Alguns dias tinham se passado e meu corpo continuava quieto na cama enquanto eu o observava. Me perguntava se eu realmente continuava viva, mesmo com meu espírito do lado de fora, mas pelo o que a Dra. Emma falava, eu ainda não estava morta.

Meu pai apareceu no quarto e se sentou ao meu lado, me olhando muito abatido. Depois colocou as mãos no rosto e começou a chorar um pouco. Eu fui até ele e o olhei carinhosamente, a coisa que eu mais queria era acordar e abraçá-lo, pelo menos uma última vez.

-Evelyn…- ele me olhou novamente e tentou sorrir - Você sabe que sempre será a princesinha do papai, não é? Você é a coisa mais importante na minha vida e de sua mãe. Eu te peço que tente um pouco mais, não estou pronto para te perder, e confesso que acredito que nunca estarei. Você é muito especial! A forma como conseguiu continuar sorrindo apesar de sua doença sempre me fez admirá-la ainda mais. Filha, permaneça conosco um pouquinho mais. Por mim, pela sua mãe, por Richard e também pelo seu irmãozinho que vem chegando aí. Eu te amo muito filha.

Meu pai se aproximou e deu um beijo na testa do meu corpo quieto. Eu sorri com o que ele disse e tive uma vontade enorme de abraçá-lo e dizer o quanto o amo, mas não podia. Eu estava destruída. Eu não podia morrer, existiam muitas coisas que eu não podia deixar, pessoas. Depois ele se levantou e saiu do quarto ainda com lágrimas nos olhos.

Fui até meu corpo e gritei para mim mesma “Você não pode morrer!” várias vezes, foi quando percebi que Richard tinha entrado no quarto e segurava minha mão. Eu tentei chorar, mas eu era um espírito, e espírito não choram. Sentei no chão ainda mais triste por nem poder chorar. Richard deu um beijo em meu rosto e me olhou apaixonadamente, então sorriu. Como eu sentiria falta daquele sorriso.

-Você sabe que se você morrer, um pedaço de mim vai junto também, não sabe? - ele tentou rir, mas depois uma lágrima saiu de seus olhos - Evelyn eu sei que você não quer partir, mas se for a hora, saiba que você foi e sempre será a garota que mais me fez feliz. Seu sorriso nunca sairá da minha mente e seus beijos permanecerão marcados em meu coração. Você é tão linda! Não só por fora, mas por dentro também. Uma guerreira, eu te admiro tanto… Eu te amo tanto!

Ele foi até mim e me abraçou de leve, e eu pude sentir, e nunca me senti tão bem.

-Richard eu gostaria tanto de poder te falar que… - quando falei isso, ele de repente olhou para mim, meu espírito, e pareceu me ver. Foi até mim, tocou meu rosto, ou tentou e depois olhou para baixo, parecendo não me ver mais. Eu estava chocada.

Ele sorriu enquanto chorava um pouco e depois saiu do quarto. Eu estava assustada. Fui até meu corpo e tentei me deitar sobre ele, talvez eu pudesse fazer com que ele acordasse. Me deitei sobre ele e algo estranho aconteceu, perdi minha consciência.

Acordei no dia seguinte junto ao meu corpo, com a minha visão embaçada. Olhei para os lados e não vi ninguém, foi quando uma criança ruiva tocou minha mão. Uma enfermeira entrou no quarto logo em seguida e ficou feliz ao me ver acordada.

-Você acordou querida! - ela chamou Dra. Emma que parecia estar mais velha.

-Evelyn querida, consegue falar? - ela me olhou sorrindo.

-E-Eu… - percebi que não estava conseguindo falar e que minha garganta parecia seca.

-Certo, - ela me olhou ainda sorrindo - não precisa forçar, vou chamar seus pais querida.

Meus pais apareceram e eu fiquei muito feliz, mas percebi algo estranho, minha mãe não estava mais com um barrigão de grávida. Ao invés disso, ela pegou o garotinho que estava no chão e o colocou no colo, ele se parecia comigo.

-Diga “oi” para a sua irmã Dylan - disse minha mãe segurando a mãozinha dele para que pudesse acenar para mim. Meu irmão já tinha nascido.