Acordei todo dolorido no dia seguinte pelo fato de ter dormido no sofá. Tomei banho, me vesti e fui tomar meu café. Peguei minhas coisas e fui para a escola. Cheguei mais cedo que de costume e a escola estava quase deserta. Peguei meus livros e fui até a minha sala. Quando me sentei, comecei a lembrar da noite anterior. Eu estava morrendo de dor nas costas, mas valeu à pena só pelo fato de eu ter passado mais de duas horas seguidas ao lado do Gerard.

– Frank, tão cedo e você já está aqui? – Ele chegou, arrancando-me um sorriso.

– Ah, sim... – Respondi, animado como sempre fico ao vê-lo.

– Então, ah, eu estou realmente considerando a sua oferta de sairmos para dar umas voltas pela cidade. Eu não me lembro da maior parte desse lugar.

– Claro, seria ótimo! – Meus olhos brilharam. – Hm, hoje, após a aula, sim?

– Seria ótimo. – Ele sorriu.

Diferente da aula do dia anterior, essa passou muito devagar, quase se arrastando. Finalmente chegou o intervalo e, ao contrário dos outros dias, eu fui um dos primeiros a sair da sala, e Gerard me seguiu, sentando-se ao meu lado em minha mesa.

– Que aula temos agora? – Perguntou.

– Matemática, eu acho. – Respondi, desinteressado no assunto.

– Hm, não quero assistir. Mas, fazer o que, não? – Ele respondeu meio decepcionado.

– Na verdade, tem algo que podemos fazer. – A palavra “sexo” dominou a minha mente nesse momento, mas tentei esquecê-la. Eu tinha uma idéia – Vem! Levantei-me do banco e fui em direção aos fundos da escola.

– Aonde você vai? Frank??? Frank, volta aqui! – Gerard gritava, enquanto levantava e ia atrás de mim. Parei quando chegamos ao pátio que ficava no fundo da escola, onde quase ninguém ia, pois lá só tinha um muro todo riscado e umas plantas. – Onde estamos?

– Shhhh! Fica calado, eu sei o que estou fazendo. – Respondi, puxando-o pelo braço e guiando-o até onde eu queria chegar – Eu sei que está aqui em algum lugar... Hm, lá! – Corri até o outro lado, levando Gerard comigo. Lá encontrava-se um buraco no muro, o qual era suficientemente grande para uma pessoa passar.

– O que vamos fazer? – Ele me perguntou assustado.

– Não está obvio? – Agora ele parecia mais assustado ainda, e prestes a fugir. – O que você prefere: assistir à aula de matemática ou fugir comigo? – Ele não respondeu, apenas sorriu e eu percebi que ele havia escolhido a segunda opção.

Passei pelo buraco e, logo em seguida, ele fez o mesmo. Logo que ele saiu, peguei de seu braço novamente e o arrastei até um parque abandonado que ficava próximo à escola.

– Incrível! – Gerard exclamou quando finalmente o soltei. O que eu nunca queria ter feito – Como você conseguiu?

– O que? Consegui o que? – Perguntei, sorrindo e sentando-me em um dos balanços que havia lá. Gee sentou-se ao meu lado.

– Sair de lá! Como você sabe daquele buraco e como sabe desse lugar?

– Ah, bom, eu estudo naquela escola desde que me entendo por gente. Conheci aquela saída aos 13 anos, na sétima série, quando as pessoas comeram a me excluir dos seus grupinhos e tal. Mas eu conheço esse lugar desde pequeno, sempre vim aqui com a minha mãe. Então é pra cá que eu corro quando algo dá errado ou quando quero simplesmente esquecer do mundo e... conversar com alguém. – Respondi meio sem jeito quando notei seu olhar de pena. Eu odeio quando sentem pena de mim, me sinto inútil.

– Oh, Frankie, isso é horrível! Não acredito que as pessoas conseguem excluir alguém tão legal como você. Isso é tão... injusto. Eu queria poder fazer algo para mudar isso. – Gerard parecia realmente se importar comigo. E eu tinha certeza que estava extremamente corado, pois dentro de mim meu estômago estava embrulhado e minha mente estava tão confusa que eu não conseguia nem formar uma frase descente para responder.

– Obrigado, Gerard. Isso significa muito para mim, muito mesmo. E você já está fazendo algo para mudar isso, você está sendo legal pra mim, e isso faz toda a diferença. Eu nunca tive um amigo como você. – “Que em breve deixará de ser apenas um amigo, eu espero”, pensei e dei um leve sorriso.

– É ótimo saber que você pensa assim, Frank. Aliás, eu sempre quis ser seu amigo, mas nunca tive coragem para falar com você. – Ele colocou sua mão sobre a minha, meu coração com certeza parou – Você sempre me pareceu tão... fechado. Eu tinha medo que não gostasse de mim.

– Mas, bom, é impossível não gostar de você, Gee. – Agora ele também estava corado e sem jeito. Então aquele silêncio embaraçoso tomou conta do local. Aquele mesmo que tem nos filmes, antes do mocinho beijar a mocinha. Pena que eu não tinha como beijá-lo...

– Então, o que fazemos agora? – Perguntou ele, tirando a mão da minha, o que eu desejava que nunca houvesse acontecido, e quebrando o silêncio.

– Bom, você decide. O que quer fazer agora?

– Por mim, podemos ficar sentados aqui a tarde toda.

E assim foi. Ficamos lá durante muito tempo, sem trocar uma única palavra, apenas observando o lugar. Já era hora do almoço quando finalmente quebramos o silêncio.

– Frank, estou com fome. Acho melhor irmos. – Ele levantou-se do balanço e se postou à minha frente, pegando da minha mão. Seu toque me fazia tão bem. Aliás, ele me fazia tão bem. – Vamos, quero ver se aprendi o caminho de volta – Disse enquanto me puxava de volta à escola. O segui de bom grado.

– Aprendeu rápido, uh? – Comentei quando chegamos à “passagem secreta” e Gerard passou de volta aos terrenos da escola.

– Aprendi com você. – Ele sorriu – Devo tomar cuidado com o tipo de pessoa com quem faço amizade, pois vou acabar sendo um criminoso maluco daqui alguns anos.

– Nossa, você realmente me acha com cara de criminoso maluco? – Perguntei, fingindo uma cara de espanto e ofença.

– Não foi isso que eu quis dizer. Oh, Frank, me desculpe, eu sei que você é legal e... – Nesse momento, comecei a rir – Você estava tirando com a minha cara, certo? Isso não se faz! – Ele riu também. – O que fazemos agora?

– Ah, todo mundo já deve ter saído, então vamos até os portões da frente e seguimos para casa. – Respondi, pegando o caminho para os portões da frente. Gerard me seguiu.

Fomos para casa juntos, conversando e rindo sobre nossa aventura. O deixei em casa e segui para a minha própria, feliz e sorrindo.

– Que bom que está feliz, Frank. – Disse minha mãe, quando entrei – Será que foi sua fuga relâmpago da escola do filho de Donna que te deixou assim?

– Como você...? – Comecei a pergunta, o sorriso sumindo do meu rosto.

– Recebi uma ligação da escola. – Respondeu ela, sentando-se no sofá. – Frank, é muito bom que você esteja fazendo novos amigos e se divertindo, mas tente não deixar isso atrapalhar seus estudos, sim? – Concordei com a cabeça, olhando sem graça para o chão. Havia esquecido totalmente que o diretor poderia ligar para nossas casas. – Agora, o almoço está pronto, venha.

Fui até a cozinha e almocei, depois fui para o meu quarto e passei a tarde estudando para as provas queria de refazer na próxima semana até dormir.

No outro dia acordei e fui para a escola, com medo de ser chamado para a salda do diretor ou algo assim. Mas, para a minha sorte, nem sinal daquele velho chato. Mas algo estava diferente, Gerard não estava na escola ainda. Sentei-me em meu lugar no fundo da sala, até a chegada do professor.

– Bom, turma, abram seus livros na página 59 e vamos estudar. E, ah, como alguns de vocês devem ter percebido, – Ele olhou para mim, me deixando curioso – Gerard Way não compareceu à aula hoje pois foi suspenso por certos atos, hm, errados.

Ótimo, Gee foi suspenso e a culpa era toda minha! Só faço merda mesmo.