Os olhos vidrados dos meninos acompanhavam todos os movimentos que meu corpo fazia apenas esperando as palavras saírem da minha boca.

Minho impacientemente batia os dedos no chão juntando as pernas junto ao corpo. Ao seu lado Thomas não muito diferente mostrava ansiedade ao apertar a barra de sua blusa.

–Eu nem sei por onde começar. – Falei calmamente olhando todos os rostos que me olhavam de volta. – Vou tentar começar por onde me lembro.

Acho que primeiramente devo falar que aquela mulher de branco na sala com a parede de vidro é Ava Paige. Elas é uma das coordenadoras, e também minha mãe. – Como de esperado os meninos começaram a falar de uma vez só, aguardando a conversa cessar continuei - Eu tinha mais ou menos uns treze anos quando comecei a ter consciência de tudo, minha mãe me mostrava os experimentos, as deduções, as hipóteses. Era tão bonito de se ver a ciência mudando tudo. – Continuei. – Mas com a mesma rapidez que as coisas estavam crescendo elas mudaram. Hoje em dia está tão diferente do que era. Aquele homem que vocês viram, o nome dele é Janson, ele é genial mas suas medidas são muito drásticas. Ele pensa de um jeito diferente do da minha mãe.

Depois de um certo tempo começaram a me treinar para o labirinto. Eu não ia entrar como vocês, eu só ia entrar para confundir a mente de vocês. Apenas para quebrar o padrão. Mas as coisas não saíram como o esperado, eu comecei a fazer coisas que eu não deveria ter feito. – Falei pausadamente agora olhando para Newt. – Segundo seus cálculos isso não deveria ter acontecido. Então eu comecei a ter alguns lapsos de memória, e isso fazia minha cabeça doer tanto, era como se minha lucidez sumisse. E quando eles perceberam tudo o que estava acontecendo eles me tiraram de lá.

–Nós vimos você morta. – Thomas falou ainda em choque com tudo o que eu falava.

–Vocês viram a ciência. – Respondi ele rapidamente.

–Seu coração parou de bater. – Newt falou com uma voz irreconhecível enquanto encarava o chão.

–Vocês viram apenas uma solução química. A mistura de algum néctar com alguns elementos químicos formam uma toxina que faz o coração desacelerar a quase zero por algum espaço de tempo.

–O mel.

–Sim. Aquele verdugo que me picou não estava portando seu conteúdo de sempre, ele estava portando essa reação química.

– Jeff sabia, não sabia? – A voz de Newt soou novamente no quarto.

–Sim, ele descobriu depois que viu o mel, mas ele ainda estava criando uma hipótese. - Disse procurando o rosto do socorrista pelo quarto logo percebendo que ele não estava presente.

–É só isso que você sabe? – Winston perguntou ao lado de um clareano que troquei apenas algumas palavras na clareira.

–Desde o começo quando eu topei ajudar nos experimentos, tentando fazer Janson mudar seu modo de pensar eu já sabia de todas as consequências. Eu sabia que iria perder a memória, minha mãe não pode devolver o resto dela, foi parte do acordo, tudo que eu sei ela me contou.

–Eu não confio nesses caras. – Minho retrucou.

–Você tem que saber em quem confiar, muitos aqui apenas fingem ser o que são.

–Desculpa Liza, gosto muito de você, mas você quer mesmo que eu confie nas pessoas que fizeram isso conosco? Que mataram elas por nada. – Continuou Minho.

–Você não entende Minho, o mundo não é mais o mesmo. Uma doença acabou com tudo, os raios solares destruíram tudo. O C.R.U.E.L. só está tentando ajudar. Eu só estou tentando ajudar.

–Isso é muita informação. – Disse Newt se levantando da cama onde tinha se sentado a pouco.

–Eu juro pra vocês que não sei mais nada do que Janson planeja, estou quase tão perdida quanto vocês.

Um barulho no corredor despertou minha atenção para o lada de fora.

–Eu não posso ficar aqui, eu preciso fazer algumas coisas antes.

–Antes do que? – Thomas perguntou.

–Vocês precisam se preparar, e não esqueçam, confiem em mim. – Disse quase alcançando a porta.

–Se preparar para o que Elisabeth?

Virei meu rosto como um sinal de despedida fazendo questão de olhar um por um, cada clareano sobrevivente

–O labirinto foi apenas o começo. Preparem-se para a fase dois.

E falando isso fechei a porta atrás de mim e saindo correndo a direção oposta ao meu quarto.

Minha mãe estava em uma sala com muitas bancadas de mármore, praticamente um laboratório. Suas roupas brancas entravam em contraste com as paredes ao seu redor, seu olhar vago nem tinha notado minha presença.

Caminhei pelos pisos também brancos finalmente chamando sua atenção. Ela abriu um sorriso pequeno estendendo sua mão para mim. Seus olhos me guiaram até a bancada onde uma pasta cinza destoava de todas as cores.

Ela pegou a pasta com as mãos seguras estendendo-a para mim.

–A maior parte dele deu negativo. – Ela disse feliz

–A maior parte? – Perguntei não desviando os olhos da pasta.

–Algumas partes do seu cérebro estão realmente afetadas, infelizmente as crises de pânico e as alucinações ainda vão ocorrer mas os remédios estão fazendo efeito.

–Isso quer dizer que eu estou mesmo maluca? – Respondi baixo.

–Tudo vai voltar ao normal querida. Mesmo com tudo isso você quer mesmo fazer isso?

–Certeza absoluta.

–Então, está pronta?

–Sim.

–Tem certeza nisso Elisabeth? Posso tentar dar meu jeito e... – Minha mãe falava com um tom preocupado tentando dar algumas voltas em mim.

–Tenho certeza mãe. – Disse confiante. – Já fiz minha escolha, temos que continuar com isso.

–Então está decidido. Vamos preparar você para a fase 2.