The Dream Traveller: A Porta para Phantomile

Vision 4: Beyond the Backwards Waterfall


Estava tão exausto que caí em um sono profundo assim que cheguei em casa. Huepow também não fizera nenhuma objeção. Mas achei engraçado quando acordei no dia seguinte e ainda estava com o pingente na mão. O que me lembrou de que tínhamos muitas coisas para perguntar para o Vovô.

Após um café da manhã reforçado e do Vovô fumar o seu cachimbo vi a oportunidade perfeita, quando ele ouviu a história e viu o objeto seu rosto não esbouçou nenhuma reação.

— Meu neto. Isso aqui é um achado e tanto. — Ele disse, após alguns minutos.

— Mas por quê?

— Esse objeto é nativo do Reino da Lua.

— Que lugar seria esse? O Balue disse que estava construindo uma torre para chegar lá... mas achei estranho, por que nunca ouvi falar e acredito que não seja igual ao Reino do Sol.

— Não, não. O Reino do Sol é a contra parte do Reino da Lua, enquanto o Reino do Sol é um lugar sagrado existente do plano físico, o Reino da Lua é existente no plano espiritual onde a magia é abundante e selvagem, há várias lendas e mitos que narram sobre esse lugar mágico.

— E o tal de Ghadius? O senhor acha que ele é um perigo?

Pela primeira vez eu vi essa expressão fechada e fria no rosto do meu avô.

— É isso que me preocupa, Klonoa... Ghadius é um ser de puro caos e o fato dele estar com uma sacerdotisa em mãos, com certeza boa coisa não é. — Ele ponderou por um momento. — Talvez você devesse ir falar com a Granny, ela é a xamã da Tribo Forlock no Reino da Floresta e me ensinou muitas coisas, com certeza ela terá respostas sobre o que está acontecendo.

— Entendo. Tudo bem, pelo menos já temos por onde começar.

Huepow ainda estava dormindo quando subi para montar os preparativos da viagem que faríamos. Peguei algumas mudas de roupa e mantimentos na cozinha. Em alguns minutos já estávamos a caminho da Aldeia Forlock.

— Ei! Para onde estamos indo? — O espirito disse quando finalmente decidiu acordar.

— Para o Reino da Floresta.

— Então você já conversou com o Vovô?

— Sim. Ele disse que precisamos conversar com a Granny, uma xamã inteligente e tudo. Ela vai saber mais sobre o Ghadius e o porquê ele precisa do pingente.

— E quanto tempo demora essa viagem?

— Olha eu diria que uns dois dias.

— Ainda bem que não tenho pernas, estou cansado só de imaginar.

— Ai, para. Podemos ir treinando nossos poderes enquanto isso.

— Isso deve ser nossa prioridade. Não podemos deixar sempre na mão do acaso.

— Então podemos começar com a aquela espada maneiríssima que você fez. — Fiz alguns gestos de corte com o anel para ver se surtia algum efeito.

Huepow suspirou.

— Klonoa, isso não é um brinquedo. Olha, você não se lembra como ativou a espada?

Ponderei um pouco.

— Eu lembro que dentro da minha cabeça ressoava como se duas vozes falassem ao mesmo tempo, repetindo: vento, corte tudo! E inclusive a sua também.

— Naquele momento eu não estava no controle. Quando dei por mim você já estava com a lâmina na mão e o monstro explodindo naquela luz arco-íris.

E seguimos discutindo sobre a capacidade do anel. Huepow contou que era um artefato mágico que podia armazenar Spirit Cores, só que cada artefato tinha sua própria aparência e funcionamento. Aquilo só serviu para me deixar mais curioso, talvez pudesse usar uma super bazuca ou um martelo gigante.

[...]

No dia seguinte acordei no nosso pequeno acampamento montado na floresta. Huepow parecia ainda estar dormindo, para um ser que não precisa descansar ele dormia bastante.

— Huepow, acorda. Já é de manhã. — Sacudi o anel, geralmente funciona quando ele está lá dentro.

— Tá, tá. Credo.

— Estava pensando que podíamos treinar um pouco.

— Claro, mas coma alguma coisa primeiro. Se não você não vai chegar vivo em Forlock.

Peguei um desjejum na bolsa e devorei o mais rápido possível.

— Pronto!

Ouvi a reclamação dele pela a minha mente.

Andamos um pouco e achei uma clareira perfeita para treinar, tinha bastante árvores e nenhum animal que pudesse se ferir no processo.

— Bom, segundo o meu conhecimento você precisa verbalizar a magia para canalizar e liberar. Temos como exemplo o Disparo de Vento e a Lâmina de Vento que ambos são ativados quando você diz o comando.

— Certo. Só que ainda não conseguimos fazer a lâmina por vontade própria.

— Sim, sim. Mas um mago poderoso não precisa recitar a magia para libera-la, então o que temos de almejar com esse treinamento é você conseguir utilizar o poder do anel sem ter que ficar repetindo as palavras. Podemos começar com os Disparos que é o mais básico.

Concordei com a cabeça.

Fiquei em posição, fechei os olhos e me concentrei. E como sempre os pensamentos na minha cabeça não paravam, sempre fui hiperativo e ansioso, tudo era caos e desordem aqui dentro.

Apontei o cristal e tentei disparar sem dizer uma palavra. Nada.

— Ah, droga!

— É, mas eu meio que senti qual é o problema. Talvez devêssemos começar com algo antes do básico. Tipo o nível zero.

— Obrigado, me sinto até mais confiante. — Não disfarcei a minha ironia, peguei as minhas coisas e continuei andando.

— Não adianta ficar assim. Você sabe muito bem que tem de controlar sua mente, você se deixa dominar pelos pensamentos.

— Disse a voz na minha cabeça. É mais fácil falar, né?

— Olha... é melhor você se preocupar na nossa viagem. — Huepow disse parecendo irritado, ele nem sequer havia saído para a sua versão física.

Mas era eu que devia estar irritado! Eu que tinha que aprender a fazer tudo! Eu que tinha que subir e descer por Phantomile! Levar essa droga de pingente, para uma droga de vila no meio do nada! Resolvi ficar na minha o resto da viagem, absortos em meus próprios pensamentos que não me julgam ou criticam.