- Netikerty? Adalberon? – Perguntei, espantada – Mas vocês não…

- Devíamos estar no Tártaro? Sim. Mas quando Gaia abriu as Portas da Morte conseguimos fugir. E por favor, vovô e vovó – Disse Netikerty.

- Ok… vó. Foram vocês que mataram o Kraken? – perguntei.

- Aquilo? Não, não está morto. Era só Tritão causando problemas. Foi só um susto. Ele não volta tão cedo. – Disse Adalbe… vovô.

- Obrigada então. – falei

- Não precisa agradecer querida. – disse vovó – Iríamos lhe dar presentes, mas você já ganhou o suficiente. Viemos lhe dar nossa benção. - Sorri. – Você nunca mais se atrasará. Saberá o momento certo de tudo e para tudo. Será mais equilibrada, e não deixará coisas descartáveis tomarem lugar das realmente importantes.

- A Força e a Persistência agora estão contigo. Mas não é a força bruta, é a força do sacrifício. Você pode não percebê-la agora, pois ela é espiritual, saiba como utilizá-la e será invencível. – disse vovô.

- Agora querida, quatro palavras: amigos, sacrifício, amor e força. Elas serão importantes, guarde com você. – disse vovó.

- Obrigada – eu disse.

- Geraki? – chamou vovó estendendo o braço. Geraki pousou nele. Ela disse algumas palavras em egípcio. Vovô disse algumas em grego. Geraki piou como se assentisse e voltou para meu ombro.

- Até mais querida. E lembre-se: amigos, sacrifício, amor e força. – ela disse sumindo em névoa juntamente a vovô.

***

- Walt? – chamei depois de vovô e vovó irem embora. – preciso conversar com você.

Peguei sua mão e o puxei para longe. Vi que Geraki me seguia. Neguei com a cabeça. Ele piou frustrado e voltou para onde os outros estavam.

- Está tudo bem Anne? – perguntou ele preocupado.

- Tirando que meu irmão foi raptado, eu descobri ser uma deusa, tenho um falcão mais inteligente que muitas pessoas e outras coisas do tipo, sim, estou ótima.

- O que foi então?

- Três coisas. Primeira: Isso – falei entregando Hypnôse a ele. Expliquei-lhe tudo sobre ele o perfume. Ele o pegou me disse obrigado e o deixou ao lado. – Segunda: Quer a notícia boa, ou a ruim primeiro?

- Ruim.

- Por favor, não fique desesperado nem me odeie ou faça coisa do tipo, ok?

Ele assentiu confuso.

- Olha, eu sei que vou morrer.

- Mas…

- Deixe-me acabar. E sim, eu posso morrer. Então antes disso acontecer eu quero que você se reconcilie com a Sadie.

- O QUÊ? EU…

- Eu quero terminar. Nos dois sentidos. Terminar de falar e com você. Não que eu não goste de você e tal, mas simplesmente acho que seria melhor você voltar para a Sadie. Eu sei que alguma coisa, mas que não faço a mínima ideia de o que seja, vai acontecer e nem você, nem Anúbis vão perdê-la. Ok? Agora a boa notícia – eu disse chegando mais perto. – Um último beijo.

E o beijei. Ele deixou, mas não correspondeu. Estava lá, paralisado com a notícia. Sorri, levantei e fui ao encontro dos outros.

***

- Chegamos - anunciou Percy.

O lugar parecia abandonado. Dezenas de pequenas e médias embarcações todas furadas e velhas tinham o cenário completado por uma densa névoa que nos deixava ver somente um palmo depois do nariz e vultos ao longe. Era de dar medo. Lembrei-me dos Teletubbies, um velho trauma de infância, mas afastei o pensamento com um leve sorriso. Quantos pesadelos eles tinham me rendido. “Mas agora eu superei!”, pensei positiva.

- Uau, - eu disse – aqui bem que poderia ser gravado um filme de terror.

-É. – todos murmuraram.

- Mas Percy, por que atracamos em um lugar tão… desértico? – perguntei

- É um porto abandonado. – Disse ele – Aqui não nos perceberão.

- Mas eu acho que os monstros sim. – falei apontando para um vulto ao longe, onde uma grande criatura verde saiu correndo.

Todos sacaram suas armas. Peguei Pansélinos, e vi que a lua estava muito brilhante, mais do que o normal.

- É impressão minha ou… - comecei, mas fui interrompida pelo grito de Carter.

- Aaaaaaaah!

- Carter! – gritamos, mas ele tinha sumido. A única pista era sua khopesh, caída no chão.

Mais três gritos foram ouvidos. Walt, Zia e Jaz. Desaparecidos, sem deixar rastro.

Dei um passo para trás e me choquei com as costas de Annabeth, que gritou.

- Sou eu! – falei baixinho. – Percy? Sadie? – chamei baixo.

- Aqui – respondeu Percy tocando meu ombro. Sadie lançou uma luz com a varinha. Como ela tinha conseguido chegar do outro lado do píer?

- Um de costas para o outro. – sussurrei – Vamos pegar Sadie.

Atravessamos o píer, guiados apenas pela luz de Pansélinos, Contracorrente e a Lua.

Quando toquei o ombro de Sadie ela instantaneamente relaxou.

- Por Atena, isso dá mais medo que o Teletubbies. - falei

- Uma deusa tem medo dos Teletubbies? – disse Percy em tom zombeteiro.

- É eu tenho medo dos Teletubbies. Pode me zoar o quanto quiser. Agora se não quiser… - soltei um gritinho e joguei todos no chão. Uma flecha explosiva passou voando onde estávamos -… morrer cala a boca e me segue.

Alguma coisa zunia dentro de mim. Haley estava perto! Eu tinha certeza absoluta disso.

- Percy. Aqui é a ilha.

- Como? Eu nos deixei no litoral!

- Como eu não sei. Só sei que aqui, definitivamente, é a Ilha.

- Tudo bem então. – ele respondeu.

Fomos caminhando guiados por mim e meus pressentimentos quando chegamos a uma caverna com…

- Isso é uma porta. Uma porta em uma caverna? – disse Annabeth.

- E o pior, - eu disse girando a maçaneta – está trancada.

- Problemas com a porta? – perguntou uma voz que não reconheci.

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