A porta se abriu. Daphne, respirando fundo, foi a primeira a entrar.

A primeira coisa que viram foi uma forte luz que vinha da sala. A luz não era forte, foi a pouca iluminação das escadas que deram a ideia de que a sala era bem iluminadada. Quando seus olhos finalmente se acostumaram com o lugar, notaram que não passava de uma sala ampla e um pouco fria, e no seu interior havia uma mesa ampla de forma retangular simples com nada que pudesse esconder a visão à frente deles. Três cadeiras completavam os móveis que haviam nela: Duas para Fred e Daphne, e mais uma cadeira no outro lado da mesa. Mais à frente havia uma porta de metal.

Não havia ninguém na sala naquele momento, somente eles. O casal se aproximou daquela mesa, ficando ambos em pé, preferindo não sentar naquelas cadeiras.

Fred apoiou suas mãos nas costas da cadeira. "E então, o que faremos agora? Arrombar aquela porta lá na frente" Disse ele apontando para a porta "Ou esperar até que alguém se lembre de nós dois?"

Antes que pudessem dizer mais alguma coisa, de repente, a porta se abriu e rapidamente uma figura apareceu. Um homem, de cabelos grisalhos e rosto fino; magro e um pouco baixo vestindo terno e gravata e usando um óculos aparentemente de leitura. Além disso ele trazia além de um sorriso estranho, algo adicional era uma maleta preta. Ele fechou a porta atrás de si e caminhou até aproximar-se dos dois.

"Sejam bem vindos." Ele estendeu sua mão para o casal, mas nenhum a apertou. Sua voz não era tão grossa, mas era profunda conseguindo atingir os níveis mais fundos da sala, ecoando até os ouvidos deles

"Oh..." O homem retirou sua mão desviando seu olhar. "Bem... Vamos nos aprensentar, mas antes, sentem-se por favor." Ele estendeu suas mãos para que os dois se sentassem e se sentou logo em seguida deixando a maleta no chão.

Fred e Daphne trocaram olhares tortos e depois se sentaram.

"Novamente, sejam bem vindos a esta sala, as pessoas me chamam de 'Banqueiro', então, que assim seja."

"Você já deve nos conhecer, então vamos ser diretos." Daphne não tirava seus olhos daquele homem que mal dizia seu nome.

"Sim, eu já conheço vocês."

Antes que ele pegasse sua maleta no chão, ele parou e dirigiu seu olhar para Fred.

"Não vai dizer nada, rapaz?"

Fred cruzou seus braços e indiferentemente respondeu:

"Eu prefiro não falar..."

"Pois bem. Antes de começarmos a jogar, já digo lhes digo que não adianta tentar usar algum aparelho de comunicação, pois o sinal dentro desta sala é totalmente bloqueado."

Daphne pegou seu celular para verificar se ele estava dizendo a verdade, e viu que não havia sequer um sinal.

"Eu lhe falei. Uma das regras daqui é que não se pode mentir. Mentir é proibido tanto a vocês quanto a mim."

"O primeiro requisito é entregar qualquer aparelho eletrônico."

"Mas você não disse que todo o sinal é bloqueado?" Fred descruzou seus braços, tendo uma pequena alteração em sua voz.

"Devemos garantir que não tentem burlar o jogo."

"Não podemos jogar se você não nos passa confiança. Como devemos confiar em você, se você nem ao menos confia em nós." Daphne mostrava estar bastante calma. Ela não demonstrou reação alterada e nem ao menos mudou sua expressão.

O Banqueiro deu uma leve risada.

"Você é exatamente como me disserram."

"Como lhe disseram..." Disse a mulher em voz baixa "Michael..."

"Vamos prosseguir." O Banqueiro então retirou dois objetos do bolso de seu terno.

"Passamos então para a segunda regra e requisito: Para jogar este jogo vocês devem, obrigatóriamente, usar esses braceletes." Ele estendeu os itens para os dois.

Fred tomou seu bracelete e o analisou antes de o colocar.

"E se nós nos recusarmos?"

O Banqueiro continuava com o mesmo sorriso um tanto quanto incomum. Ele então abriu um sorriso maior, como se dissesse com toda a graça que podia.

"Vocês serão, como se diz... Serão eliminados do jogo."

Não bastou mas nenhuma palavra para convencer o casal a usar aqueles braceletes. As palavras que eles trocaram antes sobre mentira e confiança anteriormente contribuíram para que eles jogassem o jogo da forma como deveria ser jogado; sem truques, sem atalhos.

"E antes que digam mais alguma coisa" O Banqueiro acrescentou, apoiando suas mãos na mesa. "Se vocês tentarem me matar ou qualquer coisa que me 'prejudique', vocês também serão prejudicados." Ele fez uma pausa para olhar a reação dos dois, que tentavam se manter calmos. "Se eu parar de respirar, essa sala tem um mecanismo que vai trancar as portas e acionar um gás letal que matará vocês em poucos minutos. Simples assim."

O casal continuou a ficar calado. O Banqueiro arqueou uma sobrancelha esperando mais alguma reação, mas parecia que sua palavras os deixaram no fundo, um pouco perplexos.

"Eu disse que aqui a sinceridade era a obrigação, então estou sendo sincero."

"Não temos escolhas..." Daphne foi a primeira a colocar o bracelete em seu braço esquerdo. Fred olhou para ela um pouco decepcionado, e depois para o homem à sua frente.

"Pronto, colocamos os braceletes. E agora, Banqueiro?" Daphne perguntou ironicamente.

"Muito bem. Agora vou explicar-lhes como esses braceletes funcionam." Ele tossiu rapidamente e começou a falar: "O sistema é simples. Estão vendo estes visores LED nos braceletes?"

Os dois notaram uma tela e um brilho azul piscando.

"Isso vai monitorar seus batimentos cardíacos constantemente assim que o jogo começar, simples não é?"

"E o que vem depois?" Fred perguntou.

"A regra é clara. Se o batimento de um dos dois chegar aos 100, o jogo acaba..."

"Como assim, o jogo acaba?" Daphne franziu a testa.

"O bracelete daquele que os batimentos tomar a marca de 100 ira emitir um pulso elétrico que será descarregado pelas suas veias até o coração. Em outras palavras, o bracelete eletrocutará o perdedor."

"Mas o quê?!" Fred então se levantou bruscamente. "O que você pensa que nós somos? Objetos para vocês brincarem conosco?!"

O Banqueiro não demonstrou reação. Ele apresentava como sempre a mesma expressão fria e sarcástica.

"Ora ora, Fred Jones! Quando você e sua parceira concordaram em passar por aquela porta, vocês tomaram conta de todo os riscos que poderiam correr, não é verdade?"

O loiro ficou imóvel. Aquele momento de fúria instantânea poderia ser o fim do jogo para ele, se este tivesse começado. Se o bracelete estivesse acionado, ele estaria morto. Ter ainda o seu nome entoado por aquela voz deixou seu coração a bater mais rápido, e contribuiria para sua morte rapidamente.

"Fred, acalme-se." Disse Daphne, tocando no seu pulso preso ao bracelete. "Por favor."

"Melhor ouvir a dama." O homem de cabelos grisalhos apontou para a ruiva.

Como não tinha mais opção, Fred forçadamente sentou em seu lugar, balbuciando algumas palavras inaudíveis, e olhando para o Banqueiro como se ele fosse o pior inimigo

"Acho que já estamos todos prontos, não é verdade?"

O casal trocou olhares e ambos responderam.

"Sim."

"Então o jogo terá por início em em três...

O nervosismo já começava a tomar conta dos dois, que tentavam se manter firmes para controlar seus batimentos.

"Dois..."

Respirações forçadas e desespero.

"Um..."

Já não havia mais volta. Agora é vencer o jogo e prosseguir, ou morrer ali mesmo.

"Começou."