Fevereiro de 1994.

John e Alice estavam fazendo sua primeira viagem com o pequeno Jonathan, eles eram apaixonados pela África e estavam planejando se mudarem para lá. Tudo estava indo perfeitamente bem. Alugaram um barco assim que chegaram ao hotel onde ficariam hospedados e depois de desfazer as malas os três partiram para um reconhecimento das redondezas.

Os dois biólogos estavam extremamente animados com as férias dos sonhos, e ainda tinham o filho de apenas quatro meses que chegara em suas vidas para completar a felicidade. Alice fotografava tudo enquanto John conduzia o barco, e Jonathan sorria quando uma borboleta pousava em seu pequeno rosto.

Os três passaram horas navegando, cada vez indo mais adentro do oceano que desaguava em rios que serpenteavam entre a floresta e saiam em grandes vales. John desviou de alguns recifes de coral durante o percurso, mas nada que preocupante os perturbou durante todo o percurso, até o momento em que uma tempestade começou a se formar.

As nuvens negras foram se acumulando no céu e John pegou o caminho de volta para o hotel, mas a tempestade era mais veloz do que o pobre motor do barco que os conduzia. Entre as gotas grossas de chuva que começaram a molhar a roupa de John e o oceano ficando agitado, Alice segurou firme seu bebê nos braços e entrou na cabine. O som dos raios e o balançar insistente do barco fez com que o bebê chorasse assustado, e aquela altura Alice também estava assustada demais para tentar acalmá-lo. Seu olhar questionador ia em direção ao marido, que mantinha uma postura centrada, embora ela pudesse notar que suas mãos estavam presas com força no leme.

Uma escuridão assustadora os engoliu, não havia mais controle. Mesmo lutando contra a maré o barco era lançado cada vez mais para o infinito, os olhos de John já não alcançavam a terra firme. Ele olhou para a esposa que tinha lágrimas escorrendo pelo rosto e para o bebê no colo dela, não podia desistir mesmo que parecesse impossível. Lutou bravamente e chegou o mais próximo da terra firme que podia.

A última imagem que John viu foi a de sua mulher caída no chão e alguns centímetros à frente seu filho esperneando enquanto chorava assustado. Ele queria alcançar a esposa e o filho, queria salva-los, mas o oceano o sugou para o desconhecido.