“Mas já?” Daphne comentou consigo mesma. Ela bocejava várias e várias vezes, quase voltando a dormir novamente. O cansaço ainda estava presente, depois de vários acontecimentos quase que seguidos.

Ainda sonolenta, ela começava a se preparar como os outros passageiros para descer do avião, e poucos minutos depois, ela já estava dentro do aeroporto esperando suas malas.

Enquanto isso, em Ohio já estava anoitecendo, e Fred terminava de preparar suas malas. Ele colocou várias roupas na cama para se decidir quais usaria quando estivesse lá, pensando em não levar muitas já que imaginava não ficar em Las Vegas por muito tempo, pois estava decidido em trazer Daphne de volta o mais rápido possível.

"Daphne estava certa. Acho que preciso renovar o meu guarda roupa." ele pensou. Na verdade Fred tinha várias roupas, mas metade delas suas eram calças azuis, camisas brancas de gola com mangas longas e o seu lenço laranja. Sem contar seu sapato marrom com fivela.

"Pois bem, que seja." Ele suspirou fundo, vendo que não tinha muitas opções, ele pôs algumas roupas e alguns pertences e ao todo, precisou de apenas uma mala média.

Daphne precisaria de uma mala grande só para guardar sua maquiagem. Fred, de repente, se viu rindo, em seguida olhou para a foto de Daphne em seu criado-mudo. Por um breve momento ele esqueceu de todos os seus problemas, e logo depois se via arrependido de não tê-la impedido de sair por aquela porta.

Aquele sentimento de culpa o atormentava em todo o momento, desde a ida de Daphne para Las Vegas. Ele se sentia o responsável por ela, e acontecendo alguma coisa, ele nunca poderia se perdoar.

"Não se preocupe Daph, eu estou indo."

Fred pegou a foto dela para observar mais de perto, quando seu celular tocou.

O loiro estava determinado, ele sentia que nada poderia impedi-lo. Por ela, ele iria até o fim.

Passaram-se 10 minutos que Daphne estava esperando suas malas aparecerem na esterira do aeroporto. Seu maior medo era que no pior das hipóteses elas poderiam ter sido extraviadas ou roubadas. Ao todo, ela levava 3 malas: uma grande, média e uma pequena. Sua mala mais 'preciosa' era a pequena, em que ela guardava sua maquiagem. Ela reclamava de Fred que dizia que metade de suas malas tinham apenas maquiagem. Então ela respondia que apenas uma mala era especialmente para suas maquiagens.

"Finalmente." Ela exclamou quando viu suas 3 malas chegando 'sãs e salvas'.

Seu próximo passo era pegar um táxi e seguir em direção ao hotel Gran Marita, que se situava no coração de Las Vegas.

Após um pequeno conflito ao tentar equilibrar suas malas, ela saiu aindando se arrependendo de não procurar por um carrinho antes.

Daphne estava tão distraída enquanto caminhava, que mal notou um homem vindo à sua frente. Os dois se chocaram e quase que as malas dela caem. O homem se recompôs rapidamente e saiu andando sem dizer nenhuma palavra. Tudo foi tão rapido que ela mal conseguiu ver seu rosto, que estava quase imperceptível pelo boné que ele usava.

Daphne ia abrir sua boca para falar algo, mas notou um papel que foi deixado em sua mão direita pelo choque com aquele homem. Ela se virou para procurá-lo, mas ele já tinha desaparecido na multidão de pessoas que estavam no lugar.

Ela abriu o papel pela curiosidade, e foi então que seu humor mudou.

"Que bom que você veio."

Então ele sabe que eu estou aqui. Eu já esperava por isso.

Daphne agora estava novamente no território inimigo, logo qualquer movimento errado, e será o seu fim. Ela já sabia que Michael não teria piedade nem ao menos de sua própria irmã, então precisava ter cuidado com ele.

Não posso perder mais tempo, preciso pegar um táxi e ir para o hotel.

Daphne olhou para trás por uma última vez pensando em quem poderia ser a pessoa que lhe entregou aquele bilhete, com certeza seria um 'empregado' de Michael ou algo do tipo. Em seguida ela olhou para sua frente e caminhou para a área de táxis.

"Boa noite, para onde a senhora deseja ir?" Disse o táxi ajudando a mulher com suas malas.

"Hotel Gran Marita, por favor."

Fred já estava ao caminho do aeroporto, ele preferiu pegar um táxi ao invés da Mystery Machine. Enquanto ele obsevava a estrada, ele ouviu o seu celular tocando.

"Espero que já esteja dentro do avião."

"Vá com calma, eu não tenho culpa do trânsito piorar por aqui. Mas enquanto isso, você já deve ter tudo o que preciso, não é?"

"Mas é claro que sim."

"Então diga."

"Daphne está se hospedando no hotel Gran Marita, no coração de Las Vegas."

"Gran Marita?" Fred pensou. Por um momento aquilo lhe chamou a atenção.

"Sim."

"Eu sinto que já ouvi falar nesse nome, mas não me lembro muito bem."

"Pois bem, posso continuar?"

"Prossiga."

"Se pesquisei bem, seu quarto é o número... 48.."

"Você pesquisou, ou hackeou o computador do hotel?"

"Você quer ajuda ou respostas?"

"Esqueca Kenny, pode continuar."

"Terminei. A única coisa que irei fazer agora é mandar o endereço do hotel, e você que se vire, Jones."

"Obrigado pela simpatia, Kenny, a qual mal conheço seu sobrenome."

"Quanto menos você souber, melhor."

"Espere, antes que desligue, pode me fazer um último favor?"

"Diga."

"Você pode fazer uma pesquisa me dando as informações daquele hotel? Sua história, fundador, quando foi construído?"

"Está bem."

"Ele desligou na minha cara!" Fred mostrou o celular para o motorista do táxi, que olhou pelo retrovisor sem entender nada.

40 minutos depois de uma descofortável viagem de táxi, Fred havia chegado ao aeroporto de Ohio. Ele fez o check-in e algum tempo depois já estava dentro do avião.

"Senhor, gostaria de uma bebida?"

"Não, obrigado."

A aeromoça assentiu para Fred, e proseguiu com o seu carrinho alguns passos.

"Espere! Senhorita aeromoça?"

A mulher retornou para Fred, e este sentiu uma leve culpa por tê-la chamado após dispensá-la.

"Sim."

"Poderia me dar um chá? Para me acalmar? A ansiedade está acabando comigo."

"Nós temos chá sim, espero que logo vou-lhe servir."

"Ok, obrigada."

Enquanto esperava o chá chegar, Fred recostou sua cabeça na cadeira, e fechou seus olhos.

"Daph, o que eu não faria por você..."

Segundos depois, ele abriu seus olhos, suspirou e disse em voz baixa:

"Eu preciso mesmo de umas férias..."

Quando a aeromoça retornou com seu chá, Fred agradeceu e deu um pequeno gole.

"Se Velma estivesse aqui, ela com certeza ia rir de mim." Fred deu uma leve risada lembrando-se de sua amiga que zonbava dele por tomar chá, já que Fred zombava dela por tomar chá.

Após pequena viagem de táxi, Daphne finalmente chegou ao hotel Gran Marita. Ao sair do táxi, ela primeiro olhou para a grande fachada colorida e iluminada do hotel. Típico de Las Vegas. Seus olhos ficaram admirados também com a cidade. Ela já esteve algumas vezes com a Turma, mas nunca parou para olhar com precisão a Cidade do Pecado. Luzes, sons, pessoas, aquilo tudo era algo inexplicável, de um jeito bom e ruim.

Daphne agradeceu o motorista pela ajuda com as malas depois de ter o pago.

Quando a mulher entrou no hotel, sentiu uma sensação estranha, de que algo estava errado.