Cameron abriu os olhos, mas logo tornou a fechá-los.

Ela abriu-os novamente, piscando algumas vezes até se acostumar com a claridade.

Cameron observou por alguns instantes o quarto em que se encontrava, percebendo que não estava em sua casa.

Ela viu seu vestido jogado em um canto do quarto e logo percebeu que estava nua na cama, a jovem puxou o lençol para cobrir-se.

Por um momento ela ficou confusa, mas logo as lembranças da noite anterior, do jantar com House, atingiram-lhe.

– Você está muito bonita! – House exclamou quando Cameron abriu a porta de sua casa. – E é pontual, também.

Cameron sorriu, contente pelo elogio não costumeiro de House.

– Você também está muito bonito. – House sorriu, convencido. – Podemos ir?

House deu um passo para trás, deixando que Cameron passasse a sua frente após ela ter trancado a porta.

Ele sorriu com a visão que tinha da jovem doutora.

– Ouvi dizer que esse é um ótimo restaurante. – Cameron comentou, tentando começar um assunto. House assentiu. – Sabe, eu ainda não entendo uma coisa.

– Isso não é novidade. Mas conte-me, o que você não entende dessa vez?

Cameron revirou os olhos antes de responder:

– Porque você me convidou para jantar? Quero dizer, não que eu não tenha gostado do convite; mas não faz sentido. Você sempre me evitou e agora, do nada, você quer sair comigo? Desculpe, eu realmente não entendo.

House pareceu pensar na resposta por um minuto. Tempo suficiente para que o garçom servisse seus copos com vinho e se retirasse para longe daquela mesa.

– Importa mesmo o motivo? Eu quis sair com você e é isso.

– Ok, não importa realmente. – Cameron suspirou, derrotada. House era um mistério para ela.

A conversa fluía vez ou outra entre House e Cameron, sempre acabando rapidamente.

O jantar não estava sendo incrível, mas também não estava sendo um completo desastre.

Eles conversavam sobre coisas banais, como o trabalho, alguns pacientes cujo caso fora extremamente desgastante para a equipe de House, alguns livros e filmes entraram na conversa, tentando estabelecer alguma conexão entre os dois.

– House? – Cameron chamou-lhe a atenção quando os dois entraram no carro do mesmo.

– Sim?

– Bem – Cameron não sabia realmente o que dizer, havia tomado cinco taças de vinho e o álcool já estava fazendo efeito – Eu não quero ir para casa!

– Quer ir para onde, então? – House ligou o carro e colocou o cinto antes de lançar um olhar curioso para a mulher ao seu lado.

– Quero ir para sua casa! – Cameron exclamou, subitamente animada.

House estremeceu minimamente no banco do motorista.

Os grandes olhos azuis do homem pousaram por alguns segundos sobre a figura embriagada ao seu lado.

– Acho melhor te deixar em casa! – House deu partida no carro e o silêncio mais uma vez tomou conta do ambiente escuro do carro.

Há algumas quadras da casa de Cameron, a jovem doutora protestou novamente:

– Eu disse que quero ir para a sua casa! – Ela olhou-o firmemente. Seus olhos brilhando, mostrando uma excitação travessa.

House sequer disse uma palavra após encarar os olhos de Cameron por alguns segundos, que pareceram intermináveis.

Ele apenas virou o carro na direção oposta a qual estavam indo e acelerou, rumo a sua casa.

As mãos de Cameron puxavam vigorosamente House para si, enquanto o homem tentava não se desequilibrar e fechar a porta ao mesmo tempo.

– Eu esperei tanto tempo por isso. – A voz de Cameron era rouca agora, em função ao desejo crescente que sentia .

Quando conseguiram chegar ao sofá, os beijos se intensificaram, tornaram-se mais vorazes.

As mãos passeavam pelos corpos alheios, as línguas travavam uma batalha na qual não haviam perdedores.

Os dois estavam presos em um mundo repleto de luxúria, onde os únicos habitantes eram eles.

Trim. Trim.

O telefone ao lado do sofá tocou.

Nos primeiros toques, o casal tentou ignorar. Mas o som estridente cortava e acabava completamente com o clima.

House desistiu de esperar que o telefone parasse de tocar.

Ele afastou seus lábios dos de Cameron e quando ela pensou que ele fosse atender o telefone que ainda tocava, ele puxou o fio que o prendia a tomada, fazendo o toque cessar.

Cameron riu antes de tentar juntar novamente seus lábios com os do médico.

Mas House afastou-a, suas mãos apertavam firmemente a cintura da jovem em seu colo.

Cameron pode sentir a primeira pontada do desapontamento e da vergonha.

Ela baixou seu rosto, esperando que ele dissesse que tudo aquilo era um erro e que ela deveria ir embora.

Mas ele não disse isso.

– Acho melhor irmos para o quarto! – A voz de House trazia uma certeza que ela nunca havia visto nem quando ele sabia o resultado de algum exame ou até mesmo um diagnostico.

Era a certeza que ela precisava.

A certeza sobre ela.

Quando House abriu a porta de seu quarto e entrou depois de Cameron, ele deixou do lado de fora daquele cômodo todas as suas incertezas.

E por mais errado que aquilo fosse, seu corpo, sua mente, tudo nele clamava, implorava por ela.

Pela primeira vez em muito tempo, House sentiu medo.

Medo de entender o que isso significava.