Roxanne se teleportou e tirou o feitiço de imobilidade do garoto. Ele se levantou e viu que estava na casa na árvore. Sem pensar duas vezes, ele pegou a sua nova espada e se preparou para atacar a feiticeira.

— Porque me trouxe de volta? – perguntou Finn, furioso e preparado para atacar.

— Bem, como eu disse, precisamos conversar e… eu preciso tirar essa máscara.

A feiticeira tirou a máscara e jogou ela no chão. Ela voltou a sua atenção para o garoto, mas notou algo peculiar nele. Algo que fez ela sorrir de alegria.

— Você finalmente me ouviu! Você aceitou o seu potencial! – disse a feiticeira, alegre.

—…como? Eu não aceitei nada, sua louca!

— Então o que é isso enrolado no seu braço direito?

Finn olhou para o seu braço direito e viu do que ela estava falando: a espada de grama enrolada por todo o seu braço.

— Você queria que eu recuperasse a espada de grama? – perguntou Finn

— Não só isso, mas também uma nova espada. Adorou o presente? – perguntou a feiticeira.

— Adorei. Adorei tanto que eu vou usar ele para cortar a sua cabeça!

Finn se preparou para atacar a feiticeira mais uma vez, mas ele não fez isso. Ele sabia que ela ia se teleportar, então ele teve uma ideia: distrair ela enquanto ele pegava o comunicador para chamar Cornelius.

— E então, não vai me atacar? – perguntou a feiticeira.

—…porque me trouxe de volta para cá? – perguntou o garoto, curioso.

— Bem, é simples: lembra que eu disse tem uma serpente traiçoeira, e que todas as paredes de Ooo tem olhos?

— Eu não faço a menor ideia do que isso significa.

Roxanne flutuou até um dos cantos na casa da árvore, aonde ficava um quadro que a Princesa Jujuba deu de presente para o garoto e o cachorro.

— Bem, eu vim aqui hoje de manhã, mas vi que você já tinha saído. Fui então que resolvi esperar e jogar um pouco do seu BMO.

— Você fez o quê?!?

— Eu não fiz nada com ele. Ele é um camaradinha legal. Continuando, eu joguei um pouco até ele ficar um pouco…tonto.

Tonto? Falando nisso, BMO não estava se sentindo bem faz semanas. Finn e Jake acharam que era outro defeito, e eles resolveram levá-lo até o seu criador para ver o que houve com ele. No entanto, Moe não encontrou nada. Nenhum defeito, nenhuma parte quebrada, nada.

— Foi então que eu descobri… isso.

Roxanne tirou o quadro da parede, revelando uma câmera de segurança instalada e funcionando.

— O… o quê?!? Uma câmera?!?

— Sim, uma câmera. Alguém está vigiando vocês e está causando interferências no pobre BMO.

O garoto ficou chocado. Quem instalou isso na casa deles? Havia algum inimigo vigiando cada movimento deles? Ou seria um fã com sérios problemas?

—…foi você que instalou isso na nossa casa, NÃO É?!? – Finn acusou Roxanne.

A feiticeira riu. E riu. E riu.

— Vocês me odeiam mesmo, não é? Você acha mesmo que eu tenho saco para vigiar você 24 horas por dia?

— Sim, eu acho! Por isso que você anda me seguindo!

— Eu uso magia para saber aonde você está, Finn. Além disso, quem anda te vigiando não tem boas intenções. Eu posso provar para você que não estou te vigiando. Isso é, se você quiser.

O garoto ficou indeciso. Por um lado, ele não confiava na feiticeira. Por outro lado, ele queria saber quem estava o vigiando todo esse tempo. Ele ainda acusava Roxanne, mas e se não for ela? E se for um vilão perigoso? Ele queria descobrir quem era, mas poderia ser uma cilada.

—…muito bem. Prove.

— Ok então, mas antes…

Ela se teleportou novamente e pegou o comunicador do garoto.

— Não vamos precisar disso!

Roxanne destruiu o comunicador com as suas próprias mãos. Ela deve ter descoberto que o garoto chamaria Cornelius a qualquer momento.

— Como você…

— Sem falatório, vamos nessa!

Ela pegou o garoto e se teleportou junto dele.

—--

Os dois se teleportaram para um local desconhecido. Estava escuro e não havia luz, nem janelas. Apenas uma escada e uma porta.

— Aonde nós estamos? E porque está tão escuro?

—…Finn, não está escuro. Olhe atrás de você.

— Como assim não está… tão… o que… o que…

O garoto ficou chocado. Assim que ele se virou, ele teve uma surpresa totalmente desagradável: havia um computador atrás dele, cheio de monitores. Cada um deles mostrava um ponto diferente da Terra de Ooo. Finn não era o único que estava sendo vigiado. Toda a Terra de Ooo estava sendo vigiada: o castelo do Rei Gelado, a casa da Marceline, a casa da Lady Íris, a Terra do Caroço, o Reino do Café da Manhã, o Reino das Tartarugas, o Reino de Fogo, praticamente todos os reinos.

— O… o… que é isso? – perguntou o garoto.

— Você está diante do segredo sombrio de um dos reinos da Terra de Ooo, meu querido amigo. Alguém está vigiando toda a Terra de Ooo por algum motivo, e esse alguém não sou eu!

— Isso não prova nada. Esse pode ser o seu covil maligno!

—…mesmo? Então porque você não sobe aquela escada e abre aquela porta? Aquilo deve ser prova suficiente para você.

Finn subiu a escada e foi abrir a porta. Ele viu uma estante giratória, julgando pelas marcas de rodas no chão. Atrás daquela estante está uma das salas do covil da feiticeira. Lá estava a prova que o garoto precisava. Ele andou até a estante e a girou.

E lá estava uma das salas do covil dela.

Foi o que o garoto imaginou.

Assim que ele viu o que tinha atrás daquela estante, ele queria esquecer o que tinha acabado de ver. Ele não queria acreditar.

—…não. Não, não, não, não, não!

Ele se recusava a acreditar. Ele achou que isso é uma piada de mal gosto ou outro pesadelo. Foi então que ele chegou a conclusão de que esse lugar poderia ser uma réplica construída pela feiticeira. É, deve ser isso! Esse lugar foi feito para enganar o garoto, certo? O garoto foi até a janela desse lugar para ver aonde Roxanne o teleportou.

Infelizmente para ele, as provas de que ela estava vigiando toda Ooo estavam desaparecendo. Ele começou a ficar desesperado. Sua última prova estava do lado de fora deste lugar. Foi então que ele abriu a porta e viu um corredor bastante familiar, com guardas que ele conhecia muito bem e um mordomo macabro que ele gostaria de ficar longe em certas ocasiões.

Ele não queria aceitar os fatos, mas ele teria que cair na real: ele estava no Reino Doce, no quarto da Princesa Jujuba.

—…não me diga que isso é verdade.

— É a mais pura verdade, queria você acreditar ou não.

Roxanne subiu até o quarto segurando várias pastas em sua mão. Ela jogou as pastas na cama da Jujuba, revelando algo que deixou o garoto horrorizado: vários planos para acabar com os outros reinos, caso algum deles seja uma ameaça para o Reino Doce. E a pior parte é que todos eles foram escritos pela Princesa Jujuba. Finn até reconheceu a letra dela nesses documentos.

— E isso não é nada. Olha o que eu achei perto do teclado do computador. Parece que ela quer atacar um reino em breve.

Ela jogou mais uma pasta em cima da cama. O garoto ficou ainda mais horrorizado quando ele viu que essa pasta continha planos para acabar com o Reino de Fogo. O plano dela era congelar todo o reino e destruir os gigantes do reino, seja lá o que isso for para o garoto.

— Ei Finn.

Roxanne chamou a atenção do garoto.

— Lembra que eu disse quando nos conhecemos? Que você foi feito de trouxa? Pois é, você continua sendo feito de trouxa por ela. Você está sendo usado. Usado para trazer coisas para ela construir várias armas.

Roxanne mostrou um dos documentos para o garoto, contendo várias instruções. Muitas delas eram para pedir para ele pegar vários itens, como vários produtos químicos, armas quebradas e outras coisas.

— Foi como eu disse: suas ações podem trazer consequências sérias. Felizmente ela não agiu ainda. Você ainda pode consertar isso.

—…e o que eu posso fazer?

—…está na hora de usar o seu potencial.

Ela pegou todos os documentos e levou o garoto de volta para a sala de vigilância. Se eles ficarem naquele quarto por mais algum tempo, eles poderiam ser pegos.

— Destrua esses monitores e destrua esse computador. Use o seu potencial. Faça isso agora.

O garoto pegou a sua espada de rosas, mas ele não se moveu. Ele não conseguia se mover. Tudo isso que estava acontecendo era demais para ele.

— O que há errado? Destrua!

—…eu… eu não consigo. EU NÃO CONSIGO! NÃO POSSO ACREDITAR NISSO!

Ele jogou a sua espada no chão.

— PORQUE?!? PORQUE ELA ESCONDEU ISSO DE MIM?!!? PORQUE ELA ME USOU?!? PORQUE?!?

O garoto ficou com raiva. Ele se sentiu traído pela princesa que ele mais confiava nesse mundo. Todos esses anos ele foi leal a ela, não importava qual decisão doida ela tomava, mas isso era imperdoável.

— Pessoas usam máscaras, garoto.

Seus olhos arregalaram assim que ele ouviu isso.

— Quando as máscaras caem, elas revelam o quão podre a pessoa é por dentro. Essa é a mais pura verdade. Você serviu uma princesa que é tão podre quanto as outras.

Era a mesma coisa que ele ouviu no pesadelo que ele teve. Aquilo não seria coincidência, seria? Era só um pesadelo e a Coruja Cósmica nem estava presente nele. Não teria como aquilo se tornar realidade.

— Agora destrua esses monitores. Não temos o dia todo.

O garoto voltou a sua atenção para os monitores. Agora que ele percebeu o quanto a Jujuba é podre, ele nunca mais juraria lealdade a ela. Justiça teria que ser feita, e todos esses reinos seriam salvos dos planos dela. Finn pegou a sua espada de rosas no chão e se preparou para acabar com essa loucura.

Mas antes, ele deu uma olhada em um certo monitor. O monitor mostrando dentro da sala do trono no castelo do Reino de Fogo. Ele finalmente a viu, meses depois daquele incidente. Sua princesa continuava linda e radiante, mas ela estava cabisbaixa por algum motivo. Ela não demonstrava tristeza, mas parecia estar cansada ou abatida.

— O que está te afligindo, minha princesa?

Roxanne chamou a atenção dele.

— Vendo a ex-namorada? – disse a feiticeira com um sorriso perverso no rosto.

— N-não! Lógico que não! E como você sabe que ela é a minha… ex-namorada? – perguntou Finn. Ele odiava falar aquela palavra.

— Você é famoso, esqueceu? Culpe as donas de casa desesperadas por uma fofoca ou outra. Mas sabe…

Ela se teleportou para perto do garoto.

— …você está tecnicamente salvando o reino dela se você destruir esses monitores e queimar estes planos. Você será o herói dela de novo.

Ela está certa, pensou o garoto. Finn pode ter falhado meses atrás com a missão de recuperar o trono no Reino de Fogo, mas ele ainda tem uma chance de salvá-la do plano louco da Jujuba. Essa é a chance que ele estava esperando!

Ele fechou os seus olhos, suspirou e apontou a sua espada para um dos monitores.

— Isso é por você, princesa!

E assim, ele começou a destruir os monitores. Pedaços de vidro foram voando de um lado para o outro na sala. Roxanne conjurou uma espécie de escudo para que o garoto não se cortasse ou levasse um choque. Após ter destruído os monitores, ele começou a atacar o painel do computador com a sua espada. Cabos foram arrancados, chips foram destruídos e o disco rígido contendo toda informação gravada foi cortado em pedaços.

Já está feito. O computador foi destruído. O sistema de vigilância doentio que a Jujuba instalou não vai mais causar problema algum no futuro.

— Muito bem. Você finalmente usou o seu potencial… mas não por completo. – disse a feiticeira enquanto queimava os documentos com a sua magia.

Ele não disse nada.

— E como eu disse no dia em que nós conhecemos, você merece se tornar algo maior do que um herói, Finn.

Ela se teleportou junto dele para fora do castelo.

—--

O desespero tomou conta dos aprendizes e Marceline. Os quatro foram correndo até o castelo, preocupados e desesperados com o garoto. Eles temiam que Roxanne poderia fazer qualquer coisa com ele, incluindo tortura. Eles não tinham tempo a perder.

— Espera um pouco, porque a gente está correndo? – perguntou Sunny.

— Huh? – disse Usagi.

— Porque a gente não usa os comunicadores?

— …eu sou um IDIOTA!

Moonman parou e foi pegar o comunicador. O grupo ficou tão desesperado que esqueceu da existência deles, mas isso não é culpa deles. No entanto, assim que ele pegou o comunicador, ele teve uma surpresa nada agradável: ele foi destruído.

— DROGA!

Usagi e Moonman também pegaram os seus comunicadores, mas o resultado foi o mesmo: destruídos.

— ELA PLANEJOU TUDO! – gritou Moonman, com raiva – DROGA!

O grupo ficou ainda mais desesperado. Sem meios de contatar o garoto, eles só podiam esperar para o pior. Foi então que…

— Sentiram a minha falta?

Roxanne se teleportou na frente deles, e com o garoto junto. Os três pegaram as suas espadas.

— O QUE VOCÊ FEZ COM ELE? – disse Sunny, com raiva da feiticeira.

— Eu? Nada.

— Eu não acredito em você. – disse Usagi.

— Sério? Então vejam vocês mesmos.

Marceline voou até o garoto.

— Finn, você está… bem?

Ela viu o garoto cabisbaixo e com uma expressão de ódio em seu rosto. Havia alguma coisa errada.

— Aonde você o levou? – perguntou Marceline.

— E isso te interessa? Hmm? – disse a feiticeira.

— Sim, isso me interessa. Agora me fale ou morra. – disse a vampira, furiosa.

A feiticeira deu um sorriso.

— Você quer mesmo saber? – perguntou a feiticeira.

— Fala logo! – gritou Moonman.

— …não vão gostar quando descobrirem. Tchau!

A feiticeira desapareceu, deixando todos irritados. Mas isso não era importante agora, o importante é saber como o garoto estava.

— Finn, você está bem?!? Ela fez alguma coisa com você?!? – perguntou Usagi, preocupada.

— …não. Ela não fez nada comigo. – disse o garoto com um tom de raiva em sua voz.

— Finn? O que aconteceu? – perguntou Sunny.

— Não aconteceu nada. Não precisam se preocupar comigo.

— Não se preocupar? Nós ficamos preocupados com você quando aquela louca te sequestrou! Aonde ela te levou? – perguntou Moonman

Finn não disse nada.

— Finn, aonde ela te levou? – perguntou Marceline.

— …eu não quero falar sobre isso.

— Porque? O que aconteceu? – perguntou a vampira.

— Não aconteceu nada. Eu vou pra casa. Me avisem quando o santuário aparecer.

— Mas Finn, precisamos voltar para o castelo. – disse Sunny.

O garoto se virou e fez um olhar de ódio para os aprendizes.

— Eu me recuso a pisar naquele castelo de novo!

O grupo ficou espantado com a reação dele. O que será que a feiticeira fez com ele, pensou os aprendizes. O garoto saiu andando em direção a sua casa, sem falar com ninguém.

— Finn, espera um pouco! Volta aqui! – gritou Moonman.

— Esquece, Moonman. – disse Marceline

— Esquecer? Nós ficamos preocupados por causa dele e você quer que a gente deixe isso pra lá?!? – disse Moonman, furioso.

Marceline suspirou.

— Olha, eu não sei o que houve ou o que aconteceu, mas eu vou ficar de olho nele. Vocês falem com o seu mestre o que aconteceu. Eu vou ligar para a Jujuba mais tarde.

— E o que você quer que a gente faça? – perguntou Moonman.

— Eu quero que o seu mestre ligue para mim ainda hoje. Eu quero falar com ele.

— E o que você quer falar com ele? – perguntou Usagi.

— Eu quero saber mais sobre essa tal de Roxanne. Tem alguma coisa errada com essa garota, e eu quero que vocês não se envolvam.

Os três aprendizes ficaram ultrajados com o que acabaram de ouvir.

— Como assim não nos envolver?!? Ela é um dos motivos da gente estar aqui! – disse Usagi.

Marceline sabia que eles iam reagir dessa maneira.

— Olha, eu sei que ela fez algo com o seu irmão, mas vocês também estão correndo perigo. Como vocês vão pegar alguém que teleporta de um lado para o outro?

Usagi deu um passo a frente.

— Eis a sua resposta. – disse Usagi.

E então, ela fez algo que não deveria ter feito: tirar a máscara e mostrar o seu rosto.

— …não. Não é possível. Quem é você?!?

—--

Fonte de energia milenar detectada. Origem da fonte encontrada.

– …já faz algum tempo que não visito esse lugar. Mas isso não importa. Eu consegui o que eu queria. E já que Finn aceitou parte do seu potencial, ele merece uma recompensa.