The First Girl

The Beggining Of The End


Alguns dias se passaram e eu fiquei trancada todos eles. Eles me traziam comida duas vezes por dia e esse era o único contato que eu tinha com pessoas. Minha mãe não veio falar comigo ou mandar nada, ela provavelmente está resolvendo coisas importantes. Como não me lembro de mais nada não pude fazer nenhuma dedução.

A frustração batia em mim o tempo todo. O fato de saber sobre uma parte do plano de achar a cura do Fulgor e tudo que aconteceu no labirinto me deixava irritada por não saber o que vai acontecer. Deserto, essa é a única coisa que eu sei, e pelo visto não devo ter uma vantagem de conhecimento muito grande em relação a dos meninos, pois a essa altura eles já devem estar sabendo da fase dois. Pelo que minha mãe falou existia mais um grupo, composto de meninas, mas eu não tive a permissão de ver o grupo nem pelas câmeras, o que me deixou mais intrigada. O que será que estaria acontecendo com o grupo delas?

Batidas na porta fizeram minha atenção sair da colcha branca abaixo de mim. Um barulho de chaves veio logo a seguir soltando um estalo baixo. Um homem com aparência nova abriu a porta devagar passando apenas metade do corpo.

Meus olhos não desgrudavam dele, talvez pelo fato de ser a única pessoa que eu vi em dias. Ele abriu a porta por completo passando seu corpo por completo carregando em suas mãos um cabide de metal com uma roupa marrom nele.

O homem caminhou até a ponta da minha cama deitando a roupa nela.

–Prepare-se. – Uma voz cansada que eu não esperava sair. – Você tem dez minutos.

Ao falar isso ele saiu pela porta fechando-a atrás de si. Eu não precisava que ele fala-se alguma coisa a mais pois eu já sabia o que estava acontecendo. Estava na hora de começar a fase dois.

Descruzei minhas pernas que já estavam ficando dormentes pelo tempo que passei na mesma posição. Estiquei meus braços e puxei a roupa para perto. Não era nada demais mas pelo menos estavam limpas. Eu estava com a mesma roupa a dias então qualquer coisa era boa.

Tirei elas do cabide delicadamente com medo de sem querer resgar uma parte. Uma calça cinza chumbo se encontrava em baixo de uma blusa de manga comprida marrom. Um casaco preto envolvia as duas peças de roupa. Uma bolsa branca pendurada na alça do cabide guardava um tênis baixo também preto e um par de meias.

Respirei fundo ao olhar para as roupas esticadas na minha frente e comecei a me despir. A roupa velha no meu corpo estava começando a ficar com um cheiro enjoado quando a joguei na cama. Um arrepio subiu por minha espinha quando meu corpo despido entrou em contado com o ar condicionado do meu quarto.

Depois de botar as peças de roupa que estavam na cama sentei na mesma para pôr o tênis. Ao encaixa-lo no meu pé senti ao de estranho roçar em meus dedos. Enfie minha mão para ver o que tinha ali, ao tirar percebi que era um papel amassado. Abri ele com cuidado de rasgar pois pelas condições que se encontravam qualquer movimento brusco iria rasga-lo.

Cuidado. Não estarei lá dessa vez.

Meus olhos leram a frase várias vezes apenas para ter certeza. Eu sabia que era minha mãe que tinha mandado, e também sabia o que ela queria dizer. No deserto ela nem ninguém poderia me ajudar. Aconteça o que acontecer, ninguém poderá interferir. Eu teria que contar apenas com mim mesma.

Terminando de calçar o tênis sentei na cama observando a sacola em minhas mãos. Forçava meu cérebro pra pensar em alguma coisa enquanto batucava no meu joelho.

Levantei em um pulo jogando tudo que estava na minha cama no chão. Comecei a tirar o lençol em um puxão fazendo algumas pontas se soltarem primeiro. Dobrei ele no menor tamanho que consegui e guardei dentro na bolsa branca. Corri para o banheiro abrindo a água da pia bebendo vários goles um atrás do outro. Tentei procurar algum pote para poder guardar um pouco de água mas não tinha nenhum recipiente onde eu pudesse botar água.

Voltei para o quarto parando em frente a porta segurando a maçaneta. Sem pensar girei ela e atravessei a porta.

~*~

Fui guiada pelo mesmo homem por vários corredores que poderiam se assemelhar ao labirinto, para onde você olhava você via mais e mais corredores.

Ele me levou para uma das portas mais afastadas que eu pude ver. Ela era feita de metal e tinha um grande trinco.

–Eles sabem o que fazer.

E falando isso ele abriu a porta revelando todos os meninos sentados no chão comendo. Todos pararam de fazer o que estavam fazendo ao me ver. O homem literalmente me empurrou para dentro da sala trancando a porta atrás de mim.

Os meninos ainda estavam estáticos olhando para mim.

Soltei um “oi” baixo esperando eles mudarem suas feições. Involuntariamente procurei o rosto de Newt que estava encostado na parede a minha esquerda, como sempre ao lado de Minho e Thomas.

Passei os olhos por todos os meninos notando que Teresa não estava entre eles, vaguei por minha memória lembrando que Teresa também não estava no quarto quando vi eles pela primeira vez. Mais coisas que esconderam de mim.

–Você sabia disso? – Minho perguntou descontraído sem nenhum resquício de raiva na voz.

–Descobri que era um deserto a pouco tempo. – Falava baixo, como de costume. – Como falei na última vez, eu só sabia que tinha uma fase dois. Sinto muito.

–Não é sua culpa. – Pude ouvir a voz de Newt também baixa.

–Não é, na verdade eu espero que vocês estendam.

–Estamos tentando, mas não é fácil. – Disse Thomas.

–Agora eu sei menos que vocês. – Disse tentando mudar de assunto. – Eu não sei o que fazer.

–Aquele cara, Janson, ele apareceu aqui um pouco antes de você entrar. – Disse Newt. – Ele falou que tínhamos alguns minutos pra comer e que iria abrir um ... transporte... qual era o nome? – Ele disse olhando para Thomas.

–Transportal.

–Isso. E que só iria ter um minuto para passar por ele.

–Só isso?

–Ele também falou que todos nós estamos contaminados com o Fulgor e no final do deserto estava a cura. Então é ir e tentar ou ficar e morrer.