Eu já tinha passado por muita coisa. Ficar presa em um labirinto, enfrentar Verdugos, fugir de Cranks, ficar à deriva em um deserto. Mas eu podia dizer que o que aconteceu me deixou sem reação.

Eu estava sozinha agora no final da fila. Todos os Clareanos estavam parados, totalmente congelados. Todos sem saber o que fazer.

Minhas mãos começaram a soar enquanto ouvia Minho gritar ao longe palavras como “traidora” ou “ o que ela está pensando?”, mas cada segundo que se passava estava ficando difícil de escutar alguma coisa.

Um chiado alto estava em meus ouvidos, ou talvez, apenas em minha mente, mas o barulho me impedia de ouvir qualquer outra coisa.

Aos poucos comecei a sentir minha cabeça rodando e meus movimentos ficando lentos . Pisquei meus olhos lentamente, como se estivessem tão pesados que mantê-los abertos era uma desafio.

Quando finalmente abri os olhos os meninos não estavam mais lá. Na verdade, não estavam mais do jeito que deveriam estar.

Newt estava jogado em minha frente com uma grande poça de sangue em sua cabeça, seus olhos abertos, imóveis, olhos que uma vez tiveram uma coloração azul agora estavam muito claros. Mortos. Thomas que deveria estar longe estava deitado de barriga para baixo de jeito que não conseguia ver seu rosto. E pela quantidade absurda de sangue que estava embaixo de seu rosto eu não queria vê-lo.

Ao lado de Thomas estava Minho caído na mesma posição que Newt. Mas não havia sangue em seu rosto, mas sim em suas costas. A poça que formava no local era tão grande quanto a de Newt.

Tentei fechar os olhos com força passando minha mão suada sobre eles de um jeito desesperado tentando acordar. Eu tinha que acordar. Tinha.

Abri os olhos e a cena não mudou. Olhei para baixo e vi a poça de sangue que se formava em torno dos meus pés. Contra minha própria vontade olhei para as mãos e vi elas encharcadas pelo liquido vermelho.

Desviei meus olhos paro o lado vendo Chuck. Ver Chuck ali fez meu coração salvar do peito. Ele estava intacto, sem nenhum simples arranhão. Seus olhos tinham consciência enquanto me encarava.

Tentei falar seu nome mas minha garganta não me permitiu. Dei um passo para frente fazendo um pequeno rastro de sangue no chão.

E então tudo parou. Atrás de Chuck apareceu Gally com uma arma em punhos apontando para o menino.

Não

Não podia estar acontecendo.

Junto com o disparo da bala meu grito agonizante rasgou-se pelo deserto.

Elisabeth

—Elisabeth! – Newt sacudia meus braços com força fazendo-me piscar os olhos.

-O que...

-O que aconteceu? – Ele me cortou com uma voz alta.

-Eu... – Incapaz de formular uma frase olhei para minhas mãos para checar se estavam limpas.

-O que aconteceu? – Perguntei com a voz fraca.

-Você saiu completamente do ar. – O loiro me respondeu.

-O que?

-Você ficou encarando o nada e de uma hora pra outra começou a gritar.

-Eu o que? – Forcei minha cabeça a lembrar o que estava acontecendo, foi tudo tão real, como não poderia ter sido real?

-O que foi isso? – A voz de Minho que antes gritava com raiva chegou ao meu ouvido.

-Não aconteceu nada. – Disse seca.

-Nada? – Newt falou com uma cara de preocupação. – Você tinha que ter se visto. Você não respondia a nada, parecia estar em outro mundo.

-Estou bem.- Disse sem olhar para ninguém.

-Elisabeth o que está acontecendo? – Minho perguntou.

Olhei para frente e vi os Clareanos sentados no chão me olhando com preocupação.

-Eu não sei. – Disse fechando os olhos com força. – Mas não temos tempo pra isso.

-Elisabeth, alguma coisa ta acontecendo. – Newt disse segurando meu braço.

-Não tenho tempo para isso. – Disse olhando em seus olhos, que voltaram a ter sua coloração azul. – Temos que achar Thomas, e preciso falar com Teresa.

-Teresa? – Minho voltou a falar com seu tom de raiva. – Não quero nunca mais olhar na cara daquela cabeça de mértila.

-Alguma coisa não está certa, alguma coisa está acontecendo com ela, e eu prometi a mim mesmo que iria ajuda-la. - Disse com um tom de segurança que não lembrava que tinha.

Eu sei do que o C.R.U.E.L. é capaz. – Continuei. – E vocês também, não sei se estão comigo nessa, estão cegos pela raiva mas só estou sendo racional. Sei do que Janson é capaz, não posso tomar decisões precipitadas mas sei que tem alguma coisa errada e eu vou descobrir o que é.

-Você é louca. – Minho disse botando a mão na cintura. – Você viu o que ela fez? Ela raptou nosso amigo, amigo dela! E ameaçou a gente.

-Eu matei um cara com dois tiros. – Disse friamente. – Também não esperavam isso de mim.

-Ela tem um ponto. – Newt falou parecendo pensar sobre o assunto. – mas ainda estou com raiva pelo o que Teresa fez.

-Temos que alcança-los rápido. – Disse ignorando as últimas palavra

de Newt. – Temos que partir agora.

Já haviam se passado horas desde o início da caminhada, o grupo B já estava fora de nosso campo de vista e o sol estava deixando tudo pior.

-Eles já devem ter chegado nas montanhas. – Newt disse com uma voz sem emoção.

-Quanto tempo acha que ainda falta para nós? – Perguntei tentando tirar Teresa da mente dos meninos.

-Acho que entre uma a duas. – Minho disse.

Meus pensamentos voaram para Thomas e o que deveria estar acontecendo com ele. O moreno deveria estar arrasado. Precisava acha-los o mais rápido possível, eles precisam de minha ajuda e eu me sentia a cada minuto mais inútil.

Eu havia falhado com tudo. Não ajudei minha mãe, não salvei Chuck, não podia deixar isso acontecer com ele. E Teresa, não sabia qual era minha ligação com ela mas era algo grande. Talvez uma amiga, não sei. Só sei que precisava agir rápido.

Depois de mais algum tempo andando finalmente chegamos nas montanhas. Elas eram muito maior do que pareciam ser ao longe e abriam alguns desfiladeiros entre si. Provavelmente o grupo B deveria estar acampado ali, ou pelo menos parecia ser o melhor lugar para se acampar agora. No exato momento os relâmpagos começaram a cortar o céu e em pouco tempo a tempestade iria cair.

-Vamos procurara elas, lembrem-se de ficarem juntos, ela tem armas, a gente não tem nada. – Minho disse com uma voz forte. Como um verdadeiro líder.

Ao ouvir suas palavras passei a mão pelas armas que ainda estava em meu bolso. Não iria usar elas, não agora. Querendo ou não o grupo B estava passando pela mesma coisa que a gente. Estão perdidos em um deserto e sem resposta. Não havia sentido em mata-los.

Uma das rochas ao meu lado fazia um caminho para cima, como uma pequena estrada, onde só passava-se um por vez. Talvez olhando de mais alto poderia acha-los.

-Vão por baixo, vou subir essa encosta para tentar acha-los pelo alto. – Disse baixo para Minho e Newt.

-Tem certeza? – Newt perguntou.

-Talvez ajude.- Respondi.

-Gente. – Minho nos cortou. – Cade o Aris?

Olhei em volta passando os olhos por todos os meninos. Todos estavam ali, menos ele.

-Ele veio com a gente? – Newt perguntou.

-Sim, ele estava na minha frente. – Disse.

-Estranho. – Minho falou. – Estranho demais.

Sem olhar para trás comecei a subir a encosta enquanto eles continuavam por baixo. O chão desgastado pelo sol fazia meu pé deslizar em falso algumas vezes. Com uma das mãos na parede tentava buscar equilíbrio para não cair.

Quanto mais eu subia eu conseguia ver o grupo B. As garotas acampavam em uma gruta mas não havia sinal de Teresa e nem de Thomas. O rosto relaxado das meninas me fez pensar que talvez elas soubessem onde eles poderiam estar.

Consegui ver Ed e Sonya saindo da gruta e sentando em uma pedra um pouco mais alta. Comecei a olhar para todas as direções que meus olhos conseguir ver mas mesmo assim não consegui encontrar Thomas e Teresa.

Olhei para baixo e vi meu grupo se distanciando cada vez mais. Pelo visto nenhum sinal de Aris ainda. Muito estranho.

Voltei a caminhar pela encosta até achar uma frágil rachadura na parede que me levava para o outro lado da montanha. Dando uma última olhada nos meninos e depois em Ed e Sonya me espremi para passar entre as paredes de pedra.

O atalho tinha uns dois metros de comprimento, então demorei no mínimo trinta segundos para atravessa-lo.

A luz do sol do outro lado me fez levar a mão ao olhos, mesmo com apenas trinta segundos de escuridão a luz voltava a incomodar.

Me agachei no final do beco e consegui ver Thomas e Teresa. Não muito longe estava Aris.

Teresa tinha uma feição triste no rosto. Muito triste. Poderia jurar que se ela continuasse falando com Thomas por mais alguns minutos ela iria começar a chorar.

E com esse pensamento foi com que Teresa deu as costa para Thomas e beijou Aris.

Eu já tinha passado por muita coisa. Ficar presa em um labirinto, enfrentar Verdugos, fugir de Cranks, ficar à deriva em um deserto. Mas eu podia dizer que o que aconteceu me deixou sem reação.

Eu estava sozinha agora no final da fila. Todos os Clareanos estavam parados, totalmente congelados. Todos sem saber o que fazer.

Minhas mãos começaram a soar enquanto ouvia Minho gritar ao longe palavras como “traidora” ou “ o que ela está pensando?”, mas cada segundo que se passava estava ficando difícil de escutar alguma coisa.

Um chiado alto estava em meus ouvidos, ou talvez, apenas em minha mente, mas o barulho me impedia de ouvir qualquer outra coisa.

Aos poucos comecei a sentir minha cabeça rodando e meus movimentos ficando lentos . Pisquei meus olhos lentamente, como se estivessem tão pesados que mantê-los abertos era uma desafio.

Quando finalmente abri os olhos os meninos não estavam mais lá. Na verdade, não estavam mais do jeito que deveriam estar.

Newt estava jogado em minha frente com uma grande poça de sangue em sua cabeça, seus olhos abertos, imóveis, olhos que uma vez tiveram uma coloração azul agora estavam muito claros. Mortos. Thomas que deveria estar longe estava deitado de barriga para baixo de jeito que não conseguia ver seu rosto. E pela quantidade absurda de sangue que estava embaixo de seu rosto eu não queria vê-lo.

Ao lado de Thomas estava Minho caído na mesma posição que Newt. Mas não havia sangue em seu rosto, mas sim em suas costas. A poça que formava no local era tão grande quanto a de Newt.

Tentei fechar os olhos com força passando minha mão suada sobre eles de um jeito desesperado tentando acordar. Eu tinha que acordar. Tinha.

Abri os olhos e a cena não mudou. Olhei para baixo e vi a poça de sangue que se formava em torno dos meus pés. Contra minha própria vontade olhei para as mãos e vi elas encharcadas pelo liquido vermelho.

Desviei meus olhos paro o lado vendo Chuck. Ver Chuck ali fez meu coração salvar do peito. Ele estava intacto, sem nenhum simples arranhão. Seus olhos tinham consciência enquanto me encarava.

Tentei falar seu nome mas minha garganta não me permitiu. Dei um passo para frente fazendo um pequeno rastro de sangue no chão.

E então tudo parou. Atrás de Chuck apareceu Gally com uma arma em punhos apontando para o menino.

Não

Não podia estar acontecendo.

Junto com o disparo da bala meu grito agonizante rasgou-se pelo deserto.

Elisabeth

—Elisabeth! – Newt sacudia meus braços com força fazendo-me piscar os olhos.

-O que...

-O que aconteceu? – Ele me cortou com uma voz alta.

-Eu... – Incapaz de formular uma frase olhei para minhas mãos para checar se estavam limpas.

-O que aconteceu? – Perguntei com a voz fraca.

-Você saiu completamente do ar. – O loiro me respondeu.

-O que?

-Você ficou encarando o nada e de uma hora pra outra começou a gritar.

-Eu o que? – Forcei minha cabeça a lembrar o que estava acontecendo, foi tudo tão real, como não poderia ter sido real?

-O que foi isso? – A voz de Minho que antes gritava com raiva chegou ao meu ouvido.

-Não aconteceu nada. – Disse seca.

-Nada? – Newt falou com uma cara de preocupação. – Você tinha que ter se visto. Você não respondia a nada, parecia estar em outro mundo.

-Estou bem.- Disse sem olhar para ninguém.

-Elisabeth o que está acontecendo? – Minho perguntou.

Olhei para frente e vi os Clareanos sentados no chão me olhando com preocupação.

-Eu não sei. – Disse fechando os olhos com força. – Mas não temos tempo pra isso.

-Elisabeth, alguma coisa ta acontecendo. – Newt disse segurando meu braço.

-Não tenho tempo para isso. – Disse olhando em seus olhos, que voltaram a ter sua coloração azul. – Temos que achar Thomas, e preciso falar com Teresa.

-Teresa? – Minho voltou a falar com seu tom de raiva. – Não quero nunca mais olhar na cara daquela cabeça de mértila.

-Alguma coisa não está certa, alguma coisa está acontecendo com ela, e eu prometi a mim mesmo que iria ajuda-la. - Disse com um tom de segurança que não lembrava que tinha.

Eu sei do que o C.R.U.E.L. é capaz. – Continuei. – E vocês também, não sei se estão comigo nessa, estão cegos pela raiva mas só estou sendo racional. Sei do que Janson é capaz, não posso tomar decisões precipitadas mas sei que tem alguma coisa errada e eu vou descobrir o que é.

-Você é louca. – Minho disse botando a mão na cintura. – Você viu o que ela fez? Ela raptou nosso amigo, amigo dela! E ameaçou a gente.

-Eu matei um cara com dois tiros. – Disse friamente. – Também não esperavam isso de mim.

-Ela tem um ponto. – Newt falou parecendo pensar sobre o assunto. – mas ainda estou com raiva pelo o que Teresa fez.

-Temos que alcança-los rápido. – Disse ignorando as últimas palavra

de Newt. – Temos que partir agora.

Já haviam se passado horas desde o início da caminhada, o grupo B já estava fora de nosso campo de vista e o sol estava deixando tudo pior.

-Eles já devem ter chegado nas montanhas. – Newt disse com uma voz sem emoção.

-Quanto tempo acha que ainda falta para nós? – Perguntei tentando tirar Teresa da mente dos meninos.

-Acho que entre uma a duas. – Minho disse.

Meus pensamentos voaram para Thomas e o que deveria estar acontecendo com ele. O moreno deveria estar arrasado. Precisava acha-los o mais rápido possível, eles precisam de minha ajuda e eu me sentia a cada minuto mais inútil.

Eu havia falhado com tudo. Não ajudei minha mãe, não salvei Chuck, não podia deixar isso acontecer com ele. E Teresa, não sabia qual era minha ligação com ela mas era algo grande. Talvez uma amiga, não sei. Só sei que precisava agir rápido.

Depois de mais algum tempo andando finalmente chegamos nas montanhas. Elas eram muito maior do que pareciam ser ao longe e abriam alguns desfiladeiros entre si. Provavelmente o grupo B deveria estar acampado ali, ou pelo menos parecia ser o melhor lugar para se acampar agora. No exato momento os relâmpagos começaram a cortar o céu e em pouco tempo a tempestade iria cair.

-Vamos procurara elas, lembrem-se de ficarem juntos, ela tem armas, a gente não tem nada. – Minho disse com uma voz forte. Como um verdadeiro líder.

Ao ouvir suas palavras passei a mão pelas armas que ainda estava em meu bolso. Não iria usar elas, não agora. Querendo ou não o grupo B estava passando pela mesma coisa que a gente. Estão perdidos em um deserto e sem resposta. Não havia sentido em mata-los.

Uma das rochas ao meu lado fazia um caminho para cima, como uma pequena estrada, onde só passava-se um por vez. Talvez olhando de mais alto poderia acha-los.

-Vão por baixo, vou subir essa encosta para tentar acha-los pelo alto. – Disse baixo para Minho e Newt.

-Tem certeza? – Newt perguntou.

-Talvez ajude.- Respondi.

-Gente. – Minho nos cortou. – Cade o Aris?

Olhei em volta passando os olhos por todos os meninos. Todos estavam ali, menos ele.

-Ele veio com a gente? – Newt perguntou.

-Sim, ele estava na minha frente. – Disse.

-Estranho. – Minho falou. – Estranho demais.

Sem olhar para trás comecei a subir a encosta enquanto eles continuavam por baixo. O chão desgastado pelo sol fazia meu pé deslizar em falso algumas vezes. Com uma das mãos na parede tentava buscar equilíbrio para não cair.

Quanto mais eu subia eu conseguia ver o grupo B. As garotas acampavam em uma gruta mas não havia sinal de Teresa e nem de Thomas. O rosto relaxado das meninas me fez pensar que talvez elas soubessem onde eles poderiam estar.

Consegui ver Ed e Sonya saindo da gruta e sentando em uma pedra um pouco mais alta. Comecei a olhar para todas as direções que meus olhos conseguir ver mas mesmo assim não consegui encontrar Thomas e Teresa.

Olhei para baixo e vi meu grupo se distanciando cada vez mais. Pelo visto nenhum sinal de Aris ainda. Muito estranho.

Voltei a caminhar pela encosta até achar uma frágil rachadura na parede que me levava para o outro lado da montanha. Dando uma última olhada nos meninos e depois em Ed e Sonya me espremi para passar entre as paredes de pedra.

O atalho tinha uns dois metros de comprimento, então demorei no mínimo trinta segundos para atravessa-lo.

A luz do sol do outro lado me fez levar a mão ao olhos, mesmo com apenas trinta segundos de escuridão a luz voltava a incomodar.

Me agachei no final do beco e consegui ver Thomas e Teresa. Não muito longe estava Aris.

Teresa tinha uma feição triste no rosto. Muito triste. Poderia jurar que se ela continuasse falando com Thomas por mais alguns minutos ela iria começar a chorar.

E com esse pensamento foi com que Teresa deu as costa para Thomas e beijou Aris.