Dormi pensando num "eu te amo" dito por Richard na noite passada. Sonhei com seu sorriso, e acordei feliz ao lembrar de como ele ficava nervoso quando estava perto de mim. O dia estava mais claro, apesar de estar chovendo. Eu tinha combinado de sair com Richard, à tarde. Ele queria passar mais tempo comigo, e aproveitaria a oportunidade para falar sobre o assunto que minha mãe havia pedido para que eu resolvesse com ele.
Ainda eram 8h40 da manhã. Ao acordar, fui ao espelho ver meu rosto. Estava mais corado, menos olheiras. Talvez se apaixonar fosse uma cura. E se fosse uma doença, pior que o câncer não seria.
Tomei o café da manhã com meus pais como de costume. Minha mãe estava com um barrigão, parecia estar mais feliz. Eu também, não só por causa de Richard, mas porque pela primeira vez na vida consegui sentir que estava vivendo de verdade.
Chegada a tarde, me arrumei rapidamente, eu não era o tipo de pessoa que se importava em sair parecendo um zumbi na rua. Vestia apenas calça jeans escura, uma blusa lilás e um casaco preto.
Quando desci as escadas, minha mãe estava com Richard na sala, meu pai tinha ido trabalhar.
–Oi Evelyn - ele falou sorrindo e me analisado - está bonita.
– Oi Richard, obrigada, você também está bonito - falei ao ver que ele usava uma roupa um tanto descolada.
Minha mãe nos desejou um bom passeio e então fomos para o carro. Ao entrarmos, senti cheiro de comida, mas não havia nada no banco de trás. Deveria ter algo no porta-malas.
–O que vamos fazer hoje, namorado? - falei rindo um pouco.
– Você logo vai saber, namorada. Não se preocupe, você vai gostar.
– Hahaha, não me decepcione.
Durante todo o percurso ficamos cantando várias músicas, como "Want to want me". O dia estava ainda mais claro, o sol esquentava de leve minha pele. Ficava imaginando aonde iríamos, amando o fato de estar fora de casa.
–Chegamos - ele disse ao estacionar rapidamente o carro.
– E onde estamos? - perguntei.
– Estamos no Camley Street Natural Park. Viemos apreciar a natureza - ele falou animado.
– Sério? O Camley Street Natural Park? - fiquei eufórica.
– Sim.
Saímos do carro, eu estava bem feliz. Ele foi até o porta-malas e verificou algumas travessas com comida e uma garrafa de suco que estavam numa bolsa.
–Piquenique? - perguntei.
– É, um lanchinho - ele concordou.
Fiquei encantada com o parque. Haviam muitas áreas verdes que impressionavam com a beleza. Andamos durante um tempo, falando sobre besteiras, tirando fotos. Forramos o chão com uma toalha e nos sentamos. Ele tinha trago barras de chocolate da Cadbury num saco plastico e nas travessas havia biscoito e sanduíches.
–Como adivinhou que eu amo chocolate? - perguntei.
– Deve ser por causa do seu amor pela Cadbury - ele abria a garrafa de suco.
– Só existe uma coisa que eu ame mais que chocolate.
– O que? - ele parecia curioso.
– Hmmm... Eu mesma - comecei a rir.
– Hahaha. Impossível não amar você.
– É verdade - concordei.
Richard se aproximou, segurou minha mão e a beijou. Fiquei vermelha, depois sorri. Enquanto lanchávamos, pensei em conversar com ele sobre o que minha mãe havia me pedido, mas decidi deixar isso para depois.
Quando terminamos, dobramos a toalha, guardamos numa bolsa o que sobrou e continuamos o passeio. Fomos para um lugar um pouco afastado, era uma trilha com árvores que possuíam folhas de um tom mais claro do que as demais. Caminhávamos de mãos dadas, e isso me deixava muito feliz, mas também nervosa.
–Richard, preciso falar uma coisa com você - disse um tanto apreensiva.
– Fale - ele olhou para mim.
– Bom, é que minha mãe disse que para você continuar a namorar comigo, você tem que...
– Falar com o seu pai - ele completou.
– Isso. Você se importa?
– Não - ele olhou para frente - se eu não fosse capaz nem de pedir pra namorar uma garota para o pai dela...
– Você seria um medroso - dessa vez eu completei.
– Isso.
– Então eu falo com minha mãe para ver um dia bom para você ir lá em casa.
– Veja sim. Vou adorar ter você oficialmente como minha namorada.
– E eu vou adorar ter você como o meu namorado. Um guitarrista só para mim.
Nós dois começamos a rir. Sentamos num banco e apreciamos o pôr-do-sol. Eu estava com minha cabeça em seu ombro e ele segurava minha mão. Só queria viver esse dia para sempre.