The First Girl

You smell like blood - Part 2


Queda de pressão. Não acreditei muito nessa história de queda de pressão mas como eu não era socorrista eu não podia fazer muita coisa. Segundo Jeff eu fiquei apagada por apenas alguns minutos.

A sala onde eu estava tinha tantos garotos que eu não sabia como todos eles couberam ali. Pelo que eu entendi eles estavam fazendo uma “reunião” no meu quarto. Que meigos. To morrendo aqui e eles fazem uma pausa para um debate.

Como peguei pelo meio do caminho, pois estava um pouco ocupada tendo uma queda de pressão, Newt estava contando sobre o mel para os outros. Me lembrei que não tinha chegado a falar com Minho pois ele tinha ido embora antes que eu pudesse falar.

Depois que terminou de contar todos os meninos ficaram um pouco confusos. Mas não Jeff. Jeff ficou um pouco assustado. Ele deveria saber alguma coisa ligada ao mel que não queria falar.

–Jeff está tudo bem? – Comecei.

–Sim, eu... eu só estou pensando. Quando estiver tudo formulado falo com vocês. – E com isso ele saiu da sala.

–Ele com certeza deve nos explicar o que o mel tem de especial. – Winston falou pela primeira vez.

–Como ele disse, quando ele souber tudo ele irá nos avisar. – Alby falou.

Consegui ver de longe Thomas encostado no portal. Coitado. Ele deve estar tão perdido, seu primeiro dia e ainda tem uma maluca desmaiando. Mas ele com certeza estava aguentando a onda muito bem. Provavelmente tendo um ataque interno, mas ainda muito sério por fora.

Todos começaram a sair do quarto sobrando como sempre apenas Newt.

–Você está bem Elisabeth? Você estava muito mal quando eu te vi.

–Newt, você sabe que pode me chamar de Lisa né?

Ele sorriu um pouco.

–Eu prefiro Beth. – Ele respondeu sustentando meu olhar.

–Beth está bom. – Falei não conseguindo não sorrir.

Ele se levantou indo em direção a porta.

–Newt espera. Vem cá.

Ele me olhou confuso mas fazendo o que eu mandei. Quando ele já estava bem perto da cama me sentei e puxei ele pela sua blusa colando nossos lábios. Eu não sei porque fiz isso, mas alguma coisa dentro de mim me mandava.

Senti Newt sorrindo entre o beijo. Na verdade nem foi um grande beijo, apenas mantemos nossos lábios colados por um tempo. Um beijo sem maldade, sem segundas intenções, sem nada. Só... amor? Eu realmente preciso pensar nisso, mas não agora.

Newt foi embora e eu me sentei na cama, não sentia mais nada. Não tinha mais tontura, a voz tinha sumido, tudo estava bem.

Me levantei da cama calçando meus tênis e por fim deixando o quarto. Talvez Jeff esteja certo, talvez tenho sido uma queda de pressão.

Balancei a cabeça para esquecer isso, afinal ainda tenho que mostrar a Clareira pra Thomas.

Desci as escadas devagar sendo quase jogada no chão por um pequeno garotinho. Chuck me abraçava como se eu tivesse morrido e voltado.

–Ai Elisabeth, eu fiquei tão preocupado. – Ele dizia tão rápido como se ele não tivesse tempo.

Me ajoelhei no chão para ficar mais ou menos da altura dele.

–Eu to legal Chuck, relaxa. Pronta pra outra. – Disse sorrindo logo tirando um sorriso dele também.

Voltei a andar pela Clareira procurando Thomas. Ele estava sentado no chão encostado em um tronco de arvore, sentei ao lado puxando conversa.

–Você vai achar que eu sou maluca?

Ele riu

–Não. Acontece umas coisas estranhas aqui né?

–Bastante. Mas ei, relaxa, eu sei que deve ser muito estranho pra você agora, mas tudo vai ficar melhor.

–Obrigado.

–Quer dar uma volta? Afinal Alby me pediu pra te mostrar tudo.

–Claro.

Passei por toda Clareira com ele, primeiro no Amansador, no Sangradouro, na Sede, na Cozinha , pelo Campo Santo, e por último parei na porta do labirinto. Os olhos deles brilhavam olhando para o Labirinto. Olhos curiosos.

Expliquei pra ele como funcionava tudo. Cada um com sua tarefa, todos cooperando.

–Você é oque?

–Eu sou uma corredora.

Ele parecia maravilhado com as histórias do labirinto.

–Como você virou corredora?

–Minho me escolheu. Eu fiz um negócio que era contra as regras, mas que acabou nos ajudando, então ele me escolheu.

–O que você fez? – Ele perguntava com a curiosidade dobrada.

–Eu entrei no labirinto, e pessoas que não são corredoras não podem entrar no labirinto. Não siga meu exemplo, você pode não ter tanta sorte.

–Sim.

Jeff passou correndo por nossa frente com alguns papéis na mão, ele dava voltas correndo, até que por fim ele entrou onde trabalhava.

–O que você acha que ele tem em mente? – Thomas me perguntou.

–Eu não tenho ideia.

Thomas foi dar mais uma volta e eu fui para a porta do labirinto da área leste. Quando passei por ela com Thomas algo me chamou atenção. Um pequeno filete de mel escorrendo de uma das paredes. Isso estava parecendo cada vez mais estranho. É melhor Jeff saber o que está fazendo.

Já estava quase na hora das portas se fecharem então sentei no chão para ver as portas se fechando. Eu gostava de ver isso, era algo sem igual, algo além da física.

Pude ver Thomas a uma boa distância, mas também olhando a porta.

Olhei no relógio, faltavam poucos minutos, mas uma coisa fez parrar minha contagem. Verdugos.

Tinha uns três Verdugos do outro lado do portão. Me levantei rapidamente ficando de pé e andando com cautela para trás. Porque eles estavam ali? Isso não fazia sentido. Vamos, vamos, feche os portões, feche os portões.

Eles começaram a andar em uma velocidade não muito alta pra cima de mim. Soltei um berro estridente para tentar alertar os meninos.

Sem pensar virei as costas e comecei a correr o mais rápido que conseguia. Vi eles praticamente correndo em minha direção com armas mas a cauda do Verdugo me pegou pelo ar me arrastando para trás. Tentava me segurar na grama mas com a força do Verdugo era inútil.

Os garotos viam com as armas tentando matar, ou no máximo espantar os verdugos, mas também não estava sendo o suficiente. O verdugo me jogou pra trás me prensando com sua garra. Olhei pro lado e vi Newt com uma lança na mão e com o rosto aterrorizado. Ouvi ele berrando meu nome, mas meu ouvido não é muito bom mesmo.

Uma onda de dor invadiu meu corpo enquanto o Verdugo enfiava sua agulha em mim. Vi Newt abrir a boca em um grito, mas também não consegui ouvir o grito.

Espasmos de dor passavam por todo meu corpo, provavelmente um berro escapava de meus lábios. O Verdugo tirou a agulha de dentro de mim e entrou pelo labirinto a dentro.

O mundo agora era apenas um eco na minha cabeça. Uma bolha d’gua me separava dos meninos que tinha aprendido a chamar de família.

Newt se jogou de joelhos do meu lado gritando meu nome desesperadamente, pude ver agora algumas lagrimas escorrerem por seu rosto. Agora eu sei porque beijei ele. Beijei ele pela incerteza do meu futuro. Pela incerteza do que ia acontecer no dia seguinte. Minho estava certo, eu não ia ter tempo para falar com ele sobre meus sentimentos.

Tentei abrir meus lábios pra sussurrar algo como desencargo de consciência.

Com muita dificuldade sussurrei um singelo “Eu te amo” apenas para ele escutar. Coisa que tenho certeza que aconteceu, pois ele sorriu e sussurrou algo que eu supus ser um “eu também” pois meus olhos já não enxergavam mais.

Pov’ autora.

Talvez Jeff estivesse certo sobre sua dedução, talvez Minho estivesse certo sobre o tempo, talvez Newt estivesse certo sobre seus sentimentos.

Mas nada importava mais.

O garoto manco ajoelhado ao lado de uma garota estranha que tinha chegado sem nenhum propósito, assim pensavam eles, abaixou sua cabeça em direção ao peito da garota.

Respirando fundo fechou os olhos e levantou a cabeça. Numa última tentativa pegou a mão de Elisabeth tremendo apenas afirmando o que já sabia.

–Elisabeth não tem pulso.