PATTY SPIVOT

Oliver olha para a porta do quarto de hospital, onde Felicity está descansando depois de colocar tudo o que tinha dentro dela para fora. Seu rosto está sem expressão, mas sei bem o significado de tudo isso. Ele observa Barry segurando a mão da amiga e não quer admitir que gostaria de estar lá, e não ao meu lado em um corredor frio com muita gente doente ao nosso redor, esse cara é absurdo a ponto de negar até o último instante a existência de qualquer tipo de sentimento pela garota que observa como se fosse o ultimo biscoitinho de seu pacote.

—Por que você e Barry estão bem? -questiona com seus olhos na garota adormecida do outro lado da porta.

—Não tenho a menor ideia, Oliver. -tento me lembrar de algo, mas é em vão. Vejo Barry se levantar e andar em direção a porta. -Oi, como se sente? -falo quando para a minha frente com o semblante devastado.

—Foi o almoço. -é tudo o que responde e Oliver e eu nos entreolhamos. -Nós dois não almoçamos Patty, e Felicity passou o dia falando...

—Do burrito! – completo e ele concorda.

—Vou ligar para o Comissário Lance e dar a notícia. -diz pegando o celular em seu bolso.

—Ou pode falar pessoalmente. -Oliver o gira segurando em seus ombros e mostra Quentin Lance sendo arrastado para um dos quartos, se revirando em uma maca.

—Espera, então quem sobrou no departamento? -Barry me encara e percebo tarde demais do que se trata.

—Eu acho que você e eu. -murmuro temerosa.

—Que bom que você é boa com armas então. -é só o que diz antes de sair correndo em direção a saída e o sigo de imediato, trocando um olhar rápido com Oliver que nem mesmo se moveu, não tendo a menor intenção de sair de onde está.

Entro no carro com ele e podemos ver a movimentação dentro do departamento, várias pessoas com uma espécie de uniforme preto e viseiras escuras. Nunca daríamos conta de todos com um policial forense e uma única agente secreta do governo. Barry sabe disso e não tenta avançar.

—O que eles querem? -murmura os observando revirar tudo, e me lembro do pendrive e o que pode existir dentro dele, acho que é a hora de abrir o jogo com o Allen.

—Podem querer você e Felicity. -respondo sem conseguir o olhar nos olhos. -Por algum motivo um grupo terrorista sem nome tem tentado os recrutar, com isso os ataques que vinham sofrendo eram todos de uma agencia do governo que tentava mata-los antes de aderirem a causa.

—Felicity e eu? -ergue a sobrancelha com descrença. -Sério, o que eles podem querer com dois nerds? -não respondo só o encaro esperando suas próprias conclusões. -Nossa, ela vai ficar possessa, já estava pensando ter sido marcada pela morte como em Premonição. -bagunça os cabelos com os olhos perdendo o foco. -e seu amigo tem levado fama atoa então, coitado!

—Barry, tem que se acalmar. - aviso, mantendo minha voz suave.

—Nós vamos morrer, não vamos? -murmura no que acredito ser o inicio de uma crise, posso soca-lo e fazer com que recobre os sentidos, mas quem poderia por em risco esse narizinho lindo?

—Não vai morrer. -solto convicta. -Não deixaria que nada acontecesse.

—Acredite Patty, eu sou um dos que aderem a causa de empoderamento feminino e tudo mais, sei que não devo conhecer um terço de suas habilidades, mas... -ele olha em volta do carro escuro onde estamos fazendo vigia. -Somos um policial forense, e seja o que for que você é na verdade, ainda vamos ser apenas duas pessoas no fim dessa soma.

—Aí que você se engana, lindinho. -me inclino e dou um beijo em seu rosto, o que o desperta por um momento. -Tenho amigos, e outro cara que “seja o que for”, não vai deixar sua amiga ser morta, por que se importa demais com ela para se quer admitir. -Então, só espera. Por que não estou aqui fazendo guarda, estou te protegendo. -gesticulo para um grupo de dez pessoas que cerca o local e reconheço, Lyla, Diggle, Laurel, Snart e o Tigre entre eles. -Não sou a única, vamos acabar com isso graças a vocês, e te devolver a vida que tinha antes. -dou a ele o pendrive e nesse instante algo novo passa por seu rosto, mas é muito rápido para que consiga captar. -Talvez Felicity possa descobrir o que tem aqui e nos ajudar a dar um fim nisso.

—E o que acontece depois? -pergunta e lhe dou um sorriso triste.

OLIVER QUEEN

Ela apenas dorme, nada mais do que isso a muito tempo. Com a pele meio esverdeada e o rosto suado e frio. Me sento ao lado de seu leito mentindo que esse seria um pequeno conforto para ela, não estar só em momentos como esses, e mando uma mensagem a Lyla assim que Patty e Barry deixam o local, mais uma vez minto que seria necessário naquele lugar, que Felicity pode correr risco e o ataque a delegacia é apenas uma distração. Sou tirado da minha seção de culpa, quando meu celular vibra em meu bolso.

—Fala.

‘Oliver!’ a voz de John está alarmada do outro lado da linha. ‘Tem que tirar a garota do hospital, agora!’. Coloco o fone em meu ouvido e imediatamente tiro o cateter que estava preso a seu braço e a carrego porta a fora. ‘King também está no hospital, eles vão atacar para pegá-la e fingir mais um atentado a ele.’

—Senhor? -uma enfermeira me vê carregando uma paciente pelo corredor e começa a correr em minha direção. -Precisa coloca-la de volta no quarto.

‘Não podemos fugir para sempre, Oliver.’ Escuto a voz de Patty, que parecia estar chorando. ‘Em algum momento eles vão pegá-los, é melhor terminar com tudo e descobrir o que querem.

Vejo homens armados tomando o corredor. -Spivot, onde está o seu nerd?

‘Vou pegá-lo de volta Oliver, eu só precisei ajudar John por um minuto e ele desapareceu, é minha culpa, sinto muito.’ Soluçava e é como voltar a China com Slade a usando, que inferno. Mas eu devo estar errado, só posso estar errado. Afinal ele é um herói, eu mesmo o vi ser... Assim como vi o Slade Wilson.

—John, cheque as imagens de segurança, eu tenho um pressentimento. -olho para a garota, enquanto me vejo cercado por metralhadoras. -Vai precisar nos encontrar.

‘Oliver!’ soa em desespero. ‘Oliver Queen, o que está...’ jogo o fone sem fio no chão e olho para Felicity nos meus braços.

—Sinto muito lourinha, eu deveria ter sido mais esperto. -a coloco com cuidado no chão e me ajoelho pondo minhas mãos atrás de minha cabeça, só sinto algo acertar minha cabeça com força e então a escuridão me toma.

Ao despertar estou em um galpão escuro, com luzes piscando e muitos computadores em volta. A primeira coisa que vejo é Felicity amarrada em frente a um painel grande de computadores e Barry Allen sentando em uma cadeira, contendo o choro com um cara que tem o cabelo castanho que deve ter sido arrumado pela própria mãe, apontando uma arma para sua cabeça.

—Eu fiz o que pediu, e prometeu que não a machucaria, que não machucaria nenhum deles, Cooper. -murmura irritado para o outro. -Consegui o maldito pendrive. Agora eu quero o Joe de volta!

Já deveria saber quando Spivot se apaixonou por ele, essa garota é como uma espécie de presságio. Sempre gosta dos caras errados, e mesmo que sob tortura, o garoto deveria ter dado algum sinal, ou mostrado algo. Nos focamos em Felicity, quando um deles já havia sido recrutado, mesmo que a base de tortura.

—Não entende o que quero aqui Barry, ela é valiosa demais, esperta demais. -o cara de cabelo arrumadinho diz com olhos insanos sobre Felicity. -Desde a faculdade, quando o FBI nos encontrou e ela foi recrutada...

—Intimada, você quer dizer. Graças a sua estupidez. -Barry cospe as palavras irritado demais. -Expos Felicity ao jogar o programa dela na rede, a fez parecer uma criminosa com algo que queria usar para ajudar pessoas, você transformou algo bom em uma arma.

—E você? -ele soca Barry que cospe sangue, mas não deixa de olhar o outro com desprezo. Então quando Cooper dá as costas Allen percebe que estou acordado e seus olhos focam em três pontos diferentes da sala, eram prováveis pontos de fuga que estavam sendo guardados por homens com submetralhadoras. E então desisto de entender esse cara. -Pode se soltar? -mexe os lábios sem emitir som e confirmo com um aceno breve. -Dois minutos. -algumas coisas me veem em mente, como ele lidando com os capangas no trem, o fato de ser como uma sombra da Smoak mesmo não tendo um interesse romântico nela e a forma que Patty me contou que descobriu nossa identidade, resolver não almoçar logo no dia em que todos seriam infectados ou me pedir um favor logo no dia em que seu apartamento pegaria fogo e sua amiga estivesse incapaz de sair correndo sozinha. De quantos lados Barry Allen joga? -Fica longe dela, Cooper! -grita ao ver o homem tocando o rosto inconsciente de Felicity, sua raiva parece completamente sincera. -Não a toque! -avisa de forma ameaçadora.

—Ou vai fazer o que nerd? -desdenha o olhando com certa diversão em seus olhos cheios de loucura. Termino de me soltar das algemas e faço um sinal para ele, que se move tão rápido que mal consigo ver.

Barry gira o corpo, usando a cadeira onde estava preso como escudo enquanto o local é invadido, por agentes armados da Argus. Poderia dar risada se não estivesse lutando para manter todos longe da lourinha, com minhas costas coladas as de Barry Allen que tentava avançar em direção ao tal Cooper que treme feito um rato, se escondendo atrás de dois brutamontes.

—Argus? -murmuro contendo meu choque, enquanto cabeceio um dos caras armados e pego sua metralhadora para mim.

—A CIA foi bem prepotente ao pensar que deixaríamos o caso só por que mandaram quatro, dos Cinco ao nosso encontro. -dá de ombros desarmando um homem e usando a arma ainda presa em sua mão para acertar outros dois.

—Prepotência deve ser o sobrenome deles. -reconheço a voz de imediato, e Adrian Chase retira a máscara de gás que faz parte do uniforme dos agentes da Argus.

—Nós costumamos ser bem impressionantes. -dou de ombros segurando um cara para que Barry o finalize. -A história de nós salvando o presidente ao invadir a Casa Branca sozinhos é completamente real.

—Claro, agora podem dar conta dos outros? -Barry pergunta com seus olhos queimando sobre Cooper. -Tenho que exterminar um rato. -e todo o conceito inocente que o dava cai por terra, ao ver o ódio em seus olhos. -Nunca deveria ter encostado em minha amiga, seu boçal! -era uma vez o tal Cooper.

PATTY SPIVOT

Olho para a porta do escritório de Lyla na CIA, sem poder me conter. Não tínhamos nenhum rastro de Oliver, Barry e Felicity, até que Adrian Chase contatou Lyla nos informando que havíamos sido “cortados” da missão. Sinceramente, não sei como me sinto. Não sei o que pensar sobre Barry Allen agora, e nem posso dizer o que era ou não real enquanto estávamos juntos. Acho que é aquela história de karma, como uma agente eu já usei muitas pessoas, os fiz acreditar em muitas coisas, mas esse garoto baixou minhas defesas como ninguém antes, nem o Slade pode fazer.

—Não entra nessa não. -John se senta ao meu lado e Lyla me olha cheia de piedade, o que não ajuda em nada. -Precisamos de uma Patty para nos manter focados em acreditar nas pessoas e ver o melhor delas.

-Oliver sempre esteve certo, eu sou imatura. -digo deitando minha cabeça em seus ombros. -Mas acho que a segunda vez é a da sorte, e não vou mais cometer esse erro.

—Espero de verdade que esteja dizendo da boca para fora. -Lyla dá a volta em sua mesa e se senta ao meu lado, segura minhas mãos entre as suas e me faz encará-la. -Cada um de nós tem sua importância na equipe, Patty. Johnny é nossa consciência, eu sou o cérebro. -sorri com prepotência. -Oliver é a força bruta e você o coração.

—E o que Slade era? -solto em tom de desafio.

—O joio que tínhamos que separar em algum momento. -John responde sem pestanejar.

—Viu só, consciência. -ela sorri encantada para ele que pisca de volta. -Espere Allen se explicar, afinal a garota estava sobre muito risco e ele não daria conta sozinho... Oliver!

Lyla se levanta e sigo a direção de seu olhar, vendo meu amigo entrar com o paletó em mãos e a blusa social que usava manchada de sangue que parece não ser dele. Oliver tira um crachá do bolso e o lança sobre a mesa de Lyla com um sorriso vitorioso no rosto. -Então, dessa vez eu não precisei usá-lo.

—Não vai ganhar uma estrelinha por isso, Queen! – repreende mais para não perder o jeito do que qualquer outra coisa.

—Chase me deu uma cópia do pendrive descodificado. -me lança ele e vou em direção a mesa de Lyla, o conectando ao computador. -Então, do que se trata?

—Uma lista. -olho surpresa reconhecendo vários daqueles nomes, inclusive o meu, dos meus amigos e o de Barry Allen. -Nossos dados, todos eles. Condecorações, patentes e níveis. Vejam só. – viro a tela de lado. -Allen é tão alto quanto um de nós.

—Não precisava dessa lista para descobrir isso. – Oliver me encara com a expressão estranha. - O que me lembra. – joga mais um objeto em minha direção.

—Olha Queen, não sou tiro ao alvo, entregue as coisas sem lança-las como se fossem flechas! -reclamo ao pegar o objeto, uma chave com um endereço pregado a uma etiqueta. -Não vou me encontrar com ele. -deixo a chave sobre a mesa.

—Vai, ou eu te arrasto até o local. – Oliver pega a chave e a deposita na palma da minha mão. – É sério Spivot, você vai resolver isso!

—Não vou! – teimo.

—Ah vai sim! – John se junta a ele e Lyla para entre os dois cruzando os braços para reforçar o argumento. – O cara é um herói, é só ler sua ficha. – odeio Diggle as vezes. – Você ainda é nosso coração, tem que continuar acreditando nas pessoas, ou passaremos a ser apenas máquinas de matar extremamente eficientes!

—E por falar em resolver as coisas, vou ao hospital, ver a Felicity. -Oliver anuncia nos dando as costas.

—Vai aceitar que o Queen, seja mais maduro do que você? -Lyla implica como se aquilo fosse um absurdo, e reviro meus olhos pegando a chave. -Ótima escolha, agora sai logo daqui!