O garotinho ruivo que atendia ao nome Dylan sorriu para mim me trazendo um sentimento de paz.

–Filha eu estou tão feliz! - disse minha mãe dando Dylan para meu pai e vindo até mim - Você acordou!

–E-Eu... - tentei dizer algo mas não conseguia, então resolvi apenas sorrir.

–Com algumas semanas ela vai conseguir dizer algumas coisas. - disse Dra. Emma percebendo a preocupação de minha mãe - Agora ela precisa passar por alguns exames simples, depois vocês podem continuar a falar com ela.

–Tudo bem - disseram meus pais um tanto aflitos, mas ainda sorridentes, depois saíram do quarto.

–Evelyn, vamos fazer alguns exames para ver se você consegue se mexer. Você ficou... Um tempo em côma, mas em breve tudo voltará ao normal.

Ela chamou algumas enfermeiras para ajudá-la a fazer os exames em mim. Dra. Emma por algum motivo não quis me dizer quanto tempo eu havia ficado em côma. Eu também tinha medo de saber.

Depois que elas fizeram todos os exames, percebi que eu não conseguia me mover nem um pouco. Se eu achava minha vida ruim antes, agora a achava completamente horrível. A única coisa que eu tinha eram meus pensamentos. Não sabia onde Richard estava, quantos anos meu irmão tinha e muito menos o que tinha acontecido com a minha vida. Pelo tamanho do meu irmão, julgaria que ele tinha uns 3 anos, o que significava que eu tinha atualmente uns 18 anos. E pior que isso, Richard teria uns 19 anos, provavelmente teria seguido em frente.

Sabe quando você sente que sua vida perdeu completamente o sentido? Que tudo que você tinha parece ter se perdido? E que o tempo passou rápido o suficiente para que você tenha perdido todas as chances de manter as coisas que ama? Era assim que eu me sentia. Eu perdi o nascimento do meu irmão, a formatura do meu namorado, e muitas outras coisas que eu poderia ter vivido mas que não consegui. Comecei a chorar, então uma enfermeira veio até mim.

–Não chore querida - ela me olhou com ternura - já vi pacientes como você acordarem depois de 10 anos e conseguirem retomar a vida. Você só precisa ter um pouco de paciência.

Olhei para o rosto da enfermeira, então ela pegou um lenço e secou minhas lágrimas. Sorriu para mim, então se levantou e saiu do quarto, parecia que ela sabia que eu queria ficar sozinha.

Algumas horas mais tarde, minha mãe entrou no quarto com a autorização da médica e se sentou na poltrona ao meu lado que parecia estar mais velha.

–Filha, muita coisa aconteceu desde que você entrou em côma. Não sei se é a hora adequada para te falar essas coisas, mas vamos começar por partes, okay? - minha mãe disse buscando as melhores palavras - Já se passaram 3 anos e 6 meses desde que você entrou em côma. Todos achavam que você não resistiria, mas você se mostrou uma guerreira. O câncer regrediu bastante e agora seu corpo está melhor, apesar de você não conseguir se mexer, mas isso se deve ao tempo que você ficou parada. Seu irmão nasceu no dia 23 de maio do ano seguinte em que você entrou em côma. Desde então ele adora vir ao hospital para te ver, e sempre diz que tem uma "Maninha muito linda". Ele é uma graça. Sei que quer saber também sobre Richard, mas quero falar sobre isso depois, o importante é você se recuperar. Por hoje basta você saber apenas essas coisas minha filha, agora descanse um pouco. Eu te amo.

Minha mãe me deu um beijo na testa e ficou um tempo comigo no quarto até escurecer, depois foi pedido que ela saísse para que eu pudesse descansar. Pelo o que ela havia dito, dava para entender que Richard não continuaria a fazer parte da minha vida e isso fazia meu coração sangrar. E muito.