The Inevitable - Interativa

Chapter II – Guilty Pleasure


Capítulo II
guilty pleasure

"it was good. It was good"

— Acho que falo por todos nós quando digo que estamos um tanto… Surpresos — Max joga seu sorriso encantador para a câmera 2, evitando a luz forte dos holofotes.

— Não é o tipo de surpresa que você espera durante o café da manhã, isso é fato .

O sorridente apresentador inclina-se sobre um dos joelhos, dando a impressão de estar prestes a compartilhar um segredo, como se não tivesse toda Illéa com os olhos pregados em cada uma de suas ações..

— E Vossa Alteza, Princesa Alexandra? — ele pergunta, desviando a atenção da moça para si — Todos sabemos da sua recente separação com a Princesa Xanthippe. Não acha que talvez seja muito recente para engajar num evento do padrão da Seleção?

Ernest sabe exatamente em quais calos pisar, Max pensou, virando-se para observar a face da irmã, que apesar de expressar aquela máscara de tranquilidade que ele sabia que ela não estava sentindo, parecia dolorosamente passiva. Céus, ninguém quer ver Alex passiva. Um sorriso cruzou sua expressão conforme ela formulava, rapidamente, uma frase bonita, porém com nada a revelar, não deixando um grãozinho de intriga para aquelas aves de rapina da imprensa.

— Eu e Xanthippe tivemos um relacionamento incrível por nove meses, quais eu não trocaria por nada — ela disse com um sorriso — Mas seguimos caminhos diferentes, e acho que está na hora de seguir em frente. A Seleção me parece a ideia perfeita no momento, não muito precipitada.

— O que um castelo cheio de pretendentes não cura, não é mesmo? — Ernest forçou uma risada, e percebendo que não arrancaria nenhum podre de Alexandra, voltou-se para o trigêmeo mais velho — E para você, Alexander, acredito que o fardo seja maior, certo?

Clássica estratégia de entrevista, Max pensou, terminar uma afirmação com uma interrogação. Felizmente, Alexander já era imune aos charmes midiáticos. Táticas como aquela não funcionariam em alguém que teve uma vida inteira de holofotes.

— Com certeza, Ernest.

E só. Ele não desenvolveu, seguindo-se um silêncio desconfortável qual o entrevistador se viu forçado a preencher.

— Ao contrário de seus irmãos, você também está à procura darainha perfeita, então quebre o galho de milhões de garotas de Illéa e nos dê uma prévia de quais características sua garota tem que ter.

Alexander riu desconfortavelmente e coçou a nuca.

— Nenhuma garota é igual à outra, e as características que preenchem o perfil de rainha são desenvolvidas com o tempo; ninguém nasce com elas, ninguém está verdadeiramente preparado para a coroa — Alexander afirmou, entrelaçando os próprios dedos — Dito isso, tenho que revelar que minhas escolhas estarão em aberto até o momento em que eu tiver minha Escolhida.

— Oras, mas se ele não é um velho romântico! — Ernest gargalha forçadamente para o público. É tudo tão ensaiado que Max se pergunta como o público ainda consegue assistir àquelas entrevistas bobas.

— De todos nós, ele é definitivamente o garanhão — Max complementou.

Enquanto você não consegue dar uma cantada nem pra salvar a própria vida — Victor disse, movendo as mãos rapidamente.

Cala a boca — Max respondeu, sem falar.

Você primeiro.

Max empurrou o braço de Victor de leve, recebendo uma cotovelada em troca. Ernest assistia à interação dos irmãos, confuso com o que estava sendo dito, já que ele próprio não sabia linguagem de sinai se ninguém se dispôs a traduzir.

They’re just being boys* —, Alexandra afirmou com um sorriso contagioso para o apresentador

Às vezes Alexander se sentia o irmão mais velho por anos-luz de distância, não apenas dez minutos.

Ao final da entrevista, quando aquela luz insistente se apaga e o apresentador os deixa, os irmãos trocam olhares.

— Eu não acredito que ele trouxe Xanthippe à tona —, Alexandra é a primeira a dizer, sinalizando conforme falava — Ele queria o que, um furo de imprensa que nem a Rita Skeeter conseguiu tirar de mim?

— E tem algum furo pra ser tirado, irmãzinha? —, Max fez ondinhas com as sobrancelhas, inclinando-se para perto dela.

Três minutos, Angeline — ela levantou três dedos e espalhou-os na cara do irmão, que a fulminou pelo uso do segundo nome proibido — E isso não te dá o direito de me chamar de irmãzinha.

Max imitou a expressão da gêmea, mas levantou apenas um dedo. Os sinais que se seguiram foram suficientes para fazer com que Victor desejasse arrancar os olhos fora.

— Uma vagina, Alexandra — ele grunhiu — E isso não te dá o direito de me desrespeitar desse jeito.

Ela franziu o cenho, então ergueu uma sobrancelha, e soltando uma risadinha de escárnio, girou nos calcanhares e deu as costas para o irmão. Ela parecia estar divertida. Max se perguntou o porquê. Voltou sua atenção para Alexander e ergueu as mãos num questionamento silencioso.

— Ei, não olhe pra mim —, Alexander ergueu as próprias mãos, abstendo-se — Você tinha um bom argumento até trazer a vagina dela pra dentro da conversa.

— Mas a vagi-

Max foi brutalmente interrompido por Victor, que bateu as mãos numa mesa de metal, causando um estrondo. Ambos os irmãos voltaram-se para ele, que provavelmente sequer fazia ideia de todo barulho que causara, e de toda atenção que atraiu para si, fazendo com que todos que ainda trabalhavam no estúdio, desmontando todo aquele cenário, prestassem atenção nele. Bem, talvez ele tivesse percebido, porque abaixou um pouquinho a cabeça, meio vermelhinho. Dos irmãos Schreave, ele era o mais propenso a corar quando ficava envergonhado.

Vocês querem, por favor, parar de fazer o sinal para v-a-g-i-n-a?! — ao invés de fazer o sinal devido para a última palavra, Victor soletrou, parecendo um tanto culpado por usar aquele vocabulário.

Dos irmãos Schreave, ele era também o mais puritano.

Alexander soltou uma gargalhada.

— Você é fofo — ele disse conforme atravessava o estúdio, passando ao lado de Victor e bagunçando seu cabelo perfeitamente arrumado.

Foi uma boa coisa que Alexander estivesse de costas, porque o sinal que Victor fez depois não foi nada gentil, nem merecia uma tradução.

Assim que o irmão desapareceu de vista, Max soltou um suspiro, olhando para o irmão mais novo, que tinha as palmas das mãos contra a mesa de metal.

Acho que somos só eu e você, lil’ bro.

— Só você mesmo — Victor disse e se virou em direção à saída.

— Traidor.

O barulho da cachoeira tornava todo o resto dispensável; distante, era possível escutar o cantar agudo dos pássaros e até mesmo o bater das folhas umas nas outras, mas a água encontrando água, mais as pedras no fundo do lago, naquele turbilhão de bolhas que tomavam todos os sentidos para si, parecia ser a única coisa existente naquele mundo, como se estivesse livre,livre. Alexander se sentou numa das pedras às margens do lago e tirou o tênis e as meias, dobrando-as e guardando dentro dos sapatos, longe dos respingos da água, afinal, não queria retornar ao castelo com meias molhadas –que eram a pior aberração existente na face da terra.

Depois de se certificar que não tinha o celular dentro do bolso – porque, acredite, já aconteceu antes –, deslizou da pedra para o fundo do lago. Seus pés descalços encontraram pedras e folhas caídas das copas das diversas árvores que fechavam aquele ambiente como se fosse sagrado, deixando somente algumas poucas frestas para que a luz do sol passasse e cintilasse contra a água cristalina, tão cristalina que Alexander podia ver os próprios pés lá dentro. O nível da água naquele ponto alcançava apenas metade de suas coxas, e ele sabia por experiência que não passaria daquilo.

Seus olhos encontraram uma pilha de roupas no outro lado da margem, e ele soube que tinha chegado bem à tempo. Arrastando as pernas pesadas pela água, encaminhou-se para mais perto da cachoeira, já com a cintura completamente coberta. Então mergulhou, atravessando a queda d’água com apenas uma passada de braços, sentindo a água bater contra seu corpo todo, e emergiu do outro lado, balançando a cabeça para afastar os fios loiros dos olhos. Alexander examinou a caverna naturalmente esculpida.

— Kahlan? — ele chamou, esfregando os olhos com as palmas das mãos.

O eco ali era vinte vezes mais alto, então sua voz ressoou pela cúpula, mas não obteve resposta.

— Kahlan? — chamou outra vez, seus instintos se apurando em mais completo alerta. Então, furtivamente, algo roçou contra sua perna. Ele sacudiu, assustado, mas relaxou uma vez que escutou algo emergir atrás de si, seguido por uma gargalhada intensa — Droga, você me assustou.

Ela continuava a rir, como uma sereia, usando seus dotes hipnóticos para deixá-lo bobo. Kahlan mergulhou novamente, emergindo dessa vez com os cabelos negros perfeitamente colocados para trás. Ela piscou duas vezes, nadando para perto dele. Naquele ponto, a água cobria metade do tórax dele.

— Você se preocupa muito — ela disse, nadando ao redor dele, — Relaxe.

Ele engoliu em seco quando as mãos dela encontraram sua camiseta azul colada ao corpo e com alguma dificuldade, a retirou. Então quando aproximou-se, cruzando os braços no pescoço dele e prestes a envolver sua cintura com suas pernas, percebeu que ele ainda usava calças. Kahlan suspirou dramaticamente.

Geez, Ander. Você veio preparado para o inverno ou o quê? — então, dentro da água, ela encontrou o zíper de seus jeans e os arrancou de suas pernas.

— Eu não pensei direito — ele admitiu, encontrando a cintura nua dela debaixo d’água e acariciando a pele macia e morena da bochecha com a outra mão.

— Palmas para ele — ela sorriu maliciosamente, então pôde continuar com seu plano inicial de entrelaçar suas pernas na cintura dele.

O silêncio que se seguiu foi marcado por apenas a respiração abafada dos dois, que ecoou na caverna. Alexander sorriu, e ela sorriu também. Quanto mais ele olhava para ela, mais enfeitiçado se sentia. Ele sabia que era errado, que em algumas semanas teria de se casar com uma garota illeana, por mal ou por bem, ele sabia que…

No momento em que ela abraçou seu pescoço e traçou uma trilha de beijos de sua clavícula até seus lábios, Alexander esqueceu de todas suas preocupações, do quão aquilo era impróprio.

Então ele a tomou em seus braços, beijando Kahlan como se o mundo estivesse prestes a desabar, porque apesar de ser errado e prejudicial, e de eventualmente, possivelmente, destruí-lo, era bom.

Era bom.