The Human Magic

Lar Provisório e Empregada Peculiar


Depois de uma conversa não tão produtiva acabou que ela optou por me mostrar um pouco do seu lar.

Devo dizer que estou um tanto impressionada com o seu tamanho, isso aqui não era uma casa, mas se tratava de uma mansão.

Mas estou indo um pouco rápido de mais afinal estou admirando seu lar com uma certa empolgação.

Seu interrogatório, bem, ele foi feito em um dos quartos superiores da casa, o que parecia ser uma biblioteca ou mais precisamente sua "área de prática".

Quando ela estalou os dedos, vários candelabros e lamparinas se acenderam em nossa volta, se ela fizesse essa demonstração antes de tudo eu com certeza acreditaria em cada uma de suas palavras, foi um feito impressionante, apesar de ser apenas para uma iluminação simples.

Para começar saímos daquele cômodo e eu já podia ver uma escadaria, ao que tudo indica estamos no segundo andar, nunca pensei em ver uma construção desse tipo, quer dizer o palácio de buckingham é enorme, mas alguém como eu jamais poderia entrar naquele lugar por várias razões.

Continuando ao que tudo indica o restante dos cômodos parecem ser quartos, ela não entrou muito em detalhes quanto á isso.

Havia uma janela fechada com uma vidraça transparente, olhando para fora pude ver que estava de noite, como estávamos no alto da casa eu não podia ver muita coisa, mesmo com o brilho da lua iluminando.

— Por enquanto será aqui que irá dormir, seria o quarto de um dos meus aprendizes após o ritual, mas até resolvermos o seu caso pode ficar aqui. (Lissandra)

Ela então abriu uma das portas para mim, fazendo um sinal com sua cabeça ela me dava permissão para entrar.

Logo de cara já me surpreendi pelo seu tamanho, era bem maior que meu compacto apartamento nos subúrbios de Londres.

— Wow, milady eu esperava um quarto não um palácio. (Maxine)

— Achou pequeno? Vocês jovens realmente gostam de quartos enormes pelo visto. (Lissandra)

— De maneira alguma minha cara, isso aqui é bem mais do que já tive durante todos esses anos, tem certeza que posso me acomodar por aqui? (Maxine)

— Contanto que não cause algum problema, como havia dito você ficará aqui por enquanto, sendo de outro mundo devo alertá-la para tomar cuidado dito isso...bem, como posso colocar em palavras...Sim! Se está brilhando não toque. (Lissandra)

— Tomarei nota disso, mas se me permite dizer parece que está lidando com uma criança proferindo essa sentença. (Maxine)

— E não estou? De qualquer modo fique á vontade, mas recomendo que durma por enquanto, acredito que nós duas teremos um longo dia amanhã. (Lissandra)

Após me dar essa ordem ela soltou um longo bocejo ela parecia bem exausta, talvez estivesse poupando sua energia para me instruir após aquele infeliz ocorrido.

De seu ponto de vista eu também estaria da mesma maneira, afinal nada ocorreu como ela planejou e cá estou eu.

Eu poderia explorar um pouco, seria tão ousado da minha parte fazer isso?

Ela mencionou que eu deveria descansar mas, quem sabe eu possa aproveitar um pouco desse tempo, além do mais tenho o sono leve, se eu dormir um pouco eu estarei disposta da mesma maneira.

Coloquei minhas coisas em cima de uma mesa, ela era feita de madeira e parecia ter um ótimo entalhe, posso estar pensando bobagem já que nunca pensei em utilizar tal palavra mas vejo que ela é de qualidade, em meu mundo facilmente uma mesa como essa custaria um valor de três dígitos em libras.

Quero dizer esse cômodo é exageradamente grande, aquela cama seria equivalente á metade do meu apartamento, uma de solteiro talvez coubesse mas essa é o suficiente para confortar duas pessoas, ainda assim está muito cedo para minha pessoa passar para essa fase da vida.

Ao lado da cama, havia um criado-mudo de madeira escura, sobre o qual repousava uma luminária . Mais á sua frente, um pouco para o seu lado havia uma mesa com um espelho enorme, cujas molduras douradas me lembravam as utilizadas pelas belas damas de meu mundo para retoques de maquiagem ou momentos de autoadmiração.

Próximo a uma das paredes ainda ao lado da cama, havia uma escrivaninha robusta, com alguns papéis, não havia uma caneta, mas em seu lugar havia uma pena e um tinteiro, um local perfeito para elaborar um trabalho ou estudos.

A iluminação da lua favorecia um pouco a minha vista, ás janelas estavam fechadas pelas cortinas, acredito que se eu ás arrastá-las para o lado o local seria completamente iluminado, então vou deixar como está por enquanto.

As paredes eram decoradas com alguns painéis de madeira e adornadas com quadros de flores, quem sabe numa tentativa de dar um toque de cor e vida ao espaço? Eu não sou tão vaidosa, afinal o único toque de vida que tinha em meu apartamento era um cacto, que incrivelmente consegui deixar morrer em poucos dias, uma das plantas que resistem á um dos ambientes mais hostis morreu em poucos dias em minha posse.

Deixando o devaneio de lado acabei notando que o piso de madeira abaixo de mim era coberto por um tapete azul, fiz questão de retirar uma das minhas luvas e toquei brevemente, como esperado era bem macio, sinto que poderia me deitar facilmente e me aconchegar nele.

Me aproximei da escrivaninha e vi que ali também havia uma pequena estante de livros em uma parte que não observei direito, assim como também possuía alguns ornamentos decorativos, vazios vazios e algumas esculturas, ao que parece ela atacou para todos os lados já que não saberia a preferência de seu ou sua futura aprendiz.

A cadeira também era personalizada, feita de madeira resistente com almofadas estofadas resistência e conforto em um só lugar eu suponho.

De fato era um cômodo excepcional, mal me acomodei e me sinto completamente aconchegada, acredito que se ainda fosse menor eu provavelmente me sentiria mais confortável do que em meu antigo apartamento.

Não sei se tudo aqui foi feito á mão ou mais precisamente com "magia" por assim dizer, mas tudo foi cuidadosamente selecionado independentemente das preferências alheias, há um certo toque de beleza e funcionalidade da qual eu jamais pensaria em testemunhar.

Continuando com meu tour pessoal, acabei tomando á liberdade para olhar um dos livros da estante, peguei aquele que estava acima para não causar nenhuma bagunça.

Ao abrir tive uma surpresa peculiar, eu não sabia ler.

De certa forma eu já esperava por isso embora eu tivesse presumido que como nossos dialetos eram semelhantes a escrita também seria.

Esse lugar aparenta ter um alfabeto próprio do qual infelizmente não entendo nada.

Talvez seriam necessárias algumas aulas, mas em meu mundo eu não era uma leitora assídua, afinal eu não tinha muitos livros, no máximo ás instruções de meu kit de mágica mas estava em tão péssimo estado que acabou se desfazendo, mas como tenho uma boa memória isso não foi problema algum.

Tap!

Ai ai, o quão desastrada eu sou acabei esbarrando em uma das cadeiras, eu não a enxerguei por um breve momento, talvez eu realmente esteja fadigada.

Quer dizer eu estava dormindo há alguns instantes mas ainda estou cansada, acho que não passou muito tempo desde que eu dormi em meu mundo e acordei por aqui.

Ainda assim, por um tempo provisório eu possuo uma cama e que grande cama devo dizer.

Ela parecia nova, mas acredito que também possa ser antiga, eu não tenho muita referência já que sempre dormia no chão.

Além do fato de seu tamanho grande, ela possuía um lençol vermelho á cobrindo, uma grande coberta branca e alguns travesseiros.

Naturalmente eu não iria resistir, retirei meus sapatos e com os braços abertos acabei me deitando.

— Uaah! (Maxine)

É como deitar em uma nuvem ou em um marshmallow, era bem confortável e macia, ao colocar um dos travesseiros abaixo de minha cabeça percebi de imediato a sua suavidade, talvez tenham plumas aqui dentro.

Todo esse conforto, seria eu digna de tal privilégio?

Sendo honesta acabei refletindo por um momento enquanto estou deitada, acredito que eu deveria ficar feliz por ter conquistado uma oportunidade de começar outra vez em outro mundo, mas não estou nas melhores das condições.

O que eu deveria fazer em uma situação como essa? Como deveria me portar? O que eu deveria sentir? Empolgação? Raiva? Indignação? Medo? Confusão..?

Talvez tenha dado uma grande sorte ao aparecer diante daquela bela mulher, ainda assim eu não sei se esse lugar é seguro...ou se estou envolvida em algum perigo iminente.

Mas em Londres não era diferente, eu vivia em um perigo constante, afinal morava em um apartamento alugado de uma maneira marginalizada, á qualquer momento eu poderia ser denunciada e ser alocada para algum orfanato ou centro de ajuda especial para jovens necessitados, de certa forma sempre tive medo, afinal poderia para em uma família que poderia me tratar muito mal, isso seria um grande pesadelo.

Para minha sorte eu consegui me virar e sobreviver nas ruas, graças á minha paixão ardente pela mágica, consegui uma grana de alguns espectadores fabulosos e conquistar minha independência.

Mas não seria o suficiente para se ter uma vida digna, viver daquela maneira, aos poucos eu temia que minha paixão pudesse se perder ao se tornar apenas um meio de sobrevivência.

Quem sabe ser invocada para esse mundo tenha sido um tipo de libertação, agora se foi para o bem ou para o mal, só saberei no dia seguinte.

Não tive muito o que conversar com a Senhorita Lissandra, aquela bela mulher, ela facilmente poderia ser considerada uma modelo em meu mundo.

Uma mulher de beleza intrigante, cabelos longos e escuros, uma pele clara que lembra os mais belos mármores, olhos expressivos levemente azulados, lábios cheios, sem falar da sua vestimenta elegante, ela exala uma atmosfera autoritária e misteriosa, com certeza eu não poderia negar um favor pedido por ela.

Talvez eu deva tirar minhas dúvidas com ela, quando encontrar um pingo de coragem, mas não era o momento para pensar nisso, a exaustão acabou tomando conta quanto mais eu me sentia confortável, aos poucos minha mente ia se apagando e pela primeira vez em muito tempo eu consegui pegar no sono em um lugar adequado.

[...]

*Hunf* Pela claridade em meu rosto já deve ser de manhã, talvez eu devesse acordar por conta disso, mas estou tão confortável deitada nessa cama.

Ainda assim sinto algo estranho, me parece que por alguma razão estou sendo observada, isso chega a ser um pouco arrepiante.

Aos poucos abria os meus olhos e a minha visão estava um pouco turva, quero dizer, poderia jurar que havia alguém deitado ao meu lado.

— ...

— Ora? Já está acordada? (???)

Bem, de fato pude confirmar isso.

Uma outra beldade estava ao meu lado, caramba nesse mundo só possuem pessoas bonitas?

— Sei que eu deveria me assustar, mas acordar com uma bela vista como essa pela manhã ameniza a situação. (Maxine)

— Você tem uma ótima lábia Senhorita..? (???)

— Maxine

Depois que me apresentei à ela, aproveitou para se levantar da cama.

Logicamente nada indecente aconteceu, nenhuma sensação letárgica ou algo do gênero, parece que ela se acomodou recentemente.

Quando me sentei na cama, ela se aproximou para frente dela, aproveitou e pegou ás pontas laterais de seu vestido fazendo uma saudação cordial.

— É um prazer conhecê-la Senhorita Maxine, sou Katherine Parson ,a governanta da casa. (Katherine)

Oh? Ela era a governanta da casa, olhando melhor ela estava com um traje vitoriano esse tempo todo, por mais que fosse sua roupa de trabalho, estranhamente combinou com a sua bela aparência.

— O prazer é todo meu, eu não deveria estar surpresa, um lugar grande como esse, ela com certeza se sentiria solitária morando sozinha. (Maxine)

— Eu apenas cuido dos afazeres triviais de sua mansão, ela mencionou que havia uma nova pessoa por aqui, presumi que fosse seu novo aprendiz, mas parece que era um caso diferente, mesmo assim vim saudá-la, caso haja algo que você queira não hesite em me pedir, ela me disse para atender as suas vontades quando necessário. (Katherine)

Isso é...tentador de várias maneiras.

Uma bela empregada á minha disposição sem mais nem menos, qualquer um nessa situação poderia fazer um pedido ousado para ela, mas assim como a Senhorita Lissandra, eu sinto uma certa intimidação lidando com ela, mas isso não tem haver com o fato dela ter acordado ao meu lado e eu estar completamente nervosa.

E as mulheres adultas desse mundo possuem alguns privilégios no quesito aparência, temos quase o mesmo tamanho mas ela aparenta ser mais velha do que eu, seus olhos eram brilhantes mesmo para uma manhã como essa, se eu a visse de longe poderia dizer com todas ás forças que ela era uma boneca.

— O que me lembra. Ela mandou isso para você. (Katherine)

Ela caminhou até a mesa e voltou com um conjunto de roupas em suas mãos.

— Ela solicitou que você se trocasse e se reunisse para o café da manhã na sala de jantar. (Katherine)

— As suas ordens. (Maxine)

Acabei ganhando um presente inusitado, uma muda de roupas.

Katherine se ofereceu para me ajudar com essa troca, por mais que fosse uma oferta tentadora de sua parte eu acabei me recusando, sei que ela está aqui á mando de sua empregadora mas não quero ser abusada.

Depois que removi minhas velhas roupas, estava apenas de roupas intimas e aproveite e coloquei aquelas que me foram cedidas.

Eu não me envergonhei em fazer isso na frente dela, afinal ela é uma adulta, ainda assim também não sentiria desconforto ao lado de uma garota da minha idade fazendo esse tipo de coisa.

Quando ás coloquei fiz questão de ver á minha aparência, ela me mostrou aquele guarda-roupas de madeira, ele tinha três portas sendo uma delas um grande espelho, isso facilitaria muito na hora da minha arrumação pessoal.

Acabou não mudando muito, ás roupas são similares ás que eu estava utilizando porém estão na medida ideal por alguma razão.

Um blazer de tamanho médio com uma calça preta, seu tecido era justo, ainda assim era bem confortável, não havia uma gravata ou laço mas ainda assim me caiu bem.

Acabei entregando minhas velhas roupas para Katherine que ás pegou de imediato.

— Vou lavá-las, assim que estiverem secas vou costurar esses buracos e lhe devolver, presumo que irá querê-las de volta. (Katherine)

— Adivinhou bem, agradeço por isso. (Maxine)

— Ela falou para eu te mostrar o restante da casa, mas acredito que ela quer sua presença antes, talvez seja melhor falar com ela antes, vou lhe levar até lá. (Katherine)

Depois de calçar meus sapatos eu a segui para fora de meu quarto.

Mais uma noite se passou, porém ela de longe foi como ás outras, um novo amanhã começou em minha vida.