The Inter - Worlds (Parte 1): As Aventuras - Ano 1

Capítulo 43 - “May The Odds Be Ever In Your Favor”


Do tratado da traição:

Como punição pelo levante, os distritos oferecerão dois jovens com idades entre 12 e 18 anos para uma “colheita” pública.

Os tributos devem ser entregues à custódia da capital e transferidos para uma arena onde lutarão até a morte, até restar apenas um vencedor.

Esta cerimonia será conhecida como Jogos Vorazes.

***

Ainda sentia a luz, mesmo não podendo vê – la, já que estava de olhos fechados. Aos poucos fui abrindo os olhos, e percebi não estar mais na sala de Kryn. O que será que tinha acontecido? E onde estaria Kryn? Na verdade, onde eu estaria seria mais importante. Ao me lembrar disso, me ajeitei. Eu estava caída no chão, então eu me levantei, tentando descobrir onde estava. Era de manhã, e por isso podia enxergar tudo claramente. Assim que olhei para uma certa direção com mais atenção, descobri minha localização.

Em um grande muro, estava gravado um símbolo, e em cima estava escrita a palavra “Distrito” e embaixo, o número 5 e a palavra “Energia”.

Então espera um pouco. Eu estava em um dos Distritos de Panem? No Distrito 5? O que será que eu estava fazendo lá? Só esperava que não fosse para participar dos jogos...

Eu estava com uma blusa de gola branca azul, e com uma saia preta, que ia até os joelhos. Acompanhando o conjunto, estavam um par de sapatos escuros combinados com meias brancas. Por que eu estava com aquela roupa?

Meu cabelo estava preso em várias tranças, que juntas, formavam um coque.

Comecei a andar, eu tinha que falar com Kryn, mas antes tinha que descobrir como, afinal, não tinha mais a minha bolsa.

De repente, vi uma espécie de nave voando no céu, eu saí da sua visão, somente por reflexos naturais.

Continuei o caminho, dando em uma cidade. Aos fundos da cidades, perto donde eu tinha acordado, era cheio de usinas nucleares, afinal, aquele era o distrito da energia, eles produziam energia para a capital. Haviam várias casas. Eu me sentia perdida naquele lugar. Fui na direção do que parecia ser um mercado, mas antes que eu chegasse, escutei duas pessoas conversando.

–Hoje é o dia da colheita. Você acha que tem chances de ser escolhida? - disse um garoto.

–Eu acho que sim, não sei por que. Eu não quero jogar, vou morrer!

–Não seja tão pessimista. Vai tudo dar certo.

O garoto, garoto nada, devia ter a minha idade, 18, naquela época, alto, de um cabelo que era uma mistura entre um loiro palha e um castanho claro, de olhos verdes, se aproximou da garota com a qual estava conversando. A deu um beijo na testa e a abraçou.

–Nem um de nós seremos escolhidos.

–Assim espero, Déniel.

Eu continuei meu caminho até o mercado. Então hoje era o dia da colheita? Que coisa...algo me dizia que não seria simplesmente uma colheita.

Ao chegar no mercado, fui olhar os itens, mas me lembrei que estava sem nada. Por isso fui ir embora.

–Onde está indo?

–Eu não tenho o que comprar.

–Não é o que me parecia.

–Por que?

–Aquele broche...

–Eu não tenho como pagar...

–Pode ficar com ele.

Eu peguei o broche, um que tinha olhado, gostado, mas sabia que não poderia comprar. Ele era lindo, dourado e tinha um pássaro nele.

–Que pássaro é esse?

–Não é um pássaro real, e sim, uma Fênix.

–Obrigada. - disse, saindo e guardando o broche.

Eu continuei minha caminhada pela cidade, até que, um bom tempo depois, vi que todas as pessoas estavam deixando suas casas e indo para um lugar específico. As segui e notei uma grande aglomeração de pessoas.

Elas todas usavam roupas parecidas com as minhas, brancas, azuis e pretas. Na frente delas havia uma plataforma, um palco. Em filas, elas estavam tirando um pouco de sangue. Será que eu deveria entrar na fila? O que fazer?

Parecia que tinham lido meus pensamentos, pois, um policial (na verdade, o termo certo é pacificador) disse, sério.

–Para a fila, garota.

Seguindo as ordens, entrei na fila.

–Próximo! - gritava uma mulher.

Assim que chegou a minha vez, a mulher colocou um objeto na minha mão, um tipo de agulha, e saiu uma gota de sangue, assim pressionei o dedo no papel, marcando - o. Ela utilizou algum tipo de objeto, que apitou, e ela só disse:

–Siga em frente. Próximo!

Me juntei à multidão de pessoas. De repente, no palco, apareceram algumas pessoas, que se sentaram. E, chamando uma atenção gigante no meio da mistura das cores mortas, uma mulher, de cabelo azul claro e prateado apareceu, e se dirigiu ao microfone. Ela usava um traje extravagante: um chapéu monstruoso azul com enfeites, um vestido (também azul, obviamente, só que com detalhes pretos) que ia até os joelhos, e nessa parte tinha um babado prata volumoso. Saltos altos prata e uma maquiagem que cobria o rosto todo.

–Bemmmm – vinnnndosssss! - disse ela, longamente, quase que em uma melodia. - Feliz Jogos Vorazes e que a sorte esteja sempre a seu favor. Agora, antes de começarmos a nossa querida colheita, temos um filme muito especial, que veio lá da Capital.

No telão que tinha ao lado do palco, começou – se um vídeo. Imagens de ossos e mortos apareciam.

–Guerra. Terrível guerra. - começou o vídeo. - Viúvas, órfãos, filhos sem mãe. Foi isso que o levante trouxe para a nossa terra. 13 distritos se rebelaram contra o país que os alimentava, amava e protegia. Irmão contra irmão, até não sobrar nada. - várias cenas tristes apareciam. - Então veio a paz, na luta difícil, uma vitória lenta. As pessoas ressurgiram das cinzas e uma nova era começava. Mas a liberdade tem um preço. Quando os traidores foram derrotados, juramos nunca mais sofrer essa traição. Foi então decretado que todos os anos, os distritos de Panem ofereceriam como tributo um jovem e uma jovem para lutar até a morte, por usa honra, coragem e sacrifício. O único vencedor, banhado em riquezas, serviria como uma recordação de nossa generosidade e clemência. É assim que lembramos do nosso passado. É assim que protegemos o nosso futuro.

–Maravilhoso! - exclamou a moça de azul, dando palminhas. - Agora, chegou a hora de selecionarmos um jovem e uma jovem corajosos para ter a honra de representar o Distrito 5 na 72ª Edição Anual dos Jogos Vorazes. Como sempre, as damas primeiro.

A mulher se aproximou de uma vasilha cheia de papéis. Algo me dizia que eu sabia exatamente o que aconteceria. Ela pegou uma papel, e voltou ao microfone. Abriu o papel e, fazendo uma pausa de suspense, disse, alto e claro:

–Ana Catarina Barsen. - por que ela utilizou o Barsen? Eu tenho tantos outros sobrenomes, eu quase não uso o Barsen. Ana Catarina Barsen Wood Wright Turner Hunt d'Eward. Nome estranhão, né? E grande, bem grande. Mas Barsen era o que eu menos usava.

Mas, voltemos ao momento. Aonde estava? Sim. Eu ouvi meu nome, e como qualquer um reagiria, eu teria ficado nervosa. Mas não foi o que aconteceu, não. Eu gelei. Gelei totalmente. Eu? EU? POR QUE DIABOS EU? Eu nem era de lá! Como assim? Eu estava tão chocada que não mexi nem um músculo se quer. Mas é claro que teria que ser eu, sonho ou não, aquela “jornada” era uma chuva de pedras em mim, sempre que alguma coisa acontecia eu tinha que estar envolvida.

–Querida, cadê você?

Eu não me mexia.

–Ana?

Eu, lentamente, comecei a andar, involuntariamente, com medo do que aconteceria se eu não o fizesse. Um caminho se abriu na minha frente.

–Suba aqui, venha, venha para cá.

Eu subi as escadas, e me coloquei ao lado da mulher, senti um nó na garganta, um frio na barriga, o estômago embrulhado e o coração apertado, tudo junto e misturado, eu tremia e suava.

–Agora, vamos aos garotos.

A mulher se aproximou de outra vasilha, e dela retirou outro papel, o abriu, e disse:

–Horner Harrison.

Um garotinho, novo, parecia totalmente nervoso ao saber que tinha sido chamado. Quando foi sair da multidão de garotos que o cercavam, um outro, mais velho, correu na sua direção e o segurou, meio que evitando que ele fosse. Então, os pacificadores correram na direção dele, tentando o tirar de perto do garoto. Assim, gritou:

–Eu me ofereço! Me ofereço como tributo!

–Me parece que temos um voluntário. - disse a mulher. - Suba aqui.

Assim que o garoto subiu, eu percebi quem ele era.

–E qual seria o seu nome?

–Déniel, Déniel Harrison.

Déniel, aquele que tinha visto conversando com a garota, era ele.

–Aposto que aquele seria seu irmão, certo?

–Sim.

–Aqui estão. - começou a mulher de prata e azul, assim que nós dois estávamos no palco. - Os tributos do Distrito 5. Vamos lá, os dois. Apertem as mãos.

Nós nos encaramos e, tirando a mão do bolso da saia (eu estava nervosa, faço isso quando estou nervosa), apertei a mão dele.

–Feliz Jogos Vorazes e que a sorte esteja sempre a seu favor.

Depois disso, fomos retirados do local e colocados em quartos separados. Eu estava nervosa, e não tinha com quem compartilhar isso.

Então fomos de carro até um metrô em cima da superfície. No caminho a moça ficou falando várias coisas como seria maravilhoso e tudo e tal, mas eu mal conseguia prestar atenção. A única coisa na qual conseguia pensar era que eu participaria dos Jogos Vorazes, onde ou você ganha, ou você morre.

Assim que entramos no vagão, passamos para uma sala. Era impressionante quantas comidas e bebidas tinham lá, assim como várias coisas de vidro. Era tudo muito chique e arrumado.

–É tão bom saber que, mesmo sendo uma experiência de tão pouco tempo, vocês possam desfrutar disso tudo. - disse a mulher, enquanto o metrô já andava, e eu e Déniel estávamos sentados. - Irei chamar os seus mentores, eles ainda não devem ter percebido que vocês chegaram.

Esperamos um pouco, era um silêncio fúnebre, inquebrável. Assim, um homem e uma mulher apareceram. Eram os nossos mentores.

Aqui, podia ver que uma grande aventura estava para começar.