The First Girl
Under the Rain
Acho que posso dizer que a expressão de Thomas foi uma das piores coisas que já pude presenciar em toda a minha vida. A dor que era emitida de seus olhos era tão grande que me fazia sentir facas perfurando meu coração.
Atônita pela situação comecei a andar para trás até entrar na fenda novamente. Devo ter passada apenas um minuto me rastejando ali mas para mim pareceram uns dez.
E novamente eu estava aqui, me sentindo patética. Me sentindo inútil. Me sentindo desolada.
Desastradamente tentei sair da fenda indo em direção contrária a que estava. Eu em hipótese nenhuma eles podiam saber que eu estava ali.
Eu sabia que havia saído quando a luz do sol, mesmo estando fraco, voltou a me cegar. Olhei para baixo e vi os meninos já longe. Um dor muito forte em meu peito me fez ter vontade de sair correndo e dar um abraço em Newt.
Mas não havia tempo para isso, e esse pensamento me fazia mais triste. Nunca havia tempo. Será que um dia irá de haver? Em todos os dias que havia passado no deserto, e até mesmo no labirinto não havia parado para pensar nisso. Quando iriamos estar realmente a salvo? Quando iriamos estar realmente livres?
Pensar que iriamos ficar são e salvos como se nada houvesse acontecido era absurdo Era bom demais pra ser real. Não conseguia cogitar essa opção.
O Refugio.
Tínhamos que acha-lo o mais rápido possível. Se realmente houvesse uma pequena oportunidade, mesma a mais remota possível era o refúgio.
Voltei a subir a montanha ignorando a pesada chuva que caia sob meus ombros. Poderia descer e seguir em frente com os garotos mas eu precisava ver o que nos esperava. Não podia ser tão fácil assim.
“Fácil assim”
Como se chegar até aqui tivesse sido muito simples.
A chuva havia começado a cair mais forte fazendo-me deslizar raspando o joelho no chão. Com a calça agora rasgada sentia o sangue que escoria na altura do joelho.
Ignorando a dor voltei a subir tomando o máximo de cuidado para não escorregar nas grandes poças que se formavam.
O estranho aperto em meu peito havia voltado mas agora não era uma dor emocional, era uma dor física. As pontadas me fizeram curvar até ficar novamente de joelhos no chão.
O que está acontecendo?
Com ajuda da parede de pedra ao meu lado voltei a ficar de pé começando a dar passos lentos até a dor parar.
A cada batida forte que meu coração dava imagens da minha mãe vinham em minha cabeça.
Grande Chanceler Ava Paige. Sempre ocupada. Sempre ausente.
O simples pensamento fez minhas pernas travarem.
Como eu sabia disso? Como eu conseguia lembra? Eu não lembrava de praticamente nada... ou será que...
“A dor é produzida pela excitação de terminações nervosas sensíveis a esses estímulos”
Uma memória familiar invadiu minha cabeça. Será que por alguma razão a dor que eu estava sentindo estava afetando minhas memórias?
Não, não podia ser.
Um grito estourou em minha cabeça fazendo-me jogar novamente de joelhos ao chão levantando automaticamente as mãos as orelhas.
Mas porque? Porque eu fazia isso? O barulho não vinha de fora, ele vinha de dentro e não da para eu tampar por dentro.
Patética— A voz ecoou em meus ouvidos
O que exatamente está tentando fazer? Vai falhar novamente. Não vai conseguir.
—Pare! – Gritei com toda a força de meus pulmões.
A chuva forte deixava minha visão borrada e minha voz abafada. Ao longe pude ver a luz de raios caindo.
Ignorando o sangue dos joelhos e a forte chuva sob meus ombros voltei a andar em direção ao topo.
Vai falhar
—Pare... pare.- Sussurrei para mim mesma enquanto esfregava a palma das mãos no cabelo molhado.
-Pare.
Risos. Risos sarcásticos em vários tons estouraram em minha mente fazendo-me soltar algumas lagrimas grossas.
Patética! Você é patética, fique aqui e ninguém ligará!
Vozes simultâneas falavam em cochichos fazendo-me arrepiar.
Quem iria ligar? Newt?
A palavra Newt ecoou em minha cabeça.
O loiro nem gosta de você! Uma menina em um grupo de meninos, você foi o peixe da vez. E ele ganhou. Garotos com hormônios a flor da pele fariam de tudo pra conseguir a garota. E você nem fez o que ele quer ainda.
E os risos estavam de volta.
Com um grande estouro gritei com todo meu pulmão, talvez um misto de raiva e tristeza.
Por mais alto que eu tivesse subido não conseguia enxergar nada. A chuva não me deixava ver nem dois metros a minha frente.
Parabéns
Subi isso tudo para nada. Não conseguia achar nenhum refúgio, quem dirá seguro.
É isso, falhei novamente.
Os raios que haviam começado a cair aumentaram de quantidade. Um deles caiu a três metros acima de minha cabeça fazendo um enorme bloco de pedras despencar pela montanha.
Corri para trás tentando desviar dos blocos mas um deles caiu em minha frente fazendo-me derrapar e ficar pendurada no barranco.
Passei meus pés freneticamente pela parede de pedra tentando me impulsionar para cima.
Um dos outros blocos despencou caindo em minha frente quebrando o chão a qual estava me segurando.
E junto com as pedras eu cai penhasco abaixo e a única terra que havia abaixo de meus pés estava a cinco metros.
~*~
Pov Newt
-Eu vou voltar! – Gritei o mais alto que pude para tentar fazer eles me ouvirem através da chuva.
-Ela vai ficar bem cara. – Minho gritou para mim – É a Elisabeth, ela sempre fica bem.
-Não sei não. – Respondi. – Olha essa chuva.
-Devemos estar pior que ela!
Minho poderia continuar falando isso por horas que eu não ia acreditar, muito menos me acalmar.
A chuva de raios havia começado a pouco e uns três já haviam caído ao nosso redor.
Uma mão pesada me deu um leve empurrão nas costas e por um segundo achei que fosse Elisabeth.
-Thomas? Onde estava? – Não pude evitar de fazer uma cara surpresa. – Como fugiu do grupo B? O que...
-Pare de fazer perguntas. Nos estávamos nas montanhas, Teresa havia me soltado e... eu fugi. – Ele falou com uma voz distante.
-Thomas o que aconteceu?
-O importante é que eu consegui fugir.
-Aris? Viu ele?
-Está com o grupo B, eles também estão procurando o refúgio. – Thomas disse com uma voz triste.
Um raio caiu em nossa frente cortando qualquer pergunta que eu poderia pensar em fazer.
O que eu não havia reparado era o local onde o raio tinha caído.
-Minho! – Eu e Thomas gritamos em uníssono correndo em sua direção.
Brenda e Jorge que estavam em sua frente se ajoelharam passando os braços em torno de Minho.
-Temos que correr! Acho que estou vendo alguma coisa ali na frente, vamos logo. – Brenda gritava.
-Mas Minho... – Comecei.
-Só vamos poder ajudar quando saímos dessa chuva.
-Eu não vou a lugar algum sem Elisabeth. – Disse virando de costas.
-Minho vai morrer tostado aqui, ela vai ficar bem, ela está armada esqueceu? Ela deve chegar no refúgio um pouco depois de nos.
-Não estou contente em deixar Elisabeth pra trás, mas precisamos pensar em Minho, ela vai ficar bem. – Thomas disse.
Contrariado voltei a correr atrás de nossa última esperança.
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