The Dream Traveller: A Porta para Phantomile

Vision 2: The Diva and the Dark Spirit


— NÃO!!! — Gritei de sobressalto, mas percebi que estava sentado na minha cama.

Olhei ao redor para tentar recobrar a atenção. Estava no meu quarto, as luzes do sol invadiam pelas frestas da janela.

— Foi tudo um sonho? — Pensei alto enquanto encarava as minhas mãos. — Mas então o...

— Finalmente, você acordou! — A voz era familiar.

— Huepow! — Disse espantado. Não só com ele, mas o anel estava ali como se fizesse parte da decoração. — Você é real!

— É claro que eu sou, oras.

— Mas como isso...

E antes que eu pudesse terminar a frase uma explosão me fez parar. O espirito flutuo até a janela e a abriu.

— O que foi isso?

— Acho que veio da Colina do Sino, não dá para ver muita coisa. — Huepow apontou para o local. — Só um filete de fumaça.

— Que estranho... é como no sonho. — As lembranças fizeram com que um calafrio percorresse a minha espinha.

— Devíamos ir lá para investigar.

Concordei e me levantei para trocar de roupa.

— Vovô, estou indo na Colina do Sino! — Avisei enquanto colocava os sapatos e pegava o anel, como ele não respondeu deduzi que estivesse dormindo.

Do lado de fora todos pareciam curiosos sobre o acidente que ocorrera, mas ninguém se atreveu a sair de suas casas.

— E aí. — Huepow chamou a minha atenção. — Alguma ideia de como chegar na Colina do Sino?

— Sim. Podemos pegar um atalho para chegar mais rápido, só precisamos chegar na Mina Gunston! Vamos por aqui...

Como estava falando com o espirito enquanto corria não havia percebido o obstáculo com o qual me choquei.

— Ei! — Reclamei coçando o meu nariz devido a dor. — Quem pôs uma parede justamente no caminho.

— Na verdade, é uma torre.

— O quê... que estranho. — Olhei para a construção. De fato, era uma torre bem alta, passei a mão nos tijolos e na porta de madeira e pareciam bem firmes e reais para mim, mas havia um pequeno detalhe. — Ela não estava aqui antes.

— ALTO LÁ!!! — Uma voz rugiu como um trovão. — PARADOS AÍ, SEUS DELIQUENTES!!!

E do nada um ser caiu bem na nossa frente. Um senhor que para um felino já devia estar na meia-idade e com marcas de muito trabalho duro, ele usava um capacete de obras e um macacão velho e sujo de serragem.

— Ei! Não somos delinquentes! — Respondi completamente ofendido. — Só estávamos indo até a Colina do Sino.

O senhor semicerrou os olhos enquanto o espesso bigode sacudia.

— Hum. É perigoso ficar se esgueirando por aí, principalmente em uma área de obras.

— Me desculpe, senhor não...

— SENHOR, NÃO! — Berrou ajeitando o cinto. — Me chame de Balue, eu sou o construtor aqui de Breezegale. Não viu a estátua da Lephise lá atrás? É a minha obra prima.

— Lephise?

— Sim. Você não a conhece? — Balue suspirou indignado pela minha expressão de paisagem. — Ai, ai. Esses jovens de hoje em dia. Ela é a lendária e magnifica sacerdotisa do nosso mundo, capaz de cantar a Canção do Rejuvenescimento e curar qualquer ferida ou maldição. Essa torre por exemplo, estou construindo para chegar até o Reino da Lua, é lá que ela mora e assim podemos viver juntos.

Estava bem evidente que ele estava tendo algum tipo de delírio devido ao excesso de trabalho.

— Sinceramente. — Huepow observou. — Acho que não seria possível chegar ao Reino da Lua assim.

— O QUÊ?!?! COMO OUSA SUA PEQUENA ESFERA DE LUZ...

O pequeno espirito ignorou a alteração de humor de Balue.

— Klonoa, acho que deveríamos ir.

— Ah é! Balue, precisamos muito chegar até a Colina do Sino, será que poderíamos usar a mina, por favor?

O velho coçou o bigode.

— Eu vou deixar, mas tomem muito cuidado.

Eu e Huepow concordamos em coro, Balue abriu a porta da torre e deu um salto enorme sumindo do nosso campo de visão. Lá dentro percebi que dava para chegar até a Mina Gunston, o que era bem estranho. Subimos algumas escadas e andaimes.

Lá dentro a determinação do Huepow pareceu cair pra quase zero.

— Tem certeza que é seguro? — Ele perguntou quando viu nossa carona.

— É claro que sim. — Saltei para dentro com tudo.

— Você já fez isso algum vez?

— É claro que não.

E sem aviso soltei o freio do velho carrinho de mineração, que confesso demorou um pouco até pegar impulso e velocidade, mas nada como uns rangidos e solavancos pra endireitar tudo.

Eu não entendi por que ele estava tão assustado, ele podia ficar intangível ou entrar no anel. Era uma pena, por que aquilo era incrível. Tirando o ambiente velho, úmido e decrépito.

— Ah não. — A voz do pequeno me tirou do devaneio.

— O que foi? O carrinho ainda tá inteiro.

— Não é isso. É aquilo! — Huepow apontou para uma pequena fenda que surgiu no breu da mina e três criaturas saíram voando delas. Pareciam uns coelhos redondos e verdes só que com asas. Sinistro.

— O que são aquilo?!?

— São Moos Voadores!

E aparentemente eles ouviram pois tentaram dar um rasante assim que se aproximaram, por sorte consegui desviar me abaixando, mas quando me levantei o Huepow não estava mais lá.

— Huepow! Cadê você?!?! HUEPOW!!!

— Calma, cara. Tô aqui ainda. — A voz dele parecia vir de dentro da minha cabeça, como um pensamento. — E você vai ter que lutar.

— Lutar? Como assim?!?! — Desviei mais uma vez dos coelhos-pássaro.

— É só usar o anel.

— Não sei se você percebeu, mas não tem exatamente um manual de instrução.

Huepow suspira, tenho certeza que ele revirou os olhos.

— Olha, o anel ele funciona como uma arma. Você aponta e dá o comando de atirar.

— Tá legal. — Confirmei automaticamente, mas vendo a minha situação era mais fácil falar do que fazer, o carrinho velho de mineração também não ajudava muito.

Apontei a esmeralda para o meu alvo. — VAI! — E nada. — SHAZAM! VAI FOGO VAI!

— É sério, cara?

— Olha, eu tô tentando!

— Foca, respira, tem que vir de dentro.

Segui o conselho dele. Respira, Klonoa. Você consegue, é só mirar e...

— FOGO!

E respondendo ao meu comando a esmeralda começou a brilhar gradativamente até que uma esfera de vento disparou simulando um projetil acertando o primeiro moo. CONSEGUI!

Por um segundo quase não perdi a cabeça. Ainda havia mais dois e eles pareciam ainda mais obstinados, percebendo que não conseguiam me acertam resolveram acertar o carrinho. Agora sim estava ferrado, por que no primeiro impacto um pedaço inteiro caiu na escuridão sem fim.

— Klonoa, pelo amor dos deuses! Vamos morrer!

— Hoje não.

Vi o segundo se aproximando e sabia que não havia tempo para mirar e atirar, então com a minha própria força dei uma pancada com o anel e pareceu funcionar já que a criatura se desmanchou em no que parecia poeira e coisas de praia.

O terceiro aproveitou a deixa para dar uma investida. O carrinho rangeu e soltou a parte dianteira, me segurei no volante de metal para não cair.

— FOGO!

E o projetil de vento o acertou.

Sem perceber o carrinho bateu no fim da linha e se estilhaçou, o que me jogou contra uma parede mais próxima.

— Klonoa! Você está bem?!? — Huepow surgiu.

— Sim, sim. — Fiz uma força para poder me levantar. — O que eram aqueles bichos? Como você os conhecia?

O pequeno espirito ficou em silencio por alguns segundos, eu conhecia bem aquela expressão de preciso montar uma resposta rápida.

— Digamos, que eu estudei bastante. Sei que eles são frutos da entropia, Moos são um mal pressagio, surgem quando há algum mal ou caos por perto. Alguém que os invoque.

Sentia que havia mais naquela frase do que ele havia me dito, mas resolvi seguir em frente, pois o surgimentos desses bichos poderia significar a explosão de mais cedo ou até mesmo o do meu sonho.

Seguimos por uma saliência que nos levou para fora.