The Bet

Broken Hearts.


Não. Era impossível. Aquilo só poderia ser mentira. Um terrível engano. Wilson não poderia ser o pai do filho de Cameron. Wilson não poderia ter traído House daquela maneira.

House respirava com dificuldade, aquela notícia havia tirado todo o equilíbrio de sua mente. Foreman havia saído da sala de diagnósticos á alguns minutos, deixara House sozinho para absorver a horrenda certeza de que Wilson o traíra.

Mas o médico não queria acreditar, não podia. Wilson era praticamente a única pessoa que se importava com ele. E com a qual ele se importava. Seu amigo não poderia ter feito aquilo.

– House? – Cameron pareceu surpresa ao vê-lo ali. – Onde você estava? Todos estávamos como loucos atrás de você; Wilson está desesperado.

– Cale a boca. – O homem ordenou, fazendo Cameron ficar sem reação. – E dane-se a preocupação de vocês! Dane-se o desespero de Wilson. – House levantou-se com o apoio da bengala e saiu, deixando Cameron sozinha.

A mulher ficou atônita por alguns instantes, mas logo se recompôs e saiu da sala, seguindo na direção de House que ainda não virara o corredor.

– House, espere! – Cameron pediu, mas ele continuou andando. – Mas que droga, qual é o seu problema?

O médico parou de andar bruscamente, ele arfava, tentava organizar seus pensamentos, mas era praticamente impossível. House nunca havia se sentido daquela maneira.

Ele virou-se lentamente para Cameron, girando nos calcanhares. Ela parou de andar também, percebendo que ele a encarava.

– Quer realmente saber qual é o meu problema? – Ele parecia furioso. Ela assentiu minimamente, temendo e ansiando pela resposta. – Você é meu problema! – Ele puxou o ar com força por entre os dentes trincados. – A mulher que eu amo, a única que eu amei conseguiu estragar minha vida. – Ele sorriu com escarnio. – E olha que minha vida nunca foi boa. – Você me destruiu por completo, Allison Cameron.

– Você me ama? – Ela sussurrou após alguns instantes de silêncio mórbido entre os dois. – De verdade?

– Eu digo que você estragou minha vida e tudo o que você ouve é isso? – House se aproximou dela. Poucos centímetros separavam os dois corpos e eles podiam sentir o calor emanando de um corpo para o outro. – Mas respondendo a sua pergunta: Sim, eu te amo. De verdade.

Nenhum dos dois pensou no que estavam fazendo. Mal tiveram consciência de seus atos. Em um segundo eles estavam se encarando, a tensão tangível no ar e no outro, estavam se beijando.

– Não, espere. – Cameron se afastou tentando normalizar a respiração. House a encarava, quase tão ofegante quanto ela. – Eu não sei...

– Não sabe o que? – House indagou, voltando a assumir aquela máscara de homem frio. Ele se afastou dela. – Não se preocupe, isso não voltara a acontecer.

– Por quê? – Ela segurou-o pelo braço. Os olhares se encontraram novamente e por um segundo, Cameron pensou que House fosse chorar.

– Eu já disse, você estragou tudo. – House suspirou. Ele pegou o fraco de Vicodin dentro do bolso da camisa e tomou dois comprimidos. Cameron observou-o em silêncio.

A vontade que ela tinha era de dizer toda a verdade, contar que aquela criança que ela carregava era dele. Queria confessar que ainda o amava acima de tudo e todos. Mas não conseguia. Não adiantaria nada agora, House não a queria. Aquele beijo havia sido quase que como uma despedida.

– Eu acho que vou cumprir algumas horas na clínica hoje. – House comentou, virando-se e recomeçando a andar. Cameron ficou quieta. – Você não tem nada pra fazer?

Ela não respondeu. Se House estava indo para a clínica por vontade própria, as coisas estavam muito erradas. A médica olhou em volta e suspirou. Ela passou a mão pelos cabelos, tentando situar-se e seguiu seu caminho de volta até a sala de diagnósticos.

Foreman olhou-se no espelho do banheiro do hospital e percebeu o quanto parecia abatido. A descoberta que fizera sobre Wilson e Cameron havia o destruído por completo. Ele não sabia o que fazer. Tentou pensar coerentemente, mas as imagens de certo oncologista o impediam. Wilson não saia de seus pensamentos.

Foreman tentava a todo custo não pensar no amigo, mas era praticamente impossível.

– O que está acontecendo comigo? – Foreman indagou para si mesmo. Os olhos fixos em sua figura no espelho.

– O que? – Uma voz fez com que o homem se sobressaltasse. Ele olhou para o lado e percebeu Wilson entrando no local.

– Nada – Foreman apressou-se em explicar. – Estava apenas pensando alto.

– Ah, entendi. – Wilson postou-se ao lado de Foreman e abriu a torneira, deixando a água correr por suas mãos. – O que está fazendo aqui? Vi Chase há alguns minutos e ele reclamou que não te encontra em lugar algum.

Foreman observou Wilson em silêncio Wilson terminar de lavar as mãos.

– Está tudo bem, Foreman? – Wilson indagou preocupado. – Parece cansado... E triste. – Observou.

– Estou. – Foreman garantiu. – Só preciso resolver algumas coisas, nada de mais.

Wilson assentiu. Ele secou as mãos e quando passou por Foreman, voltou-se para o homem. O oncologista pousou uma das mãos sobre o ombro de Foreman.

– Se precisar de ajuda – Os olhares dos dois homens se encontraram no espelho do banheiro. – Se precisar de qualquer coisa, não importa o que seja, pode me procurar.

Foreman hesitou, queria responder algo, mas não fazia ideia do que dizer. Ficava imensamente feliz por saber que Wilson se importava com ele; mas machucava-o pensar que eles nunca passariam de simples amigos. Foreman apenas assentiu antes de Wilson sair, deixando-o sozinho no banheiro.

Chase bufou completamente irritado. Ele estava procurando por Foreman há um bom tempo, mas parecia que o colega havia sumido. Já estava quase aceitando a hipótese que ele havia ido embora do hospital sem avisar ninguém.

O que não seria estranho, já que nos últimos dias Foreman havia se mostrado estranho. O comportamento anormal dele estava resultando em muita dor de cabeça para Chase.

Na verdade, Chase percebera que não só Foreman estava se comportando estranhamente, mas sim todos de sua equipe.

House. Cameron. Até mesmo Wilson e Cuddy.

Aquilo não fazia sentido algum para Chase; de uma hora para a outra todos pareciam diferentes e isso não era bom. Nada bom.

Chase entrou na sala de diagnósticos quase sem perceber a presença de Cameron ali. Ela estava encolhida no canto da sala, sentada no chão. O corpo dela tremia, parecia que estava chorando.

– Cameron? – Chase aproximou-se hesitante dela, ajoelhando-se ao seu lado. – O que aconteceu?

A mulher não respondeu, apenas abraçou o colega. Os soluços de Cameron reverberavam pela sala, fazendo-a tremer.

Chase retribuiu o abraço, assustado. Ele acariciou os cabelos de Cameron, tentando em vão acalma-la.

– Ei, me conte o que aconteceu? – Ele pediu.

– Eu estraguei tudo, Chase. – Ela sussurrou entre os soluços. – Tudo.