Eu estava ofegante, e muito. Foi uma correria, tivemos que agir muito rápido. Minha mãe passara mal durante a noite e tivemos que correr para o hospital com ela.
Eu estava deitada na minha cama olhando as fotos de Richard no instagram e ele tinha postado fotos nossas. Rindo olhando os comentários, meu pai me gritou pedindo para que o ajudasse a abrir o carro. Corri as escadas e fui até a garagem logo depois de pegar as chaves na mesa.
Meu pai abriu a porta dos bancos de trás e sentou minha mãe e pediu para que eu sentasse ao seu lado. Segurei sua mão com força, ela estava com o rosto vermelho e respirava fundo. Meu pai seguiu rapidamente para o hospital. Durante todo o caminho tentei me manter calma para passar confiança para minha mãe.
Ao chegarmos, os médicos colocaram minha mãe numa maca e a levaram para prestar socorro. Meu pai estava muito nervoso, não conseguia nem se sentar. Me sentei numa poltrona branca da sala de espera. Estava usando uma calça cinza de pano e uma blusa regata branca, era uma roupa terrível, mas o que importava era minha mãe. Mandei um sms para Richard:
Estou no Hospital com a minha mãe, ela passou mal. Esperamos que esteja tudo bem com o bebê.
Te amo,
Evelyn.
Depois fui até meu pai e o abracei. Eu não sabia o que pensar ou dizer. "Vai ficar tudo bem com o bebê" eu apenas falava isso para acalmar o meu pai. Estávamos desolados. As expressões tristes dele me faziam mergulhar num infinito de tristezas,numa profunda depressão. Depressão essa que eu convivia há mais de dois anos, que preenchia minha alma de desesperança e ao mesmo tempo a deixava vazia. Vazia de lembranças felizes. Vazia de sentimentos. Vazia de mim mesma.
O celular apitou, era uma mensagem de Richard:
Evelyn, estou indo aí. Sei qual é o hospital que sua mãe costuma ir. Vai dar tudo certo, quando eu chegar conversamos mais.
Te amo, Richard.

Sorri, entre tantas tristezas, ainda pude sorrir. Eu ficava a todo momento atrás de sinais de alguma notícia de minha mãe. Coloquei as mãos na cabeça, ficava mais apreensiva a cada minuto que passava. Passados uns 10 minutos, Richard finalmente apareceu. Ele veio até mim e me abraçou forte. Seu perfume era bom.
–Richard estou preocupada com a minha mãe. Não sei o que fazer - falei nervosa.
– Calma, tudo que podemos fazer agora é esperamos notícias dos médicos. Vai dar certo, acredite - ele disse acariciando meu rosto.
Nos sentamos, um do lado do outro. Eu segurava sua mão com força. Então finalmente o doutor apareceu.
–Sua mãe está bem e o bebê também. Ela pode voltar a ter problemas na gravidez mas se fizer tudo que pedirmos, o bebê vai nascer perfeito - ela disse nos deixando aliviados.
– Obrigado Doutor - disse meu pai mais alegre.
– Quando ela estiver melhor vocês poderão visitá-la.
O doutor saiu sem dizer mais nada e parecia estar apressado. Abracei forte meu pai, ele parecia melhor.
–Deu tudo certo pai - falei contente.
– Sim - ele sorriu.
Eu e Richard saímos do hospital e fomos andar um pouco. Andávamos com o braço dele envolto em mim, ele usava uma jaqueta preta e calça jeans.
–Viu? Deu tudo certo - ele falou me olhando.
– Sim, deu, ainda bem - disse com alívio.
– Obrigado por ter me chamado, te amo - ele disse me dando um beijo na testa.
Continuamos andando, até que ele me emprestou sua jaqueta, ficava grande em mim, mas tinha seu perfume. Nos sentamos num banco que achamos no caminho.
–Sabe, eu tenho sorte de ter você - Richard disse olhando o horizonte.
– Por que? - perguntei.
– Eu poderia dizer que você me completa, faz me sentir diferente. Mas simplesmente acredito que você me torna mais real.
– Real? - tentei entender.
– Não vivemos um conto de fadas. Convivemos com a realidade e fazemos dela a mais feliz que conseguimos. Fazemos dela um pedaço do irreal, parte do imaginário. Porém temos que lidar com as consequências de se escolher aproveitar o agora. De se tentar viver o que inventamos.