Terras Distantes

Tomando chá e comendo biscoitos


-ÂNGELA?-Eragon perguntou perplexo, Saphira bufou.

A herbolária revirou os olhos.

-Quem achou que fosse? Shuruikan? - Ela retrucou. O gato pardo correu em sua direção e pulou em seus braços.

-Você... - Eragon começou - Você disse que não viria.

-Pois eu vim - ela apenas disse, e o gato pulou de seus braços. Espere um pouco... gato?

Muito prazer, burro, eu sou Sweel, um menino-gato.

Eragon ficou perplexo e desceu de Saphira. Ele pensou: mas cadê o tamanho? As presas? A consciência é tão normal quanto a de um gato comum...

O menino-gato pareceu ver os pensamentos de Eragon. Você tem alguma coisa contra filhotes? Ele chiou.

Ângela riu.

-Ainda temos muito o que conversar.

-Mas e os elfos?

-Ah - a herbolária revirou os olhos outra vez - eles já sabem que estou aqui.

Eragon ficou emburrado. Quer dizer que os elfos já sabiam e não tinham dito nada?

-Venha, eles atracaram antes da curva do rio. Vão esperar por você.

Saphira deu um rugido fraco e levantou voo. Isso foi o suficiente para Eragon, que se viou e seguiu Ângela.

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Eles caminharam até chegarem a uma cabana...

Saphira bufou e sacudiu a cabeça. Tinha pousado agora mesmo. Você mora aqui?

Ângela assentiu.

-Não foi tão difícil de construir - ela deu de ombros - e o lugar era perfeito! Escondido de tudo e todos, perto do rio, tem luz do sol, animais... Bem, vamos entrando.

Ela abriu a porta larga da entrada e Sweel, o menino-gato entrou.

-Desculpe Saphira - a herbolária disse - mas você não vai conseguir entrar.

Saphira pareceu indiferente quando deitou do lado de fora, fronte a porta.

Eragon entrou, logo seguido de Ângela.

-Sente-se - ela apontou para um dos bancos com pele macia e confortável de ovelha - vou preparar um chá. - e ela foi em direção as bancadas.

O menino-gato fixava Eragon atentamente enquanto este observava os arredores.

Na mesa de centro, havia uma flor roxa. Era como uma rosa, ainda um botão começando a abrir. Parecia tão delicada... Estava em um vaso adornado de herióglifos com água até a metade.

Em um canto, havia uma estante com muitos livros e uma escrivaninha com papéis muito bem organizados e um tinteiro.

No outro canto, haviam duas bancadas e outra estante, cheia dos produtos estranhos que Ângela comercializava e possuia.

Como ela chegou antes de nós? Saphira perguntou na mente dele.

Também gostaria de saber...

-Aqui está o chá -Ângela trouxe uma bandeja prateada com um bule fumegante e duas xícaras, também, um pratinho com biscoitos arredondados de mel.

Ela encheu uma xícara com o líquido acastanhado e ofereceu a Eragon. Ele aceitou e também um biscoito.

Em seguida, a herbolária serviu a si mesma e sentou ao lado de Eragon.

-E então, como vai a viagem? - ela perguntou.

Eragon bebericou o chá que estava realmente quente, mas agradável e lhe contou sobre tudo que já haviam passado. Detalhou no ataque da criatura com a pele que parecia mármore e o pássaro branco com olhos azuis.

A herbolária pensou um pouco.

-Já ouvi falar destas criaturas, não é uma primeira vez...

-Então já esteve aqui antes?-Eragon questionou.

-Ah, sim, muitas vezes - ela respondeu - mas só aqui, não do outro lado. Sabe, depois da curva e da névoa...

Eragon suspirou.

-Mas - Ângela tornou a falar - já ouvi rumores de que estas criaturas estão rumando a Alagaësia. Pode muito bem ser por desventura, mas também ouvi que estão querendo, hum... digamos, se vingar pela morte de Galbatorix...

-E por que faria isso - Eragon interrompeu- se nem o conhecem.

-Eu não terminei - Ângela olhou nos olhos dele - dizem também, que eles são controlados por uma força superior.

-O pássaro branco?

-Pode parar de me interromper?

-Ah, desculpe.

-Bem - ela se endireitou - não, o pássaro branco apenas seria o comandante, espião, coisas desse gênero. Mas ainda há algo que o controla, poderia muito bem ser outro dragão...

Um frio passou pela espinha de Eragon. Outro dragão?

-Mas... comandado por alguém?

-O que ouço são rumores - Ângela continuou - sabe, dessas minhas andanças de um vilarejo a outro e também consultando o destino... Mas, nunca se sabe.

-Se fosse outro dragão, você pensaria o que? - Eragon estava confuso.

-Que ele era fiel a Galbatorix - a herbolária continuou - que ele já foi servo dele...

Eragon franziu o cenho. Quem poderia ser? Dos 13 renegados, nenhum dragão havia expelido o Eldunári... Isto estava tão confuso...

-Poderia também ser selvagem - Ângela disse - não faço ideia, mas minhas leituras raramente falham, você sabe. Olhe para o seu próprio destino.

Saphira bufou lá fora. Ela estava começando a entender mais a situação. Mas, achou melhor mudar o rumo da conversa, passou isso a Eragon, que concordou.

Seguiu-se um silêncio, mas depois Eragon disse:

-Também quero saber de você - ele disse a Ângela.

-Oh, então vamos lá, talvez demore um pouco, mas tempo é o que temos de sobra!

E Ângela começou a contar como decidiu segui-los.