“O que foi... Que você... disse?” Daphne não estava acreditando no que Fred havia dito.

“Foi o que eu disse, terminamos.” Ele olhou diretamente nos olhos dela.

“Kenny depois eu falo com você, até mais.” O tom de voz dela havia mudado, estava mais séria, como se estivesse a ponto de desabar e começar a chorar, então ela saiu.

“A-até mais então.” Kenny não sabia direito o que fazer, ou dizer. Ele acenou se levantou e ficou olhando para a porta.

“Eu tenho que ir... Desculpe o transtorno.” Fred mal olhou para Kenny, e também saiu.

Assim que ele saiu, ele viu que sua moto não estava lá, para variar.

“Que droga, de novo não!”

Daphne já estava pegando a estrada, mas não conseguiu se conter, lágrimas começaram a cair. Ela não acreditava nas palavras dele, aquilo era um pesadelo. A pessoa em que ela mais podia contar, agora a deixou.

Não havia mais escolhas: Ou ela continuava, e poderia ter a chance de parar Michael, ou deixava tudo de lado, e permitir que ele ferisse mais pessoas.

“Estou longe demais para voltar.” Pensou consigo mesma. Ela estava disposta a se arriscar por aquela causa, até mesmo estando sem Fred. Pelo menos podia contar com a ajuda de Kenny, mas não seria a mesma coisa.

“Espero que ela tenha desistido dessa ideia.”

Fred também havia pegado a estrada de volta para casa. Ele queria alcançar Daphne, mas ela era mais rápida. Agora ele temia o que iria ocorrer pela frente. Talvez ela desistisse da ideia, ou ela seguisse em frente, o que ele mais temia que ocorresse.

“Ah Daph...” Ele deu um longo suspiro, preocupado com ela. Terminar o namoro, não foi uma de suas melhores ideias, mas ele só o fez para o “bem dela”.

Ainda na estrada, Daphne já estava decidida a viajar para Las Vegas. Seus pensamentos estavam tão longe, que quase foi atropelada por um caminhão. Ela também sabia que estava sendo “vigiada” pela polícia, então chamar a atenção seria perigoso.

O trânsito estava normal, então ela voltou rapidamente, para casa. Guardou a moto, mesmo pensando em não guardá-la.

Rapidamente ela correu para seu quarto, e foi para o banheiro tomar um banho. Enquanto a água caía, novamente seus pensamentos a cercaram. Ela pôs a mão na parede, e começou a chorar.

Talvez a culpa de tudo isso seja de Michael. A ligação de meses atrás, de repente, mudou a vida de Daphne. Ou talvez a culpa disso tudo seja dela. Largou mão de tudo para ir atrás dele, largou até o seu ex-namorado. Iria partir na intenção de tentar convencê-lo a parar com isso de uma vez. Mas e se ela não conseguisse? E se a informação estivesse errada? Teria viajado milhares de quilômetros para nada? Poderia ser, mas era diferente dessa vez. Sua intuição falava mais alto, como nunca. Ela estava atirando no escuro...

Quando saiu do banho, rapidamente vestiu uma calça preta, uma blusa de manga curta branca, e um blazer para combinar com a cor da calça. Pôs suas sandálias, e começou a arrumar as malas, temendo que Fred chegasse e a impedisse de sair. Enquanto terminava de se arrumar ela pegou seu celular para chamar um táxi. Além de ligar para o aeroporto, e depois para um hotel.

Fred havia acabar de estacionar o carro na frente da casa, não guardou, pois tinha medo que Daphne tivesse saído para outro lugar.

Enquanto isso depois de ter arrumado as malas, ela pegou seu celular para chamar um táxi.

“Daphne? Daphne cadê você?” Ele entrou correndo na casa, desesperado.

Antes que ele pudesse subir as escadas, ele deu de cara com Daphne, já descendo e com algumas malas na mão.

“Daphne, o que está fazendo? Não me diga que está indo para...”

“Sim Fred, estou indo para Las Vegas.” Ela o interrompeu enquanto descia as escadas.

“Não acredito que vai continuar com isso.” Ele tentou bloquear o caminho dela. O que a deixou irritada.

“Pode me dar licença? Eu tenho um voo para pegar.”

“Por favor, pare com isso! Se você for pode não voltar mais! Você precisa ficar!” Fred colocou as duas mãos nos ombros dela para impedi-la.

“Agora é tarde.” Ela começou a andar, dessa vez ele não tentou impedir.

Assim que ela saiu, Fred ficou parado no mesmo canto, nem sequer olhou ela ir embora, não sabia o que fazer.

A ruiva ficou esperando em frente da casa por um tempo o táxi chegar, ela não olhou para trás, estava determinada a prosseguir. Não seria seu ex-namorado que ia impedi-la agora.

Ela ficou preocupada com o atraso do táxi, ficava olhando as horas no celular, chegou até a olhar para casa, mas não avistava mais ele.

“Oi! Desculpe o atraso, o trânsito estava uma droga.” O taxista havia acabado de chegar.

“Não tem problema.” Daphne esperou que ele parasse o carro.

“Deixe que eu levo suas malas senhorita.” O taxista rapidamente saiu do carro para ajudar a jovem.

“Ah, obrigada.” Ela sorriu em agradecimento, enquanto guardava as malas também.

Ela entrou no carro, e olhou pela última vez a casa, sede da Mystery Inc. O taxista deu a partida no carro, e foram embora.

Daphne não falou uma palavra a viagem toda. Ficou pensando em tudo, principalmente em Fred, o que foi estranho para ela tentar esquecê-lo. “Será que ele vai ficar bem?” “Talvez eu tenha sido dura demais com ele...” Pensava consigo mesma. “Não, ele quem foi rude comigo, ele quis terminar comigo. Se ele me amasse mesmo, não faria o que fez.”

“Senhorita chegaremos ao aeroporto em breve, está tudo bem?” O taxista olhou para o retrovisor.

“Ok... Obrigada.” Ela estava tão perdida, que mal sabia o que ele falou.

No meio da viagem, Daphne pegou seu celular para ligar para Kenny.

“Alô?”

“Kenny, preciso de sua ajuda.”

“É você Daphne?”

“Quem mais seria?”

“Está me dando broncas, então é você mesmo.”

“Desculpe... Estou um pouco nervosa.”

“Está tudo bem... Agora me diga o que posso fazer por você?”

“Se lembra do que eu te falei sobre meu irmão?”

“Sim, me lembro.”

“Então, preciso que você busque informações sobre o tráfico de drogas, e depois me envie quando eu chegar em Las Vegas. Pode fazer isso?”

“Claro.”

“Obrigado meu amigo, obrigado mesmo.”

“Você já me ajudou tanto, era o mínimo que eu posso fazer.”

Um silêncio de poucos minutos tomou a ligação.

“Preciso desligar, está tudo bem?”

“Ah sim, até mais Daphne.”

Ela desligou o telefone, e novamente voltou ao seu silêncio. A viagem demorou 40 minutos. Quando chegaram, novamente não prestou atenção nas palavras do taxista avisando do término da viagem. Ele precisou chamar três vezes até que ela voltasse ao normal.

“Oi? Ah me desculpe, estava tão desligada.” Ela deu um sorriso sem jeito tentando disfarçar a situação.

“Não tem problema senhorita.” O motorista sorriu. “São 50 dólares.”

“Tome, fique com o troco.” Ela deu 60 dólares para ele, e saiu do carro.

O motorista saiu do carro, e ajudou Daphne a tirar as malas. Assim que terminou, foi embora.

Ela fez o check-in, esperou por um tempo até entrar no avião, mas antes que entrasse nele, ainda na escada rolante, pensou consigo mesma:

“Adeus Ohio... Adeus Freddie...” E assim, subiu a bordo.

“O que foi que eu fiz...”

Fred estava no banho, assim como Daphne, pensava várias coisas enquanto se banhava.

“Daphne foi embora e é tudo culpa minha!” Ele apertou os punhos, estava furioso consigo mesmo.

“Eu nunca devia ter terminado com ela...!” Lamentava-se a todo o momento. Agora era tarde, ela já deve estar em Las Vegas.

Ele saiu do banho, mais deprimido do que quando entrou, mal quis colocar uma roupa, ficou com seu roupão mesmo. Se jogou em sua cama, pôs as mãos atrás da cabeça, e ficou olhando para o teto. Ficou lá por vários minutos, por incrível que pareça, não pensava em nada. Virava a cabeça de lado, várias vezes. E quando deu por si avistou seu celular. Do nada lhe vem algo à mente.

“Kenny...” O rapaz rapidamente se levantou da cama, pôs uma camisa branca de longa, sua calça casual azul, um sapato, e depois de ter terminado de ser arrumar, foi até a garagem pegar sua moto.

“Só podia ser ela...” Ele tentou dar a partida, mas viu que as chaves não estavam provavelmente poderiam estar no quarto de Daphne.

Quando chegou até o quarto dela, percebeu que a porta estava trancada.

“Daphne vai me matar depois.” Ele respirou fundo, tomou impulso e arrombou a porta.

Não precisou procurar muito, as chaves estava em cima da cômoda. Antes que de pegá-las, ele viu um porta-retratos ao lado. Havia uma foto dele e de Daphne, tirada anos atrás. Eles estavam nas montanhas do Alasca, depois de resolver outro mistério, estavam abraçados. O sorriso estampado nos rostos dos dois, não dava para imaginar o que eles estavam passando agora.

“Ah Daphne...” Ele pegou a foto olhando apenas para o rosto dela. Ficou um tempo olhando para ela, até se esquecendo do tempo.

“Tenho que ir...” Pensou consigo mesmo, e pôs de volta a foto. Saiu do quarto, mas não conseguiu fechar a porta por causa do arrombamento.

“Eu resolvo isso depois...” Ele correu até a garagem, pegou a moto e foi embora.

Daphne já estava no avião, mal havia chegado à metade do caminho. Então começou a procurar em seu computador, algumas informações sobre o tráfico de drogas em Las Vegas.

“Senhora, aceita alguma bebida?” A aeromoça lhe mostrou o carrinho com as bebidas.

“Não, obrigada.” Ela sorriu em resposta.

De repente, ela começou a sentir-se estranha, como se estivesse sendo vigiada. Talvez Michael esteja vigiando ela todo esse tempo. Desde o ataque no restaurante, até agora. E se o plano desse errado? Se seu irmão estivesse mesmo a vigiando, tudo o que ela havia planejado teria sido em vão. Ele poderia fugir para um ligar distante.

Mas se ela estivesse mesmo sendo vigiada, talvez houvesse um espião dele presente dentro do avião, pronto para matá-la a qualquer momento...

“Acalme-se Daphne!” Pensou. “Isso só é coisa da sua cabeça!” Ela tentou seu acalmar, mas nada a impedia de descartar a ideia de que poderia estar certa.

“Com licença, aeromoça?”

“Sim, deseja algo?” A aeromoça voltou-se para Daphne.

“Eu queria um chá para me acalmar. Ficar nas alturas me deixa nervosa.” Daphne tentou disfarçar sua preocupação.

“Sim temos, já vou lhe servir.” A aeromoça sorriu em resposta.

“Obrigado.”

Enquanto seu chá ainda não chegava, Daphne continuava a olhar seu computador, ainda tentando entender as informações que havia recolhido, e não percebeu a presença de um homem se aproximando dela.

“Com licença, você é Daphne Blake?”