata.

— Sirius tem bom gosto – falei passando a mão na moto.

— Que nada aconteça com ela, ele gosta mais da Harley do que dele próprio – disse Remus sentando na frente e colocando o capacete.

— Ele te ameaçou? – perguntei colocando o meu também.

— Eu desliguei antes dessa parte – falou me fazendo rir – senta aí.

Eu me sentei atrás dele e senti a moto começar a vibrar.

— Segura firma e qualquer coisa me avisa – falou acelerando e fazendo com que o barulho da moto fosse ouvido em toda garagem.

Eu coloquei as mãos no ombro dele, por mais que eu realmente quisesse abraça-lo, ele estava muito cheiroso, achei que seria invasão de privacidade, porém isso não durou muito tempo já que logo na esquina, quando ele acelerou um pouco mais, eu assustei e o agarrei pela cintura e conseguia sentir que ele estava tenso.

— Desculpa – falou alto para que eu pudesse ouvir.

— Sem problemas – falei voltando as mãos no ombro dele.

— Se quiser deixar ali, pode deixar, me da mais segurança que você não vai cair – falou com uma voz que soava envergonhada.

— Obrigada – falei voltando a abraça-lo e dessa vez ele já estava mais relaxado.

Na hora de entrar na rodovia senti ele ficar tenso novamente e o apertei um pouco mais forte por um tempo, querendo dizer que estava tudo bem.

O caminho seguiu sem grandes dificuldades, eu nunca havia viajado de moto, então estava com um pouco de medo antes, mas aquilo era incrível!

— Dora, será que você pode parar com os dedos, está fazendo cosquinha – ele falou e eu ri pedindo desculpa e corando também.

Eu nem havia percebido, mas comecei a bater os dedos contra sua barriga, eu raramente conseguia ficar tanto tempo parada.

— Onde é? – perguntou quando chegamos no campus.

— Na administração, acho que é aquele prédio grande ali – respondia apontando para um lugar já que ele estava bem devagar.

Nos acabamos nos perdendo considerando o tamanho do lugar já que não era onde eu tinha pensado, mas achamos uma placa que tinha o mapa dali e finalmente fomos para o lugar certo.

— Obrigada por me trazer – falei enquanto descia da moto.

— Não tem problema nenhum, eu até gostei – falou sorrindo depois de tirar o capacete – acho melhor você ir, faltam 15 minutos – disse me mostrando o relógio.

— Quer vir comigo? – perguntei.

— Não, eu te espero aqui – falou.

Eu dei um beijo na bochecha dele agradecendo novamente e foi quase correndo em direção ao prédio. Eu não sei o porquê, mas eu tendia a dar mais beijos neles do que nas outras pessoas, talvez porque ele fosse lindo e eu me aproveitasse um pouco da situação para depois criar coisas na minha cabeça cenas que a minha mãe não ficaria nada orgulhosa.

Tudo ocorreu bem e foi até rápido, durou apenas 20 minutos, eu tive que dar uns documentos e responder uns questionários e eles me disseram que em menos de uma semana eu já saberia se poderia ter um quarto lá ou não, eles tinham um método de escolha que eu não entendi bem.

Quando eu sai encontrei a moto parada no mesmo local de antes, mas sem o motorista nela, olhei para os lados e o encontrei sentado embaixo de uma árvore mexendo no celular.

— Oi – falei me aproximando.

— Oi – ele disse tentando me olhar, mas com dificuldade por conta do sol – e aí, como foi?

— Normal, agora só tenho que esperar – falei me sentando do seu lado.

— É lindo aqui – ele disse olhando para as construções na sua frente.

— É mesmo, nem as fotos conseguem mostrar tudo isso.

— Sabe, as vezes eu penso que eu deveria ter seguido um rumo académico – ele fala me olhando – eu era bom na escola, mas a música sempre foi uma paixão.

— Se é uma paixão não tem porque não seguir isso – falei olhando pra ele também.

— É que as vezes eu sou tão ruim, não consigo acertar direito as músicas, demoro anos para compor algo...

— Para, para, para – falei interrompendo ele – você é incrível, sério! Suas músicas são as melhores, por isso levam tanto tempo.

— Eu acho que é porque eu não vivo muito as coisas que eu escrevo – falou meio triste.

— Como assim? – perguntei sem entender.

— Todos esperam que pessoas jovens como nós tenham amores, tenham términos, tenham desilusões e esperam que as músicas sejam sobre isso, até porque nosso público passa por isso, mas eu fantasio as coisas, não consigo dar profundidade já que não sinto isso – terminou de falar olhando para as próprias mãos.

— Suas músicas são profundas! Imagina se você passasse por tudo isso então – falei e ele deu um risinho – eu acredito que tudo tem sua hora, e que quando essa hora chegar pra você a gente vai saber pelas músicas, dai sim vocês estouram! Mas até lá não se force a escrever algo que você não sente ou não gosta, fale de você, as pessoas vão gostar.

— Eu... obrigado – falou voltando a me olhar.

— Sempre que precisar, agora vem aqui que esse momento pede um abraço – falei abrindo os braços.

Ele me abraçou e bem nessa hora a barriga dele roncou.

— Isso tudo é fome? – perguntei quando nos separamos.

— Talvez, eu não tomei café – falou dando os ombros.

— Você tá louco? Nunca ouviu falar que o café da manhã é a refeição mais importante do dia? – perguntei cruzando os braços.

— Fala a garota que comer um pouquinho de yogurt – disse ele revirando os olhos e levantando.

— Pelo menos eu comi – falei esticando os braços pra que ele me ajudasse.

— Folgada – falou enquanto me ajudava.

— Obrigada, agora vamos almoçar – falei pegando o capacete que havia ficado na moto.

— Almoçamos em casa – ele falou colocando o dele.

— Nada disso, e se você desmaia no meio da estrada e faz a gente cair? Eu heim – falei exagerada e ele riu – vamos no shopping, já queria saber onde ele é mesmo.

— Você só quer conhecer o shopping daqui! Eu sou apenas uma desculpa pra você – falou me acusando enquanto subia na moto e pegava o celular para pesquisar onde ficava.

— Talvez, mas isso vai te fazer bem também – falei subindo na moto.

— Sei, então vamos – falou ligando ela.

— Ao infinito e além – falei enquanto segurava ele que riu um pouco.

Foi um dos melhores almoços que eu tive, decidimos comer fast food mesmo e ficamos conversando e rindo, nossa conversa era leve e fluía, não faltava assunto, chegamos no apartamento eram quase duas horas e Sirius nos interrogou sobre a Harley, quando dissemos que estava bem ele disse que esperava que sim, já que a nossa vida dependia daquilo.