...É estranho...

Às vezes eu não consigo lembrar dos meus sonhos, Penso se realmente os tive.

Aonde esses sonhos vão?

Mas eu me lembro de um em especifico,

Tão claramente como se estivesse refletido em um espelho...

— Klonoa, não esqueça de trazer batatas e cenouras! — Vovô gritou da cozinha.

— Pode deixar, Vô! — Respondi antes de sair pela porta.

Não hesitei em sair correndo até o bosque. Estava um dia tão perfeito, o sol brilhava forte no céu, o vento soprava úmido e refrescante como de costume, era temporada de colheita em Breezegale, o que deixava todos animados. Então era a época perfeita para explorar e se aventurar pelos arredores, adorava sentir o aroma de grama verde e seiva de árvore. Era quase hipnotizante tudo o que cercava a vila, sempre soube que a Floresta Forlock fazia divisa e não parecia uma má ideia...

Foco, Klonoa! Me repreendi. Quando dei por mim já estava dentro do bosque, Vovô sempre reclamava sobre a minha desatenção e como eu dispersava em meus pensamentos, o que fez ou outra me deixava em situações complicadas.

— Verdade! Preciso pegar os ingredientes do jantar. — Disse para mim mesmo. — Ou o Vovô vai ficar uma fera.

Então fechei os olhos e usei o olfato para tentar achar o meu objetivo. Eu tinha um nariz muito bom para encontrar coisas e orelhas enormes que davam até para planar dependendo da altura. Eram características únicas dos Lupus Catis, a raça predominante em Breezegale, muitos invejavam essas habilidades.

— ACHEI!

Me pus a correr em direção ao aroma de legumes. Não estava muito longe, só precisaria passar por alguns arbustos, pular um grande tronco e....

Uma borboleta!

Nunca tinha visto uma com essas cores aqui no bosque, era muito linda... talvez se eu a pegasse...

Eu estava quase a pegando quando uma explosão enorme quase me atirou ao chão, por sorte consegui me segurar em um tronco de árvore caído. Olhei para o ponto do impacto e consegui ver um objeto reluzindo a luz do sol.

— Um anel?

Aquilo era bem estranho. Não um anel que caiu do céu quase me esmagando, mas como eu sentia uma forte curiosidade me puxando para mais próximo, meus pensamentos não paravam ne correr pela minha cabeça e quando dei conta, minhas duas mãos já estavam na haste do objeto.

Sem dizer uma palavra puxei, mas ele nem sequer se mexera. Respirei fundo e continuei puxando com toda a minha força, quando já estava quase sem folego o anel resolveu ceder e me jogou ao chão. De fato, era um anel, dourado e com uma esmeralda bem lapidada na ponta, a pedra parecia viva, com uma energia pulsante e isso se confirmou quando ela respondeu ao meu toque.

— Finalmente! — Uma esfera de luz disse quando emanou da pedra, era, era um...

— UM FANTASMA!!! — Me rastejei para o mais longe possível e me escondei num arbusto, olhei em volta e não havia nenhum sinal do fantasma verde de olhos enormes.

— Não te ensinaram que é falta de educação chamar um Spirit Core de fantasma? — A voz sussurrou fazendo com que todos os meus pelos se arrepiarem.

Me joguei pra fora do arbusto pronto para implorar pela minha vida.

— Calma, calma. Não adianta correr, por que enquanto você segurar esse anel. Eu estarei lá.

Ele estava certo e nenhum momento havia largado o objeto, e não conseguia soltar, meu corpo parecia não responder ao meu cérebro. Maldito corpo!

— Q-Q-Quem é você? — Perguntei.

— Eu sou Huepow, o Spirit Core que reside nesse anel.

— Um espi... co o quê?

Huepow revirou os olhos.

— Um Spirit Core, bobinho. São criaturas que vivem em artefatos... digamos, mágicos. Como esse que você está segurando, somos como baterias que fornecem energia.

— Você falando não faz soar menos estranho e bizarro.

— Olha, eu estava viajando e caí nesse planeta... — A esfera olhou ao redor com os olhos semiabertos. — Por falar nisso. Que planeta é esse?

— Phantomile. Breezegale no Reino dos Ventos para ser mais exato.

— Interessante. Bem, interessante. Tudo bem pra você me mostrar o lugar? Não costumo ter um guia em minhas viagens e fazer um amigo viria a calhar.

Aquela esfera parecia ser amigável e nada ameaçadora, até por que estava preso ao anel. Que mal poderia fazer? Aliás, seria bom ter um amigo pra variar, é bem solitário ser a única criança da vila.

— Tudo bem. — disse tentando não parecer animado. — Alias, o meu nome é Klonoa Kazeno!

— Prazer, Klonoa!

E assim partimos dali, ainda tinha a sensação de que havia esquecido algo, mas talvez não devesse ser importante já que não lembrara. Foquei em explicar a vila de Breezegale para o pequeno espirito, mostrei o bosque, as colinas, a Colina do Sino, os moinhos que são a marca registrada da vila, todos em Phantomile conheciam os famosos moinhos que sempre giram de Breezegale e quando finalmente ia mostrar a minha casa.

— Klonoa, espera. — Huepow me segurou pelo ombro. — O que é aquilo?

Olhei para onde ele estava apontando.

Era uma luz, como uma estrela cadente que vinha se aproximando, pensei até que iria bater na gente, mas o ponto de impacto foi na Colina do Sino, mas não houve uma explosão ou um som parecido, só uma fumaça negra que subia lentamente ao céu e rapidamente preencheu tudo como uma tempestade forte. O vento por um momento parou deixando um silencio abafado e pesado, mas logo uma ventania violenta começou a soprar. O sino badalava um som sinistro, como um mal agouro.

— Klonoa! Klonoa! — A voz do Huepow parecia distante e estávamos tentando não ser arrastados pela ventania. — Você precisa acordar!

— O quê? — Gritei de volta, eu acho que não havia entendido direito.

— Isso tudo é só...