FELICITY

Dois dias depois voltamos para nosso Ap. E nada é melhor do que estar em casa, por mais que adore a Patty, ela e Barry começaram a namorar e os dois parecem estar tentando ir com calma, mas os hormônios não são disciplinados e quando não se pode correr para longe, ficar assistindo a necessidade louca de se pegarem não é nada divertido.

As semanas passaram voando, Patty passou a frequentar mais meu apartamento, mas Oliver desapareceu. E provavelmente graças a isso estou livre do gesso sem nenhum outro osso fraturado, eba! Agora a verdade. Aquele idiota nem mesmo ligou para perguntar se me recuperei, e não serei eu a perguntar por ele primeiro. Definitivamente não vou fazer isso!

—Bom dia. -Barry passa pela porta de seu quarto com uma toalha em volta do pescoço e os olhos meio fechados, ele acena em resposta para meu cumprimento e bate à porta do banheiro atrás de si.

Vou para a cozinha, já vestida para o trabalho com um vestido branco de bolinhas pretas rodado, tentando passar em minhas roupas todo o humor que não consigo mais ter. Coloco água para ferver e pão na torradeira. Quando estou passando o café um Barry completamente diferente de sua versão zumbi de mais cedo entra na cozinha, com um sorriso radiante no rosto.

—O cheiro do café está ótimo. -elogia, e o sirvo uma xícara. -Delicia! -mais um elogio, ele morde a torrada e solta outro, então tomo o café e não tem nada demais, as torradas são simples e não estão maravilhosas como ele pintou.

—Ou isso é sua versão apaixonado, ou quer algo de mim. -semicerro os olhos para ele que abre um sorriso largo demais, que gela toda a minha espinha.

—Preciso de um grande favor.

—Obviamente. -dou de ombros e volto minha atenção para o café.

—Não quer saber o que é?

—Não mais do que quero adquirir uma DST na vida. -respondo com os olhos em minha xícara.

—Um encontro duplo. -quase cuspo o liquido em minha boca, mas Barry não se abate e continua como se nada tivesse acontecido. -Oliver chega de viajem hoje e tem uma velha amiga na cidade da qual ele está tentando fugir e Patty não pode dar cobertura...

—Por que não? -ele franze o nariz. -Ciúmes? -provoco.

—Não exatamente, não é como se os dois fossem muito diferentes de nós dois. -ele desvia o olhar do meu e pega uma torrada a enfiando inteira na boca.

—Oliver estava viajando? -não consigo controlar minha maldita língua, Barry sorri vitorioso, cheio de pedaços de pão nos cantos de sua boca, um nojo.

—Esqueceu que ele está concorrendo para prefeito? Precisa cuidar da campanha. -mas quando penso que acabou ele volta e posso ver o sarcasmo brilhando em seu rostinho de bom moço. -Estava se perguntando por que não apareceu depois do incidente do incêndio?

—Claro que não. -minto e me levanto da mesa, pegando minhas louças sujas.

—Deixa isso aí, você já cozinhou eu lavo. -não levanto meus olhos para o ver, mas sei que está se deliciando com meu desespero.

—Idiota. -xingo passando por ele, para escovar meus dentes antes de sair.

—Então devo procurar outra garota para o acompanhar? -grita e giro sobre meus calcanhares o lançando um olhar ameaçador. -Ótimo, amanhã as nove. Vamos os encontrar no restaurante e você precisa fingir ser a namorada dele!

Queria muito dizer que o dia passou voando como um flash, mas não. Foi maçante e dava meia noite, mas não seis da tarde. O auge foi meu almoço, um novo carro de food truck começou a vender comida em frente a delegacia, e nunca experimentei burritos melhores. Barry e Patty perderam, pois gastaram a preciosa hora de comer, para se atracaram em algum canto. E acho que isso vai ser a forma que vou usar para saber se estou mesmo apaixonada por alguém daqui para frente, por que nada me afasta do meu almoço e se um cara puder fazer, provavelmente me caso com ele.

Quando enfim posso sair do trabalho, chego em casa e tomo um banho do tipo faxina mesmo, por que nunca se sabe o que pode acontecer no fim de um encontro, e considerando a combinação explosiva que Oliver e eu somos, nós provavelmente vamos acabar com um restaurante em destroços e uma ambulância com luzinhas coloridas para puxar uma procissão em nosso nome.

—Vamos pensar positivo, talvez você só torça o pé. -visualizo a cena em minha mente. -Ou para ficar mais interessante, dessa vez pode ser ele quem sofra o dano físico! -isso me deixa um pouco mais otimista, apesar de meu estômago dar alguns espasmos estranhos.

Escolho um vestido vermelho, que termina abaixo do meu joelho e tem a medida exata de sexy e elegante. Prendo os cabelos em um coque solto e dedico muito tempo na maquiagem, apagando qualquer mínima imperfeição. Não sei se vou sobreviver depois dessa noite, então que ela valha a pena.

—Uau. -Barry diz com um sorriso de lado ao me ver entrar na sala. -Está perfeita, quase como se quisesse demais esse encontro. -provoca me ajudando com o casaco, eu o ignoro não por vontade, mas por meu estomago estar revirando e não conseguir dizer muita coisa.

OLIVER

—Como vou dar jeito nesse olho roxo? -reclamo com Patty e Lyla me ajudando com alguns pontos em minhas costas e braços. -Temos que sair em meia hora se não quiser atrasar.

—Aqui, Lyla. -John abre a porta do escritório da esposa e a entrega um estojo. -Pode transformar a gata borralheira aí em Cinderela. -debocha do meu estado.

—O que seu amigo Russo disse a respeito da ameaça? -Patty pela primeira vez não parece estar para brincadeiras.

—Existe uma ligação com um deles. -falo estranhamente incomodado. -Alguém do passado de um dos dois que o quer dentro do grupo, e encontrei mais rastros. -dou a Lyla um cartão de memória. -A noticia ruim é que pelo que o Knyazev disse, só um hacker muito bom pode decodificar isso aí.

—Bom como Felicity Smoak? -Lyla questiona olhando o pequeno objeto em suas mãos.

—Duas coisas, ou isso é o motivo de a quererem e ela decodifica e passa a ser alguém que deve ser eliminado. -Patty é bem eficiente quando motivada. -Ou pode ser a chave para livrá-los de toda essa merda.

—O que quer arriscar? -me viro para ela, vendo seu rosto parecer o de alguém que vem sofrendo tortura.

—Não posso colocar a vida de Felicity em risco. -deixa a agulha sobre uma bandeja e vai para um saco de roupa onde está seu vestido para o encontro. -O que você quer fazer?

—Sinceramente? -ergo uma sobrancelha, Patty assente. -Não queria nem mesmo estar nesse caso. Não parece certo me envolver com essa garota.

—Pena que chegou a um ponto onde não tem mais escolha, quase morreu para conseguir essa informação, não vamos desperdiçar. -Lyla diz e percebo que se trata de uma ordem por seu tom. -Acabei, pode se vestir.

Patty segura meu braço ao entrar no restaurante, mas é só uma desculpa para eu ter onde me apoiar até que o remédio faça efeito. Os Russos não cedem favores a quem os pede por amizade ou afeição, é necessário dar algo que eles queriam, e Anatoly Knyazev queria que o trouxesse um traidor que estava se escondendo dentro de um covil inimigo, muito bem guardado. Consegui o cara, é claro. Mas por muito pouco não morro no processo.

Vemos Felicity e Barry já de longe, eles sorriam como se nada no mundo importasse e ninguém quisesse suas cabeças. Ah que inferno, por que alguém iria querer matar essa garota? Ela é como algo inventados, não consigo encontrar defeitos por mais que os procure sem parar sempre que estamos juntos.

—A ignorância é uma benção. -Patty comenta com tristeza, no momento em que os dois nos veem e enormes sorrisos iluminam seus rostos. -Já consegue se equilibrar? -sussurra para mim, com seus olhos no novo namorado.

—Vamos descobrir. -ela me solta com receio para abraçar o namorado. Seguro na mesa e paro em frente a Felicity que estava maravilhosa em um vestido vermelho e mais uma vez tento encontrar qualquer defeito, sem sucesso. -Oi. -digo tentando conter o sorriso que faria o lado esquerdo do meu rosto coberto por maquiagem de Lyla, doer a ponto de perder meu foco.

—Oi. -seus olhos chegam a cintilar ao sorrir, e lá se vai meu esforço e agora preciso fazer cara de paisagem para esconder a dor.

—Olha eu queria te ligar. -começo a dizer afastando a cadeira para ela. -Mas não tenho seu número e Patty, -olho para minha amiga fechando a cara e ela por sua vez sorri como um anjo. -não quis me dar.

—Eu adoro a Felicity, por que eu faria algo maldoso, como a obrigar a falar com um mala como você? -morde os lábios contendo o riso e vejo os outro dois fazerem o mesmo.

—Me sinto em um tipo de complô aqui. -abro um botão do meu terno, me acomodando na cadeira e Felicity estende a mão em minha direção.

—Me dá. -diz e fico olhando confuso para sua mão pequena. -Seu telefone, Queen. -esclarece e tiro o aparelho do bolso com ar vitorioso e o entrego a ela.

—Acho que quem faltava chegou. -Patty murmura e começamos a atuar.

Laurel Lance trabalha na CIA como nós, e basicamente é a forma de Lyla me forçar a levar o relacionamento com Felicity para onde ela quer. Como Laurel cresceu em Star City e nós até mesmo namoramos no colégio por um período bem curto de tempo, que acabou com o joelho dela em meu estômago quando me pegou com sua irmã mais nova na festa de formatura, foi fácil forjar toda a história na última hora.

Ela caminha altiva ao lado de Leonard Snart, outro agente como já era possível deduzir. Os dois seriam noivos, o engraçado é que Snart agora é namorado de Sara, a irmã com a qual a trai. Por essa razão, não dar risada seria bem complicado para os quatro mentirosos da mesa.

—Olá, Oliver. -me cumprimenta com ar desconfortável, excelente atriz.

—Laurel. -digo com a voz embargada, o que não é dificil julgando o quanto estou fisicamente machucado. -Snart. -cumprimento o homem que sorri sereno ao apertar minha mão. -Se lembram da Patty? -gesticulo para minha amiga que se levanta e aperta as mãos deles. -Esse é o namorado dela, Barry Allen. -espero que se cumprimentem e Felicity já parecia preocupada ao ver minhas expressões. -Essa é Felicity Smoak. -sorrio ao dizer seu nome e ela se apoia em meu ombro ao cumprimentar os dois, pensando estar me fazendo um favor ao fingir ser minha namorada para um ex. Isso é trágico bem longe do cômico.

—Oi. -sorriem uma para outra e quase podemos ver as faíscas.

O jantar começa calmo e por vezes á fácil dar risada em meio a uma conversa distraída ou outra, mas o objetivo da noite é muito claro e Patty faz sinal para Leonard começar. Felicity e Barry são pessoas fáceis de criar vínculos e até mesmo as duas pessoas que acabaram de os conhecer parecem desconfortáveis ao brincar com seus sentimentos.

—Como vocês se conheceram? -Laurel nos pergunta e Felicity sorri para mim, tocando minha mão com carinho.

—Em um trem, ela me protegeu. -sorrio distorcendo a verdade e Felicity parece contente com a definição. -Depois foi só a cercar por muito tempo, até que conseguisse uma chance. -pisco para minha namorada falsa.

—Formam um belo casal. -Laurel comenta. -Tem irmãs, Felicity? -aproveita para alfinetar com um sorriso divertido nos lábios.

—O mais perto disso que tenho é esse cara. -indica Barry que estava completamente alheio a tudo, imerso em uma conversa com Patty.

—Então Oliver, devemos falar sobre o elefante na sala. -Leo bebe um gole de sua taça, com um sorriso amigável no rosto. -Não é estranho ver a mulher que estava prestes a se casar, estar se casando com outro cara?

Todos atuam perfeitamente. Patty baixa os olhos como se estivesse contendo a irritação, o que pode ser real na verdade. Barry tem uma mão em seus braços tentando confortá-la por nada, coitado. Laurel quase engasga com sua bebida e eu mordo os lábios desconfortável com aquilo.

—Não tem por que ser estranho. -dou de ombros. -Laurel e eu é história antiga.

—Bom, ela te deixou nos cinco anos em que esteve fora, quando você perdeu o pai. -tem certa simpatia no rosto do cara. -Não me leve a mal, mas qualquer um ficaria irritado.

Felicity leva uma mão a barriga, e perco toda a atenção no plano ao ver seu rosto verde. -Você está bem? -pergunto baixinho para ela que ergue um dedo pedindo que me afastasse e vomita no chão. -É, não parece nada bem. -me levanto de imediato e todos os outros parecem assustados.

—Eu... -tenta dizer algo mais volta a vomitar.

—Vamos para um médico. -Barry Allen se ergue pegando a amiga. -Sinto muito, mas preciso tirá-la daqui. -diz a Patty.

—Eu vou com vocês. -falo me juntando a ele.

—Vamos os quatro então. -Patty pega a bolsa. -Podem cuidar da conta?

Não fico para ouvir a resposta e começo a caminhar sustentando Felicity junto a Barry. Nós chegamos ao hospital e já na sala de espera observamos o padrão absurdo. Boa parte do departamento de policia estava lá, colocando as tripas para fora. Olho para Patty e Barry que eram os únicos ilesos em tudo isso.

—O que está acontecendo aqui? -Barry murmura com os olhos cheios de pavor.