As batidas no chão escoavam por todos os corredores. O som sincronizado de nossos pés correndo era bonito de se ouvir. Aos meus ouvidos pareciam tambores, pareciam gritos de liberdade. Um grande exército correndo por sua liberdade, um grande exército correndo por um futuro.

Thomas mostrava o caminho a nossa frente cortando corredores e mais corredores. Passar por eles me trazia um pouco de nostalgia, as grandes paredes tão conhecidas por mim e ao mesmo tão desconhecidas. Atrás de mim rostos encantados em ver a magnitude dos corredores, alguns assustados, outros embasbacados, mas todos sem piscar.

Ao meu lado Minho me olhava de cada dois em dois passos para ver minha reação em correr novamente. Virei meu rosto dando um leve sorriso para ele.

Thomas começou a diminuir o ritmo chegando em um corredor estreito.

–É aqui. Do outro lado desse corredor.

Ele falou algumas outras coisas mas eu não tinha escutado, eu me concentrava no estreito corredor onde poderíamos morrer.

Depois de acabar de falar Thomas entrou no corredor sendo seguido por todos. Do outro lado um grande espaço nos separava do precipício. Thomas começou a avançar quando barulhos metálicos começaram a aparecer atrás de nós. Os verdugos entravam pelo corredor por onde havíamos entrado nos cercando deixando-nos sem opção.

–Thomas! – Berrei. – Desça, a gente se vira com eles.

Contra sua vontade de nos deixar aqui Thomas desceu com Teresa e Chuck. Uns vinte verdugos avançavam sobre nós fazendo-me levantar o facão para desviar seu longo braço de metal perfurar meu corpo.

A minha esquerda um clareano que trabalhava com Gally foi atirado com força na parede dando apenas para ver o sangue que se formava no chão. Minho cortava o braço de um deles junto com Winston que tentava perfura-lo com a lança. Depois de alguns verdugos serem mostos nossos números de mortalidade também estavam aumentando.

Pude ver Zart sendo encurralado por um, ele batia no Verdugo com seu facão numa falha tentativa de afasta-lo. Corri para seu encontro cravando a faca em suas costas fazendo-o tombar. Mas era tarde demais, um de seus braços se encontrava na barriga de Zart fazendo uma grande mancha de sangue em sua camisa clara. O agricultor caiu de joelhos no chão logo ficando imóvel.

Ver Zart morrer me fez acordar para a realidade. De alguma forma ver ele morrer fez meu coração doer. Com a dor da perda olhei em volta vendo inúmeros Clareanos jogados no chão, mortos.

–Minho! – Gritei para o coreano. – Temos que sair daqui.

–Acho que eles já devem ter aberto lá em baixo, ou seja lá o que eles estão fazendo.

–Pule, se estiver tudo bem puxe a corda.

Pude ver Minho se agarrando a corda e descendo rapidamente pelo abismo.

Voltando minha atenção para a luta vi Alby lutando a toda força com um deles. Ele parecia confiante, não estava disposto a desistir.

Winston acabava de matar um no meu lado esquerdo enquanto eu cravava o facão nas costas de um.

A corda atrás de mim se sacudiu mostrando que o caminho estava livre para nós. Com toda a força de meus pulmões gritei:

–DESCER!

Quando comecei a descer vi Alby ainda lutando contra um. Depois de mata-lo ele se aproximou do corredor fazendo-se de barreira para alguns verdugo que se aproximavam daqui.

–Alby! Venha! – Gritei me desesperando.

–Vá! Eu dou cobertura.

–Alby! – Continuei chamando-o tentando mudar sua ideia.

–Newt, vá, você já deveria saber que eu não vim para cá para ir embora.

Vendo ele correr em direção aos verdugos desci a corda.

~*~

A escuridão do túnel onde estava me fazia ficar enjoado.

–Newt? – A voz de Minho chegou ao meu ouvido.

–Estou aqui.

Um forte barulho abriu alguma coisa que pude identificar ser em nossa frente liberando um pouco de luz no corredor.

Os outros Clareanos já tinha acabado de descer, no total contei vinte. Perdemos metade dos nossos. Balancei minha cabeça tentando esquecer isso para não sentir remorso.

–Alby?- Minho perguntou pra mim.

Balancei a cabeça negativamente fazendo ele abaixar a sua.

–Melhor irmos. – Teresa disse ao lado de Chuck e Thomas.

Seguimos correndo pelo túnel, obviamente com um ritmo mais lento pela luta que aconteceu anteriormente. Minha perna doía e meu joelho reclamava mas tentava a todo custo ignorar a dor. Depois de alguns minutos que pareceram horas para mim correndo no corredor chegamos em uma porta de metal totalmente fechada.

–Será? – Winston perguntou atrás de mim.

–Vamos abra logo. – Minho praticamente berrou para Thomas.

Com cuidado Thomas abriu a porta revelando uma forte luz que me fez levantar os braços para tampar meus olhos. Depois de um tempo minha vista se acostumaram com a luz fazendo-me finalmente andar.

Depois de todos passarem pela porta ela foi fechada soltando um leve “CLAP” pela sala. Poderia cair uma bomba agora que eu não iria ouvir. A sala era branca e vazia separada apenas por uma parede de vidro. Do outro lado um homem de aparência estranha anotava algumas coisas em uma prancheta, uma mulher loira ao seu lado com um uniforme branco e azul. E ao seu lado uma garota um pouco mais baixa que ela vestida com moleton branco e cinza, cabelos castanhos soltos por suas costas. Era Elizabeth.