Saímos correndo e fomos para um espaço que tinha atrás do laboratório de geografia. Lá tinha alguns vasos de planta e era o único local que as câmeras não alcançavam. Ótimo local pra se esconder. Mas como Andy conhecia aquele espaço? E como ele estudava aqui e eu não o conhecia?!

- Sempre que não quero ficar na sala venho para cá – ele disse, ainda segurando minha mão.

- Também venho aqui pra me esconder da diretora – sorri de lado e Andy sorriu também.

- Venha – ele me puxou e sentamos no chão, atrás de algumas plantas.

- Não tem nem como não ir – rimos juntos.

Ficamos ali sentados olhando para o nada, nenhum dos dois tinha algo a dizer. Eu não sabia direito o que perguntar, até que ele rompeu com a barreira do silêncio.

- Eai Tay, você é tão rebelde assim todos os dias ou resolveu tentar me impressionar hoje? – ele disse e deu uma piscada, me fazendo rir.

- Sou assim todos os dias, não preciso ficar impressionando os outros – eu falei e ele estreitou a boca.

- Muito bem, obrigado pela patada – comecei a rir.

- Não era pra ser uma patada, desculpa – olhei para ele, fiz biquinho e ele me olhou com uma expressão séria.

- Deixe-me pensar... Tá, está desculpada – ele sorriu e deu um soco de leve no meu braço.

- Ah, me sinto muito honrada com isso – começamos a rir.

- Você falou que nem a professora de português – não gostei muito disso, já estava brava com aquela professora fdp (Flor De Pessoa).

- Claro, muito igual mesmo – revirei os olhos e depois sorri.

Ele passou a me encarar. Não sabia o que iria fazer. Senti minhas bochechas ficarem quentes, devia estar vermelha novamente. Que droga Andy, para de me encarar! Resolvi falar alguma coisa, para que sua atenção se voltasse para outra coisa, a não serem os meus olhos.

- Já estuda aqui há quanto tempo? – a pergunta parecia meio idiota e clichê, mas queria realmente saber disso.

- Faz um ano e você? – Nossa, já fazia tanto tempo assim e nós não nos conhecíamos? Eu deveria estar dormindo demais no horário do intervalo. Nota mental: parar de dormir no intervalo. Foi assim que já me roubaram três maços de cigarro, até hoje fico abismada com isso.

- Três anos ou mais – dei risada, pois não lembrava mesmo há quanto tempo estudava lá. Dormir demais estava me fazendo ficar lerda de verdade.

- Boa memória – ele riu e eu só dei risada junto para não deixa-lo sem graça.

Ele pegou os fones de ouvido, os colocou e deitou no meu colo. Resolvi pegar meus fones também. Selecionei o álbum de uma das minhas bandas favoritas e logo começou a tocar Join Me In Death, da banda finlandesa HIM. Amava aquele som. Fechei os olhos e me concentrei na música. Senti que ele havia levantado, então abri os olhos lentamente. Deparei-me com ele me encarando novamente. Eita guri que gosta de me encarar.

- Você estava cantando – ele sorriu de canto e foi aí que me caiu a ficha de que estava cantando.

- Desculpa por fazer seus ouvidos sangrarem – disse isso e realmente fiz uma cara de cachorro que caiu da mudança.

- Diz isso como se cantasse mal – voltou a me encarar. Mas é isso mesmo? Ele acha que eu canto bem?!

Não disse nada e mesmo se quisesse, não passaria de apenas um simples obrigado. Já estava me cansando daquele negócio de ele ficar me encarando. Isso dava vergonha até demais. Não gostava de me sentir assim. Por sorte o sinal bateu. Levantei rápido e tentei sair dali o mais rápido possível. Ele se levantou e veio atrás de mim, droga. Logo já estava andando ao meu lado.

- Tenho que ir na sala e pegar minha mochila, você me espera aqui? – ele disse mais como uma ordem, do que como pergunta.

- Não posso ser vista – disse e ele parou de andar e voltou.

- Então me espere aqui – me pegou pelo braço e foi me encaminhando onde ele queria que eu o esperasse.

- Ok – fiquei no canto da parede, para que qualquer um que passasse ali não me visse e especialmente que as câmeras não me filmassem.

Porque ele demorava tanto? Se a inspetora passasse ali e me visse, nossa, eu estaria ferrada. Tá, vou parar de ser tão negativa, sei que a força do pensamento atrai essas coisas. Mas porque essa imensa demora? Ele vai arder no mármore do inferno se alguém me achar.

- TAYLOR! – ouvi alguém me chamando, meus Deus, acho que morrerei do coração agora.

Resolvi ficar quieta, até que a pessoa pensasse que se enganou ou qualquer outra coisa do tipo.