Temporada de Caça: Lobos

Dominando meus instintos chegarei até voce


Desperto espreguiçando-me e sentando, coço os olhos e uma brisa de vento me congela arrepiando meus pelos, não estava tão frio dessa forma. Levanto e sinto o pelo, sob os pés, molhado, deslizo as mãos no corpo e as pernas, o quadril e as partes íntimas estavam ensopados. Olho para baixo e Wanda está deitada em uma poça de suor e fluídos, o corpo brilhando pela luz da lua que ilumina pelas frestas da caverna. Ergo a sobrancelha compreendendo, vou até às crianças para vê-los e todos estavam deitados, alguns dormiam em forma de lobo e outros em humano, sorrio paternal. Tommy balança a patinha rapidamente e Billy chupa o rabo do irmão, sonhando ser o seio da mãe, escuto atentamente a natureza. No inverno, as manhãs e as noites, são mais silenciosas, transformo e no chão, lambo a pelagem branca dourada para secar a umidade.

Escuto um arrastar no lado esquerdo e um suspiro, depois um exclamar.

— Estou todo molhado! — Levanta e passa a mão sobre sua nudez, tirando-a brilhosa. Coça a cabeça e observa ao redor, realiza o mesmo movimento que eu, tem a mesma resolução e após, caminha até o centro.

— Visão, a Wanda está bem?— Inquere apressado, a preocupação no tom de voz.

—Isso é perfeitamente normal, Stephen. — Em humano, apazíguo-o.— São indícios do cio, isso são resultados da estimulação hormonal que o corpo dela está sofrendo. Além dos fluidos e suor, também apresentará inchaços, sangramentos, dores pelo corpo, cansaço, irritação, inquietação, falta de apetite, demonstrará comportamento de nidificação, e os feromônios irão ficar praticamente insuportáveis daqui até uma semana.

Explico a situação que ela está passando, enfatizando a confusão hormonal e reacionária. O alfa assente suavizando a expressão.

— Devo ter a encontrado no final da primeira semana, pois não tinha esses comportamentos e nem os sintomas. Ela apenas se manteve firme contra os outros lobos, pois não tinha um alfa dentre eles, caso contrário, não teria alcançado-na a tempo. — Explica sua ocorrência. Olha em direção aos filhotes. — E os filhotes?

Passo a mão nos fios claros.

— Nunca uma loba teve um cio com os filhotes pequenos. Vamos ter que cuidar deles. — Constato o óbvio. Olha dela para os filhotes, dos filhotes para ela.

— Boa sorte! — O lobo preto trota para fora.

E sua ausência leva meu sossego, os filhotes bocejam despertando, brincam entre si, se mordendo e lambendo, soltando gritos e latidos estridentes. Separo as pelagens retiradas das presas para usar, notando a movimentação se aproximam jogando-se e rolando nelas, alguns correm em direção a luz da caverna e rapidamente ergo no colo, impedindo-os.

Jogo algumas peças no chão para que brincassem, confiro o cobertor deles e coloco outro por precaução, brinco com eles correndo pela caverna, as mordidas infantis fazem cócegas na pele. Viro a orelha captando o remexer do corpo feminino, me movo e a mulher, inquieta, revira o corpo, ora esfregando as pernas, ora as abrindo, estica as mãos, agarrando o vento, enruga a testa e desperta.

Um brilho vermelho banha seu corpo, além do fluindo entre as pernas, olha para a poça de água, se metamorfoseia na loba e se chacoalha, estresse e água sendo expulsos; escutando o movimento maternal, os filhotes debandam até ela, se atropelando em lamber, morder ou grunhir sentados no chão. Os beiços se erguem e latindo fervorosamente afasta a ninhada, assustados ganem, deitando-se juntos. Senta ao normal, abraça a região do ventre e geme rolando no chão.

— Wanda, querida… — Sua mão voa em minha direção, ultrapassando meu corpo, que reage no impulso. Rosna, os caninos brilhando ameaçador. — Vou deixar as peles ali para preparar o ninho. Descanse bem!

O predador traz a carne até a beirada da caverna, escuto ganidos, latidos e choramingo, o alfa ferindo impiedosamente quaisquer que se aproximassem dali.

— Stephen, cuide da Wanda para mim, vou buscar algumas ervas medicinais e frutinhas. — Abaixa os ombros com uma ruga crescendo na testa. — Vai ficar tudo bem, os primeiros dias são tranquilos.

Saio da caverna, correndo na mata, respirando o ar puro e acalmando o turbilhão de sentimentos e desejos sexuais, procuro as ervas cuidadosamente farejando o chão, e permanecendo atento, paro detectando um odor, ergo o focinho. Um macho beta branco rosnando e eriçando os pelos me contorna, suas intenções eram claras sem necessitar de aproximação de narizes, respondo continuando o caminho. Late buscando atrair a atenção e ignorado, despacha contra mim, me torno intangível e se tromba contra a árvore, suas investidas incessantes são falhas e irritantes, em sua próxima mordida, adenso a pelagem branca e os dentes não fecham na carne. Giro rosnando, imprensando-o, sem escapatória, se arrasta até a árvore, deita submisso de peito para cima, o encaro brilhando alaranjado, a fumaça branca cobre o ar no que foge de rabo entre as pernas.

Trago as ervas, o lobo preto está deitado rodeado dos filhos e sendo vigiado pelos dentes da loba, cada centímetro de pelo ultrapassando a distância, era um golpe em cheio. Se afasta indo para fora e solta um uivo antes de partir. Wanda tinha trocado os pelegos novos para a nidificação, enrolada neles mordia o pelo de rena impiedosamente, suspiro e sento com ela, que se esperneia tentando morder, arranhar, socar e chutar; imobilizo-a no colo e lhe dou as ervas para mastigar, com muita relutância engole. Passo a pasta das folhas na região do ventre e nas coxas, tenta se lamber para tirar a erva e a impeço, deita rosnando. Dorme o dia todo.

Sinto uma respiração contra meu rosto, respingos de saliva e enrugando o nariz, acordo, dou um pulo para o outro lado da caverna, o vulto vermelho me encara mortalmente. Os caninos rubros pingando sangue, os pelos eriçados e os olhos injetados, abaixo a cabeça demonstrando submissão, pensando no que fazer. Esqueci de contar para Stephen uma coisa crucial sobre o cio: ela fará de tudo para fugir.

Wanda investe varando os dentes contra a pele endurecida, a força de seu corpo prende-me contra a parede e começo a rosnar alto erguendo os beiços me virando contra ela, as bocas se encaixam na mordida, prendo-a nos dentes e jogo o corpo derrubando-a e imobilizando. Os lobinhos chegam perto animados acreditando ser uma brincadeira, me desconcentro por um segundo e ela me joga no chão, noto a carcaça da presa que o alfa trouxe de manhã.

Fica de pé e prestes a correr, o filhote vermelho alegre dá um pulo na mãe querendo brincar, a loba gira o pescoço num instante, rosnando, prendendo-o no chão e mordendo-lhe a orelha. O choro estridente de Bernard ecoa na toca e o ergo na boca, lambendo-lhe, fora só um susto, embora os dentes dela raspasse a pele do canino. Devolvo ele no chão e me lanço velozmente para fora, o suficiente para puxá-la pelo rabo e lhe tomar a frente, prestes a deixar a toca.

Rosno alaranjado, forçando-a a recuar, utilizando o tamanho para intimidá-la, Wanda para, senta-se e me encara, um clarão rubro aparece em seus olhos e foca profundamente em mim, ando até ela devagar, os beiços se arreganham de acordo com minha presença e lambo-na.

— Wanda, você sabe que não funciona comigo! - Ergo a loba. - Vamos para o seu ninho.

Sento soltando-a. A loba gira no ninho farejando, para, endireita a orelha e ergue o rosto, deixando o focinho reto. Uiva. Várias vezes.

— Não, não, não! - Prendo-a deitando e acaricio suas costas para que se transforme.

Uma horda de som de patas crescem em minha audição, como trovoadas e o lobo preto salta para dentro da caverna, sua imagem verde fosforescente rosna e morde os outros invasores, salto em apoio no tempo de capturar o pescoço do macho que ultrapassou a barreira negra esverdeada, com o pescoço em tiras foge debandado. Sento e uivo, uivo grave utilizando a vocalização de alfa, os lobos se acalmam, Wanda uiva tentando sobressair, mas não consegue, os outros retornam.

— O que foi isso? — Coça a cabeça desnorteado abrindo os braços, o peito manchado demonstra que estava caçando. Retorna para recuperar a caça. A loba adormece. Passo o resto da noite com os filhotes, saudosos da mãe.

Me sinto novamente frio das patas a cabeça e sou tocado insistentemente por algo úmido, várias vezes, mesmo sonolento me desperto, a fera canina me lambia inteiramente. Me transformo e observo que a cama estava toda molhada novamente e entendo que Wanda estava nos últimos dias de seu proestro, por estar o período todo com ela estava anestesiado com os feromônios, respiro e inspiro, meu cérebro recebe uma explosão de dopamina e responde acelerando a respiração, ainda não era hora e precisava me acalmar. Os lambeijos param e notando que acordei, se transforma, Wanda parece furiosa por alguns instantes, mas de repente se aproxima como se desmanchando, os cabelos ruivos úmidos cobrem o rosto, quase me impedindo de ver as bochechas coradas e as pintas realçadas, seus seios inchados despontam como um botão primaveril, o corpo brilhante de suor e, tateio suas pernas, abre-as por reflexo, a intensa lubrificação gruda meus dedos, geme com o toque leve. Deita em mim, enfiando a cabeça abaixo do queixo, se tivesse a cauda estaria abanando desesperada, os dedos finos tocam a pele, afagando o cabelo loiro e o rosto, cada movimento aumenta a intensidade do aroma e sou envolvido por uma letargia que me faz sufocar e arder meu baixo ventre, sento tossindo e levanto. Precisava dar um jeito naquilo.

Cruzo as pernas prendendo a respiração, mordo os lábios profundamente, ação que leva um arrepio por minha dorsal, por sentir a língua feminina chupando-lhe o sangue. Wanda senta se empertigando e movendo os quadris contra minha perna, sentindo seu sexo molhado ensopar-me, para destruir minha procura de concentração e liberação de tensão e tesão, ainda recebo inúmeras mordidas infantis por todo corpo. Respiro fundo.

O lobo preto também sentiu a mudança na intensidade dos feromônios, começou a aparecer na toca a intervalos menores, lamber os filhotes, se esfregar nas paredes liberando as marcações de cheiro e ganir meios rosnados, Wanda retribuía esse comportamento, esfregando ainda mais suas glândulas de cheiro em mim. Trago os pedaços de carne para ela lhe dando de comer, a cada engolida sorri com sangue nos lábios, parecendo parcialmente maníaca e fofa, sugando meus dedos e me obrigando a morder a bochecha para não gemer. Gano sensível pela tortura olfativa.

Eu tenho corrido pela selva

Eu tenho chorado com os lobos

Para chegar a você, chegar até você