Pov’s Newt

Morta. Completamente morta. Eu não podia acreditar. Quando fechava meus olhos parecia que nada tinha sido real, mas quando os abria via seu pequeno corpo estilhaçado na minha frente.

Lagrimas caiam no meu rosto pesadas como chumbo, eu não precisa conter elas, eu não queria conter elas.

Eu segura sua cabeça apoiando-a em minhas pernas, passando a mãos por seus cabelos castanhos. Tão lindos. Lindos e mortos.

Minho estava de cócoras do meu lado, não precisava olhar pra ele pra ver que também derramava lagrimas.

Pequeno Chuck, dava pra ouvir seus berros até de longe. O pobre menino estava devastado. Thomas estava abraçando ele para acalmar a dor. Mas a dor não saia.

Todos os Clareanos estavam ali. Todos sem soltar uma palavra. Todos de luto.

Eu levantava Elisabeth e a abraçava, abraçava tão forte que chegaria a doer. A dor de saber que nunca mais poderia falar com Elisabeth fazia meu coração morrer também.

Ódio. Eu nunca senti tanto ódio pelos criadores como estava sentindo nesse momento. Eles fizeram isso. Eles mandaram os verdugos. Eles mataram Elisabeth.

Elisabeth. Ah Elisabeth. Só de pensar em seu nome meu choro só aumentava. Alguém botou a mão em meu ombro mas não me importei em virar. Não importava. Nada mais importava.

Do meu lado direito pude ver Jeff de relance virando as costas e correndo para a área dos socorristas. Não importava mais o que ele tinha em mente. Elisabeth já se fora.

Minho chegou mais perto e se ajoelhou a meu lado. Silenciosamente via suas lagrimas escorrerem por seu rosto.

–O que vamos fazer? – Sua voz embargada pelo choro saia mais rouca. Ele definitivamente queria fazer com que seu coração não se importasse para o fato só para amenizar a dor. Não estava funcionando. Dava pra se ver claramente que Minho e Elisabeth eram bons amigos.

–Eu não sei. – Respondi baixo também com uma voz rouca pelo choro.

Do meu outro lado vi Chuck se aproximar tão devagar e silenciosamente que só deu pra perceber que ele estava ali quando sentou do meu lado.

–Por que isso tinha que acontecer? – Podia ter certeza que ele perguntava mais pra ele do que pra mim. – Nós tínhamos combinado tudo. Tínhamos combinado de sair daqui. Ela me prometeu. Elisabeth você me prometeu que iriamos sair juntos daqui.

Chuck falava tão baixinho quase sussurrando, seu choro era forte e dolorido. Pela primeira fez me deu vontade de abraçar o pequeno garoto para reconforta-lo.

Thomas chegou por trás de Chuck botando a mão em seu ombro.

–Ei Chuck. Vem cá, você precisa descansar um pouco.

O menino levantou e saiu andando para Sede, antes de Thomas seguir ele ficou encarando um pouco o corpo de Elisabeth, claramente um pouco abatido.

–Queria ter conhecido ela antes, ela me parecia uma pessoa legal. – Ele falava pra mim agora.

–Ela era.

Falando isso Thomas foi seguir Chuck.

Agora outros se aproximavam. Zart e Alby tinham aparecido para dar talvez uma última olhada na garota que chegou mudando os padrões.

–Vou sentir falta dela. – Zart disse com um sorriso seco no rosto. – Ela vai fazer muita falta.

–Não creio que eu tenha sido muito legal com ela, queria poder me redimir por ter sido tão duro. – Alby disse num semblante muito triste.

Alguns outros apareceram mas não me importei em ver mais quem era, eu só estava encarando sua pele clara e passando a mão por seus cabelos castanhos. Eu iria sentir tanta falta de ver seus olhos tão negros quanto a noite. Eu iria sentir tanta falta.

Muitas pessoas já morreram aqui mas nenhuma me abalou tanto quanto essa. Elisabeth tinha chegado mudando tudo. Minha pequena Fedelha. Beth. Tinha chamado ela tão poucas vezes pelo nome. Acho que já cansei de falar pra mim mesmo que vou sentir falta dela.

Eu poderia ter ficado ali o dia todo com ela mas algo veio nos atrapalhar.

Os verdugos tinham voltado. Nem tinha percebido que os portões não tinham fechado ainda. Eles estavam no meio do corredor para entrar na clareira, me levantei abruptamente e peguei Elisabeth no colo pra tirar ela dali, mas quando fiz esse ato eles começaram a correr me atingindo com suas caldas fazendo Elisabeth cair no chão. Nesses poucos segundos eles pegaram ela e a arrastaram pelo labirinto.

Meu impulso de levantar e correr até eles era tão grande que só foi parada por Minho me segurando pelos ombros.

–Ei seu Trolho o que vai adiantar ir atrás deles? Quer morrer também?

Bufei tentando expelir toda a raiva do meu corpo. Agora ela tinha realmente ido. Nem o corpo dela estava mais aqui, isso não era justo, não fazia sentido. Todos os outros corpos das pessoas que morriam eram deixado aqui para que enterrássemos eles. Porque levaram o dela dessa vez? Quer saber, não importa mesmo saber porque levaram o corpo dela. Ela ainda está morta.

Eu estava jogado no chão quando Minho se abaixou pra ficar da minha altura.

–Eu sei o que vocês dois tinham. – Ele falava encarando as portas agora fechadas do labirinto.

Olhei espantado pra ele.

– O que?

–Vocês escondiam muito mal cara.

Abaixei a cabeça tentando esquecer tudo o que tinha acontecido entre eu e Elisabeth.

–Eu sei que vai ser duro. Ela também era minha amiga. – Ele parou por um segundo e respirou fundo. – Você a amava?

A pergunta me pegou de surpresa fazendo-me levantar a cabeça.

–Sim.

–Ei cara. Eu sei que não podemos trazer ela de volta. Mas, vamos vingar a morte dela ok?

–Ok. – Respondi soltando um grande suspiro.

Minho se levantou e andou até a Sede. Eu fiquei sentando ali por um tempo que pareceu infinito para mim. Vingar a morte dela, eu estava com tanta raiva que faria tudo, mais do que nunca eu queria matar os Criadores. Primeiro pelo o que eles fizeram comigo me botando aqui, depois por terem matado Elisabeth, depois por todos os outros que estavam aqui. Pensei em botar em pratica o plano dela agora mesmo, para tentar deixar ela orgulhosa de si mesmo, por ter nos tirado daqui, mas ela não estava aqui pra ficar orgulhosa e o labirinto já estava fechado.

Assim que ele se abrisse eu ia mandar os corredores para o penhasco para ver se os Verdugos realmente saem de lá. Também se eles não vierem de lá voltamos a estaca zero.

Um barulho alto me tirou dos devaneios fazendo-me dar um salto do chão. Era da caixa. Ela estava emitindo um som que eu já conhecia. Não fazia sentido, o novo Trolho veio ontem e os suprimentos já chegaram. O que vinha na caixa.

Todos começaram a correr em direção a ela, todos com a mesma cara de interrogação. Vi Alby e Gally abrindo a grade de metal. Quando o fez todos se calaram imediatamente. Alby me procurou com os olhos até finalmente fixá-los em mim.

–É uma garota.