The Keys Of Fate

A Caverna Escura


“Era uma vez, uma linda garotinha de cabelos escuros como a noite, que vivia na vila dos arqueiros. Ela passeava entre os aventureiros na entrada da caverna, os oferecendo poções, bebida e comida, sempre sorridente.

Toda noite, enquanto os aventureiros mais fracos dormiam e os mais experientes estavam explorando as partes mais fundas da caverna, ela entrava na caverna e deixava algumas oferendas pros espíritos, que se tornavam pais pra ela.

Um dia, um garoto que se dizia seu amigo, a empurrou pra dentro da caverna, com inveja por ela ser tão reconhecida e amada por todos dentro e fora da vila. Dentro da caverna, apesar de ela fazer todo o possível pra lutar e fugir do garoto, ela bateu a cabeça e desmaiou, prestes a morrer.

Os espíritos da floresta e da caverna, com pena e amor da garotinha, e as ordens dos deuses, transformaram sua alma em uma chave, uma das 7 chaves que mantinham o caçador de tesouros preso no templo. Escondida no fundo da caverna, e guardada por todos os espíritos que ainda eram apaixonados por ela.

O nome dela, é Rebecca, e ela é a Chave da Coragem.”

-Ok, então é isso, essa é a lenda? –Lux resmungou, terminando de ler. –Bom, carece de detalhes.

Lux finalmente tinha chegado em Payon, ninguém o havia detectado, provavelmente perceberam as gemas, o Cetro do Poder, o livro e as poções faltando, mas nunca perceberiam que ele estava faltando.

Na entrada da caverna, vários noviços estavam espalhados, mercadores vendiam poções, flechas de prata e fogo, enquanto alguns arqueiros se preparavam pra sua quest de 1ª classe.

O bruxo ruivo ajeitou os cabelos e encarou a escuridão na caverna. Misteriosa e indecifrável escuridão. Ele suspirou e finalmente entrou, ao longo de todo o 1° andar, zumbis estavam estirados no chão e derrotados, amontoados de ossos estavam espalhados. Um zumbi se aproximava pela sua direita, Lux estalou os dedos e 5 lanças de fogo estouraram no zumbi.

-Ok, deve ter alguma dica, o garoto só empurrou ela, quer dizer que ela morreu no 1° andar. –Lux se questionou, olhando as unhas. –Mas seria fácil demais. O 3° andar, deve ser por lá mesmo.

E de repente, ele estava cercado de zumbis, todos se atirando em sua direção. Ele levantou as mãos e um circulo de barreira de fogo surgiu ao seu redor, mas ainda assim, eles continuavam a bater no fogo, mesmo se queimando e machucando.

-Não olhe pra trás. –Uma voz feminina gélida e fantasmagórica falou.

Havia uma presença ali, algo muito ruim e muito poderoso. Ele se virou, olhando por cima do ombro, e não pode ver mais nada no momento seguinte, só ouvir a barreira de fogo se desfazer, os zumbis se aproximarem e um vento frio o circular.

*

Muitas pessoas olhavam pra garota taekwon de cabelos roxos, que andava rebolando, perfeitamente bem, com o olhar sedutor, olhou pra dois cavaleiros com cara de “vem, safadinho, você quer?”.

Ela entrou na caverna, espalhando chutes e pontapés, e de longe, viu um bruxo ruivo sendo puxado por uma horda de zumbis, mas nem ligou. Ela procurou no seu cérebro a velha lenda da sua mãe sobre a garotinha da caverna. Os detalhes são os espíritos que a pegaram, são todos encontrados no 3° andar.

Ela continuou seu caminho, tentando se lembrar dos detalhes, e acabou escorregando numa pilha de ossos. Batendo a cabeça na parede, ela gritou, com um sangramento na cabeça, e então, olhou pra parede.

Sangue. Sangue-seco.

Não havia relatos de pessoas batendo com a cabeça nas paredes, foi bem ali, onde Rebecca morreu.

Ela se levantou, tocando o sangue seco, e uma vez que fez isso, a marca com sangue brilhou, a caverna inteira pareceu rugir e se contrair e um túnel surgiu da marca com sangue, um túnel longo e escuro, mas com várias tochas acessas lá dentro. Ninguém nunca tinha visto aquele tumulo, o chão estava cheio de caveiras, algumas ainda com peles, outras com os globos oculares ainda pendurados no vácuo de dentro do crânio, o túnel inteiro cheirava a sangue.

“Relaxe, Kick, você tem que descer um pouco, pra subir até o topo. Além do mais, você vai facilmente tirar esse cheiro de sangue com um grande lago próprio decorado com flores de lótus”. Sorriu, com esse pensamento, entranho na ponta dos pés, se recusando a tocar nos órgãos espalhados com tanta intensidade e prendendo o máximo da respiração.

As luzes tremeluziram e diminuíram, deixando apenas algumas luzes ali, de uma maneira fantasmagórica. Havia uma presença no ar, algo mau, algo que a queria mau.

-Não olhe pra trás. –Uma voz feminina gélida e fantasmagórica falou.

-Quem é!?! –Kick gritou, se virando e nem teve tempo de ver nada, quando todas as luzes se apagaram.

Kick se sentiu mais leve, se sentiu cair pra trás, sentiu seus olhos pesados demais pra agüentar, e simplesmente, desabou, ouvindo ao redor o som de algo chegando mais perto e um estranho vento frio circulando o lugar.

*

O alto e forte justiceiro de cabelos prateados chegou até a loja de utilidades perto da caverna, algumas garotas se viraram e suspiraram, olhando pra ele charmosamente arrumando uma mecha do cabelo. Depois de comprar algumas poções vermelhas, ele ouviu uma sacerdotisa e um templário conversando.

-Também ouviu sobre aquela coisa estranha? Aquela energia sombria? –A sacerdotisa loira perguntou.

-Huhum, soube que tem circulado principalmente pela Caverna de Payon, pela Vila dos Orcs, pela Esfinge, por Glast Heim, por Lutie e no Labirinto da Floresta. –O templário moreno falou.

-Ouvi na Igreja que tem algo haver com aquela lenda do caçador de tesouros preso em um templo. –Ela falou, ajeitando o cabelo. –Acha que a lenda pode ser verdade?

-Talvez, toda história tem um fundo de verdade. –O moreno pensou, olhando pra Loira.

Spe pressionou os lábios pensativo, tentando ter alguma idéia sobre aquilo enquanto seguia pela caverna e ajeitava sua mochila. Dentro da caverna, sentia o tal cheiro pútrido, em só alguns golpes, já tinha estourado a testa de alguns zumbis e esqueletos.

Ao longo da caverna, alguns aventureiros questionaram o desaparecimento de uma taekwon e o seqüestro de um bruxo, mas nada que realmente lhe chamasse atenção. Ele continuou seu caminho até o segundo andar, esqueletos arqueiros e guerreiros estavam estranhamente reunidos juntos. Havia algo ali, algo errado, algo que simplesmente não se encaixava. Mortos-vivos não se misturam entre si, eles não tem cérebro suficiente pra se juntarem sozinhos, a menos que houvesse algo por trás dele, os controlando.

-Ok, vai ser agora ou nunca. –Deu um longo suspiro, vendo as pistolas recarregadas com balas de prata. –Preparem-se pra morrer, ou renascer, ou seja lá o que mortos fazem quando são derrotados.

No meio disso, ele riu, e deu tempo pra ele ser pego de surpresa pelos zumbis. Um arqueiro teve tempo de enfiar uma flecha no seu ombro, e ele urrou de dor, dando tempo pra disparar na testa de vários monstros, mas com uma mão só, o deixando em desvantagem contra o exercito de mortos vivos.

-Não olhe pra trás. –Uma voz feminina gélida e fantasmagórica falou.

Mas o justiceiro olhou, e não pode ver mais nada, sentiu-se pesado demais e começou a desabar, não tinha forças, nem vontade de se manter em pé, nem um único motivo. Ele caia, sendo cercado e começando a ser arrastado por zumbis pra algum lugar.

Algo estava acontecendo naquela caverna, não tinha algo só haver com os mortos, mas com algo poderoso, algo que estava controlando a vontade dos mortos, algo que podia muito bem ter haver com as chaves e o caçador.