The Dream Traveller: A Porta para Phantomile
Vision 3: Deep in the Dying Forest
— Sim, com certeza é a Lephise. Muito bem, Joka. — Uma voz me fez congelar aonde estava.
Estávamos na Colina do Sino, mas havia algo de errado e não era sobre a nave que parecia prestes a explodir, a atmosfera parecia mais pesada e densa como se um peso me empurrasse para o solo. Huepow parecia não ser afetado, talvez por ser um Core, mas a sua expressão não era das melhores.
— É uma honra, Ghadius, vossa majestade. — Essa voz era diferente, mas aguda. Talvez uma segunda pessoa.
— Quem diria que haveria uma Sacerdotisa nesse planetinha. Essa raça é uma verdadeira pedra no meu sapato com suas músicas irritantes. Agora Joka, pegue o pingente para mim.
— Claro, vossa monstruosidade... — Houve alguns minutos de silencio. — É estranho... Não está em lugar algum...
Quem quer que seja soltou um suspiro tão forte que me causo calafrios na espinha.
— Sempre um inconveniente... tudo bem, vou levá-la para cuidar disso eu mesmo. Vou deixar o resto com você, não me decepcione.
— Sim, senhor.
Houve um som estranho de aspirador de pó abafado e seguida de mais silencio.
— Pode sair da onde está se escondendo, rato! — A voz aguda e esganiçada gritou. — Ou prefere que eu coloque em fogo em tudo?
— Acho que não temos escolha. — Huepow sussurrou, com certeza ele estava com mais medo do que eu naquele momento.
Respirei fundo e escalei até o topo da colina. E me deparei com o dono da voz, pelo o que eu entendi esse deve ser o Joka, ele parecia uma versão corrompida de um bobo da corte. Não tinha pernas e nem braços, suas mãos e pés pareciam suspensos por magia, mas o mais assustador era o seu sorriso doentio, como se ele tivesse com a boca cheia de sangue.
— Ora, ora. Se realmente não tínhamos não só um, mas dois ratinhos xeretando. — Ele disse olhando fixamente para a gente.
— Quem é você e o que você quer?
— Nossa, que agressivo! — Joka fez uma expressão de estar ofendido, mas a pele dele parecia presa naquele sorriso sádico. — As crianças de hoje realmente não têm modos. Tão triste. Acho que eu vou ter de ensinar alguns para você.
Ele retira do bolso o que parecia uma pequena estatueta.
— Invocação Infernal: Rongo Lango!
Alguns símbolos surgem em vermelho a sua volta e parece transferir energia até a estatueta que cresceu até virar um monstro enorme.
— Vá minha criatura! Esmague esses insetos. — Enquanto parecia procurar algo.
A criatura rugiu e saltou para tentar nos esmagar. Me joguei para o mais longe evitando ser atingindo pelo impacto. Huepow já estava preparado e eu também, disparei algumas rajadas bem na cara dele, mas só serviram para chamar atenção e irritá-lo. Precisava pensar em alguma coisa, olhei em volta e percebi o Joka distraído.
— Fogo!
O disparo ia acertar em cheio, mas o monstro saltou na frente para defende-lo.
— Um ataque pelas costas? — Joka riu antes de voltar para o que estava fazendo. — Que coisa feia, rato.
— E aí, Huepow. Alguma dica por que não tá rolando?
— Olha realmente eu não sei, o único ataque que eu conheço é as Balas de Vento... então, você vai ter que improvisar.
Ah! Que ótimo.
E aquilo deu uma abertura para o adversário que usou uma onda de choque para me jogar contra o pilar que sustenta o sino. Ali eu percebi que a parte do monstro parecia exposta, como uma ferida aberta, e uma ideia me surgiu na cabeça como uma lâmpada. Fui para cima sem a menor certeza que o meu plano daria certo.
O Rango criou outra onda de choque, mas dessa vez usou a cauda para o ataque vir por debaixo da terra, subi no pilar para escapar e saltei em cima do bico dele como um trampolim peguei impulso para parte traseira.
Naquele momento o tempo pareceu congelar, a minha mente que sempre pensava mil coisa agora só repetia a mesma coisa. Não sabia dizer se eram meus pensamentos ou do Huepow, acho que era uma intuição, mas não tinha certeza. Só das palavras que precisava dizer.
— VENTO. CORTE. TUDO!!!
Naquele momento senti a minha voz e da Huepow em uníssono. Senti o poder fluindo através do meu corpo. A esmeralda brilhou forte, mas dessa vez não era um projetil que seria disparado e sim uma lâmina feita de magia.
E a lâmina explodiu o monstro em uma rajada de luz.
Acho que surtiu um efeito maior do que eu esperava, pois quando consegui enxergar, vi o Joka se levantando após ser lançando contra a estrutura do sino, destruindo o que sobrara dele.
— MALDITO! VOCÊ ACHA QUE É FACIL FORJAR MONSTROS!?!?! VOCÊ ME PAGA!!!
E assim ele sumiu em um piscar de olhos.
Olhei em volta e parecia que estávamos sozinhos por ora.
— Cara! — Huepow surgiu voltando a sua forma de bola voadora. — O quê que foi aquilo?!?!
Eu me sentei para recobrar o folego, eu não sabia se aquela fadiga era normal ou não, só que mais um pouco e eu perderia a consciência novamente.
— Eu não sei. Por um momento eu só. Segui a minha intuição.
— Aparentemente o meu poder é polimorfo. Isso abre todo um leque de possibilidade.
— É, é. Mas agora temos que saber o que esse tal de Ghadius quer com a Lephise. — Olhei para a nave que provocou a explosão mais cedo, já vi aqueles símbolos antes. — E como eles tem acesso a naves do Reino do Sol.
— Klonoa. Olhe!
Me virei para onde o Huepow apontava. O sino caído com a boca virada para nós, havia algo reluzindo a luz do sol, me aproximei para verificar o que era.
— É um pingente em forma de lua.
— Lembra que eles estavam falando de um? Devíamos falar com o seu avô. Descobri como tudo isso se conecta.
Para aquele momento era a ideia mais adequada. Eu já estava exausto e precisava descansar. Peguei o pequeno objeto e segui para o caminho mais longo de volta para casa, o lado bom era que a paisagem é bem mais bonita do que a mina. Seguimos em silencio e ali absortos nos meus pensamentos vi a estátua da sacerdotisa que Balue havia mencionado, lapidada em uma montanha parecia olhar por todos em Breezegale. Era estranho. Uma estátua tão grande e nem sequer lembrava dela.
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