- Odeio você! – disse batendo a porta do meu quarto e correndo em direção a minha cama.

Sempre era assim, minha mãe vivia brigando comigo e sempre me culpava por algo do passado. Estou cansada disso.

Ah, antes vamos às apresentações, sou Taylor Michel Momsen, mas gosto que me chamem de Tay, tenho 15 anos, vivo em São Paulo. Na verdade nasci no Missouri, mas me mudei para o Brasil quando era bem pequena.

Minha vida é bem chata, tenho amigos legais, mas sinto que falta alguma coisa. Não me sinto completa, sei lá.

Acabei adormecendo abraçada ao meu coelho de pelúcia. Amava aquele bichinho, tinha ganhado quando pequena. Lembrava-me de coisas felizes.

- Levanta Taylor, vai perder o horário – minha mãe me balançava na cama para que eu acordasse logo – Vamos, levanta logo!

- Estou acordada já – disse abrindo os olhos lentamente e puxando de volta meu cobertor.

- Vou preparar seu café, 6h30 hein, vê se não se atrasa.

Putz, 6h30, estou atrasada! Levantei correndo e fui tomar banho, amarrei o cabelo, não teria tempo pra secar depois. Meu celular tocou despertou novamente, tinha que sair do banho. Desliguei o chuveiro e abri o box. Legal, esqueci a toalha.

- MÃAAAE! – gritei do banheiro para minha mãe.

- QUE FOI GURIA? – minha mãe gritou diretamente da cozinha.

-TOALHA!

Minha mãe veio reclamando algo baixinho e me entregou minha toalha favorita. Ela era preta, adoro essa cor. Me enrolei e sai logo do banheiro. Fui até meu quarto e procurei meu cobertor, estava muito frio naquele dia. Fui procurar uma roupa no meu armário ou da minha irmã, tanto faz, usamos o mesmo número de roupa.

Escolhi uma camiseta preta do AC/DC, calça skinny preta e meu converse preto. Claro, tinha que pegar uma jaqueta. Peguei um moletom da DC preto também. Corri para o banheiro e me olhei no espelho. Como sou feia, puta que pariu. Liguei a chapinha e alisei a franja. Amarrei o cabelo, estava uma porcaria mesmo. Passei uma sombra preta, delineador fino e muito rímel. Essa era minha maquiagem favorita pra ir para a escola.

- Desce logo Taylor! – Minha mãe gritou no “pé” da escada.

- Já vai mãe! – gritei e fui correndo para o meu quarto.

Peguei minha mochila e desci as escadas correndo. Droga, tropecei no segundo degrau, sorte que estava segurando no corrimão. Minha mãe já estava com a minha xicara na mão e me entregou. Bebi, escovei os dentes e sai correndo. Gritei tchau quando já estava do lado de fora da casa.

Coloquei meus fones de ouvido e comecei a ouvir Maldita. Andei super rápido, estava muito atrasada. O horário de entrada da escola era 7h10, já eram 7h09 e eu estava um pouco longe ainda, então resolvi andar mais devagar, sabia que só entraria na segunda aula mesmo, mas só se a coordenadora deixasse. Aquela mulher me odeia, não sei o que fiz pra ela.

Parei em uma padaria e resolvi comprar um maço de cigarros, não tinha muito dinheiro, mas comprei um Lucky Strike mesmo. Amo estourar o filtro. Continuei andando e parei só quando estava uma rua atrás da escola. Sentei lá e abri meu maço, peguei o primeiro cigarro - que é sagrado – e o acendi.

- Pode me arranjar um cigarro? – tomei um susto e dei um pulo ao ouvir aquela voz grossa atrás de mim – Desculpa, não queria te assustar.

Olhei para trás, em busca do capeta que tinha me pregado um susto e vi um garoto alto e com roupas todas rasgadas. Até que curti o estilo dele.

- O que foi? – disse tirando os fones de ouvido e prestando atenção nele.

- Me dá um cigarro?

- Tanto faz – disse tirando um cigarro do maço e entregando pra ele.

- Ahn, pode me emprestar o isqueiro também? – ele deu um sorriso de canto, foi meio fofinho isso, por isso entreguei meu lindo isqueiro na mão dele.

Ele passou a mão pelos detalhes do meu bebê – mais conhecido como isqueiro- e sorriu.

- Sabe o que significa isso, né?

- Ankh, chave da vida.

- Ou imortalidade – ele deu um sorriso que até eu fiquei com medo.

- Gosta de saber sobre isso?

- Gosto sim.

Ouvi o sinal da minha escola tocar. Hora de ir para o inferno. Acenei para ele e entrei pelo portão da secretaria.