Te Odeio Por Te Amar

Capítulo 33 - "Isso quer dizer um sim..."


*Paulina narrando*

– Carlos Daniel, eu... Não sei o que lhe dizer... – Disse olhando-o no fundo de seus olhos. – ...Eu também passei por desilusões que me custaram muito superar e... – Fui o mais sincera possível, transparecendo naquele momento a minha fraqueza quando lágrimas voltaram a inundar os meus olhos pelas lembranças que ameaçavam retomar minha memória.

– ... Podemos vencer muitas coisas juntos, Paulina... Ou eu vim aqui em vão?! – Perguntou seguro tomando as minhas mãos. – Você acha que se eu não quisesse algo de verdade com você eu estaria persistindo?

– Não! Eu sei, e te agradeço por não ter desistido! – Estas palavras saíram de minha boca sem que eu pudesse detê-las.

– Agradece? – Perguntou com um sorriso de canto.

– É... Não entendo ainda as suas razões, não sei por que insiste comigo se pode ter a mulher que quiser aos teus pés. – Respondi de uma só vez, minha respiração era irregular. Meu coração palpitava forte e podia ouvir as suas batidas por meus ouvidos, essa conversa estava sendo mais difícil do que eu imaginei.

– Eu é que não entendo o que te faz pensar que não poderia me interessar por você. Você é a mulher mais incrível que eu já conheci, Paulina e eu não costumo dizer mentiras a uma mulher apenas para agradá-la. – Disse segurando o meu queixo com o polegar, fazendo-me estremecer ainda mais com suas palavras. - ...Estou aqui disposto a dar um novo passo decisivo em minha vida e quero incluí-la à esta nova fase. Quero que também tente criar novas expectativas para a sua. E te digo isso com sinceridade. – Continuou acariciando as minhas bochechas, esperando que eu dissesse algo favorável.

Não lhe respondi nada, apenas fiquei pensativa por alguns instantes tentando digerir todas aquelas palavras, tentando buscar atitude e coragem de dizer o que eu estava sentindo naquele momento, de confessar que o que eu mais quero é estar em seus braços, é beijá-lo, senti-lo, é que a sua vida cheire a mim e a minha a ele, é ser dele.

–... Entendo. – Disse quebrando o silencio deslizando suas mãos por meus ombros até a minha cintura, mantive meu olhar desviado, não podia encará-lo naquele momento. - ...Não vou te pressionar, e lhe dou o tempo que precisar e quando sentir que está segura, sabe como me encontrar... – Senti a decepção em seu tom de voz, ele deu um suave beijo em minha testa e em seguida pegou as minhas mãos e as levou até seus lábios encostando-os delicadamente, depois soltando-as e afastando-se de mim.

Peraí, ele estava indo embora? Eu o estava deixando ir...? Que tipo de mulher eu me tornei? Porque vivia tão insegura com medo se antes eu não era assim? Definitivamente eu não estava me reconhecendo, me tornei amargurada, ferida, revoltada, estressada e tantos outros adjetivos podiam preencher uma lista inteira e estes com certeza me colocariam a perder muitas coisas se eu os mantivesse como estava fazendo. Tudo dependeria de mim, apenas de mim e eu sou a pessoa mais indicada a dar o primeiro passo às mudanças, eu sou a pessoa que tem que tomar atitude e iniciativa de fazer as coisas melhorarem e o destino estava me mostrando todos os caminhos, mas eu coloquei uma venda em meus olhos e um muro em meu coração impedindo que me deixasse amar novamente, mas senti naquele exato momento que este muro parecia já não existir, sim, Carlos Daniel acabara de derrubá-lo, e eu não podia deixá-lo escapar, precisava mostrar a mim mesma e a ele que queria que o queria, precisava dele e essa oportunidade não deixaria escapar por entre meus dedos mais uma vez.

– Espera, Carlos Daniel! – Pedi rapidamente quando consegui alcançá-lo ainda próximo a porta na sala de TV. Ele parou rapidamente e quando virou-se a me fitar, pude ver nitidamente que seus os olhos queimavam feito brasa. – Não vá embora! – Pedi com a voz trêmula, não sabia o que dizer e senti minha espinha gelar quando seu olhar confuso me encontrou. Sem pensar mais, deixei que meus impulsos me dominassem e corri em sua direção capturando os seus lábios com agilidade, tomando os seus lábios transmitindo-o toda a vontade que eu tinha dele. De imediato fui correspondida e ele entrelaçou a minha cintura com os seus fortes braços e me apertou contra si, enterrei meus dedos em seus cabelos com força e senti minhas pernas perderem a sustentação quando ele desceu sua boca até o meu pescoço espalhando beijos quentes deixando uma trilha de arrepios por ali e voltou a me olhar nos olhos, pude me perder na escuridão do seu olhar firme e mais uma vez ele possuiu os meus lábios com habilidade, nossas línguas dançavam numa única sintonia e cada vez mais clamavam uma pela outra, não queriam separar-se, precisavam do calor uma da outra e os beijos famintos que dávamos aos poucos foram apaziguando e quando nos faltava ar, ele mordiscou de leve o meu lábio inferior encerrando aquele beijo tão caloroso.

– Isso quer dizer um sim? – Perguntou sorrindo enquanto acariciava os meus lábios provavelmente inchados pelo beijo.

– Uhum... – Assenti sorrindo-lhe e enquanto nos olhávamos, notei que seus olhos tinham um brilho diferente e essa constatação encheu o meu coração de um sentimento que eu não consigo explicar.

– Paulina... – Ele sussurrou meu nome carinhosamente e voltou a me beijar, agora o beijo era calmo e gentil, saboreávamos sem pressa, podíamos desfrutar um do outro pra sempre que ainda assim parecia ser pouco para nós.

– Tem razão, Carlos Daniel... Concordo com você e acho que devemos tentar! – Disse finalmente quando cessamos um cálido beijo, após retomarmos as nossas respirações. – Não posso deixar que outras coisas me impeçam de seguir em frente e me dar à chance de... ser feliz com alguém... – Senti meu rosto esquentar após pronunciar essas ultimas palavras, não queria que ele interpretasse mal e não quero me precipitar mas foi o que saiu de meus lábios, era espontânea e ele tinha já conhecia esse meu lado.

– Obrigado, Paulina e eu não posso te prometer nada, mas eu te asseguro que vou fazer de tudo para que tudo entre nós dê certo. Você não sabe o quanto me deixa feliz e quero que esteja feliz junto a mim também... – Seu olhar já estava faminto novamente e já me sentia preparada para mais um beijo quando encostou seus lábios nos meus e os roçou levemente e quando eu fiz menção de correspondê-los dando-lhes passagem, ouvi o timbre do meu celular ao longe, tocava insistentemente e mesmo assim precisava daquele beijo, puxei-o delicadamente e desfrutamos da nossa fonte de mel mais uma vez, parecia ter sede daquela boca tão saborosa, já estava dependente.

– Precisa atender... – Disse após cessarmos o beijo, tocando nossas testas, mantendo uma de suas mãos em minha cintura.

– Sim... Deve ser alguém lá de casa...

–...Posso ir com você?

– Pode, claro! – Respondi enquanto uma corrente elétrica percorria o meu corpo rapidamente. Meu celular estava em meu quarto, lugar o qual ainda não o havia levado e não pretendia fazê-lo, mas agora não tinha mais volta. – Vem, é lá em cima perto da cobertura. Peguei em sua mão e o conduzi até o meu quarto.

Por um instante o meu celular parou de tocar e quando o encontrei em minha bolsa, vi inúmeras chamadas de Sophia, fiquei preocupada, ela não costuma me ligar assim quando saio de casa. Carlos Daniel estava parado em frente a uma das fotos gigantes que tomavam uma das paredes do quarto decorado com algumas preferidas das muitas sessões fotográficas que fiz há um tempo atrás. Ele a detalhava minuciosamente, fazendo-me sentir um pouco nervosa, sabia que ele comentaria sobre aquelas fotos, mas procurei não pensar em tantas coisas e retornei a ligação para Sophia.

– Por Deus, Lina porque você não atende? – Gritou minha irmã do outro lado da linha fazendo-me afastar o aparelho de meu ouvido rapidamente.

– Eu estava longe do celular. – Justifiquei. – Mas o que foi, Sophia?! Aconteceu alguma coisa? – Indaguei preocupada e Carlos Daniel aproximou-se e me olhou curioso.

– Não, é que eu estava aqui com a Ana... E queríamos saber se a gente... Pode ir encontrar você e a Célia e... – Perguntou receosa, senti que estava me investigando, a conhecia perfeitamente.

– Não Sophia! – A interrompi de imediato. Respirei fundo. – E eu e Célia estamos... Conversando sobre algumas coisas que eu já te expliquei antes de sair... – Menti. Carlos Daniel continuou andando pelo quarto olhando os detalhes e parando nas fotos que haviam ali.

– Ai, mas não seria nada demais, eu e Ana podíamos ficar em outro lado, não precisamos estar exatamente com vocês. – Insistiu.

– Não insista Sophia, por favor! – Disse cansada, com certeza ela já sabia de algo e ligou apenas para comprovar suas suspeitas.

– Okay!!! – Sibilou irritada.

– E mais, não me espere acordada! – Disse quase em um sussurro mas em tom de advertência!

– Tudo bem, e, desculpe se te... Atrapalhei. – Retrucou e desligou o telefone.

Fiquei um tempo olhando para o meu celular, temi um pouco pelas perguntas que Sophia me faria quando chegasse em casa, provavelmente ela sabe que eu não estou com Célia e eu não quero que ela saiba por agora que eu e Carlos Daniel estamos juntos, não até vermos se realmente vai fluir.

– Hmm... Conversando com Célia, hein! – Disse sorrindo de canto ao aproximar-se de mim lentamente.

– É que você já conhece a minha irmã e...

– Ei... Não se preocupe, eu te entendo... – Disse olhando-me travesso, abraçando-me pela cintura, dando-me um suave beijo na bochecha.

– Obrigada, Carlos Daniel. – Sorri, me senti aliviada por sua compreensão.

– Quero que me conte a história dessas fotos aqui... – Pediu enquanto puxava uma de minhas mãos e andava comigo pelo quarto, olhamos em volta.

– Bem, há alguns anos atrás eu fazia alguns ensaios fotográficos e fui modelo para algumas agencias e revistas do país e de alguns outros afora. – Disse orgulhosa.

– Uau! Aposto que fez muito sucesso! – Exclamou olhando-me com admiração.

– Um pouco... – Sorri sem graça.

– Tão linda como você é, deve ter deixado muitos caras babando por você. – Disse aproximando-se por trás de mim e abraçando-me dando rápidos beijos por todo o meu pescoço e me prendeu com seus grandes braços enquanto olhávamos aquela grande imagem.

– Nem tanto... – Virei-me para olhá-lo e volteei seu pescoço com os meus braços. – Quer ver os meus books? Tenho alguns catálogos aqui...

– Sério?! – Perguntou surpreso com um lindo sorriso nos lábios. – Será uma honra, senhorita top model! Brincou tocando a pontinha do meu nariz com seu indicador.

Segui em direção a um armário e peguei alguns catálogos e books que tinha guardado, Carlos Daniel atento a todos os meus movimentos, o conduzi até a sala de TV e nos sentamos no grande sofá. Me senti empolgada e feliz por recordar o que me fazia tão bem e que minha mãe também adorava, ali tinha uma parte dela também e ela era a pessoa que mais me apoiava no mundo, e por Carlos Daniel estar interessado em saber sempre mais e mais sobre mim, aquilo me dava um sentimento que eu não sabia explicar, era maravilhoso senti-lo e eu acabara de descobrir...

# Carlos Daniel narrando#

Mal podia afastar-me dela, mal conseguia afastar meu olhar dela, me sentia feliz como ha muito tempo não me sentia e bem lá no fundo sentia uma grande angústia... Até quando duraria minha felicidade, quando acabaria me decepcionando mais uma vez? Afastei esses pensamentos ruins de minha mente porque Paulina não era como Fabíola. Não podia compará-las. Elas não se pareciam em nada.

A cada foto do book que via me surpreendia. Mais linda impossível e eis que me enganava porque ela conseguia ser infinitamente linda em cada nova foto que via.

Já não me lembrava como era estar apaixonado e não pude conter um sorriso bobo.

– Agora que é está comigo não permitirei que pose para fotos assim! - Disse divertido enquanto olhava umas fotos bem sensuais.

– Há um bom tempo não trabalho mais como modelo fotográfica! - Ela me disse dando de ombros. – Mas convites não me faltam! - Completou rindo.

– Imagino que não! - Disse sorrindo enquanto a olhava encantado. – Mas... – Aproximei-me mais e levei uma de minhas mãos até seu delicado rosto. – ...não sou o tipo de homem inseguro... - Dizia enquanto a olhava nos olhos. – ...e se um dia decidir aceitar um desses convites te apoiaria, como pretendo fazer em tudo que decidas!

– Sério? - Perguntou surpresa.

– Seríssimo! Porque sei que você pertence a mim! - Disse a olhando de forma intensa enquanto me aproximava sem desviar meu olhar do seu e a beijava de uma forma leve e rápida.

Afastei-me satisfeito com o efeito que minha aproximação causou em Paulina, ela se afastou desconsertada e evitando me olhar, mas pude notá-la nervosa, achei engraçado e me sentia confuso, Paulina me deixava assim porque ela, assim como eu, era um livro fechado, cheia de segredos...

Voltei a olhar o book enquanto podia sentir que Paulina me observava em silencio...

– E essas fotos? - Perguntei curioso.

– Ah, essas foram tiradas no Rio de Janeiro há alguns anos, fiz para uma propaganda! - Explicou-me e pude ver refletido em seus olhos o quanto era apaixonada pelo que fazia.

– Muito sexys! - Disse observando as fotos em que ela posava de biquíni.

Paulina apenas se mexeu desconfortável em seu lugar, mas não disse nada em relação ao meu comentário.

Tínhamos acabado de nos acertar, mas podia sentir que entre nós ainda existia um certo constrangimento, não sei dizer o porque tinha essa sensação, mas queria que pudéssemos estar juntos sem nos sentirmos assim, sem medo, sem ter de ficar nos policiando, queria que fossemos amigos acima de tudo, queria uma relação de verdade.

Era engraçado pensar assim, e sei que se o doutor Jonh ouvisse minha opinião agora rasgaria seu diploma por não ter conseguido o que Paulina conseguiu sem nem mesmo tentar.

– O que é engraçado? – Paulina perguntou me olhando curiosa.

– Apenas que você conseguiu uma coisa que nem mesmo o meu analista conseguiu em anos! - Respondi a olhando divertido.

– Você é o tipo de homem que não esconde nada! - Disse sorrindo.

– Digo o que penso, mas sim, eu escondo algumas coisas, assim como você esconde! - Alfinetei.

– O que está no passado não vale a pena! - Ela disse se levantando repentinamente, transparecendo amargura.

– Tem razão, mas tudo o que se refere a você quero saber! - Disse me levantando e parando a suas costas sem tocá-la.

– Não vale à pena! - Disse com a voz embargada.

– Sei que não devia tocar nesse assunto, mas... - Dizia enquanto a observava. – O que aquele cara da foto lhe fez para deixá-la assim? - Perguntei mesmo sabendo que ela não me contaria.

– Por favor, Carlos Daniel! - Ela me pediu virando-se para me olhar. – Vamos deixar o passado quieto!

Ver seus olhos marejados pelas lágrimas me deixaram surpreso, não fazia idéia do quanto esse assunto a machucava mas decidi que não iria insistir nisso e assim como eu deixaria que ela contasse quando estivesse pronta para fazê-lo.

– Tudo bem! - Disse aproximando-me e envolvendo-a em meus braços.

A envolvi pela cintura e sentí-la corresponder meu gesto, um gesto tão simples, me fazia sentir diferente. Há muito não me sentia assim... Ficamos um tempo ali, apenas abraçados.

– Acho melhor a gente ir! - Disse mais calma afastando-se para me olhar.

– Não quero ter de me separar de você agora que a tenho assim! - Fui sincero a olhando nos olhos.

Paulina tentou argumentar, mas antes que dissesse alguma coisa a impedi colando nossos lábios e beijando-a com calma.

Nossos lábios se moviam sem pressa alguma e a apertei contra mim de forma possessiva, colando nossos corpos e pude senti-la estremecer em meus braços e então aprofundei o beijo.

Nossas línguas se encontram em uma dança única, tudo ao nosso redor parece não existir, apenas as sensações, o sabor, o calor daquela mulher em meus braços e quando o ar se faz necessário nos afastamos.

No mais puro êxtase me vejo parado a sua frente a olhando com desejo, é, quero dar a ela desejo, paixão, amor, então volto a capturar seus lábios em outro beijo faminto e minhas mãos não podem mais ficar paradas, preciso sentir a maciez de sua pele, seu calor, preciso senti-la e sinto que posso morrer por tê-la, a quero, a quero tanto... Apesar de meu consciente dizer que ainda não devíamos, mesmo que meu ele grite que devo parar antes que a ofenda de alguma forma, continuo explorando seu corpo me limitando a sua cintura e costas, e quanto isso me custa...

Nosso beijo é apaixonado, meu sangue queima, anseio, deliro com apenas um simples beijo e todo meu corpo corresponde ao toque de nossos lábios, mal posso descrever o sabor de seus lábios.

– Vamos dormir aqui essa noite! - Sussurro em seu ouvido ao encerrarmos o beijo.

– Eu não sei se é uma boa idéia! - Argumenta sem se afastar, sua respiração assim como a minha é irregular.

– Você já disse a sua irmã para que não a esperasse! - Argumento de volta ainda sem me afastar.

– É, mas... – Ela ia dizer, mas a interrompi antes que ela pudesse arrumar uma desculpa para fugir, porque Paulina Martins era mestre em fugir de mim.

– Prometo que só vai acontecer o que você quiser que aconteça! – Afirmo olhando-a nos olhos.