—Você falhou novamente.— a loira gritara, jogando tudo que estava em cima da mesa ao chão.— Sua única missão era atrair os dois idiotas para cá, e nem isso você sabe fazer. Que tal voltar para o frasco de onde veio?

A menina, com os braços cruzados atrás do corpo, abaixou a cabeça após assentir. Ela se sentia errada, falhada, uma mera experiência inacabada.

—Ela está machucada.— saiu um som quase inaudível, a mulher se aproximou do rosto da moça, desferindo um tapa. Uma lição para que ela nunca se esquecesse.

—Machucada não é o bastante! Eu quero aquela coisa morta. Me ouviu bem? MORTA!

Um aperto aqui, outro ali, e mais um, e tudo estaria pronto. A criatura robótica estava quase funcionando, graças à inteligência quase surreal de Patrícia, que trabalhou duro nas últimas seis horas, apesar de ainda estar com dor. A criança estava sentada do outro lado da sala, silenciosamente, com uma dor de cabeça terrível. Algo lhe dizia o que estava prestes a acontecer, como ia acontecer, e quem iria combater. Ela queria levantar e reagir, contar para irmã e Aloy tudo o que sabia, porém, não o fez. Continuou quieta, com a pequena mão apoiada na testa, fazendo uma expressão de pura dor.

O robô abriu os olhos, proferindo palavras de boas-vindas à Patrícia. A moça sorriu para Aloy, e a mesma devolveu. Finalmente poderia ir embora, se não houvesse algum imprevisto. Sem mais delongas, subiu na carcaça da máquina, chamando Alia para subir junto.

—Nós vamos vim te visitar algum dia.— a mais velha falou olhando para a ruiva, era precipitado dizer que estava começando a sentir afeto por Aloy.

—Novamente, você está convidada a ficar até a provação. Quer dizer, as tribos são melhores quando você faz parte delas.— Aloy estava começando a sentir-se culpada, não queria, de jeito nenhum, deixar a adolescente andar perigosamente por ai com uma criança.

—Outra vez, eu não posso. Eu preciso achar...

—Seu canto no mundo, entendi.— cortou-a com um sorriso simpático.— E você, toco de gente?— referiu-se a Alia.

—Eu vou ficar bem.— fez o que adorava fazer: sorrir.

—Promete que vai fazer sua irmã me visitar duas vezes por ano?— a menina assentiu.— De dedinho?— juntaram os dedos.

Enquanto isso, no lado de fora da caverna, um Colosso se aproximava. Os corredores da região estavam atiçados, prontos para qualquer sinal de ataque. As outras máquinas não se atreviam a aparecerem por lá, a inteligência artificial sabia que era um lugar perigoso, com muitas vidas humanas aptas à lutarem até o último autómato. O Colosso andava cuidadosamente pelo território, atento a qualquer barulho, mesmo mínimo. Suas patas o levaram até a entrada do antigo laboratório, digitalizou o lugar primeiro, para poder ver o calor humano irradiando de dentro para fora, e decidiu se afastar, sua carcaça não estava em ótimo estado para combate. Porém, não era tempo. Estaladores, Corredores, e até mesmo infectados há muito tempo, se aproximaram da máquina, afim de o impedir de viver. Por mais irracionais que fossem, eles arranjaram um modo organizado de atacar o Colosso; Estaladores batiam com força contra o tanque, Corredores alarmavam a civilização, que, por sua vez, os ajudavam a derrotar o Colosso, e os Vermes atacavam grandes pedras no mesmo tanque que os Estaladores batiam. Colosso sentia em seu interior o fim de seu circuito, e, em poucos segundos, seu sistema desligou completa e eternamente.

Inquietação e agonia eram os únicos sentimentos no lado de dentro. Aloy, mesmo com certo tempo lidando com máquinas, nunca viu uma manada de infectados fazerem aquilo. Patrícia tinha experiência com zumbis, sabia que, muita das vezes, atacavam uns aos outros, porém, se juntarem para atacar uma máquina era novidade.

—Eles se juntam para combater máquinas?— Patty questiona Aloy confusa.— Parece que tem uma rixa para saber quem consegue infernizar mais a vida na terra.

—Você não está indo procurar o seu canto...— a ruiva abaixa o tom de voz, organizando os pensamentos.— Sua inteligência com tecnologia seria perdida. O que diabos você está indo fazer?

—Eu não quero meter mais ninguém no meio disso. É entre Umbrella, Vaga-lumes, e eu. Apenas nós três.— ajudou a menina mais nova a subir e sentar-se atrás de si.

—POR QUE? Patrícia, eu queria te ajudar, será que você pode, uma vez na vida, confiar em alguém ser ser aquela Ellie?

—Não é questão de poder, é questão de não querer.— ligou a máquina novamente, a mesma a deu boas-vindas, e, em alguns segundos, a pedra que trancava a entrada da caverna estava sendo removida.— Passar bem, Aloy.

Vira para um lado. Vira para o outro. Repete. Era assim que Ellie estava; inquieta. Joel estava dirigindo para um lugar misterioso, dizendo que lá poderiam saber mais sobre a tal clone e Patrícia. Na verdade, Ellie só precisava de descanso. Sua mente se ocupava pela possível decepção amorosa que sofrera, não queria ver Patrícia, nem falar com Joel, tão cedo. Joel tentou dialogar, falar que não era a "amiga" dela fazendo aquilo, prometeu que nunca ficaria com Patrícia, mas, foi em vão.

—Falta pouco para chegarmos.— Joel avisou, recebendo um aceno de cabeça.— Não acredito que você ainda está assim...

—Como acreditaria? Não foi com você!— respondeu se enfiando ainda mais no banco.

—As coisas são assim, ok? Ela não é...

—Obrigada a ficar comigo? Eu sei, Joel. Não precisa ficar dando a de pai toda hora que alguma coisa acontecer entre eu e ela.

Joseph Oda estava terminando de arrumar mais uma demanda de suprimentos quando uma das secretárias entrou no armazém. Logo, o homem imaginou o pior. Havia duas pessoas nos portões principais, esperando por ele. Pediu para que a secretária chamasse Sebastian Castellanos para ir junto com ele, mesmo que não fosse acontecer algo ruim.

Quando chegou no portão, quase caiu para trás. Castellanos também ficou surpreso, e a primeira reação foi abraçar um dos seres parado em frente a eles. Joseph se conteve em apenas um aperto de mão, sorrindo em agradecimento para as duas pessoas.

—Fico feliz que tenha, finalmente, aceitado minha proposta.— Oda proferiu sorrindo.

—Nossa base militar fica imensamente feliz em recebê-las.— Castellanos completou.

"O destino joga você para um lado, para o outro, e deixa em suas mãos a decisão correta"

A Lagarta — Pizzle.