60bpm. Sessenta batimentos por minuto. Era o que o visor no bracelete de Daphne mostrava. Já o de Fred já estava em 73 bpm.

O loiro olhou para seu bracelete, respirando fundo para tentar diminuir o ritmo. Daphne também olhou para o bracelete dele, começando a se preocupar. Ela fez uma careta mostrando preocupação com aquele estado. Fred não fez nada mais e escondeu o disposotivo na manga de seu smoking.

"Por quanto tempo ficaremos aqui?" Disse Fred para o Banqueiro.

"Não se preocupem. Teremos muito tempo até o jogo terminar."

"De quanto tempo estamos falando?" Daphne perguntou entoando as palavras um pouco apreensivamente.

"Reduzimos o tempo em meros números, trágico, não é?" O Banqueiro ajeitou seu óculos olhando para sua maleta que estava no chão. "Deixe que o tempo fale por si... Ou seus corações."

"Nós não podemos ficar aqui por muito tempo."

"Vocês ficarão o tempo que for necessário." o homem de terno respondeu friamente, retornando logo depois a mostrar aquele sorriso. "Relaxem, teremos todo o tempo do mundo para conversar."

"Por que não começa falando sobre você?" Fred inclinou-se sobre a mesa na esperança de poder encará-lo.

O Banqueiro também também inclinou-se.

"Ou melhor, por que não começa falando sobre como quase levou sua parceira à morte naquele restaurante, meses atrás?"

"Como você sabe disso?" O loiro respondeu um pouco nervoso.

"Ele deve ter pesquisado sobre nós, Fred. Não se surpreenda se ele souber sobre essas coisas, até porque, pelo que percebi, esse jogo é nada menos que uma tentativa de nos fazer hesitar e com isso fazer nossos braceletes nos matarem.

"Daphne Blake, estou surpreso com sua capacidade em descobrir os meios deste jogo em tão pouco tempo. Parece que você não é apenas um rostinho bonito."

"Jogue este jogo comigo. Fred não tem nada a ver com isto."

Daphne aparentava estar um pouco mais tranquila que Fred. Era o que seu bracelete dizia. Seu rosto, estava tão sério quanto podia. Ela tentou deixar todas suas emoções de lado para concentrar-se naquele homem à frente dela.

"Pelo contrário senhorita Blake. O senhor Jones tem mais responsabilidade nisso quanto você. Mas não é verdade que ele preferiu terminar o relacionamento com você que ajuda-la em sua busca por seu irmão."

"Aquilo já foi resolvido. Estamos juntos novamente." Fred respondeu olhando para Daphne, que ainda se concentrava no Banqueiro.

"Mas será que você não sentiu raiva por ele ter feito isso com você, Daphne?"

"Vai precisar de muito mais que isso para tentar me tirar do jogo, Banqueiro."

"Não sou eu que vai fazer você ganhar ou perder. Será você mesmo."

Os dois ficaram em silêncio.

"Mas não vamos ficar calados, vamos conversar, não é?" O Banqueiro se levantou da cadeira e se virou de costas.

"Que tal relembrarmos desses últimos meses? Foram meses bastante agitados. Mal dá para contar no dedo quantas vezes vocês quase foram mortos."

O Banqueiro levou a mão ao seu queixo, virando-se para os dois logo depois. Ele olhava para os lados, para as paredes de metal da sala, para todo e qualquer canto daquele pequeno lugar. Era como se eele estivesse perdido, ou apenas estivesse tentando distraí-los.

"Aquele dia, no restaurante. Onde estava com a cabeça quando quase matou sua namorada, Fred?"

"Eu já disse, aquilo foi um acidente!"

O loiro estava nervoso, à ponto de bater as duas mãos na parede. Daphne na mesma hora olhou para seu rosto e para seu bracelete, que agora oscilava entre 70 até 82bpm. Aquelas palavras pareciam estar tocando no emocional de Fred, que ainda se arrependia de quase ter levado Daphne à morte e terminado seu namoro com ela.

"Fred, acalme-se! Eu já disse que posso resolver isto!" A ruiva respondeu no tom mais rígido que podia. Ela não percebeu que aquilo também a afetou, deixando-a nervosa.

O jogo começava a funcionar. Aquilo os estava afetando, e não foi necessário usar nem a força física. A destruição estava vindo por dentro.

Daphne olhou para seu bracelete, que agora chegava aos 650bpm.

"O único jeito de conseguirmos terminar esse jogo é seria se ganhássemos tempo para nos acalmar."

"Parece que a senhorita Blake é a única com razão por aqui."

"Não vai conseguir me deter tão fácil, eu já lhe disse." A mulher respondeu num tom intenso, para tentar disfarçar suas emoções.

O Banqueiro então sentou-se encarando Daphne. E sem tirar aquele sorriso sádico de seu rosto, ele disse:

"Deve ter sido difícil passar por tudo isso, seu próprio irmão fazendo isso com você. Imagine sua família! Como devem ter ficado ao saber que ele é o responsável por isso tudo! É emoção demais, não concorda?"

"Espera." Daphne ergueu sua mão. "Meus pais não sabem sobre Michael." Ela olhou rapidamente para Fred. "Quero dizer, eles acham que meu irmão está morto."

"Será que seus pais estão realmente sendo sinceros?" O Banqueiro então pegou sua maleta no chão e abriu-a. E de lá pegou um objeto e guardou sua maleta. O objeto era na verdade um tablet, que foi ligado por ele, e após alguns segundos entregou à Daphne.

"O que é isso? " Ela perguntou antes de pegar no aparelho.

"Olhe, e tire suas próprias conclusões."

Daphne, com um pouco de hesitação, pegou o tablet e observou o conteúdo. Havia um vídeo na tela mostrando o que parecia ser duas pessoas conversando. O lugar era desconhecido e a visão de seus rostos era impossível de se reconhecer. Aquilo era uma gravação escondida. Não era possível também percerber suas ações, e a única coisa acessível eram as vozes que começavam a ser ouvidas pelos presentes na sala.

"O que faremos agora? Disse uma voz feminina.

"Não podemos fazer mais nada. Deixe que ele prossiga com aquela vida, e que nos esqueça." Respondeu uma voz masculina.

"Mas ele é nosso filho!" a mulher insistia.

"Nosso filho morreu há anos! Aquilo é apenas uma casca oca. Ele já não existe mais." O homem então respondeu com uma voz alterada.

"Não diga isso! Daphne nunca iria querer que você pensasse assim!"

"Daphne não pode saber sobre ele, e você sabe muito bem que não. Você entendeu?"

A mulher hesitou por um momento, mas em seguida respondeu.

"Sim."

Fim do vídeo. Silêncio na sala. A única coisa a se alterar foram as medidas nos batimentos de Daphne, que já ultrapassavam os 70bpm.

"Daphne, aqueles eram?..."

"Meus pais...!"