Te Odeio Por Te Amar

Capítulo 53 - "Há tempo para tudo!"


#Carlos Daniel narrando #

Paulina estava agindo de um jeito distante comigo, mas não podia culpá-la por agir assim afinal, como ela poderia se sentir segura ao meu lado depois do ocorrido com Victória?

Com a saída de Daniela, a fisioterapeuta, eu mais uma vez tentei me desculpar pelo ocorrido lhe prometendo que Victória nunca mais voltaria a se aproximar da gente e que eu já tinha pedido a Rodrigo que a demitisse.

Paulina apenas deu de ombros. O que mais tinha de fazer para que deixássemos o ocorrido no passado? Me perguntava enquanto a observava em silencio. Céus, como sinto saudades dela.

– Será que podemos não falar mais sobre esse assunto, por favor? - Paulina me pediu quebrando o silencio entre a gente.

– Eu sinto muito...- Eu disse negando com um aceno de cabeça enquanto mantinha o contato visual me negando a me sentir culpado por essa situação. – ...Mas não vamos deixar de falar sobre isso enquanto não tivermos colocado um ponto final nesse assunto! - Completei seriamente esperançoso de que finalmente pudéssemos encerrar o tema com um desfecho melhor do que o que tivemos até agora.

– Não há mais o que dizer! - Paulina disse me olhando enquanto se mantinha a uma certa distancia de mim cruzando os braços.

– Como não? - Perguntei exasperado. – Se você continuar assim...- Disse apontando em sua direção. – ...distante de mim, me olhando como se não conhecesse o homem que agora sou tornei por você...

– Por favor, Carlos Daniel! - Ela pediu se movendo inquieta. – Mas é que ver aquela mulher aqui tentando te beijar... Eu logo imagino ela e você... - Dizia com um semblante confuso enquanto evitava me olhar nos olhos. – Quantas vezes transaram nessa cama? - Perguntou me olhando.

Vi em seus olhos um brilho de lágrimas e, mesmo não podendo, me forcei a levantar quando rapidamente Paulina correu para meu lado preocupada, mesmo com isso nos distanciando ela não deixava de cuidar de mim. Quando consegui ficar de pé a impedi que se afastasse de mim novamente.

– O que houve entre mim e Victoria, acabou! - Disse rapidamente sentindo um desgosto me dominar. – Nunca houve amor, Paulina! - Expliquei fazendo com que me olhasse nos olhos. – Eu só descobri realmente o que é amor quando te conheci, quando estive em seus braços, que é onde quero estar agora, onde quero estar para sempre! - Disse a puxando para mais perto.

Senti sua mão em meu peito me impedindo de aproximá-la, sentia sua resistência, mas a quebraria. Não deixaria que se afastasse de mim novamente, e mesmo com sua resistência a puxei para mais perto deixando que nossos corpos se tocassem trocando calor, fiz com que nossos rostos se aproximassem e seu perfume me deixou inebriado. Como sentia falta de tê-la em meus braços...

– Por favor, Carlos Daniel! - Paulina pediu em um sussurro. – Eu não quero! - Disse mais uma vez tentando se afastar.

– Não é o que seu corpo está dizendo! - Disse a ela enquanto cheirava seu pescoço me inebriando com seu perfume.

– Carlos Daniel! - Protestou mais uma vez, então calei seu protesto tomando seus lábios nos meus e senti seu corpo amolecer diante do meu toque, rendendo-se ao desejo que nos incendiava.

Paulina lutou bravamente tentando não corresponder ao meu beijo, a provoquei deixando que minha língua percorresse por seus lábios os desenhando. Me afastei para olhá-la, Paulina tinha os olhos fechados e sorri vendo sua luta, me aproximei novamente beijando-lhe o pescoço fazendo sua pele arrepiar-se onde meus lábios tocavam e a vi engoli em seco quando deixei que minha mão percorresse curiosa em busca de sentir sua pele macia e quente nas pontas de meus dedos.

Busquei seu olhar e ela estava me observando, suas pupilas dilatadas tomadas por um desejo contido me fitavam intensamente, sorri aos vê-la me olhando, observei seu empenho para não demonstrar o quanto queria estar ali em meus braços.

– Não, é melhor a gente parar! - Ela me disse desviando seus olhos dos meus, tentando de alguma forma esconder a resposta que seu corpo dava as minhas carícias.

– Não quero parar, meu amor! - Sussurrei em seu ouvido em tom divertido enquanto quebrava suas barreiras beijando-lhe agora de leve no pescoço, fazendo uma trilha de fogo até alcançar seus lábios.

A beijei de novo com paixão, desejo, e sua resposta veio inicialmente tímida, contida e aos poucos tornou-se tão intensa quanto eu.

Ter minha Paulina de volta tornou tudo tão nosso, sem Victória ou qualquer que fosse o motivo que poderia nos separar. Devagar caminhei com Paulina até que estivéssemos deitados em minha cama. Minhas costelas reclamavam com meus movimentos, mas as ignorei, desde que acordei naquele Hospital estive desejando estar assim com Paulina e não eram as costelas fraturadas que me impediriam de fazê-la minha mais uma vez.

– Eu te amo! - Disse com a voz rouca ao encerrarmos o beijo. – Nunca mais duvide do meu amor, Paulina, ouviu bem? Eu amo você! - Completei a olhando nos olhos.

E sorrido me aproximei novamente a cobrindo com meu corpo...

– Se você continuar, vou odiá-lo! - Ela disse com a voz carregada de desejo e, ao processar o sentido de sua frase, me senti tenso e me afastei para olhar em seus olhos. – O médico disse que você precisa ficar de repouso, e acho que esse tipo de atividade está suspensa até segunda ordem! – Explicou, e à medida que dizia o sorriso crescia em seus lábios amenizando o peso de suas palavras inicialmente.

Senti meus ombros relaxarem imediatamente e sorri...

– Porque você tem que ser sempre tão racional? - Perguntei sorrindo enquanto ajeitava sua franja.

– Porque alguém aqui tem que ser! - Ela respondeu tocando a ponta de meu nariz. – Agora me deixe levantar! - Pediu esperando que eu me afastasse.

– Não sei se dá, já estou excitado demais para deixá-la ir agora! - Disse colando meu corpo ao dela fazendo-a sentir o tamanho do meu desejo.

Vi seu rosto ruborizar-se, e em seguida Paulina caiu numa gargalhada...

– Eu sinto meu amor, mas não podemos! - Ela disse rindo. - Logo passa! - Brincou gargalhando.

– Isso não tem graça nenhuma, Paulina! - Eu disse a ela com uma seriedade fingida e me afastei.

A dor ao me mover foi tanta que levei alguns minutos para conseguir falar novamente, Paulina ficou ao meu lado acariciando meus cabelos, me olhando cheia de preocupação.

– Estamos bem? – Perguntei-lhe suspirando quando pude falar novamente.

Paulina permaneceu em silencio por alguns instantes, me olhando pensativa. Esperei por sua resposta com expectativa.

– Nunca estivemos mal! - Ela disse acariciando meu rosto. – Só estava um pouco chateada, não suporto imaginar outras mulheres na sua cama! - Disse fazendo uma careta de desgosto.

A puxei para junto de mim e beijei a sua testa, não poderia argumentar quanto a isso, mas não permitirei que Victória e nem outra qualquer volte a interferir em nossa felicidade.

Ficamos deitados abraçados, apreciando a presença um do outro.

– Você está sendo muito má comigo, meu amor! - Eu disse quebrando o silêncio. – Não sabe o quanto dói te desejar tanto e não poder tê-la! - Expliquei falando sério enquanto o dorso de minha mão por seu rosto a olhando com atenção.

– Culpe o médico! - Ela disse rindo. – Não fui eu quem te receitou repouso! - Rebateu divertida.

– Mas os pacientes sempre estão descumprindo as ordens médicas! - Disse esperançoso enquanto a fitava.

Paulina pareceu pensativa por um instante e aproveitei para admirá-la, poderia passar o resto de minha vida assim e seria o homem mais feliz do mundo.

Seus cabelos castanhos um pouco bagunçados e sua franja de lado a deixavam ainda mais sexy, e observei com muita atenção seus lábios levemente inchados curvados em um pequeno sorriso, e senti sede.

– Mas o médico não me proibiu de beijar você! - Argumentei sem desviar meu olhar de seus lábios.

– Não! - Ela disse sorrindo. – Mas devemos evitar que você perca o controle novamente!

Eu sorri, apesar de me sentir frustrado. Paulina estava com razão, não devíamos avançar o sinal, não se eu quisesse melhorar logo.

– Sabe meu amor, apesar de eu estar todo dolorido, pelo menos há uma coisa boa nisso tudo depois da surra que eu levei! - Eu disse sorrindo enquanto a olhava.

– O quê?- Ela me perguntou séria estreitando os olhos.

– Você não estaria aqui comigo agora se eu não tivesse quebrado! - Expliquei sorrindo. – E eu acho que gosto de tê-la comigo. Aqui... - Disse fazendo uma pausa enquanto a olhava intensamente. – ...em minha cama!

E ela sorriu tímida...

– É uma grande pena não estarmos do jeito que sempre imaginei que estaríamos quando estivéssemos aqui! - Expliquei divertido quando a vi parar de rir e engolir em seco me olhando seriamente. – Mas creio que não faltarão oportunidades! - Completei.

– Carlos Daniel... - Dizia, mas a interrompi rapidamente.

– Eu sei meu amor... Ordens médicas! - Completei divertido. – Mas só porque não podemos fazer amor não significa que não posso deixar que saiba o quanto já sinto saudades! - Disse a olhando do jeito mais inocente possível, apesar de minhas palavras e minhas vontades estarem longe de serem inocentes.

Paulina me olhou em silencio por alguns segundos e, por um momento achei que pudesse tê-la chateado, mas quando a vi se aproximar mais senti meu coração dar um salto.

– Apenas um beijo e você vai se comportar! - Ela disse a centímetros de nossos lábios se tocarem.

– Uhumm... Eu vou! - Assenti encurtando a pouca distancia e colando nossos lábios.

Paulina gemeu quando aprofundei o beijo. Céus, como ela poderia querer que eu me comportasse se ela estava me dando todo o incentivo que precisava para não me comportar? Me perguntava enquanto invadia sua boca aprofundando o beijo.

Só nos separamos quando o ar era necessário, e ver o brilho em seus olhos não me ajudou muito no meu autocontrole.

– Agora você vai se comportar porque eu vou tomar um banho e me trocar para jantarmos! - Ela disse enquanto se afastava e beijou a minha bochecha.

– No estado em que você me deixou acho que um banho seria muito bom também! - Disse a olhando esperançoso enquanto um sorriso cafajeste brincava em meus lábios.

– Nem pensar... Vicê prometeu que iria se comportar depois do beijo! - Advertiu me olhando seriamente.

– E vou! Eu prometo que vou me comportar, vai ser apenas um banho, meu amor! - Disse a olhando com jeito inocente.

– Com você nunca é somente um banho, Carlos Daniel! - Paulina me disse enquanto seguia até o banheiro sorrindo.

Fiquei ali sorrindo feito um bobo enquanto olhava a porta do banheiro aberta, e logo o barulho da água encheu meus ouvidos aguçando meus sentidos e tive de me controlar para não imaginar Paulina no banho.

Me concentrei em pensar em qualquer coisa que não fosse em fazer amor com Paulina no chuveiro, e pensar em todos os acontecimentos do dia deixou minha mente ocupada o suficiente.

Finalmente Paulina saiu do banho!

A observei admirado enquanto ela passeava pelo quarto após sair do banho, ela é tão linda, estava com seus cabelos presos em forma de coque e sua franja penteada para o lado, sentou-se frente ao espelho e passava uns cremes no rosto, como se já não bastasse toda a excitação que eu sentia, quando a vi colocando creme em suas mãos e espalhando por suas lindas pernas retas e me olhou pelo reflexo do espelho com seu olhar angelical e esboçou seu sorriso encantador me senti desvanecer, estava ainda mais provocante usando uma camisola de seda cor pérola com alças finas e seus lindos joelhos à mostra, e foi com frustração que a assisti vestir um robe de mesma cor por cima cobrindo-a inteira, tirando de mim a visão mais provocante que pude ter dela.

– Vou ver se o seu jantar está pronto! – Disse com um sorriso nos lábios.

Mais uma vez me encontrava sozinho e excitado, enquanto Paulina ia providenciar o jantar me obriguei a levantar da cama e tomar um banho rápido, sabia que Paulina iria brigar comigo novamente por eu ter me levantado, mas dessa vez poderia colocar a culpa inteirinha nela.

– Carlos Daniel! - Paulina disse alarmada me ver saindo do banheiro. – Porque se levantou? - Perguntou enquanto colocava nosso jantar sobre uma mesa e corria para me ajudar a chegar até a cama.

– Culpa inteiramente sua! - Respondi achando graça.

– Minha? – Franziu o cenho.

– Não se faça de desentendida, senhorita Martins! - Disse em tom divertido enquanto percorria meu olhar por seu corpo de forma intensa.

Quando a olhei nos olhos vi seu rosto ganhar um tom avermelhado e o sorriso não me passou despercebido mesmo que ela tenha tentado encobri-lo.

Paulina rapidamente buscou a bandeja com o meu jantar e sentou-se em minha frente abrindo a bandeja sobre minhas pernas, olhei para aquela sopa fazendo uma careta.

– Não olhe assim, Matilde fez com muito carinho e você irá comer até a ultima colherada! - Ela me olhou séria enquanto enchia uma colher, soprou o liquido fumegante e em seguida aproximou a colher da minha boca.

Sorri com essa cena, era algo inédito para mim e também inusitado porque Paulina está me dando comida na boca e nem assim conseguia perder a sensualidade.

Me perdia em seus lábios todas as vezes que esfriava a sopa antes de levá-la até mim. Comi tudo e acho que Matilde nunca fez uma sopa tão saborosa.

Meu Deus, se o médico não me liberar logo dessas restrições acho que enlouqueço em poucas semanas.

* Paulina narrando *

– Você não vai comer nada? – Carlos Daniel me perguntou quando levantei para trocar o prato vazio por outro com geléia, torrada e iogurte.

– Não estou com fome, passei em casa antes de vim para cá e Adelina insistiu que eu comesse lá. – Sorri e sentei novamente perto dele.

– Devia experimentar um pouco da sopa, está ótima!

– Agora eu não consigo comer mais nada, mas da próxima vez, te acompanho. – Eu disse sorrindo enquanto passava geléia na torrada e coloquei em sua boca.

Ao mesmo tempo em que mastigava, Carlos Daniel me olhava pensativo e esboçava um sorriso pequeno nos lábios.

– O que foi? No que pensa? – Perguntei curiosa.

– Que você será uma mãe incrível! – Ele disse me olhando intensamente, senti meu rosto queimar no exato momento e sorri para ele, não esperava que ele me dissesse algo do tipo.

– Ah, você diz cada coisa, Carlos Daniel... - Sorri sem graça.

– É sério, meu amor... E enquanto te olhava, não pude deixar de imaginar você com uma princesinha nos braços dando de mamá. – Ele disse risonho e eu quase perdi as minhas estruturas diante de suas palavras, mas me contive. – Imagino a mãe prestativa, carinhosa, dedicada que você será. – Ele continuou agora tocando a minha bochecha que, com certeza, estava corada. - Ah, e bem mandona também. – Rimos juntos do jeito que ele falou.

– E você? – Perguntei com cuidado, analisando-o, aproveitando a oportunidade que tive de saber mais sobre ele.

– O que tem eu? – Ele perguntou distraído enquanto tomava uma colherada de seu iogurte.

– Você quer ter filhos, Carlos Daniel? – Perguntei curiosa, olhando-o com uma expectativa que me dominou.

– Sempre quis mais que tudo! – Ele foi objetivo e me olhou nos olhos, fiquei surpresa com sua resposta imediata, mas me senti aliviada ao ouvir isso de sua própria boca. – Mas nunca tive essa alegria. – Ele disse logo ficando pensativo.

– Bom, há tempo para tudo! – Eu lhe disse sorrindo e ele me olhou rapidamente.

– Sim, isso é, mas sempre sonhei ser pai, e se a mãe de meus filhos for você eu serei o homem mais feliz do planeta. – Ele disse segurando minha mão trêmula pela sua declaração, a acariciou e beijou. Senti meu coração dar um pulo diante de suas palavras, nunca falamos sobre isso e eu realmente me senti muito surpresa.

– Acho que... é um pouco cedo para falarmos sobre isso. – Eu disse sem saber exatamente o que dizer naquele momento.

– Pode ser, mas já começamos a praticar e, se depender de mim, podemos praticar muito mais para que isso aconteça. – Ele disse com um sorriso malicioso.

– Carlos Daniel! – Eu disse sorrindo de sua brincadeira. – Será que você não pensa em outra coisa além de...

– Não quando tenho uma mulher tão gostosa e sensual me provocando o tempo inteiro. – Ele me interrompeu acariciando o meu braço por baixo da manga de meu robe.

– Quer dizer que sou eu quem te provoco...? – Perguntei fingindo incredulidade.

– Claro que sim, eu aqui tão carente, tão necessitado e você cada dia mais sexy, é muito para um pobre homem que mal consegue levantar da cama sozinho.

– E você acha que para mim está sendo fácil ser seduzida o tempo todo por você? – Perguntei fazendo careta para ele, ele sorriu alto.

– Ah, então acho que estamos empatados, acho que devemos acabar de uma vez com isso.

– E como acabaremos com tudo isso? – Perguntei esperando por uma resposta que eu já imaginava, ele fez sinal para que eu retirasse a bandeja entre nós e eu retirei de seu alcance e coloquei sobre um carrinho do lado de fora do quarto.

– Vem cá... - Ele estendeu uma de suas mãos para que eu sentasse novamente perto dele.

– Ei, não deve se movimentar tanto. – Eu o adverti quando ele se moveu para encostar-se nos travesseiros.

– Não se preocupe, não me incomoda tanto como antes. – Ele disse me olhando fixo e tocou o meu ombro, desceu a manga de meu robe e acariciou a extensão de meu braço deixando um rastro de arrepio por onde seu toque passou.

– E você diz que eu que te provoco, hm!? – Eu disse com um fio de voz.

– Sabe, eu disse muito sério quanto ao bebê. – Senti um arrepio passar por todo o meu corpo quando ele sussurrou em meu ouvido. – Quero ter uma família com você, nada me faria mais feliz.

– Eu não... – Ia dizendo quando ele desatou o nó de meu robe e tocou meu ventre fazendo um desenho qualquer com seu leve acariciar.

– Casa comigo, Paulina! – Quase desfaleci com suas palavras, agora sim eu não conseguia raciocinar direito, as coisas estavam turvas em minha cabeça. Será que ele disse mesmo o que eu acabara de ouvir?

– O-o quê? – O olhei ainda tentando colocar as minhas idéias em ordem.

– Quero que seja minha esposa, quero que seja dona desta casa e mãe de meus filhos. – Ele disse de uma vez ainda tocando meu ventre, me senti completamente desconcertada diante te tais palavras.

– Carlos Daniel, você não sabe o que está falando, você...

– Estou seguro do que digo, não duvide das coisas que lhe digo, digo com toda sinceridade. Quero que seja minha esposa. – Continuou firme, me deixando sem palavras.

– Carlos Daniel, não apressemos as coisas. Temos que nos conhecer melhor, temos que conviver mais, casamento não é tão simples assim como você pode pensar. – Expliquei segurando suas mãos.

– Eu sei, minha vida. – Ele assentiu, mesmo parecendo decepcionado. – Tem razão, mas faço questão de sempre te lembrar sobre isso.

– Tenha paciência e veremos como tudo acontecerá. – Acariciei seus cabelos o admirando, ele é tão lindo e me deixava louca quando me olhava assim tão terno.

Não me contive mais quando minha boca secou pela necessidade que eu senti de beijá-lo e me aproximei de seus lábios enquanto acariciava seus cabelos, ele segurou delicadamente meu pescoço e mordiscou meu lábio inferior, eu segurei seu rosto e aprofundei o beijo que começou tranqüilo, quando sua língua foi de encontro a minha, senti desvanecer com o sabor de seu beijo que invadiu os meus sentidos e quando ele abandonou os meus lábios e mordiscou minha mandíbula, desceu para o meu pescoço roçando seus lábios e sua barba por fazer em minha pele que se eriçou, quase perdi as estruturas, mas não podíamos ir muito além, sempre estávamos quebrando as regras e ele não podia nem pensar em fazer algum movimento brusco que pudesse comprometê-lo, e eu não o deixaria.

– Está na hora de seu remedinho! – Eu disse em tom brincalhão quando terminamos o beijo e ele abriu os olhos devagar e me olhou desanimado.

– Ai não! Não quero parar de beijar... Pra quê melhor remédio que este? – Disse fechando novamente os olhos e fez um biquinho, aquela cena me fez cair na gargalhada.

– Não senhor, falo de remédio de verdade! – Eu disse quando ele abriu os olhos e sorriu.

Busquei água e seus comprimidos para que ele os tomasse e quando me assegurei de que estava tudo em ordem, o ajudei a ajeitar-se na posição correta para dormir, que era de bruços, o cobri e deitei ao seu lado.

– Sabe, a posição não fica tão incômoda quando posso te observar assim... – Ele disse me olhando e o sorriso em seus lábios.

– Tonto! – Sorri e me aproximei para beijá-lo. – Descansa, meu amor. – Disse quando o vi fechando os olhos dominado pelo sono e tratei de descansar também.

...

# Carlos Daniel narrando #

Manhã seguinte

Acordei bem cedo, apesar dos efeitos sedativos dos remédios que tomava as dores tinham sumido por hora, graças aos remédios. O dia lá fora sequer tinha amanhecido e Paulina ainda dormia ao meu lado.

A observei com cuidado e ela estava ainda mais linda e provocante, engoli em seco com a vontade que tive em provar de seus lábios novamente, não queria acordá-la, afinal, logo ela teria de levantar para ir trabalhar.

Não sei por quanto tempo me contive apenas na atividade de observá-la dormir, mas acabei vencido e me aproximei lhe dando um leve beijo nos lábios. Paulina apenas se moveu, mas não acordou.

Mais uma vez me aproximei, dessa vez beijando seus cabelos, rosto e pescoço, mas ela permaneceu imóvel. Nunca pensei que a senhorita Martins tinha o sono tão pesado assim.

– Meu amor, acorda! - Pedi a chamando enquanto acariciava seu rosto.

– Carlos Daniel! - Ela disse abrindo os olhos confusa. – Você está sentindo alguma dor? - Ela me perguntou me olhando com preocupação enquanto sentava-se.

– Não! - Disse sorrindo para sua preocupação. – O que estou sentindo é muito diferente de dor! - Explique lançando-lhe um olhar intenso.

– O que você está sentindo, Carlos Daniel? - Paulina me perguntou enquanto esfregava os olhos espantando o sono.

– Uma vontade louca de te amar! - Disse sorrindo enquanto percorria meus olhos por seu corpo e me aproximava beijando-lhe os lábios de forma leve e rápida.

– Mas... Meu amor... Não são nem 6h da manha ainda! - Exclamou surpresa.

– Mesmo assim! - Rebati sorrindo. – Ontem a noite você me deixou maluco e estou te desejando ainda desde ontem! - Justifiquei.

– Sabe que não podemos! - Argumentou racionalmente.

Mesmo assim ignorei suas advertências e me aproximei capturando seus lábios, e um gemido escapou de sua garganta contradizendo suas palavras.

Nossas bocas se moviam lentamente, a puxei para mim a fazendo sentar-se em meu colo com uma perna de cada lado e colei nossos corpos separados pelas finas camadas de roupas que ainda vestíamos.

Com a posição, a camisola de Paulina subiu deixando ao meu alcance suas pernas e bumbum para serem explorados. Senti o corpo de Paulina se mover em minha direção insinuante e aprofundei o beijo invadindo sua boca com minha língua, arrancando mais um gemido repleto de prazer de Paulina que entrelaçou os braços em volta do meu pescoço acariciando minha nuca que a camisa deixava a sua disposição.

Só nos separamos quando o ar era necessário e ambos já estávamos entregues ao desejo, com cuidado Paulina me ajudou para que tirasse a camisa e percorreu meu peito com seus dedos acariciando ali, me deixando ainda mais desejoso de acabar com toda e qualquer barreira que ainda existia entre nós.

– Carlos Daniel! - Ouvi Paulina exclamar quando percorri minhas mãos por suas coxas e apertei seu bumbum. – Por favor, não torne as coisas mais difíceis do que já são! - Pediu quase em um sussurro enquanto mordiscava meu pescoço.

Como Paulina poderia querer que eu parasse se estava acordando cada centímetro do meu corpo com suas carícias e gemidos? Já estava ficando maluco.

– Podemos, minha vida! - Respondi quase implorando, envolto ao desejo que a cada a instante se tornava maior e mais avassalador.

Pude sentir sua luta por controle, e mesmo não demonstrando muita vontade, Paulina se afastou apenas o suficiente para me olhar nos olhos. Seus olhos verdes eram uma imensidão cheia de desejo e mesmo assim, Paulina piscou varias vezes tentando afastar aquele desejo que nos consumia feito o fogo consome um papel.

– Temos que esperar que o médico te libere! - Ela disse com a respiração agitada.

– E se eu enlouquecer antes disso? - Perguntei não querendo desistir de minha posição.

– Você não vai enlouquecer, meu amor! - Paulina disse rindo enquanto se aproximava depositando um pequeno beijo em meus lábios e se afastou.

Senti um arrepio percorrer meu corpo pela falta do calor de seu corpo junto ao meu, vesti novamente minha camisa devagar, e mesmo frustrado me obriguei a não reclamar, talvez Paulina tenha razão, bom, ela tinha, mas meu cérebro só pensava em tê-la novamente em meus braços a amando.

Nos deitamos enquanto esperávamos nossos corpos se acalmarem e rapidamente a puxei para mais perto. Já que não poderíamos nos amar, pelo menos poderia me contentar em senti-la próxima a mim.

...

– Meu amor! - A chamei quando a vi cochilando. – São quase 6h30! - Disse a olhando. – Vai se atrasar! - Completei sorrindo.

– Hmm... Não vou à fabrica essa manhã! - Ela disse ainda um pouco sonolenta. – Vou tirar a manhã para ficar aqui e lhe fazer companhia! - Ela explicou quando a olhei confuso.

– Está falando sério, meu amor? - Perguntei me sentindo animado.

Mal podia acreditar que a teria somente para mim durante toda a manhã...

– Aham, muito sério, Carlos Daniel! - Disse sorrindo enquanto me olhava divertida. – Deixei as coisas adiantadas lá na empresa para passarmos um tempinho juntos! - Completou sorrindo enquanto sentava-se me olhando.

– Então já que você não precisa levantar, acho que podemos desfrutar um pouco mais dessa cama! - Disse a puxando para junto de mim e mais uma vez deitávamos abraçados.

Em algum momento acabei dormindo, e acordei com Paulina me chamando para tomarmos café da manhã. Já devia passar das 9h da manhã...

– Porque não me acordou mais cedo? - Perguntei a olhando seriamente. – Queria ter aproveitado cada minuto da sua presença aqui!

– Eu também dormi mais um pouco, não tem muito tempo que estou acordada! - Justificou-se enquanto colocava a bandeja com o café da manhã em cima da escrivaninha. – Espero que esteja com fome porque Matilde caprichou no nosso café da manhã!

– Sim, estou faminto! - Disse sorrindo enquanto observava a variedade naquela bandeja deixando-me com água na boca.

Paulina e eu comemos conversando assuntos leves e vez por outra trocávamos alguma caricia, nada muito íntimo, afinal, não poderíamos passar disso.

– Amor, hoje você terá uma visita! – Ela disse com um sorriso.

– Visita? Quem? – Perguntei tocando-lhe o queixo.

– Alguém que gosta muito de você...

– Sophia? – Sorri ao cogitar que minha cunhada pudesse vir me visitar.

– Sim! – Ela respondeu sorrindo também. Ela está ansiosa para te ver e disse que virá esta manhã.

– E é mais que uma satisfação ter as duas lindas senhoritas Martins em minha casa! – Disse em tom brincalhão fazendo-a rir.

– Ai, tonto! Ela já deve estar chegando. – Paulina disse afastando-se de mim. – O que acha de a recebermos no jardim?

Essa pergunta me veio um tanto de surpresa, pois eu nunca tinha ido para o jardim de casa apenas para sentar e desfrutar do ar puro, ou nem sequer para conversar com alguém ou coisa do tipo, mas essa idéia me parecia ótima, não agüentava mais ficar trancado no quarto desde que cheguei do hospital.

Concordei com Paulina que ficou feliz com minha resposta, nos trocamos e descemos com cuidado para o jardim da casa, Paulina muito prestativa comigo, com muito cuidado, esses gestos me faziam feliz, nunca havia me sentido tão paparicado assim por alguém e, admirá-la por seu jeito e suas atitudes apenas me fazia querer mais e mais tê-la junto a mim para sempre.

* Paulina narrando *

– Bom dia!!! – Disse Sophia com toda animação ao nos encontrar no jardim.

– Bom dia, Phia! – A cumprimentei abraçando-a.

– Olá, luz do dia! – Disse Carlos Daniel com a mesma animação que Sophia, sorri, eles eram bem amigos!

– Você parece ótimo, Carlos Daniel! Eu pensei que te encontraria muito mal, todo caidinho, choroso e ainda de muletas. – Ela disse brincalhona olhando para mim enquanto Carlos Daniel ria com suas palavras.

– Sophia! – A adverti por seu jeito atrevido de falar.

– Ué Lina, você ficou tão desesperada pelo Carlos Daniel que eu pensei que ele estava mal. – Disse fazendo careta e vi que deu uma piscadela para ele.

– Não é para tanto, Sophia, mas estou me recuperando muito bem. – Carlos Daniel explicou me olhando e segurou minha mão. – Tenho aqui a cura perfeita!

– Sim, eu tô vendo! Mas sabe, vocês fazem bem um pro outro. Vejam só, a minha irmã está com uma cara ótima! – Ela disse e senti minha face ruborizando. – Você a conhece, sabe como ela é, e eu disse, eu sabia que ela ficaria mansinha, era só questão de tempo Carlos Daniel!

– Mas se não fosse por você, seria impossível chegar perto da ferinha! – Ele disse me olhando travesso.

– Mas olha, estou vendo que aqui eu tenho dois contra mim. – Rebati os olhando, cruzei meus braços e fingi indignação.

– Mas é claro que não Paulina, é que você é cabeça dura e teimosa, tinha que ter alguém para te domar. – Ela sorriu ainda mais. – Então, apareceu a pessoa perfeita para isso, eu sempre soube que vocês ficariam assim igual a dois pombinhos apaixonados. – Ela concluiu fazendo cara de admiração.

– Eu já te disse que estou louco por sua irmã, e que vou me casar com ela Sophia? – Carlos Daniel disse me abraçando, me deixando um pouco sem graça.

– Mas já? – Sophia disse em surpresa, pondo suas duas mãos sobre a boca.

– Sim! Pois descobri que não posso mais viver sem ela... – Ele explicou e beijou minha bochecha com carinho, meu coração faltava sair pela boca de tão inquieto que estava.

– Já falamos sobre isso, Carlos Daniel...

– Sim, que há tempo para tudo... – Ele completou o que eu ia dizendo antes que eu terminasse a frase. – E eu disse e vou cumprir, saberei esperar... – Concluiu seriamente.

– Ai, mas vocês são tão lindos juntos, tão lindos... Apesar de você ter ganhado a minha irmã e ela estar mais com você do que comigo, Carlos Daniel, eu fico feliz de vê-los assim, vocês são muito parecidos e vejo que estão muito bem, isso me deixa muito satisfeita. Quando vocês se casarem vou sentir muita falta de minha irmã, mas faz parte da vida. – Ela disse de uma vez me deixando surpresa pelas suas palavras.

– Você pode vir morar com a gente Sophia, aqui tem espaço para todos, assim você não sentirá saudades de sua linda irmã e nem ela de você. – Carlos Daniel justificou me abraçando mais forte.

– É sério isso mesmo? – Ela perguntou exasperada.

– Esperem, bonitos! Como eu tinha dito antes, casamento não é assim tão simples. Temos que esperar mais um pouco, daí pensamos em conversar sobre isso.

– Ai, Paulina... Sempre tão racional! – Disse Sophia suspirando ao olhar para Carlos Daniel.

– Exatamente isso que eu lhe disse. – Ele concordou com ela, eles sempre concordavam e tudo e, apesar de eu achar um absurdo os dois sempre estarem contra mim, fico muito feliz pela amizade que eles construíram, Carlos Daniel e Sophia ficavam muito a vontade juntos, ele lhe falou de sua irmã Malú e Sophia ficou surpreendida com sua história e, apesar de ser triste, Carlos Daniel lhe dizia que se sentia feliz por tê-la por perto, pois ela lhe lembrava muito sua irmã. Sei que Sophia se sentiu lisonjeada com tudo isso, e agora o respeito que tem por ele parecia ter aumentado, eles realmente se davam muito bem.

Passamos a manhã conversando e rindo com as histórias de Sophia, que me esperou para ir à fábrica, ela pediu que fosse junto comigo, pois estava interessada em saber mais, estava disposta a começar a aprender sobre tudo e a levei comigo, lá eu pude mostrá-la o que fazemos e explicar um pouco do meu trabalho e de cada setor da empresa, nosso pai estava por perto e também lhe explicou alguns procedimentos da empresa e lhe apresentou toda a área de produção. Passamos a tarde juntas e quando terminou o expediente a levei de volta para casa, tendo que retornar novamente para a casa de Carlos Daniel.