The Doctors And The Rose

Capítulo 3 - Desventuras na floresta


Eles esperaram ainda uns vinte minutos por John e Dan. Assim que chegaram, O Doutor entregou uma mochila a seu clone. Dan fez questão de os acompanhar até a saída, coisa que ninguém queria, visto que ele disparava um torrente de recomendações e parafernálias oficiais sem sequer parar para respirar. O Doutor se divertiu imitando-o pelas costas, de modo que Rose e John, que iam um pouco a frente de Dan, tivesse que segurar o riso.
Saíram do outro lado do prédio, onde haviam carros, jatos e motos estacionadas.
--Vocês ficarão com o jipe dezesseis. Está com o tanque cheio, tem aquecedor e em uma emergência, o banco de traz é grande o bastante para alguém dormir.
Eles andaram em direção ao carro, em silencio, olhando a neve que ainda caia.
--Ok— Disse Dan, quando O Doutor estava achando que finalmente iam sair. – Últimos retoques. Estiquem o braço direito.
Eles os esticaram.
“Mas que coisa... Agora eu sei porque John está pra baixo... É insuportável ficar ouvindo esse velho...”
--Ai!—Berrou O Doutor, pego de surpresa. Dan havia colocado com uma agulha que era quase tão grossa quanto um canudinho, algo em seu pulso.
--Rastreadores – Disse Dan. –Dolorido, mas útil.
E colocou os rastreadores em John e Rose também. Diferente d’O Doutor, eles não se assustaram, talvez por estarem acostumados.
Quase no mesmo segundo em que o rastreador fora posto em Rose, uma mulher apareceu. Carregando três enormes armas. Ela entregou uma a Rose e outra a John, que, para surpresa d’O Doutor, aceitou a arma sem pestanejar e prendeu-a as costas.
--Desde quando você usa armas?—Perguntou O Doutor, pegando, sem perceber, uma arma, tão chocado que estava.
--Desde que se tornou necessário— Respondeu John, sentando no banco do motorista, parecendo magoado.
O Doutor e Rose entraram, ele novamente no banco de trás.
Dan e a mulher das armas bateram continência e saíram. John ligou o jipe com uma chave que já estava lá e eles partiram.
Os guardas abriram o portão sem disser nada e eles saíram em uma estrada cercada com florestas que pareciam não ter mais fim.
O Doutor baixou os olhos e notou a arma. “Minha nossa! Eu nem ao menos notei...”
--E então— Perguntou em voz alta, colocando a arma de lado. –Quanto tempo até chegarmos?
--Uma hora e uns minutos— Respondeu John.
O Doutor suspirou, entediado.
Andaram ainda muito tempo, mas a viajem não era animada como fora a que tinham feito no carro azul do casal. Seguiam calados e qualquer tentativa de puxar assunto soava artificial.
Depois de quase uma hora, O Doutor deitara no banco de trás e estava encarando o teto do jipe, quando os dois na frente gritaram. Ouviu uma freada brusca, o carro foi cantando pneus para a direita, tão rápido que O Doutor não conseguiu se sentar, ouviram guinchos horríveis que pareciam vir de fora do carro. O carro rodopiou umas vezes e saiu da estrada, mas finalmente parou.
O Doutor se levantou ainda em tempo de ver John e Rose abrirem as portas e se jogarem para fora.
--Pare!—Gritou Rose, para alguém fora do carro.
--Não adianta—Berrou John. –Ele é muito rápido.
O Doutor os alcançou ainda em tempo de ver uma criaturinha cor de vinho correndo para a floresta. Corria muito rápido para compensar o pequeno tamanho.
--Killerblast— Disse.
--O que é um killerblast?—Perguntou Rose. Ela estava muito pálida e tremia levemente.
--São assassinos. Matam qualquer espécie que se torne uma ameaça a outras espécies. Então ganha credito.
--Ele estava saindo da floresta—Disse John. –Correu pela estrada para chegar ao outro lado. Quase o atropelei... Tive pouco tempo para desviar.
Então, como se tivesse recebido ordens, todos olharam por onde haviam passado. Havia varias marcas de pneu pela neve na pista e o carro estava na orla da floresta, com um killerblast deitado embaixo dele...
--Hey!—Gritou O Doutor, correndo até o carro. O ser cor de vinho ouviu e saiu em disparada até a floresta.
--Eles são rápidos mesmo— Disse Rose, alcançando-o junto com John. Este porem, não parou, foi até o carro e abriu o capô. Havia fumaça saindo de todas as brechas no motor. Começou aos poucos, mas e alguns segundos tudo estava abarrotado de fumaça negra.
--O carro não vai mais ligar!— Anunciou John. – Peguem as mochilas e vamos sair daqui, não gostei da cara dessa fumaça...
E, de fato, Estava ficando cada vez mais difícil respirar.
Eles agarraram as mochilas pelas alças e correram. O Doutor ainda teve tempo de analisar a fumaça com a chave de fenda sônica enquanto corria.
--É tóxica!—Berrou para os outros dois— Veneno gasoso! Acho que foram os killerblaster! Corram!
E eles correram. Muito mesmo. Por quase dois quilômetros. Até que se jogaram no chão na orla da floresta, suados e ofegantes. John e Rose não conseguiam parar de tossir, pareciam prestes a vomitar ou até sufocar. Só meia hora depois, Rose quebrou o silencio.
--E agora? Estamos sem carro, sem fuga.
--E agora vamos tentar pegar os killerblasters, oras—Disse O Doutor.
--Como pode ter certeza de que foram eles?—Perguntou John.
--Não posso. Mas são os melhores candidatos no momento, são um objetivo. Sem contar que seria muito lucroso para eles me matar... Ganhariam uma boa quantia. Eu acho que são eles.
--Vocês estão bem?—Perguntou O Doutor, depois de algum tempo. –Bem mesmo?
--Acho que sim— Disse Rose.
--Então vamos procurar os killerblasters. Vamos, em pé. Vamos...
Os outros dois se levantaram e começaram a andar, um pouco mais atrás d’O Doutor.
--Por favor— Sussurrou John, no ouvido de Rose. –Me diga que eu não sou chato como ele.
Rose lançou a ele um olhar trágico e acelerou o passo.


Andaram um bom tempo, até que O Doutor tirou a mochila das costas e começou a procurar algo.
--O que você está procurando?—Perguntou John.
--Uma coisinha que eu trouxe... –Respondeu. Na mochila havia um saco de dormir, uma garrafa com água, comida, um kit de primeiros socorros e uma lanterna.
--O que?—Perguntou Rose.
--Huum... Ah-há!—Ele tirou da mochila o manipulador de vortex de Helena. –Sabe quando eu estava o analisando, ainda na sua casa? Pois é, acho que a parte que manipula o tempo quebrou, mas não a que manipula o espaço. Temos um teletransporte. Um pouco arriscado, se os killerblasters podem alterá-lo, mas é melhor do que ficar andando por ai.
--Sorte sua que Dan não viu—Disse John— Ou ele teria confiscado. Ele acha que devemos usar só o material de torchwood.
--Enfim... –Começou O Doutor, colocando o manipulador no braço. –Coloquem as mãos aqui. Vai ser mais rápido.
Rose Colocou sua mão no manipulador, John colocou a sua em cima da mão dela.
--Tudo bem... —Disse O Doutor, meio enciumado— Vamos.
Reapareceram mais no meio da floresta. Olharam em volta, atentos, mas não viram nem sinal dos killerblasters.
--Odeio eles— Murmurou John para si mesmo, antes de desapareceram pela segunda vez.
O Doutor percebeu menos de um segundo depois de reaparecerem; A mão de John escapou de cima do manipulador, ele girou no mesmo lugar, houve um borrão que eram O Doutor e Rose tentando segura-lo e John gritou. Tudo isso em menos de um segundo.
Algo havia mudado o rumo do manipulador; havia parado na beiradinha de um barranco. John, que estava mais a direita, havia pisado em falso e rolara barranco abaixo. Não era uma descida muito íngreme, mas era bastante comprida.
--John!—Berraram O Doutor e a Rose juntos, enquanto largavam as mochilas e desciam o barranco a passos ligeiros.
Ele estava inconsciente, de barriga para baixo no fim do barranco. Os outros dois se ajoelharam e o viraram. Ele estava com as mãos, os joelhos e cotovelos completamente arranhados e sujos de terra. Mas o que fez Rose dar um gritinho foi o corte que estava em sua testa, na raiz dos cabelos. Tinha uns quatro centímetros e parecia bem fundo, pela quantidade de sangue.
--Ele deve ter batido a cabeça em alguma pedra. —Disse O Doutor. –Não é nada muito sério, mas temos que parar esse sangramento.
--As mochilas!— Disse Rose. Ela parecia estar se controlando para não cair no choro. –Temos kits de primeiros socorros.
A mochila de John era a mais próxima; estava na metade do morro. O Doutor correu e a apanhou. Voltou correndo e se jogou ao lado de Rose, revirando a mochila.
--Rápido!—Gritou ela. E, de fato, John, as mãos de Rose e a neve a volta estavam cobertos de sangue. Sem contar que John estava branco-cal.
--É melhor você fazer isso. —Disse O Doutor, assim que achou a maletinha branca. Mãos delicadas seria o mais indicado agora.
--Me de a água. —Pediu ela.
Assim que ela encostou as mãos na garrafa, abriu-a e jogou mais da metade no corte de John, de modo que quase todo o sangue saiu. Era realmente fundo e logo ficou coberto de sangue outra vez.
O Doutor se lembrou dos killerblasters. Agora, com John ferido, precisariam de suprimentos. E os killerblasters deviam saber disso.
--As mochilas!—Berrou, correndo encosta acima.
Acertara. Havia dois killerblasters ali, cada qual tentando levar uma mochila da sua altura. Mas por causa do peso extra, andavam devagar.
--Hey!—Berrou O Doutor, correndo na direção dos seres cor de vinho.
Gritar fora um erro. Quando chegou perto o suficiente, um deles tirou uma pequena arma da cintura e disparou. O Doutor se jogou atrás de uma arvore, o que não adiantou muito; O tiro atravessou a arvore e quase o acertou. Ele continuou indo ate os killerblasters. Um segundo tiro. Dessa vez ele teve que rolar no chão para desviar. Antes de se levantar, houve um terceiro disparo. Ele rolou novamente e bateu em algo. Um dos killerblasters, que apontou sua arma diretamente para o rosto d’O Doutor. Ele levantou os braços e tirou a arma do ser, que largou a mochila e saiu em disparada. Ele agarrou a mochila, mas uma dor lacerante no braço o fez parar; O outro killerblaster havia atirado a agora estava correndo. Bastante rápido para quem carrega uma mochila que é mais alta que você. O Doutor pensou em segui-lo, mas se lembrou de John e Rose. Voltou correndo pelo morro, a mochilas nas costas, apertando o braço dolorido.
--E ai?—Perguntou ele, se ajoelhando ao lado de Rose.
--Acho que ele vai ficar bem—Disse ela, embora não parecesse tão certa a respeito do assunto.
--Então, nesse caso, acho melhor pararmos um pouco. Sei que você está cansada. John está ferido e eu acho que eu também...
--Doutor!—Exclamou Rose, pegando de leve o braço que ele segurava e levantando a manga até um pouco acima do cotovelo, onde o tiro havia acertado. Rose Quase gritou.
--São assassinos, Rose. Acho que antes de virem aqui, eles devem ao menos ter feito uma pesquisa sobre o que pode ferir um senhor do tempo.
O braço estava completamente preto e inchado, como se tivesse levado muitas pancadas.