Eu sentei e esperei. Eu já estava pronta para sair com Richard, mas ele estava demorando a chegar. Eu estava vestindo uma calça jeans branca e um casaco azul-marinho com desenhos e uma toca lilás. Já estava tedioso esperar. Minha mãe me deixara sair com Richard na condição de que eu voltasse cedo para casa, e que eu ligasse se algo acontecesse.
Eu resolvi ligar para Richard para saber se ele chegaria logo. Quando ele atendeu, prometeu que já estava chegando. Eu olhei o horário, eram 14h32. Ouvi um carro buzinar, deveria ser ele. Levantei num salto e fui até a janela. Ele estava usando uma jaqueta de couro e óculos escuros, acenou para mim e eu fui até seu carro. Ele tinha um motorista particular. Entrei e Richard sorria para mim.
- Onde quer ir? - ele perguntou.
- Quero conhecer a Cadbury. - falei.
- A fábrica de chocolate? - ele arregalou os olhos - Quer ir lá?
- Sim. Ouvi dizer que teve origem em 1824, que John Cadbury vendia café, chá e mostarda numa pequena loja na Bull Streer, depois começou a vender bebidas a base de cacau e foi aí que começou a coisa toda.Bom, depois da fábrica já ter se tornado famosa, eles passaram por uma crise na Segunda Guerra Mundial onde o cacau estava em escassez e eles não faliram porque vendiam leite em pó para as forças armadas. E...
- Você vai contar toda a história da fábrica Cadbury? - ele me encarou.
- Desculpa, é que eu fiquei empolgada em falar sobre a Cadbury, é que está na minha lista de coisas que vou fazer antes de morrer ir a uma fábrica de chocolate.
- Espera, você tem uma lista de coisas que vai fazer antes de morrer? - ele parecia chocado.
- É evidente que vou morrer, porque não realizar sonhos antes? - falei secamente.
- Não é justo que você tenha pouco tempo. - ele olhou para baixo.
O motorista nos encarou, ele devia ter percebido que o clima estava tenso.
- Querem ir à Cadbury então? - o motorista disse num largo sorriso.
- Isso. - disse Richard.
Seguimos viagem à Cadbury. No início ficamos calados, o assunto que envolvia minha doença sempre deixava tudo que deveria ser perfeito com um clima ruim. Eu não só odiava o câncer porque me mataria, mas porque deixava as pessoas ao meu redor tristes. Depois de um tempo conversamos, eu e o motorista ficamos falando sobre a qualidade dos chocolates da Cadbury e que sabores gostávamos. Tinha se tornado um passeio de carro agradável. Quando chegamos, vimos aquela imensa fábrica marrom-escuro, era muito bonita. Saímos do carro e Dean (o motorista) disse que nos buscaria às 16h30.
Entramos, era maravilhosa. Era toda branca por dentro e com detalhes roxos. As embalagens azuis do "Cadbury Dairy Milk" chamavam minha atenção. Pedimos ao gerente para que pudéssemos entrar no local onde produzem os chocolates e ele nos deu permissão contanto que não tocássemos em nada e voltássemos de lá depois de 30 minutos.
Quando entramos, tinha um cheiro muito bom. Imensos caldeirões de chocolates e pessoas trabalhando por todo canto. Várias máquinas produziam os formatos dos tabletes de chocolate, sempre com o nome "Cadbury" no meio. Eu estava muito feliz de estar ali. Um dos trabalhadores da Cadbury nos mostrou como era fabricado o Dairy Milk e nos deu para provar alguns bombons. Eu sentia vontade de me jogar nos cadeirões e comer todo o chocolate. Amo cacau. Observamos um trabalhador enfeitar vários bombons que faziam parte de uma promoção. Infelizmente nossos 30 minutos passaram e tivemos que sair. Passamos o resto do tempo conversando e escolhendo os doces que íamos comprar, tomamos também um chocolate-quente perfeito. Fiquei encantada com a variedade dos sabores dos chocolates da Cadbury. Era um sonho estar aqui.
Dean voltou e fomos de volta para casa. Foi o melhor passeio que eu tinha tido em anos. Nunca tinha me sentido tão viva.
- O que achou da Cadbury? - perguntou Richard.
- Eu amei, achei maravilhoso a visita que fizemos, foi tão incrível. Sempre imaginei como era por dentro uma fábrica de chocolate. Obrigada Richard. - falei animada.
- Que bom que gostou. - ele disse sorrindo para mim.
Continuamos conversando e ríamos vez ou outra. Quando chegamos, saí do carro, me despedi do motorista Dean e de Richard e entrei em casa. Abri uma barra de chocolate Dairy Milk e saboreei o sabor que mais amava. Foi um dia do qual eu nunca iria esquecer.