The Doctors And The Rose

Capítulo 2-Sentimentos iguais.


Ela se levantou assustada, mas, menos de um segundo depois sorriu e correu ao encontro d’O Doutor. Eles se abraçaram, rindo. Ele se afastou um pouco e olhou para o rosto dela. A mesma Rose. Real, com aquele olhar conhecido e adorado.
Ele a puxou de novo para um abraço e ficaram assim por alguns segundos, rindo feito dois idiotas. O manipulador de vortex jazia na mesa perto deles, inocentemente.
--Senti saudades.—Foi a primeira coisa que Rose disse, meio chorosa, quando se separaram.
O Doutor abriu a boca umas vezes, mas não conseguiu disser nada. Rose riu e perguntou:
--Como se sente?
--Bem. –Disse ele dando os ombros. –Só um pouco tonto. Hey, Rose... Você não teria nada para comer, teria?—Perguntou ele, como quem n]ao quer nada.
“O bom e velho Doutor” pensou Rose. “Meu Doutor.”
--Se você não se importar com comida aquecida em microondas... –Respondeu ela meigamente.
Ele sorriu, sentou na mesa de quatro lugares e se pôs a examinar o manipulador.
--Me diga, por quanto tempo eu fiquei desmaiado?—Perguntou ele.
--Umas quatro horas e meia— Disse Rose, ligando o microondas.
Ele assobiou baixinho, expressando seu assombro.
--Mas... –Começou Rose, ainda de costas para O Doutor—Como você chegou aqui? Achei que as paredes do universo estivesse fechadas...
--E deviam estar. Mas, rachaduras através dos tecidos da realidade sempre se abrem com o tempo... Mas geralmente levam muitos anos para se abrir. Cem, duzentos... Acho que uma fenda pequena se abiu. Muito pequena. E acho que alguma coisa me forçou a passar por ela...
--Como o que?
--Não faço ideia— Disse O Doutor. – Mas seja lá o que for, tinha a intenção de me machucar. A fenda pela qual passei estava cheia de energia temporal, daquela que move a TARDIS. Esse tipo de energia não vai para lugar nenhum sozinho: Alguém me preparou uma armadilha.
--O que poderia ter sido?
--Não sei... Mas, não vou pensar nisso agora... Ainda estou cansado. Energia temporal é dolorida, sabia?
Rose Sorriu e trouxe dois pratos de macarronada.
--E então— Disse O Doutor, com a boca meio cheia—Como tem sido... Por aqui?
--Tudo bem—Disse ela. Parecia um pouco triste.—Trabalho para Torchwood agora. Nada perigoso. Apenas ajudo aliens que se perderam ou tiveram suas naves quebradas. Nada mais de viagens no tempo...
--Parece ótimo— Disse o Doutor, mais para animá-la do que qualquer outra coisa. Ela pareceu notar, porque disse:
--Mentiroso. –Mas sorriu.—De onde está vindo?
--Marte— Respondeu ele— Vim de lá. Estava andando por ai quando esbarrei em uma agente do tempo com o manipulador enguiçado. Eu o consertei e o testei. Mas o que me atraiu foi mais forte que o manipulador.
--Podemos pedir ajuda a Dan, meu chefe no trabalho. Ele tem mais matérias de apoio.
Porem, antes d’O Doutor responder, alguém entrou na cozinha.
--Doutor!—Exclamou o recém chegado, meio em duvida. Os olhos de Rose corriam do Doutor para o outro.
--Hã... John?—Arriscou O Doutor.
--É. Achei que era um ótimo nome, não?
Seu clone era exatamente igual a ele se lembrava: igual a ele. Por alguns instantes, O Doutor não soube como agir ou o que sentir, depois se levantou e eles apertaram as mãos.
--Isso ainda é estranho...—Comentou O Doutor.
--Muito— Concordou John.
--Mais do que podem imaginar—Murmurou Rose para si mesma.
Os três se encararam por uns segundos, até O Doutor disser.
--Hey, você ainda não me disse como me encontrou. Quero disser, eu não vim parar logo aqui, não é?
--Você apareceu em um vale— Embora a pergunta tivesse sido dirigida a Rose,foi John quem respondeu.—Fui eu quem o encontrei. Estava em missão de campo. Eu trabalho para Torchwood agora— Explicou a um Doutor de sobrancelhas erguidas— Haviamos registrado traços de energia temporal. Como a da TARDIS. Então fomos investigar. Te trouxe para cá e fui preencher a papelada. Sabe como é, que nos responsabilizamos por você e que não vamos te deixar explodir o planeta ou nada parecido...
Ficaram uns instantes em silencio. “Eu não explodiria a terra...” Pensou O Doutor.
--Vamos—Disse O Doutor, bruscamente.—Para o vale onde me encontraram!—Acrescentou, ao notar que os outros dois pareciam confusos.
--Poderia ser amanhã?—Pediu John. O Doutor olhou para ele um pouco irritado.—É que eu estou cansado. Faz umas trinta e cinco horas que estou acordado. A missão campal atrasou e ai encontrei você. Preciso tomar um banho e dormir um pouco. Vamos, Doutor, sei que você também está cansado.
Ele não estava bem cansado: Estava mais dolorido. Mas concordou com a cabeça, sabendo que, pelo fato de John ser humano, tinha necessidades humanas. Por um momento ele se esquecera disso.
--Tudo bem, então— Concordou O Doutor, olhando para o manipulador.
John saiu, mas não antes de disser:
--A propósito, suas cosas estão no guarda roupas do quarto de hospedes.
Ele se retirou. Um pensamento doloroso assomou o senhor do tempo: John e Rose formavam um casal.
Ele saiu para o quarto em que havia ficado sem olhar para trás e pegou suas coisas no guarda roupa. Se sentia estranhamente vazio. Quando deixara seu clone com Rose, tinha em mente que nunca mais a veria, que estaria apenas garantindo que ela ficaria feliz. Ou que pelo menos não se atirasse de uma ponte... Mas ele nunca sequer pensara no que faria se voltasse e desse de cara com os dois. Eles agora eram humanos como todos os outros: trabalhavam, riam e viviam juntos...
No dia seguinte, quando O Doutor entrou na cozinha, os outros dois já estavam lá. Havia um cheiro gostoso de bacon.
--Bom dia— Disse ele, sentando.
--Então— Começou John.—Vamos sair assim que acabarmos de comer. Vamos pedir permissão para sair em missão campal de reconhecimento.
--Permissão?—Perguntou O Doutor.
--Sabe como é—Disse Rose—A burocracia.
--Acho que eles só concederão isso uma vez, então, só podemos voltar quando acharmos seja lá o que for que preparou a armadilha.
--Por mim tudo bem—Disse O Doutor.
meia hora mais tarde estavam saindo. O Doutor com seu sobretudo de sempre, John e Rose completamente agasalhados. Quando viu John agasalhado, ele quase cuspiu seu café tentando não rir. Era estranho ver uma versão sua humana, que sentia frio e tudo o mais.
Assim que abriram a porta, O Doutor que realmente era inverno, diferente da dimensão da qual viera. Havia um carro azul na frente da casa. John sentou-se no lugar do motorista, Rose no passageiro e coube ao Doutor o banco de trás.
Foi uma viagem de vinte minutos animada. Acompanharam os cantores do radio, mesmo sem saber a letra muito bem, de modo que pareciam três bêbados quando chegaram ao estacionamento de Torchwood.
--Tudo bem—Disse John, tentando permanecer serio—É melhor pararmos de rir ou Dan pode arranjar uma palmatória para nós por fazermos tanto barulho...
E assim eles entraram. Era um daqueles prédios com aparatos para leitura óptica e de digitais, que é tão grande que você não consegue decorar o caminho. Viraram corredores e mais corredores, passando por outras pessoas e até um saluriano. Até que chegaram em uma sala ampla, com varias mesas com computadores e pessoas absortas no trabalho.
--John, Rose!—Exclamou um senhor de cabelos brancos que, apesar da idade, estava em perfeita forma.
--Headmaster— Responderam os dois juntos.
--Precisamos de permissão para uma missão campal.—Disse Rose, enquanto John cochichava no ouvido d’O Doutor: É o Dan.
--Posso saber a finalidade?--Perguntou o headmaster Dan.
“Se dependesse só de mim, já estaríamos no vale” Pensou O Doutor. “Como deve ser chato ser humano e precisar de precisar de permissão para tudo”
--Depois de uma explicação detalhada de tudo o que O Doutor ja havia contado a Rose, a permissão foi cedida.
--Vocês dois, pequem os kits.—Disse o headmaster apontando para O Doutor e Rose.—John, venha comigo.
O Doutor ficou intrigado ao notar que John parecia completamente infeliz.
--O que há com ele?—Perguntou.
Rose, que estava tirando de um armário três enormes mochilas pretas, respondeu:
--Acho que ele sente falta das viagens no tempo. Sabe como é, ele tem todas as suas memórias. Imagine, saber que existe um universo enorme ali fora, saber que é absolutamente fantástico, e ficar preso aqui na terra, tendo que trabalhar todo dia na mesma rotina. Ele nega, diz que está bem, mas eu percebo, por que, no fim das contas, eu também me sinto um pouco assim...
O Doutor tinha de admitir que nunca pensara por esse lado. É claro que era maravilhoso poder ter uma vida com alguém ao seu lado, mas devia ser duro para John, que tinha suas memórias, seu senso de aventura, seu desejo de explorar, sua curiosidade e sua inteligência, ficar preso na terra como um humano normal que não sabe de nada.
Afinal de contas, ele próprio já havia ficado confinado na terra...