Confused.

Cameron respirou fundo, tentando se acalmar.

Ela pousou uma das mãos sobre a maçaneta da porta do quarto.

O quarto de Gregory House, Cameron pensou, sentindo-se zonza por alguns segundos.

Ela abriu a porta apenas alguns centímetros para que pudesse verificar o corredor.

Ele estava vazio.

Cameron abriu o restante da porta e caminhou lentamente, tentando não fazer barulho algum. Seu plano era sair sem encontrar com House, ela simplesmente não sabia o que fazer.

Na sala, que também estava vazia, Cameron encontrou seus sapatos, ela não calçou-os, não queria fazer barulho algum.

Verificou mais uma vez se o cômodo estava vazio e como obteve uma confirmação, encaminhou-se para a porta.

Quando sua mão pousou na maçaneta, um suspiro de alivio ficou preso na garganta ao ouvir uma voz tão conhecida.

– Sabe, não é educado sair sem se despedir! – Ela virou-se lentamente, o olhar fixo no chão.

House estava escorado na parede, seus olhos azuis observavam Cameron cuidadosamente.

– Desculpe, é que... – A jovem não sabia como explicar porque estava indo embora escondida. Ela suspirou pesadamente antes de levantar seu olhar para House.

– É que você se deu conta que dormiu com seu chefe velho, aleijado e viciado em Vicodin e agora está tão arrependida que nem quer falar comigo. – House sorriu amargamente e cruzou os braços sobre o peito.

– Não é isso! – Cameron exclamou – É que, bem... Eu sei que isso foi errado, quero dizer, de algum modo. E eu imaginei que – ela parecia procurar as palavras certas enquanto suas bochechas passavam de rosadas para vermelhas – você não fosse querer que eu estivesse aqui, te atrapalhando.

House continuava com aquela postura impassível e fria.

– É, você tem razão. Aqui você só atrapalha mesmo! – House descruzou os braços, uma das mãos ligeiramente procurou pelo frasco de Vicodin no bolso da calça.

Cameron mordeu o lábio inferior, sentia-se completamente estúpida.

Era obvio que House não a queria ali.

– Não se preocupe, como você viu, eu estou indo embora. – Ela virou-se novamente para a porta.

– Não, você não vai embora agora! – House exclamou irritado. – Eu não acordei cedo e preparei o seu café da manhã para simplesmente você ir embora.

Cameron encarou a porta a sua frente, tentando absorver e compreender corretamente as palavras de House.

Ela virou-se na direção dele novamente, seus olhos estreitos, desconfiados.

– Você preparou o café da manhã? – Cameron indagou confusa – Para mim?

House apenas assentiu, seu rosto estava sereno, sua postura relaxada.

Ele gesticulou com uma das mãos para a cozinha, chamando-a e em seguida, ele dirigiu-se para a mesma.

Cameron observou o lugar que House ocupará segundos atrás por alguns instantes, perguntando-se se deveria ir até lá.

A passos curtos, Cameron se encaminhou até a cozinha.

House estava sentado em uma das duas cadeiras da mesa; ele tinha um jornal em mãos e parecia concentrado em sua leitura.

Cameron sentou na cadeira que estava vazia, ficando em frente á House.

Ele não desviou o olhar para Cameron, apenas continuou a ler uma notícia qualquer.

Ela observou a mesa adornada com vários tipos de alimentos.

– Eu não sabia do que você gostava, então... – House não completou a frase, apenas deu de ombros.

Cameron ainda estava confusa; obviamente ela sabia que Gregory House era um homem completamente imprevisível, mas ali era uma situação diferente.

– Eu não compreendo – Cameron sussurrou, mas sua voz chegou aos ouvidos de House.

– O que você não compreende? – Ele largou sobre a mesa o jornal que tinha em mãos. O olhar de House era de algum modo, desafiador e distante.

– Há menos de cinco minutos você disse que eu só atrapalharia se continuasse aqui e quando eu tento ir embora você simplesmente me faz ficar porque preparou o café da manhã para mim. – Cameron encarou as próprias mãos, que estavam caídas em seu colo. – Isso não faz o mínimo sentido, House.

– E daí? – House sorriu abertamente. – Eu sou um homem educado, apenas isso.

– Apenas isso... – Cameron repetiu as palavras de House.

– Depois que você terminar aqui, pode ir para a sua casa e tudo vai ser como antes.

Cameron observou-o pegar novamente o jornal e recomeçar sua leitura.

Cameron olhou novamente para a mesa, pensando seriamente em levantar-se e ir embora.

Mas ela não conseguia.

Por algum motivo, que ela sabia bem qual era, só não queria admitir, ela não queria ir embora.

– Tudo bem, então! – Cameron respirou fundo e continuou a encarar a mesa. Ela estava estranhamente sem fome.

House desviou seu olhar do jornal novamente para observar Cameron.

– Você não vai comer? – House franziu o cenho.

Quando Cameron abriu a boca para responder a pergunta feita por House, a voz de outra pessoa soa pela cozinha.

– O que está acontecendo aqui? – Wilson revezava seu olhar entre House e Cameron.

– Estamos tomando o café da manhã, Jimmy Boy, não está vendo? – House indagou divertidamente.

– É... – Cameron corou fortemente sob o olhar de Wilson. – Oi, Wilson.

O médico apenas assentiu para ela, ainda confuso com a cena a sua frente.

– House, podemos conversar ali na sala por um minuto? – Wilson gesticulou com a mão por cima do ombro, indicando a sala.

House levantou-se e pegou sua bengala. Ele mancou extremamente devagar, querendo evitar o sermão de Wilson.

– Você dormiu com ela? – A voz de Wilson trazia uma mistura de raiva e surpresa.

– Não foi você que exigiu que eu saísse com ela? – House olhou para o amigo com as sobrancelhas levantadas, a expressão mostrando como aquilo era obvio – Então, porque o drama?

– Eu queria que você jantasse com ela, não que a levasse para a cama. – Wilson baixou seu tom de voz, temendo que Cameron ouvisse sua conversa com House. – Eu até te liguei ontem á noite, mas você sequer atendeu.

– Ah, então foi você que ligou ontem. – House lembrou-se daquele momento. – Ainda bem que nos interrompeu, se você não tivesse ligado naquele momento, teria acontecido no sofá mesmo. – House sorriu para Wilson, que olhava-o atordoado.

– O que você vai fazer agora?

– Nada. Eu cumpri minha parte da aposta e é isso. – House olhou por cima do ombro, em direção á cozinha. Mas de onde ele estava não podia ver Cameron. – O sexo foi apenas um bônus.

– Um bônus? – Wilson disse exasperado. – Como pode dizer isso?

House apenas deu de ombros antes de falar novamente.

– Não se preocupe, Jimmy Boy. Eu tenho tudo sob controle. – House sabia que aquelas palavras eram mentiras, ele estava mais confuso que qualquer pessoa no mundo. – Isso não passou de puro sexo casual.