Sete dias passaram desde a véspera de Natal em que aquelas pessoas e tantas outras aproveitaram com seus amigos ou familiares, assim tornando aquele o último dia do ano. Assim como nos dias anteriores a temperatura continuava baixa, os ventos traziam consigo breves segundos de desgosto por assolarem os rostos das pessoas com uma frígida temperatura, por isso que uma boa quantidade de gente decidiu isolar-se em suas casas e aquecidas por cobertores, enquanto que outra parte ainda maior tinha planos de aproveitamento para aquela última noite. Rin, que acabara de acordar às três e meia de tarde, sairá cambaleante de sua cama com uma inconfundível sonolência e abrindo a boca para um bocejo que se prolongou por quinze segundos. O jovem Uchiha só acordará naquele horário avançado por causa de um incômodo barulho do lado de fora do seu quarto, mas sequer percebia a ausência de sua parceira na cama. O mesmo levou a mão direita para a maçaneta, assim girando-a e movendo a porta para o lado, assim dando acesso ao exterior do quarto, ou seja, o corredor da Mangetsu e dando alguns passos vacilantes para fora com uma expressão de óbvio desgosto, então olhou para o lado direito e reparou num peculiar cenário.

Ryūsei passava seus braços em volta do pescoço de Musashi que igualmente passava os braços em volta da cintura da espadachim. O rosado semicerrou suas sobrancelhas e levou a mão esquerda enfaixada para os olhos, assim coçando-os algumas vezes para ter certeza de que era verdade o que enxergava a poucos metros dele, ao mesmo tempo levou a mão direita para o cabelo bagunçado, assim coçando-o e suspirou enquanto aguardava ser percebido por aquelas pessoas, mas isso não aconteceu nos seguintes cinco segundos, por isso forçou uma tosse que chamou a atenção de ambos. Os olhos carmesins da espadachim não escondiam um ânimo diferenciado, enquanto que os obscuros do usuário de machados tornam-se agressivos ao mesmo tempo que o rapaz afastava-se da ruiva e aproveitava para cruzar os braços.

— Me digam que enfim aceitaram o que sentem um pelo outro, assim posso entender o barulho que fizeram agora a pouco. — Rin disse ao mesmo tempo que parava de coçar seus olhos e o cabelo, então cruzava os braços e abria a boca para bocejar outra vez.

— Eu não sinto nada por ninguém. — Musashi disse ao mesmo tempo que movia sua cabeça para outra direção e semicerrava mais as sobrancelhas e assumia uma expressão ainda mais agressiva, assim não demorando em continuar. — Não sou patético como vocês que estão à mercê de mulheres, demônios que se vestem como mulheres, sou um homem livre que não obedece ninguém. —

— Como consegue dormir tanto? — Ryūsei perguntou com uma crescente curiosidade, afinal era de se admirar a preguiça que o rosado sentia, mas não demorou para dar continuidade quando olhou discretamente para o usuário de machados. — Demônios que se vestem de mulheres? É sério que mantém essa opinião a nosso respeito? —

— Faz parte da minha natureza ser um preguiçoso. A algum tempo que não podia aproveitar e explorar essa preguiça. — Rin disse e levou a mão direita para os olhos, assim coçando-os novamente e suspirou antes de dar continuidade. — Eu não quero saber o que pensa das mulheres, Musashi. Só quero saber o porquê de todo aquele barulho agora a pouco. —

— É por causa disso. — Ryūsei disse.

A ruiva mostrou uma caixa preta de uns trinta centímetros e com linhas verticais e douradas. A mesma não demorou para destampar aquela caixa, assim revelando o que havia naquele interior. Uma tantō — espada curta — cuja lâmina tinha dezesseis centímetros e uma coloração avermelhada como os olhos da espadachim, além do kanji 幸 — boa sorte — na lâmina. O moreno aproveitou a exibição daquela arma para revelar que possuía uma quase idêntica, com as exceções do tom avermelhado mais escuro e o kanji 殺 — assassino — na lâmina.

— A tantō dela se chama decapitadora, a minha assassina de homens. — Musashi disse ao mesmo tempo que executava alguns golpes simples e cortava com eficiência o nada, então continuou. — São armas gêmeas, ou foi o que entendi daquele que as forjou. Ele só conseguiu terminá-las hoje cedo, mas minha intenção era presenteá-la na véspera do natal. —

— Eu adorei. — Ryūsei disse e acabou sorrindo para deixar em evidência o sentimento.

— Esse ânimo todo por causa de uma katana de espada curta? — Rin murmurou com óbvio desgosto e levando as mãos para a cintura e suspirou em óbvio desapontamento, então continuou. — Vocês são estranhos. —

— Eles são estranhos, querido? — Uma voz feminina e que não demorou para ser reconhecida.

O rosado olhou para o lado oposto, assim direcionando sua atenção para a noiva que usava um quimono numa mesma tonalidade que o azul de seus olhos e um lenço amarelo amarrado na cintura, com um haori branco sem mangas e sandálias com abertura para os dedos, não mencionando que o cabelo manteve-se solto. A Yamanaka encarou-o com certa inocência, porém sentindo-se contente por reparar no agradável olhar do noivo que descia cuidadosamente por seu corpo e analisava-a. Misa se aproximou do noivo, agarrou o braço direito dele e o encostou em seu corpo e entrelaçou as mãos ao mesmo tempo que sorria.

— Posso lembrá-lo do seu fanatismo por Senju Tsunade? — A Yamanaka perguntou com um ligeiro divertimento e aumentando um sorriso e não demorou para dar continuidade. — Deixe os dois serem estranhos à maneira deles, afinal você é tão estranho quanto. —

— Tsunade-sama é bem diferente de uma katana curta, querida. Ela é neta de Senju Hashirama, Sennin das Lesmas, Godaime Hokage e tantas coisas a mais. — Rin disse e sorriu pelo canto dos lábios, porém logo concluiu. — Ela é uma divindade quando nós pensamos em Iryō Ninjutsu, então não dá para compará-la a uma faca de cortar pão. —

— Não é uma faca de cortar pão. — O usuário de machados disse ao mesmo tempo que semicerrava as sobrancelhas, assim não demorou em concluir. — Essas duas tantō são do tipo Katakiriha. —

— Agora não, Mu-... — A Yamanaka não concluiu seu comentário. Ela acabou sendo interrompida.

— Tem diferença? — Rin perguntou e levantou as sobrancelhas e demonstrou uma evidente curiosidade.

— Vejo que não sabe nada a respeito desse tipo de arma. — Musashi disse e sorriu com certa provocação, porém não demorou em concluir quando exibiu a arma que ocupava sua mão fechada em punho. — As tantō são divididas em doze tipos. Essas possuem uma forma assimétrica e são afiadas apenas de um lado para criar uma seção transversal em forma de cinzel, ou seja, do tipo Katakiriha. —

— Eu poderia ensiná-lo Kenjutsu, assim poderia manusear esse tipo de arma. O que acha dessa ideia? — Ryūsei perguntou ao mesmo tempo que guardava sua recém adquirida arma na caixa preta.

— Eu passo. — Rin disse com uma expressão de desgosto, então suspirou e levou a mão esquerda enfaixada para o cabelo e o coçou, então continuou. — Eu acabei de perder o sono por causa dessa explicação. —

— Que ótimo que perdeu o sono, assim pode experimentar as roupas para hoje à noite. — Misa disse enquanto assumia uma expressão de divertimento, certamente animada pela ideia de combinar roupas com o noivo, então continuou. — Tsuyu e Chishiki estão aguardando por você. —

— Ficar aqui para escutá-los sobre lâminas ou me juntar a mais dois idiotas? Você está me deixando indeciso. — Rin disse ao mesmo tempo que fazia beicinho, então acabou soltando um risinho quando a noiva beliscou a sua bochecha, por isso continuou. — Estou brincando. É claro que prefiro os outros dois idiotas. —

— Viu? Os homens envolvidos com a Mangetsu estão sendo controlados por demônios que se parecem com mulheres. — Musashi disse ao mesmo tempo que cruzava seus braços, assim não demorando em concluir. — Lich e eu somos os rebeldes, os incontroláveis, nós somos a resistência. —

Ryūsei encarou discretamente o usuário de machados, está parecendo descontente com as palavras do rapaz, porém havia um sentimento profundo nos seus olhos carmesins indicavam o oposto daquele descontentamento.

— Isso chega a ser decepcionante, quase uma tristeza. — Rin sussurrou e tentou parecer que sentia um pouco de pena do usuário de machados, então voltou a atenção para a noiva e deu continuidade com certo divertimento. — Demônio, guie-me. —

Ryūsei levou a mão direita para frente dos lábios, assim cobrindo-os e evitando que ouvissem sua curta risada. A Yamanaka não pareceu contente por ser comparada a um demônio, mas entendia que aquilo fazia parte de um joguinho de provocação do rosado para o moreno, por isso aceitou a ideia e levou a mão direita para o pulso esquerdo do noivo, assim segurando-o e levando-o para longe da dupla que comumente usava armas laminadas.

[ ۝ ]

A Yamanaka levou o noivo para um cômodo que era compartilhado com outras pessoas que se divertiam com as escolhas de roupa dos parceiros para aquele dia. Havia um sofá naquele cômodo e o mesmo era ocupado por Doro que comia um pão com pasta de amendoim e Ontake, ao lado direito da grávida, que bebia um refrigerante de uva e manteve sua atenção nas cortinas que escondiam a outra parte do cômodo e tentava adivinhar o que acontecia do outro lado, mas era vão. A atenção de ambos se desviou para o recém-chegado que era guiado pelo pulso esquerdo.

— Enfim acordou, Rakun. — Doro disse com certo divertimento. Ela indicou as cortinas com o queixo antes de mordiscar o pão com pasta de amendoim. — É sua hora de brilhar. —

— Ninguém disse nada sobre uma exibição. — Rin disse e sentiu as bochechas se esquentarem, então olhou para a Yamanaka que parava de puxá-lo e ficava atrás dele, por isso continuou. — Você disse que os dois idiotas estavam me esperando. —

— Sim, estão esperando. Apareçam, meninos. — Misa disse com certo divertimento. Havia um certo sorriso que indicava uma malícia e certa crueldade, sem dúvida indicava uma familiaridade com um demônio.

As cortinas se abrem, dessa maneira revelando o líder da Mangetsu e um certo escritor. Hyuga Tsuyu escolherá deixar seu belo cabelo longo completamente solto, assim como equipando-se com um quimono branco amarrado por um laço preto e um hori preto com mangas longas, o Hyuga tinha as bochechas bem vermelhas e uma óbvia expressão de desconforto e irritação, além de manter os braços cruzados e as mãos agarradas aos cotovelos. Ele transmitia com facilidade uma aura sombria, em contrapartida parecia-se muito com os Hyuga que viviam em Konohagakure por conta daquelas vestimentas. Enquanto isso, Chishiki usava um quimono branco com detalhes — linhas — no tom do ouro e amarrado por um laço alaranjado, assim dando-lhe uma certa elegância, e deixava-o um pouco aberto, dessa maneira revelando o suficiente do peito nada musculoso, este sendo outro que aparentava o desconforto e irritação pela situação em que encontrava-se. Os dois usavam meias e chinelos. Rin ficou em silêncio e encarou os dois amigos por um breve instante, até mesmo sentiu o olhar carregado deles para ele, por isso não demorou para se engasgar e começou a gargalhar animadamente e levando as mãos para a barriga.

— NÃO RIA, CRETINO! — Tsuyu e Chishiki gritam em óbvio desagrado.

— VOCÊS… HAHAHAHA… ESTÃO…. PFFT… RIDÍC-... HAHAHA… — Rin não conseguia concluir seu raciocínio, afinal morria de rir com a situação em que os amigos se encontravam.

Rin parou de gargalhar ao sentir um empurrão, por isso olhou para a noiva que tentava levá-lo para onde os dois amigos estavam e que mantinham os braços cruzados, aguardando por alguma coisa. Ele levou poucos segundos para entender.

— Não. — Rin disse e semicerrou suas sobrancelhas, não demorando para acrescentar. — Eu não vou me vestir de palhaço como esses dois. —

"Vestir de palhaço?" Tsuyu e Chishiki pensam e encaram um ao outro, semicerrando as sobrancelhas e engolindo em seco enquanto analisam cuidadosamente as vestimentas do outro, mas não levou muito tempo para desviarem os rostos e tentarem parecer sérios apesar da vermelhidão em suas bochechas.

— Vamos, querido. Por favor? É tradição. — Misa disse e acabou entrelaçando as próprias mãos e olhando suplicante para o noivo, então não demorou em continuar. — Por favor… —

— Vamos, Rin. — Ontake disse e acabou aumentando um sorriso. Era óbvio que se divertia com a situação. Ele não demorou para acrescentar. — Eu sei que ficará elegante com qualquer quimono que escolher. Você tem o charme dos Uchiha, então nada pode estragar a sua aparência. —

— Puxar meu saco não mudará minha ideia. — Rin disse e sentiu as bochechas ficarem mais quentes. Ele estava mesmo desesperado com a situação.

— Rakun… — Doro chamou pelo amigo.

O rosado — e todos os outros — prestou atenção na antiga habitante de Sunagakure que saiu do conforto do sofá para caminhar em direção ao jovem Uchiha que mantinha-se receoso com aquela situação. Doro sorriu com afetuosidade para Rin e levou a mão direita para o pescoço dele e moveu a ponta dos dedos até o queixo dele, assim levantando um pouco a cabeça do mesmo usando o indicador e mantendo aquele sorriso. O rosado sentirá as bochechas ficarem mais quentes.

— …por favor. Lembra-se daquela vez que me pediu para que eu descobrisse sobre uma toxina e pensasse no antídoto? — A kunoichi perguntou e levantou as sobrancelhas com suavidade. Seus olhos púrpuros mantiveram-se concentrados nos olhos verdes do colega enquanto dava continuidade. — Fiz isso sem reclamações. E tive de agir com pressa porque me parecia que necessitava o quanto antes, mas meu trabalho foi bem executado, não foi? —

— Fo-... foi. — Rin disse.

Misa ficou em silêncio, mas um pouco aliviada pela funcionalidade que Doro possuía com Rin, a capacidade de convencimento que a kunoichi possuía com o rosado era admirável.

— Pedi alguma coisa para você naquela ocasião? Uma moeda de troca por ter gasto minhas forças com uma pesquisa acelerada? — Doro perguntou com inocência e tentando se vitimizar.

— Musashi tem razão… — Rin disse e acabou suspirando e guiando a mão direita para a cabeça, assim coçando-a algumas vezes e não demorando para acrescentar. — …estamos à mercê de demônios que se vestem como mulheres, mas tá beleza, vou fazer parte dessa idiotice. —

— Obrigada. — Doro e Misa disseram em uníssono.

— Venha, vista-se como o grande palhaço que é. — Tsuyu disse com meio de provocação e abrindo mais as cortinas como se quisesse dar espaço para o rosado.

— Isso é Impossível. O maior palhaço está bem ao alcance da minha visão. Ele cheira, se parece e até dialoga como um. — Rin disse ao mesmo tempo que colocava as mãos nos bolsos, então bocejou preguiçosamente.

O moreno estalou a língua e direcionou seus olhos amarelos para o escritor que sorriu com certa malícia e piedade, como se sentisse pena do líder da Mangetsu, porém o rosado percebeu aquele sorriso.

— Eu não estava falando dele. — Rin disse e sorriu com um ligeiro ânimo antes de dar continuidade. — Com essas roupas, está mais para o Daimyo do País dos Palhaços, Shiki. Quem você está querendo impressionar? Por acaso pretende que a gente se curve em algum momento? — O rosado perguntou e usou o polegar esquerdo enfaixado para indicar o líder da Mangetsu antes de dar continuidade. — O babaca ali se parece com o Kage de uma Vila Oculta dos Palhaços. —

Houve um breve silêncio. Doro, Misa e Ontake conheciam bem o relacionamento dos três, por isso imaginavam que em algum momento aconteceria mesmo uma discussão. Chishiki sorriu como se sentisse pena do rosado e mirou seus olhos amarelos nos esverdeados.

— Como é trágico. Você está com ciúme pela forma elegante que estou vestido, sabe que jamais alcançará tamanha graciosidade, por isso está tentando me rebaixar com comentários fúteis. — Shiki disse e levou sua mão direita para o rosto do rosado e deu tapinhas suaves na bochecha dele, então deu continuidade. — Eu tenho pena de você. —

O rosado ficou em silêncio, mas escutava a abafada risada do moreno de olhos amarelos, por isso que semicerrou suas sobrancelhas conforme mais tapinhas recebia em sua bochecha, por isso acabou suspirando e levando sua mão direita ao ombro direito do escritor e sorriu quando o braço do mesmo amoleceu depois de alguns segundos. Rin sorriu como se achasse aquilo divertido e afastou a mão do ombro e levando-a para a sua cintura.

— O que… não tô conseguindo mexer meu braço… o que você fez? — Shiki perguntou com espanto e direcionando seus olhos para o rosado que passava por ele.

— Cortei momentaneamente os tendões e rompi os ligamentos que há no seu ombro, ou seja, não poderá usar seu braço direito até que alguém o conserte. — Rin respondeu ao mesmo tempo que exibia em seu dedo médio e indicador a energia comumente vista nos processos de cura, porém não demorou em acrescentar. — E qualquer um nesse cômodo pode consertá-lo, mas levará algum tempo para isso acontecer. Não é como cortar ou romper uma coisa ali e outra aqui. Não gostei dos tapinhas. —

Todo mundo ficou em silêncio novamente, contudo não demoraram para gargalhar do acontecimento, o que acabava deixando Chishiki um pouco aborrecido enquanto sentava-se ao lado do namorado que iniciava o processo de reparação. Rin olhou para os dois ao mesmo tempo que parava perto das toalhas e sorriu um pouco.

— Nossos filhos vão ser tão amigos quanto nós, estou certo? Afinal, crescerão juntos. — Rin disse ao mesmo tempo que cruzava os braços e mantinha as mãos abaixo dos cotovelos.

— Arashi e Fukai? Sim… — Tsuyu disse ao mesmo tempo que ficava ao lado do rosado, praticamente ombro a ombro, e sorria pelo canto dos lábios, assim não demorando para acrescentar. — …terão quase a mesma idade, então é de se imaginar que virem amigos. —

— Não estou falando apenas de Arashi e Fukai, estou pensando nesses dois. — Rin disse e usou o queixo para indicar o escritor e o antigo habitante de Kirigakure, então continuou. — Um trio de amigos. —

A maioria ficou em silêncio. Obviamente que escutavam o rosado, afinal o cômodo garantia aquilo, por isso escutaram-no, mas ficaram sem entendê-lo. Ontake direcionou seus olhos carmesins e cheios de dúvida para o líder do grupo, até pensou em se pronunciar, mas acabou que o escritor que fez esse serviço.

— Esqueceu o básico de biologia? — O escritor perguntou e levou a mão esquerda para a barriga do moreno que ajudava a consertar seu braço direito, então deu continuidade. — Ontake parece com uma mulher e tem o temperamento de uma em muitos casos, mas não há ventre aqui. Apenas gordura. —

— Desde quando um ventre é importante? — Rin perguntou com inocência e não demorou para levantar os braços e encarar distraidamente o teto do cômodo, então deu continuidade. — E também não estou falando de adoção. Claro que as guerras nas nações pequenas e grandes deixam muitos órgãos, mas não é disso que estou falando. —

— Querido… você está bem? — A Yamanaka perguntou. Ela parecia bem preocupada com a possível situação em que a grandiosa mente de seu noivo se encontrava.

— Do que diabos você está falando? — Chishiki perguntou e semicerrou suas sobrancelhas.

— Estou ótimo. — Rin respondeu a pergunta de sua noiva e voltou a atenção para o escritor, então deu continuidade ao aumentar um sorriso divertido. — Minha querida nee-chan está numa equipe com alguém chamado Mitsuki. Já tive o prazer de passar algum tempo com Orochimaru-sama, ajudando-o e lendo algumas das suas pesquisas. Em resumo… estou falando em humano sintético, criado em laboratório. E o velho Sannin das Cobras possui a tecnologia para esse desenvolvimento. — O rosado pôs a mão esquerda enfaixada atrás da cabeça e a coçou com a ponta dos dedos, então continuou. — Não vou pedir para que decidam isso agora, mas que pensem a respeito dessa possibilidade. —

Chishiki e Ontake ficaram em silêncio assim como todo o resto que encontrava-se naquele cômodo, porém o diferencial é que trocaram olhares sinceros. O rosado percebeu aquela troca de olhares, por isso que respirou fundo e soltou devagar o ar acumulado ao mesmo tempo que baixava um pouco a sua cabeça, porém não demorou para direcionar a atenção ao moreno do seu lado e sorriu com brevidade ao reparar novamente na forma que ele estava vestido. Aquele foi um sorriso que causou um pequeno arrepio no moreno.

— Você até que está bonito com esse quimono. — Rin sussurrou. Suas palavras soam quase inaudíveis, aproveitando-se da curta distância entre eles.

O moreno pareceu um pouco impressionado, porém acabou rindo e levando sua mão direita enfaixada para trás da cabeça do rosado, assim estapeando-o e fazendo com que o mesmo desse um passo adiante por causa do golpe, então moveu o mesmo braço para os ombros dele e continuou naquela risada que não demorou para ser acompanhada pelo Uchiha que não parecia incomodado por aquele golpe, assim como não levou muito tempo para que Rin decidisse se afastar do Hyuga e seguir para a troca de roupas.

[ ۝ ]

Horas depois. Podia estar nevando, mas as pessoas faziam questão de estar no terraço naquele momento, afinal faltava tão poucos segundos para a meia noite, ou seja, o início do ano seguinte. Rin, que escolherá um quimono preto com bordados róseos de cerejeiras e um lenço vermelho para manter a roupa presa, assim como o cabelo mantido com um coque, mantinha seus olhos verdes na lua e estrelas e sorria com discrição ao lembrar-se de todas as aventuras que passou naquele ano, em tudo que aconteceu e que o levou para aquele momento; cercado por amigos tão queridos. O rosado olhou para o lado esquerdo quando sentiu algo roçando em sua mão, assim reparando na noiva que decidirá juntar-se a ele. Os dois encaram-se em silêncio e discretamente entrelaçam suas mãos. Rin sentiu um peso adicional em seu ombro direito, por isso olhou para aquela direção e assim reparou em Tsuyu que deixava o braço esquerdo repousando no seu ombro e que lhe encarava com aqueles olhos amarelos sérios enquanto mantinha a mão direita enfaixada entrelaçada com a mão esquerda de sua respectiva noiva.

— Obrigado. — Tsuyu disse. Ele nunca pareceu tão verdadeiro quanto naquele momento. Obviamente que sua única palavra carregava tantos outros significados.

O rosado sorriu um pouco mais. Um sorriso animador que imaginou que serviria como resposta. Ao mesmo tempo seu rosto era parcialmente iluminado por fogos de artifícios que também clareiam aquela específica noite por um breve momento. Ele discretamente enxergava Chishiki e Ontake abraçados e beijando-se, Lich rezando para Jashin e provavelmente prometendo uma boa matança para aquele próximo ano, Fushin e Kohi comendo pipoca enquanto assistem maravilhadas ao evento. Ryūsei, de braços cruzados e um pouco afastada dos colegas, assistia ao estouro de fogos e iluminava seu rosto com um grandioso e infantil sorriso, porém que acabou desfazendo-o no momento que um vento frígido assolou seu rosto e assim sentiu um arrepio que espalhou-se por cada centímetro de seu corpo, no entanto a espadachim olhou para o lado direito no momento que sentiu algo recostando em seus ombros e depois em volta do seu pescoço assim reparando que a primeira coisa era um haori preto com ondulações brancas e mangas compridas, e a segunda nada mais era do que um comprido cachecol preto com listras azuis escuras, sendo o responsável por aquilo o usuário de machados que chegará ao seu lado e assumia uma expressão séria enquanto cruzava os braços.

— Não seria bom se pegasse um resfriado. — Musashi sussurrou com seriedade e suas bochechas e orelhas ficaram vermelhas e tentava ignorar o corpo trêmulo, assim não demorando em continuar. — Pode se prejudicar nos treinamentos se acabar adoecendo. —

— Hm… — A ruiva murmurou. Ela percebia o corpo trêmulo do usuário de machados, por isso aproveitou para se aproximar mais dele, ombro a ombro, e passar o haori nele e envolver o pescoço dele com parte daquele cachecol, então deu continuidade quando sorriu com ternura. — …não gostaria de vê-lo doente por minha causa. —

O usuário de machados ficou em silêncio, assim como a ruiva que manteve seus olhos carmesins nele por algum tempo, demorando um pouco para que suas atenções se voltassem para aquele cenário noturno iluminado pela lua, estrelas e por inúmeros fogos de artifícios multicoloridos. Aquele era o fim de um ano com aventuras intensas, mas um ano novo a ser desbravado por aquelas pessoas.