Entrei e já ouvi o barulho irritante dos sapatos de salto da coordenadora vindo atrás de mim.

- Onde a senhorita pensa que vai? – aquela voz dela me irritava, não sei como o marido dela aguentava ouvir aquilo todo dia.

- Vou para a sala, onde eu deveria estar, não é mesmo?

- Direto para minha sala, vamos.

- Eu não quero perder aula, sempre que quero estudar, alguém me atrapalha. Desse jeito nem saio do segundo ano mais.

- Chega de drama e vamos logo!

Bufei e fui andando atrás dela. Ela é muito chata, pelo amor de Deus. Acho que me ama demais, pois só vive me vigiando e querendo que fique na sala dela. Ninguém merece isso.

- Sente-se senhorita Momsen – disse e eu sentei na cadeira que estava em frente a sua mesa.

- Eu ando de olho no seu comportamento e não está dos melhores. Não estou gostando dessa história de cabular aula e ficar fumando perto da escola – como ela sabia?

- E daí?

- E daí que precisa melhorar, nessa escola só estudam os melhores e quero que seja uma das melhores também e pare de se drogar.

- Eu não uso drogas.

- Não é isso o que seus olhos dizem

- E meus olhos falam agora?

- Muito engraçadinha, continue assim e terei que ligar pra sua mãe. Até agora estamos tentando nos entender só com você, mas se não der certo, a chamaremos aqui.

- Ok.

- Agora vá pra sala, está perdendo aula.

Levantei da cadeira, coloquei meus fones de ouvido e sai da sala dela. O que essa mulher queria tanto comigo? Passei na cozinha e peguei café. Subi várias escadas até chegar à minha sala. Aquilo cansava de verdade. Entrei na sala e sentei na última carteira, pois não gostava da sensação de todos me olhando. Joguei minha mochila em cima da carteira do lado e deitei em cima da minha blusa de frio. Pretendia dormir a aula inteira e quase consegui isso.

- TAYLOR MOMSEN! – minha professora de português gritou do meu lado, ela odiava que dormissem na aula dela.

- Oi, o que? Não fui eu! – várias pessoas riram de mim, mas estava totalmente desnorteada, acordei super assustada com aquele grito.

- A senhorita poderia me falar mais sobre romantismo? – ela disse batendo a caneta na mão e andando pela sala.

- Ah, foi uma coisa romântica – eu disse e todos deram risos abafados.

- Além de dormir na minha aula, ainda quer tumultuar! Já pra direção agora!

Estava mesmo louca pra sair daquela aula, aquelas cadeiras eram duras demais pra eu dormir, risos.

Não iria pra diretoria, queria andar pela escola. Outra bronca não, ninguém merecia. Ainda mais daquela coordenadora. Ela estava no lugar da diretora no período da manhã, isso era horrível. A diretora era legal, preferia mil vezes ela.

Desci as escadas e fui para o primeiro andar, comecei a dar algumas voltas. Cheguei perto da quadra e percebi que dava pra sair da escola por ali, se conseguisse subir a grade. Pensei em pular. Coloquei minha bolsa nas costas e tentei me segurar na grade. Subi mais da metade, já estava em um lugar bem alto, mas minhas mãos estavam doendo de segurar meu peso e a bolsa já estava pesando também. Resolvi que não era uma boa ideia e tentei descer, mas prendi meu pé.

- Vem cá que eu te ajudo a descer – o menino que me pediu cigarro de manhã estudava aqui? Como assim?

Ele tirou minha bolsa e jogou no chão. Fiquei meio brava com isso, minhas maquiagens estavam lá dentro. Sem aquilo não sou uma pessoa apresentável, principalmente de manhã. Ele segurou na minha cintura e depois me pegou no colo. Por instinto me grudei no pescoço dele e passei minhas pernas ao redor de sua cintura. Ele me abraçou, aí que senti vergonha e desci do colo.

- Er... Obrigada por me salvar – eu devia estar vermelha, pois estava sentindo minhas bochechas queimando.

- Por nada, sempre que precisar, estou por perto – ele piscou para mim, devo ter ficado mais vermelha ainda – Acho que não fomos devidamente apresentados – ele disse após eu ter ficado alguns minutos em silêncio.

- Não mesmo, sou Taylor – disse estendendo a mão para ele.

- Sou Andrew ou Andy, tanto faz, risos – ele me cumprimentou – Mas e aí, o que você estava fazendo pendurada em uma grade?

- Estava tentando sair daqui – eu disse e ele deu risada.

- Acho que tenho uma ideia bem melhor – ele disse e pegou na minha mão, me arrastando junto a ele.