Cassino Champa. Referência no quesito luxo e conforto; Certamente um dos cassinos mais frequentados nos últimos anos. Seu público é geralmente pessoas de alta classe com uma renda acima da média.

A detetive, ao olhar o cassino por fora, já encontrava-se impressionada com a vista. Ela nunca imaginaria que seu irmão poderia estar tão sigiloso e ao mesmo tempo tão acessível. Agora seria a hora de tentar descobrir toda a verdade; E talvez naquele cassino estivessem todas as respostas: o esquema de tráfico de drogas, a ilha, e principalmente, Michael. Todo o motivo de ela estar dando o máximo de si era apenas por causa de uma pessoa. E o pior disso tudo, é que ela mal saberia o que fazer quando tudo aquilo acabasse, se acabasse...

Mas de uma coisa ela estava certa: tudo aquilo, de alguma forma valeria a pena, por mais que fosse doloroso para ela.

Daphne sentia seu coração palpitar cada vez mais rapido à medida que se aproximava do lugar. Ela tentou disfarçar o máximo que pôde, mas Fred, por mais que ela tentasse, conseguia perceber a aflição que a percorria. Ele então, num gesto carinhoso envolveu a mão dele entre sua mão esquerda e a apertou. A ruiva, olhando para ele assim que sentiu o toque, viu sua mente e seu corpo agitados se acalmarem assim que lembrou-se de que ela não estava só.

"Eu estarei sempre aqui... ao seu lado" Ele disse.

"Obrigada Fred... por tudo."

A limousine parou em frente ao portão de entrada do cassino; O choffer saiu para abrir a porta. O transporte já não chamava tanta atenção naquele lugar que era frequentado por gente da mesma classe social alta, mas mesmo assim, ela conseguiu captar alguns olhares.

Os dois saíram. Fred agradeceu e pagou ao motorista naquele momento, que logo voltou para o carro para estacionar em algum outro lugar.

"Bem, vamos entrar antes que a gente perca toda a diversão." Fred olhou risonho para Daphne, tentando animá-la.

"Espere." ela disse puxando pelo ombro. "Vamos ficar o máximo possível em alerta, tudo bem?"

"Claro. Nós estamos juntos nessa, então qualquer coisa, não hesite em me dizer."

Quando chegaram até o portão, foram recebidos pelo recepcionista, que abriu o lugar para eles. Ao caminharem alguns passos adentro, a vista com que se depararam era incrível. Um lugar amplo e decorado luxuosamente. O cassino era realmente uma obra de arte.

Fred foi o primeiro a falar:

"Nossa, eu realmente estou impressionado com isso. Eu certamente não esperava por isso."

"Então o que esperava ver?" Daphne retrucou ironicamente.

"Eu não sei, talvez um lugar tumultuado, cheio de usuários de drogas e traficantes..."

"Fred, às vezes eu me pergunto porque ainda não bati em você... Ou te joguei pra fora do carro."

Daphne o encarou de um jeito sarcástico, mal acreditando que um homem com ele pudesse ter dito algo daquele tipo. Mas então ela pensou duas vezes e imaginou que um homem como Fred poderia dizer algo daquilo.

Os detetives olharam ao seu redor enquanto caminhavam entre caça-níqueis e mesas de jogos. O cassino apresentava váios jogos que poderia entreter uma pessoa disposta a jogar (e a pagar) por várias horas. Mas o que chamou a atenção da dupla foram as escadas centrais, que levavam para uma área acima. Eles pararam em um pequeno bar próximo à eles e sentaram nos bancos para observar o lugar com mais calma. O lugar era realmente luxuoso, já era possível reconhecer seu prestígio apenas olhando para os objetos, como as cadeiras e mesas feitas de mogno, como Daphne percebeu ao olhar para elas.

"Talvez nós deveríamos procurar melhor as pistas lá em cima." Fred apontou para as escadas. Daphne olhou para onde ele apontara, e pela sua curta visão até a parte mais alta, ela conseguiu ver algumas pessoas que demonstravam estar vestidas com roupas finas e luxuosas. Aquela deveria ser uma espécie área exclusiva para apostadores com mais 'poder aquisitivo'.

"Entendo." Ela assentiu. "Mas primeiro seria melhor que nós procurássemos aqui, apenas para ter certeza de que não deixamos escapar nada."

"Tem razão." Fred se virou e chamou o barman. "Uísque, por favor."

Daphne arqueou a sobrancelha olhando para o loiro.

"Mal começamos a investigar e você já vai beber?"

"Se quisermos nos entrosar com as pessoas daqui, é melhor que a gente pelo menos pareça que somos daqui."

"Mas... e se a bebida estiver envenenada?" Disse ela com um tom irônico.

"Nunca saberemos se não tentarmos."

Ela soltou um longo suspiro, seguido de uma leve risada.

"Pois bem, faça como quiser." Daphne se levantou, começando a caminhar para a mesa de roleta mais próxima.

Fred observou a ruiva seguindo até lá, parando apenas para conversar com o crupiê. Ele notou a expressão amigável e ao mesmo tempo um pouco sedutora em sua visão. Daphne não tinha como evitar; apenas o seu olhar já conseguia prender a atenão e o coração de qualquer homem, então ela usou esse 'dom' como proveito para conseguir o que quer.

O loiro não conseguiu ouvir o que estavam conversando, e como era mal em fazer leitura labial, ele ficou apenas na expectativa e ansiedade. Seu rosto já emanava o ciúmes que ele senti ao vê-la falando com o rapaz mais ou menos de sua idade. Ele estava pronto para se dirigir até o local, porém, uma força maior o trouxe de volta e o impediu de seguir com seu plano de acabar com a conversa.

Ele virou-se de lado para não ter que olhar para os dois por causa de seu ciúme que estava o remoendo por dentro. Dois copos de Uísque depois, Daphne retornara com uma expressão um tanto sorridente.

"Espero que você ainda esteja sóbrio." Ela riu, apoiando sua mão no ombro dele.

"Já estava pronto para a próxima rodada." Fred respondeu, rindo em seguida.

A ruiva puxou o loiro, que rapidamente deixou alguns dólares no balcão, pagando a bebida que tomou. Eles caminharam para próximos dos degrais da luxuosa escada, que era fechada por uma faixa de veludo vermelho. Quando se aproximaram dela, foram barrados por dois seguranças.

"Boa noite." Disse um guarda de pele morena, cabelos escuros e porte mediano; vestia roupas pretas de um segurança assim com o homem do seu lado. Ele analisou rapidamente o casal e deu uma olhada em sua prancheta... "Esperamos que os dois aproveitem o nosso cassino"... e deu espaço para que Fred e Daphne pudessem passar. O loiro por sua vez sentiu-se um pouco confuso. Daphne percebeu sua expressão e respondeu:

"Entendo o que está pensando." Ela disse. "Mas lembre-se de que estamos no território de Michael. Ele pode estar nos observando a todo esse tempo."

"É isso que me preocupa..."

Antes de começarem a subir os degrais, novamente o segurança tomou a palavra:

"Subam as escadas e caminhem até o inferior, e lá acharam uma porta, onde estarão esperando por vocês..."

Aquelas palavras causaram calafrios simultaneamente nos dois ouvintes, que sem mais delongas, continuaram a subir as escadas sem dizer palavra alguma.

Eles terminaram de subir os degrais, encontrando novamente lugares para jogos. Entretanto ali encontravam-se apens mesas para jogatinas, sem máquinas caça-níqueis desta vez. Várias pessoas reunidas por mesa, as quais algumas olharam sem muita discrição para dois detetives. Os dois, também trocavam alguns olhares para os jogadores.

"O que faremos agora?" Fred sussurrou para Daphne.

"O que o segurança disse, vamos seguir até o lugar indicado."

Daphne continuou a andar, mas foi parado por Fred, que segurou seu braço.

"Espera, mas se for uma armadilha?"

"Nunca saberemos se não tentarmos." Ela respondeu sorrindo."Essas palavras me lembraram de uma pessoa..."

Daphne tomou a frente, e Fred a seguiu, e com isso os dois caminharam até um curto corredor que no fim apresentava uma porta de metal cinza, que não aparentava ter nada em especial. Havia também um homem de terno e gravata em frente à porta que não tirava seus olhos deles. Ele deveria ser uma espécie de segurança, que guardava a porta de possíveis 'não convidados.'

"Fazia muito tempo que não lhe via, mas dediquei meu curto tempo para te fazer uma visita..." O segurança dirigiu sua palavra peculiarmente para Daphne.

Fred foi o primeiro a reagir:

"Mas que..."

"Que bom que você veio." Daphne respondeu interrompendo-o.

O segurança loiro de olhos escuros olhou demorou alguns segundos até responder.

"Muito bem, podem passar." O segurança abriu a porta para deixar que os dois passassem, e logo depois quando entraram, ele fechou a porta. Fred teve a impressão que ouviu um barulho de chave, como se o segurança estivesse trancando a porta.

Ao caminharem alguns passos, encontraram uma estreita escada em formato caracol que descia para um nível mais baixo.

"É agora ou nunca." Disse a ruiva, começando a subir as escadas.

Haviam longos e intermináveis degrais que subiam até uma área acima das áreas de jogos. Após alguns degrais, o celular de Daphne começou a tocar, sendo Kenny que estava falando. Ela atendeu e continuou a caminhar.

"Daphne, preciso te contar uma coisa."

"Diga." ela respondeu.

"Eu estava me perguntando sobre esse jogo, Survival Challenge. Não acha estranho que esse jogo que parece ser tão exclusivo aparecer assim, do nada para você?"

"Kenny, o que isso tem a ver? Eu acho que qualquer um pode jogá-lo se tiver condições."

"Pense o que quiser, mas quando eu acessei novamente o site do cassino, adivinhe só? O aviso do jogo desapareceu, como por encanto."

Daphne parou de descer as escadas pensando por alguns segundos, tentando ainda manter a calma e respondeu:

"Kenny, deve ter milhares de motivos para isso acontecer."

"E você acha que eu não sei?" Ele soltou uma risada.

"E então?"

"Além disso, eu havia entrado neste site um momento antes de lhe passar aquelas informações, e o aviso do jogo não estava lá. O que estou querendo dizer é que, talvez ele tenha feito isso para atrair você."

Daphne silenciou-se; era como ela estivesse longe dali, num lugar inalcançável de sua mente, que agora apenas pensava no aviso que recebera. Ela já sabia que o tempo todo era que estivesse sendo levada para uma armadilha de rato a qual não estava sendo atraída, pelo contrário, ela estava indo para lá por conta própria.

E após terminarem de subir, encontraram uma port idêntica à porta anterior.

"Daph, tem certeza de que quer continuar?" Disse Fred, antes que Daphne pudesse tocar na maçaneta.

"Eu fiz essa pergunta para mim várias e várias vezes." Ela deu um falso sorriso. "Minhas chances de retorno se acabaram quando eu atendi aquela ligação de Michael tempos atrás."