The Human Magic

Sedutora, mas Perigosa!


Ouvi há muito tempo atrás que sonhos podem possuir algum significado .

Alguns são mais profundos e enigmáticos mas podem transmitir algum sinal ou mensagem de boa sorte.

Outros no entanto podem ser bem abstratos e sem nenhum sentido por trás, uma completa ilusão criada por sua própria mente.

Acredito que esse esteja nessa segunda categoria.

Geralmente sonhos lúcidos do qual você vê uma pessoa significa que ela tem alguma importância na sua vida, o que não é o caso.

Em minha frente estava uma bela mulher me encarando seriamente enquanto estou em cima de algum tipo de tapete reluzente.

Estranhamente ele me passa uma sensação de calor por todo o meu corpo enquanto estou aqui deitada, naturalmente me levantei mesmo com uma sensação pesada pairando no ar.

— Sabe quando eu disse para estarem preparados para a minha escolha para o ritual de invocação não sabia que levariam isso ao pé da letra, está bem vestida e até mesmo fez ás malas. (???)

Estranhamente ela está certa em alguns aspectos.

Não sabia que seria possível recordar totalmente das minhas roupas e da minha maleta de confiança em um sonho como esse, talvez por usá-la quase sempre como meu travesseiro eu tenha me habituado à ela, mesmo assim isso é lúcido até de mais!

Devo dizer que são poucas situações que me deixam desse jeito.

Ser encarada por essa mulher bonita em um lugar escuro com um tapete brilhante, chega á ser um pouco assustador.

— O que está fazendo? (???)

— No momento, tentando acordar, quero dizer você é um colírio para os olhos mas acho que estou nesse sonho há tempo de mais.

Mesmo assim eu não sei como fazer para acordar de um sonho desse tipo.

Geralmente coisas como essa de maneira mental não passam nem de um minuto sequer e quando menos percebemos já se passou á noite, mas agora eu não sei o que fazer.

— Olha garota, eu não sei que jogo você está tentando aqui, mas lamento informá-la que isso não é um sonho, quer dizer para alguns jovens como você isso de fato pode ser tratado como um. (???)

Tá legal...agora estou conversando com meu subconsciente?

Como será que isso funciona?

Talvez eu tenha que embarcar no meu próprio jogo mental até achar a chave da porta que me tire desse lugar.

— Bem...isso é um pouco evidente mas queira perdoar minha ingenuidade, mas quem seria essa bela moça que está em minha frente?

— Só pode estar brincando... Fingir inocência me desconhecendo dessa maneira não fará com que você me impressione. (???)

— Infelizmente devo dizer que não a conheço. Seria alguma atriz famosa? Claro, com essa aparência já devo tê-la visto em algum filme ou apresentação de teatro.

Ela começou á me encarar, parece que está olhando para o interior da minha alma, cheguei á sentir um calafrio na minha espinha com tamanha intimidação.

— Você por acaso não é de Aldorin? (???)

— Nop, sou tão inglesa quanto a própria batata...

— ... (???)

— Oh? Essa piada realmente não colou, eu esperava algum dia poder usá-la.

Geralmente faço algumas piadas quanto estou nervosa, para tentar aliviar minha própria tensão, infelizmente isso nunca dá certo, muito menos consigo alguma risada com isso.

— Eu não tenho tempo para isso...garota de qual país você veio? (???)

— Inglaterra, mais precisamente em Londres, berço das belas arquiteturas e dos mais deliciosos chás.

— Inglaterra? Londres? Em que reino isso fica? (???)

— Reino? Quer dizer, a rainha lida com ás coisas muito bem, acredito que seu reinado vai durar por um bom tempo, mas não somos tão arcaicos quanto você pensa.

Acredito que essa conversa não vai chegar á algum lugar, meu subconsciente é realmente muito criativo para inventar uma história como essa.

[...]

Seguindo mais um pouco com a troca de informações da minha parte expliquei para essa beldade que eu era oriunda de um outro planeta chamado "Terra"

Mas acho que esse contexto apenas a fez se questionar ainda mais.

Eu não sei o que está acontecendo por aqui, mas eu não teria criatividade para inventar tal coisa, talvez minha mente realmente seja mais capaz do que eu imaginei.

— Eu não sei que tipo de piada é essa mas pode ir parando. Quer que eu realmente acredite que você veio de outro mundo através do meu feitiço de invocação? (???)

— Bem, suponho que essa seja uma versão plausível.

Feitiço de invocação, wow, quando eu achava que ás coisas não poderiam ficar mais bizarras eu ouço algo inusitado.

Sei que eu tenho uma certa aptidão sendo uma mágica amadora mas eu não pensaria em tal termo, afinal isso soaria extremamente ridículo.

Se eu der corda para isso talvez eu não possa mais distinguir o que é real e o que ficção.

De tanto conversar com ela eu penso que ela é de fato uma pessoa real.

— Olhe, acredite no que quiser bela dama, eu já sei que isso é parte de um grande e exagerado sonho da minha--

Tzz

— Ouch!

De repente acabei batendo em algo quente.

Pude sentir um leve choque por todo o meu corpo e acabei recuando para trás.

Quando abri meus olhos pude ver um tipo de parede porém ela era completamente transparente.

— Tá legal...isso foi um tanto realista...até mesmo para minha imaginação.

Encostei brevemente e ainda podia sentir aquele choque, não era o suficiente ao ponto de machucar mas podia sentir meu corpo se arrepiar.

— Tente não encostar nas bordas enquanto o círculo mágico estiver ativo. (???)

Circulo mágico, feitiço de invocação, caramba... minha imaginação está indo com tudo agora.

Essa sensação de calor agora há pouco foi bem realista isso é algo que não posso negar.

Já ouvi falar de alguns casos em que pessoas ficam em coma e tem certas sensações...

Será que eu sou uma dessas "sortudas". Nah, se esse fosse o caso eu teria morrido provavelmente de alguma hipotermia.

— Eu não tenho tempo para isso, se vai continuar falando besteiras infelizmente terei que arrancar alguma informação de você da minha maneira. (???)

De repente em suas mãos algo surge rapidamente.

Parecia ser uma varinha, eu não sei se ela tem agilidade em suas mãos, mas eu não pude ver como isso apareceu.

Vuush!

O brilho abaixo dos meus pés se intensifica rapidamente, acabei desprendendo meus pés do chão por um breve momento, eu estou...flutuando?

Não só isso como parece que todo o meu corpo ficou molhado com água quente, essa sensação é estranha.

Tap

— Ouch!

Mas acabou não durando muito já que acabei caindo no chão.

— Seu corpo parece normal, mas não consigo sentir sua capacidade mágica, parece ser um tipo de anomalia na mana. (???)

— Como foi que você fez isso?

Não posso presumir muita coisa, parece que acabei sendo avaliada de alguma forma desconhecida.

Ela estava me encarando seriamente como se eu tivesse roubado algo á sua vista.

— Você...realmente não é desse mundo? (???)

— Bem minha cara, estou tentando lhe dizer isso já tem algum tempo em um esforço inútil, depois dessa sua "avaliação" acredita em minhas palavras agora?

Até eu não poderia deixar de acreditar depois de tudo o que passei.

Esse foi um truque impressionante, levitação.

Nem mesmo os grandes mágicos de meu mundo fariam tal coisa assim naturalmente.

Isso acabou sendo...não, foi extremamente real!

— Eu achei que isso seria um feito impossível, quer dizer eu sou boa no que faço mas não sabia que era "muito boa". (???)

Talvez isso era para ser um momento de humildade? Ela acabou falhando miseravelmente se essa era a intenção.

Tapetes brilhantes, círculos mágicos, feitiços de invocação, toda essa conversa...

— Eu realmente estou em outro mundo?

— Do seu ponto de vista, realmente é o que parece. (???)

— Mas...como isso seria algo possível? Quero dizer pessoas desaparecem sem explicações em meu mundo ás vezes mas não são "invocadas".

— Também é curioso para mim, não vou entrar em detalhes mas esse tipo de coisa deveria funcionar apenas em meu mundo, quando mencionaram que o feitiço era efetivo em noite de lua cheia eu não levei á sério. (???)

Ela está mais interessada em saber um pouco mais sobre esse tal feitiço do que o fato de ter uma pessoa de um lugar muito distante em seu campo de visão.

Mas não a culpo já que também não estou em pânico, pelo contrário, acredito que demonstrar tal sentimento em frente à essa mulher seria extremamente perigoso para mim, pode tentar alguma coisa se me visse completamente assustada.

— Então...Senhorita..?

Lissandra. (Lissandra)

— Certo, Lady Lissandra, o que é que pode ser feito mediante essa situação peculiar?

— Você me parece bem calma para alguém que acabou vindo parar bem longe de seu "lar". (Lissandra)

— Honestamente já imaginava quebrar a cara de alguma maneira, só não esperava ser invocada para outro mundo, então de certa forma já estava preparada para o pior.

Diante dos meus shows de rua sempre estou preparada para o pior. Já fracassei muitas vezes não serei orgulhosa em não admitir isso.

Poderia cair, escorregar, falhar ou simplesmente não conseguir, era uma das possibilidades do meu fracasso mas ser invocada, isso estava longe de estar incluso em minha lista.

— Serei franca com você garota, eu sequer sei o que fazer nessa situação, esse caso é o primeiro em...vários anos, quero dizer talvez eu seja a primeira a realizar tal feito, então não sei a razão de você ser invocada, mesmo assim eu não sei o que pode ser feito, nem sequer sei como poderia mandá-la para casa. (Lissandra)

Então foi uma passagem só de ida para á Terra das Maravilhas? As coisas só melhoram para o meu lado.

Longe de casa em um mundo esquisito, caramba, como eu queria que isso realmente fosse um sonho.

— Então essa é a parte que você me joga na sarjeta? Me mata? Me devora?

— Você tem uma imaginação fertil garota, não se preocupe nada vai acontecer á você, embora se livrar de alguém sem presença seria algo fácil. (Lissandra)

— ...

— Não se preocupe, estou apenas brincando. (Lissandra)

Bem, isso soou bem sério para mim.

— Olhe, não vou machucá-la muito menos me livrarei de você sem motivo, em troca gostaria que você fosse honesta, não esconda o jogo de mim. (Lissandra)

— Para você Milady, sou um livro aberto, mas temo que não há nada mais que eu possa falar com você.

— Não me refiro á sua vida, peço que mostre o que você sabe fazer. (Lissandra)

— Perdão?

— Eu não sei como você ocultou sua presença ou bloqueou sua mana dessa maneira, além do mais quero conhecer um pouco da magia do outro mundo. (Lissandra)

Isso pode ser difícil...

A magia do meu mundo pode ser um tanto...normal se comparado ao que você acabou de fazer alguns instantes atrás.

Posso subentender que ficarei por aqui caso eu consiga convencê-la, mas isso por si só pode ser difícil.

Ser honesta não foi o suficiente ela quer uma demonstração visual, nesse caso só poderiam haver duas saídas.

Caso eu consiga, bem eu não sei o que vai me acontecer, afinal ela não disse nada, além do mais o que é que eu teria á perder com ela me dispensando?

O leite já foi derramado, estou longe de casa então eu não tenho muita coisa á perder.

— Bem, não sei se isso será tão impressionante quanto fazer ás coisas flutuarem mas vou tentar lhe impressionar milady.

Para o primeiro truque estarei começando com o clássico da moeda.

A joguei para o alto algumas vezes para demonstrar que era uma simples moeda.

— Vê não vê? Uma moeda comum...

Snap.

— Tadã~~

Com um simples estalo a fiz sumir das minhas mãos.

Isso é um dos auges que posso chegar com minha mágica, á essa altura já não sei se posso utilizar tal conceito para definir o que eu faço se comparado ao que essa mulher acabou de demonstrar.

— Bem isso foi...(Lissandra)

— Foi...

— Incrível! (Lissandra)

— Incrível...Espera, incrível? É incrível, pfft, sempre soube.

Eu até gosto do truque da moeda, mas como uma coisa tão simples como essa pode ser considerada incrível se comparada com um feitiço de levitação?

— Como fez que ela desaparecesse sem conjurar uma magia de transportação? (Lissandra)

— É aí que você se engana bela dama, ela nunca desapareceu.

Como esperado de um truque tão bobo, com uma movimentação rápida a desloquei para minha outra mão.

— Ou melhor dizendo, elas.

E claro aproveitei para pegar outras para deixar tudo mais interessante..

— E ainda ás multiplicou?! (Lissandra)

— Podemos dizer que sim.

Ela se aproximava com uma expressão curiosa com um pouco de empolgação para perto de mim, parece com um dos espectadores daquela mesma praça em que estava agora há pouco, truques assim realmente chamam atenção e no momento é essa atenção que não quero perder.

— Isso é tudo o que pode fazer? (Lissandra)

— Talvez, se você puder me auxiliar desfazendo essa...barreira? Pode me ajudar com meus outros truques.

Ela me olhava relutante, afinal pedir para desfazer algo que serviria para sua proteção me parece um pedido ousado, de fato era.

Como ainda pode pensar que sou algum tipo de ameaça? O que eu poderia fazer com uma moeda? A menos que você tenha um azar no cara ou coroa não posso fazer nada ofensivo contra você.

Snap

— Obrigada.

Então ela a desfez.

Naquele instante abri rapidamente minha maleta e peguei o meu baralho de confiança.

As cartas ainda estavam em ordem, que sorte á minha, acabei organizando tudo e não deixei nada para trás.

A embaralhei rapidamente, em seguida prossegui como o costume e ergui o baralho para ela.

— Relaxe não vão te machucar, apenas se você for uma péssima apostadora.

Ela então o pega sem entender muito o que fazer.

— Escolha qualquer carta e claro não me mostre.

Ela o fez pegando a primeira carta do monte, ela realmente está facilitando o meu trabalho fazendo isso.

A instruí para colocar de volta no baralho e movimentar ás cartas como eu o fiz e o pedi de volta.

Agora era a parte mais divertida.

Depois de eu mesma embaralhá-lo outra vez saquei a primeira carta novamente e mostrei para ela.

— Essa é a sua carta?

— Não...(Lissandra)

— Ah, me desculpe, engano meu...

Eu realmente adoro esse truque.

Com um movimento rápido em minhas mãos, troquei á carta errada pela dela.

— Essa seria ela?

— Sim! Como fez isso! (Lissandra)

— Hmph, minha bela dama, não posso revelar os truques, se não a graça da mágica se perderia para sempre.

Por sorte ela foi previsível e escolheu a primeira carta, senso comum de muitas pessoas fazerem isso, acaba facilitando na hora de embaralhar e fazer á substituição rápida.

Demorei um bom tempo para aprender á fazer isso, quantas vezes já derrubei ás cartas no chão fracassando em algo tão simples.

— Há algo mais que possa fazer? (Lissandra)

— Bem minha bela moça, temo lhe dizer que isso é o mais próximo que possuo de "mágica" por assim dizer, mas notei que você estava entretida com eles então, ganhei sua aprovação?

Ela rapidamente percebeu que estava bem próxima á mim e acabou se afastando recuperando sua compostura.

— *cof* Eu só estava observando, mas sim, você me convenceu, já vi muitos tipos de feitiços, magias e encantamentos mas nunca vi esses tais "truques de mágica" de outro mundo, gostaria de aprender um pouco mais sobre eles. (Lissandra)

— Temo que terá que fazer isso por si só, não posso revelar tais truques, isso acabaria com a graça, fora que pode servir como uma moeda de barganha para minha estadia. Mas agora seja honesta comigo, não há mesmo a possibilidade de me mandar de volta para meu mundo?

— A questão é que não posso mandá-la de volta, aliás eu nem sei de onde você é. Segundo sua lógica "vir de outro mundo" soou como uma completa bobagem eu já interpretei como um feito inacreditável, ninguém possuiria alguma informação de como reverter isso. (Lissandra)

Então estou presa aqui, isso seria algum tipo de castigo? Achei que estava andando na linha e fui uma boa pessoa.

— Mas conseguiu ser convincente. (Lissandra)

Snap!

Com esse estalo o circulo mágico que estava em meus pés desapareceu por completo, a sensação de calor então se dissipou.

— Poderia me dizer o seu nome?

Poucas pessoas perguntam o meu nome, afinal nunca vi a necessidade de me apresentar nas ruas, afinal o anonimato na minha condição era o melhor dos trunfos do meu baralho.

Mas ao menos aqui por ser uma total desconhecida posso o revelar em segurança.

Eu não sei qual é a sua posição mas ela me parece ser alguém importante, abaixei á minha cabeça e a saudei cordialmente.

Maxine, ao seu dispor. (Maxine)

— Bem Maxine, lhe deixarei ficar aqui até decidir o que vou fazer com você. Além do mais quero compreender um pouco mais dessa sua "magia" e principalmente estudar um pouco mais sobre a situação em que nos encontramos(Lissandra)

— Dado as condições e a minha ampla gama de escolhas eu aceito humildemente seu convite, Lady Lissandra.

E com isso acabei dando check-in na minha estadia em outro mundo.

Que droga, eu realmente queria que isso fosse um sonho, no momento essa foi a noite mais louca que já vivenciei em minha vida.