Mesmo tendo tomado dois foras ontem, eu acordei animado no outro dia. Vesti as melhores roupas que achei no meu guarda roupa, passei meu lápis de olho com mais atenção e desci para tomar café.

– Bom dia, mãe. Não é um dia lindo? – Disse sorrindo, ao entrar na cozinha e pegar uma torrada.

– Pelo jeito você teve uma noite ótima, filho. Algum sonho interessante? – Como ela sempre consegue saber exatamente o que se passa pela minha cabeça?

– É, pode-se dizer que sim. Então, mãe, já vou indo. – Dei um beijo de despedida como sempre e já estava me preparando para sair.

– Ah, Frankie, espera! – Ela gritou – Essa noite teremos convidados para o jantar, sim? Donna Way, lembra dela? Ela voltou à cidade, é nossa nova vizinha e virá jantar conosco hoje. Se não me engano, ela tem um filho da sua idade, o menino Gerard. Talvez você faça um novo amigo, hein?

– Ah, sim. Quem sabe... – Peguei minhas coisas e saí, quase dando pulinhos de alegria. Gerard, na minha casa? Acho que eu poderia aproveitar e mostrar o meu quarto à ele. Talvez minha cama...

Cheguei à escola com um sorriso bobo nos lábios, o sorriso que eu não exibia há décadas. Peguei meus livros no armário e fui até a sala de aula. Gerard e mais um pouco de gente já estava haviam chegado. Sentei-me.

– Olá. – Ele dizia com um sorriso simpático.

– Olá! – Gritei extremamente entusiasmado, sem parar de sorrir um minuto.

– Você... está bem?

– Estou sim, por que não estaria? Estou super bem! Só um pouco feliz demais, mas isso não é problema. – Meu coração batia mais forte e meu rosto ficava mais vermelho a cada segundo.

– Hm, bom saber que você está feliz. Fico... feliz com isso! Então, Frank, minha mãe disse que talvez iremos à sua casa hoje...

– Sim! Minha mãe comentou sobre isso hoje. Estou muito animado, você não? – Gerard me olhava curioso, com certeza pensava algo do tipo “Esse cara é louco?”.

– Ah, ótimo. Será legal conhecer a sua casa, Frank. – Ele riu timidamente. “Que tal conhecer minha cama e certas partes do meu corpo, Gerard?”, pensei e acabei soltando uma gargalhada.

– Algum problema? – Ele me olhou curioso novamente, mas um pouco triste, como se eu tivesse rido dele.

– Ah, não, nenhum! Nenhum mesmo. Eu só... estava viajando em pensamentos. Só isso, nada demais. Apenas pensamentos inocentes! – Agora eu ria descontroladamente e tentava disfarçar isso.

– Turma, ouçam-me! – Salvo pela professora... – Hoje teremos um teste valendo metade da nota de vocês. Esperam que tenham estudado. – Por que infernos eles insistiam em dar testes surpresa justo nessa semana em que eu estava distraído pela presença do Way? Parece que eles estavam lendo a minha mente e fazendo de tudo pra eu me foder na escola.

Mais um teste que tirei zero, mas nesse pelo menos eu tentei responder às perguntas. O sinal bateu e eu só havia respondido duas de dez. Mas o que isso importava? Gerard iria à minha casa hoje!

– Então, Gerard, você vai à minha casa hoje! – Eu disse rindo.

– Sim. – Ele sorriu forçadamente e algo me diz que foi só para ser agradável.

– Pois é... – Eu continuava a sorrir como um bobo, e nada poderia me derrubar hoje. Aliás, só eu iria derrubar alguém. E esse seria o Gerard, na minha cama.

– Iero! Estou falando com você. – Gritou o diretor do outro lado do pátio da escola. “Fodeu!”, pensei enquanto ia até ele. – Quero você na minha sala, agora! – Obedeci, o que podia fazer?

– Então, senhor Iero, tem algum motivo para o senhor não terminar os testes e, algumas vezes, nem fazê-los? Se continuar assim, eu terei de chamar sua mãe.

– Eu... me desculpe! Eu tenho estado muito ocupado com meus deveres de casa e... eu estou doente! Com uma gripe terrível e muitas vezes tenho um sono maior que o comum e então preciso dormir e não posso estudar, e minha mãe também está doente, coitada, preciso cuidar dela e... Por que os testes tiverem que ser justo nessa semana?

– Porque já estava marcado desde o começo do ano que os testes do segundo colegial seriam nessa semana. E o senhor não me parece nem um pouco doente. – Ele me fitava com uma expressão curiosa e carrancuda ao mesmo tempo.

– Ah, OK, não tem como eu refazer os testes? Eu juro que vou estudar e nunca mais deixo de fazer nada em aula! Por favor, eu não posso repetir o segundo ano.

– Essa é uma exceção, senhor Iero. Só porque o senhor é um aluno excelente, eu falarei com seus professores e lhe avisarei a data dos novos testes. Agora pode ir, pelo que me consta já está na hora da sua aula.

Saí de lá indignado! Ele me fez perder todo o intervalo que eu poderia estar com Gerard. Passei em meu armário, vi meu horário, troquei meus livros e voltei para a sala de aula. Gerard já estava lá e olhava para os lados, como se procurasse algo.

– Aí está você! – Ele disse quando me viu. – Te procurei pela escola toda, estava ficando preocupado. – Aquela estranha sensação de que malditas borboletas estavam fazendo uma grande festa em meu estômago tomou conta de mim ao ver aquele lindo sorriso estampado em seus lábios. – Frank, o que houve? Você está... paralisado.

– Ah, sim, sim... O diretor demorou a falar comigo. Ele quer que eu refaça uns testes, algo assim. Não lembro. – E eu realmente não lembrava, tudo sumia da minha cabeça quando eu o via.

Sentei-me em meu lugar e não vi a aula passar, quando percebi já era hora da saída e... Hora do Gerard!!!! Cheguei em casa correndo e, é claro, sorrindo. Arrumei meu quarto, tomei banho e fiz exatamente o que fiz de manhã: coloquei uma das minhas melhores roupas e passei meu lápis de olho cuidadosamente. Eu estava pronto.

– Frank, venha me ajudar com o jantar. Acho que queimei a carne... – Minha mãe gritou lá de baixo. Ela realmente não era muito boa na cozinha, por isso vivíamos à base de pizza e coca-cola, mas eu não reclamava. Desci as escadas e fui ajudá-la. Minutos depois, a campainha tocou.

– Atende a porta pra mim enquanto arrumo os pratos, querido? – Perguntou ela.

– Claro, mãe. – A cada passo que eu dava, quanto mais perto eu estava da porta, mais meu coração acelerava. Quando cheguei em frente à mesma, as malditas borboletas voltaram com sua festa. Agora pior que nunca. Abri a porta e uma senhora de cabelos loiros e um sorriso simpático estava lá, acompanhada de um menino de olhos verdes e cabelos negros que sorria igual à ela. Paralisei de novo.

– Donna, você veio! Que saudades de você. Frank, dê licença para nossas vistas, querido. – Minha mãe me acordou do transe.

– Ah, sim, claro. – Saí da frente da porta.

– Olá. – Disse Gerard, tímido quando entrou.

Os segui e fechei a porta atrás de mim. Eu sorria igual um maluco desde que acordei, mas posso garantir que agora estava pior. Gerard me faz sentir assim. Eu achava que isso acabara no dia em que ele saiu da escola... Doce engano! E dessa vez era pior, era mais intenso. Eu comecei a achar que estava passando de atração física para algo maior. Algo como... amor. Mas não podia ser, eu nunca amei ninguém desse jeito.

– Está tão pensativo hoje, Frank, começo a achar que está apaixonado... – Disse minha mãe, sentando-se à mesa.

– Já disse que não, mãe, estou bem. – Me dirigi à mesa também e, adivinha, o único lugar vago era ao lado de Gerard! Eu não sei se gosto ou não de ficar perto dele. Mas nessa situação não era bom, pois estar ao seu lado me tirava o apetite.

– Então, vocês dois já se conhecem, meninos? – Perguntou Donna, parecendo interessadíssima no assunto, após alguns sussurros com a minha mãe.

– Ah, sim. Estamos na mesma sala. – Respondeu Gerard, sorrindo. Apenas concordei com a cabeça e sorri.

– É bom ver que Gee está fazendo novos amigos! – Ela e minha mãe se entreolharam e deram sorrisos cúmplices.

– É, o Frankie também precisava de novos amigos... – Apenas sorri sem jeito, enquanto Gerard ria. Aquela risada meiga que me deixava louco. Eu realmente estava apaixonado por ele, não me restam dúvidas.

– Ah, bom, eu acho que terminei meu jantar. Vou para o meu quarto. – Deixei meu prato totalmente do jeito que estava desde que me servi, e fui correndo para o quarto.

Me joguei na cama e fiquei pensando sobre, bom, Gerard. Lembrei do seu sorriso meigo, meus olhos verdes penetrantes, seu perfume... Tudo nele era extremamente perfeito. Me perdi nesses pensamentos e não pude evitar de derramar uma lágrima ao pensar que nunca ficaria com ele pois, com a sorte que tenho, ele com certeza era hétero.

– Hm, posso entrar? – Ouvi sua voz suave enquanto minha porta era aberta.

– Ah, claro. – Respondi me levantando e limpando as lágrimas.

– Você está bem, Frank? – Ele perguntou enquanto entrava e sentava-se ao meu lado na cama.

– Estou sim, eu só... perdi a fome. – Respondi sem jeito.

– Você tem certeza que está bem? – Ele me fitava, seus olhos encontraram os meus e eu me senti como se eu pudesse ficar assim para sempre. – Frank?

– Ah, estou sim.

– Ótimo, agora vamos fazer algo. Está na cara que você precisa se animar. – “Que tal sexo?” pensei, voltando totalmente ao normal em segundos.

– Hm, claro. O que você quer fazer? - Perguntei, levantando-me da cama.

– Que tal um filme? – Ele parecia animado.

– Ótimo! – Fui até a minha estante de CDs e DVDs – O que você acha de porn... – Opa, não deveria ter falado isso alto - hm, Harry Potter?

– Tudo bem, por mim.

Coloquei o DVD no aparelho, desliguei as luzes e sentei no sofá – sim, eu tenho um sofá no quarto -, Gerard sentou-se ao meu lado. Eu realmente não prestei atenção ao filme, mas isso não fazia diferença, eu já havia o assistido milhares de vezes. Só conseguia me concentrar no fato do Gerard estar ao meu lado, com seu corpo tocando o meu.

– Me desculpem interromper o momento, rapazes, mas Gee, precisamos ir. Já está tarde e você tem aula amanhã. – Disse Donna, abrindo a porta do quarto devagar.

– Ah, sim. Até amanhã na escola, Frank – Ele sorriu. – Eu tive uma noite muito... agradável.

– Eu também tive. Até amanhã... Gee. – Eu hesitei em chamar-lo pelo apelido, mas ele apenas sorriu de novo e saiu quando eu o fiz.

Dentei-me no sofá onde há pouco ele estava, podia sentir seu perfume ainda no ar. Acabei dormindo ali mesmo.