The First Girl

I think you will not need it


Acho que iria preferir trabalhar o dia inteiro com Zart, sem parar para comer do que ficar aqui. Já tinha se passado mais da metade do dia e eu estava deitada no chão batendo as pernas no mesmo para tentar passar o tempo. Não estava funcionando.

Bufava passando a mão descontroladamente pelos meus cabelos pensando o quanto podia estar ajudando se não tivesse aqui dentro. Talvez Minho já tivesse ido para o penhasco ver o que eu tinha falado. Eu poderia estar ajudando a procurar o tal centro de controle, que provavelmente não ia ser tão fácil de achar.

Fechei os olhos por um estante quando ouvir alguém sussurrar meu nome. Abri meus olhas e vi Chuck agachado na porta.

–Oi Chuck. – Disse levantando e indo para a porta.

–Ta tudo bem ai? - Ele perguntou percorrendo todo o lugar com os olhos matando sua curiosidade.

–Melhor impossível. – Falei fazendo Chuck rir. – Pelo menos tenho você agora para conversar.

O pequeno menino sorriu verdadeiramente, provavelmente ouvindo isso pela primeira vez.

–Os garotos aqui não tem muita paciência para falar comigo. Eles me mandam limpar algumas coisas, me explicam outras coisas quando acabo mas estão sempre correndo de um lado para outro. Sabe, quero muito sair daqui. Quero ver minha mãe, quero me lembrar dela. Quero saber se ela sente minha falta. – Ele dizia tão baixinho e com tanto sentimento que me fez deixar algumas lagrimas caírem

Nunca tinha parado pra pensar nisso. Na minha mãe, na minha família. Na verdade eu nem sabia se eles estavam vivos, e esse pensamento partiu meu coração fazendo que mais lagrimas escorressem.

–Chuck – Engoli meu choro e encarei o pequeno menino que estava do outro lado da porta. – Eu não sem onde sua mãe está, mas eu sei que ela deve estar chorando sentindo sua falta, e ela vai chorar mais ainda quando você voltar pra ela e principalmente quando ela te abraçar tão apertado que vai acabar te levantando do chão.

Chuck sorriu verdadeiramente em meio as lagrimas encarando meus olhos tão profundamente que podia até achar que ele via minha alma.

–Você promete? Promete que vou voltar pra ela?

As palavras soavam tão inocentes aos meus ouvidos que não havia outra resposta a se dar.

–Eu prometo Chuck.

Ele se levantou e foi em bora e eu voltei a sentar no chão fazendo algo que eu não fazia a muito tempo. Chorar.

*

Um barulho metálico me fez acordar. Newt estava abrindo a porta. Minha garganta ardia devido ao choro e provavelmente meus olhos deveriam estar inchados e vermelhos. Ouvi ele pular dentro do amansador e caminhando até mim.

–Está tudo bem? – Ele disse percebendo meu estado.

–Ta tudo bem.

–O que aconteceu? – Newt falou

–Não aconteceu nada de mais, só tava conversando com Chuck, nada demais.

–Tem certeza?

Respirei fundo soltando um “aham”

Newt me ajudou a sair do amansador me surpreendendo na saída com um selinho demorado. Me assustei no começo com seu ato, não estava esperando aquilo.

–Melhor dormir. Amanhã começam suas aulas para corredora. – Ele dizia sem nenhuma emoção.

–Pois é.

Não tinha me esquecido disso, eu pensava nisso de vez em quando. Corredora. Quando cheguei aqui não tinha pensado em virar corredora, mas meu conhecimento pelo labirinto me surpreendia. Não sabia porque os criadores tinham me proporcionado isso. E na verdade, não estava muito afim de saber.

Caminhei ao lado de Newt até a Sede, apenas olhando para trás vendo Alby surgir do nada botando Gally no Amansador. Deitei na minha rede que ficava entre Minho e Jeff. Ambos já estavam dormindo.

Ouvi Newt sussurrar um “Boa noite” depositando um beijo na minha bochecha me surpreendendo outra vez. Deveria parar de me surpreender.

“Boa noite” – Disse sorrindo.

Me virei pro lado observando ele deitar na rede, logo depois me virei pro outro lado vendo Minho com um sorriso de “Eu vi tudo” tão engraçado fazendo eu pegar um roupa que tinha deixado na rede e jogando na cara dele. Claro que ele não tirou aquele sorriso “Filho de um Plong” da cara. Virei pro outro lado mas com certeza ele ainda tinha aquele sorriso na cara. Depois de um tempo me entreguei pro sono.

*

Hoje eu ia ser treinada por Minho, bom, eu não precisava de muito treino. Mas era necessário. Minho tinha me falado que já tinha ido no penhasco e visto com seus próprios olhos o que eu tinha falado, então eu não ia ter que mostrar pra ele o meu tal caso “impossível”.

Ele estava me esperando bem perto da caixa para começarmos o treinamento. Cheguei perto dele e ele ainda tinha aquele maldito sorriso na cara. Bati em seu braço mas ele não parou.

–Eu vi tudo. – Ele falou com a voz mais retardada do mundo que quase me fez rir se eu não tivesse tentando manter a forma de séria.

–Cala a boca. – Comecei a andar deixando ele pra trás.

–Eu vi. Eu vi. Eu vi. – Agora ele cantarolava. Garoto insuportável.

–Minho, chega né.

–Tem razão. – Ele parou e me encarou sério, mas logo depois começou a rir e a falar com a voz de retardado.

Balancei a cabeça não contendo um risinho vendo ele andar na minha frente. Claro ainda falando.

Entramos em uma sala totalmente invadida pela poeira, que na verdade, nunca tinha visto nenhum estrar.

Finalmente Minho tinha calado a boca e começado a mexer em algumas caixas. Observei em minha volta e vi algumas armas, muitos tênis e algumas outras coisas.

–Aqui é onde ficam nossos equipamentos, poucos tem a permissão de entrar aqui, então não faça como você no labirinto ok? – Minho assumiu agora um caráter sério me fazendo balançar a cabeça.

–Quando você calça? – Ele perguntou mexendo em uma das caixas.

–Trinta e seis.

Ele me jogou um tênis, não era muito novo mas dava pro gasto.

–São tênis para corredores, vão te ajudar na hora de correr.

Ele virou para uma outra caixa e soltou uma risada.

–Isso aqui você não vai precisar.

–O que tem ai dentro? – Eu deveria começar a tratar minha curiosidade.

Ele tirou algo que me parecia um cueca da caixa e virou pra mim.

–A menos que você seja algo não pareça ser você poderá usar isso. – Ele disse gargalhando me fazendo rir também.

Logo depois ele guardou a cueca e me deu um colete de couro e duas facas.

–As únicas pessoas que tem permissão para ficar usando armas por ai são os corredores, o colete serve para você guardar elas.

Fiz o que ele mandou, após calçar os tênis botei o colete guardando as facas nele. Acho que as facas não seriam tão uteis contra os verdugos mas tudo bem.

–Me acompanhe agora.

Ele saiu da pequena sala e andou até a floresta, algo que eu nunca tinha notada estava lá. Uma pequena tenda.

–Essa é a casa dos mapas, os corredores vem aqui todos os dias para fazer os mapas e não esquecer de nada. Depois de toda corrida você deve vir aqui e desenhar o que viu. Novos corredores, novas entrada, tudo.

Balancei minha cabeça olhando os diversos mapas que tinha ali. Eles estavam em caixas. Muitas caixas.

–Enquanto ainda estudamos o penhasco vamos continuar procurando por algo que nos ajude no labirinto. Entendido? Depois você terá muito tempo para estudar os mapas.

–Tudo anotado.

–Então Lisa. Pronta para sua primeira corrida?