Terras Distantes

Conversas ao amanhecer


ERAGON sentiu um peso sobre seu peito e piscou devagar. Ao abrir os olhos, se assustou com a imagem de Nycra encarando-o. Ela abriu um sorriso bem engraçado, que o cavaleiro retribuiu.

Ele olhou para cima e viu que estava na caverna novamente. Dois elfos estavam vigiando a entrada, outros quatro estavam ao redor de Saphira e os restantes estavam divididos entre os ovos e Eldunári.

Eragon sentou e Nycra pulou para o seu colo.

-Então venha - Eragon a pegou com os braços e colocou no ombro. A pequena pareceu gostar disso, tanto que abriu as asas, como se estivesse voando. Mas como se desequilibrou, fechou-as e ficou sentada.

Ao ficar de pé, Eragon colocou a mão a frente do rosto. O sol parecia recém ter nascido e seus raios muito brilhantes penetravam a caverna, iluminando-a por completo.

O cavaleiro caminhou até seu dragão, que estava cochilando. Sua asa estava curada, mas ainda haviam marcas avermelhadas na cauda e no pescoço, bem próximo do peito. Mas ela parecia bem.

-Obrigado - Eragon murmurou aos elfos. Entre eles estava Blodhgarm, que assentiu de leve, piscando seus olhos amarelos. - Mais uma vez.

Nycra grunhiu em seu ombro e pulou nas costas de Saphira. O dragão de escamas azuis abriu um dos olhos e procurou quem estava sobre si. Ao ver que era o filhote, ela ergueu o pescoço e acariciou a cabeça dele com sua própria, ronronando de leve.

Eragon, Saphira disse, parecendo feliz. Que bom que estamos bem! Mas uma súbita nuvem negra pareceu tomar conta dela, e ao ver as poucas manchas de sangue que ainda estavam em suas escamas, uma pergunta nebulosa se formou em sua mente. E-então matamos um dragão.

O cavaleiro olhou para baixo, e murmurou: sim... Mas é que, mas... Não havia escolha! Ele iria matar você! E como eu poderia viver sem você?!

Shhh, Saphira fez, acalme-se... Sei que você fez o certo, mesmo que não tenha sido o ideal. Já matamos dois, então. E ela parou de falar.

E dizem que matamos dois que nem chegaram a viver, Eragon completou.

Mas isso não é verdade!, Saphira contradisse, vamos provar a quem quer que seja que isso não é verdade!

Como?, Eragon complicou.

Me escute, Saphira grunhiu, estão dizendo coisas muito graves a nosso respeito, sem que tenhamos as feito. Há muita coisa acontecendo por aqui. E se nos mandaram para cá, isso significa que eles confiam na gente! E se queremos novos cavaleiros, que seja feito o que for preciso! Também queremos que estes pequenos selvagens, que ainda nem quebraram as casas, vivam dignamente! E eu não vou tolerar dragões falando que quebrei dois ovos. Eu sou muitas coisas, mas destruidora de vidas que nem podem se defender, eu não sou!

Ela rosnou de leve e Nycra se encolheu de medo. Saphira olhou para ela e deu um pequeno sorriso, fazendo a filhotinha ficar calma novamente.

Está comigo ou não?, Saphira perguntou.

Eragon olhou para ela e, sorrindo, respondeu. Saphira, de todas as coisas que você já me disse... De todas as encrencas em que nos meteu...

Eu nos meti?, ela debochou, hum!

Eragon riu, e continuou: mesmo assim, isso que você disse acabou de me deixar mais contente.

E daí?, Saphira perguntou.

E daí que vamos descobrir tudo o que precisamos, Eragon retrucou, para dar uma vida digna a estes filhotes. Ele olhou para Nycra e os ovos.

Então está comigo?, Saphira perguntou, mesmo sabendo a resposta.

Eragon sorriu: para sempre.